05 outubro 2012

NÓS CONOSCO


Daria Knoch, professora na universidade da Basiléia na suíça, e Gastian Schiller, doutorando na mesma universidade, argumentam em um artigo sobre a possibilidade de um bom amigo ter traído sua confiança. Eles destacam que em caso afirmativo se esse acontecimento pode ter conduzido você a ter exposto a ele claramente sua opinião ou talvez tenha até terminado a amizade. Questionam, ainda, se ocorreu de nos irritarmos ultimamente com uma multa por ter dirigido rápido demais na estrada.
Knoch e Schiller evidenciam que quando desrespeitamos regras podemos ser punidos pelas pessoas à nossa volta ou por instituições públicas. Por esse motivo quase sempre respeitamos as normas e controlamos impulsos egoístas para evitar sanções. Isto é, nos protegemos de possíveis punições que nossos atos possam provocar.
No entanto, como procedemos quando essas regras são especificamente nossas? Ou seja, quando nossas “regras internas” é que estão sendo violadas? Todos nós temos um “jeito” de agir diante de cada situação, das mais simples às mais complexas. Seja uma questão entre escolher a cor de uma blusa nova, ou entre uma profissão ou outra; ou mesmo se decidimos por algo o qual pode ferir ou decepcionar alguém.
Todos nós possuímos nossas “próprias regras” às quais nem sempre prestamos muita atenção. Somos “conduzidos” por elas sem atentarmos para como isso ocorre. Contudo, sobrevém que em alguns momentos nos deparamos com determinada situação na qual nos prejudicamos ou sofremos em consequência de nossos atos. Se nesse momento entendermos que violamos alguma regra particular nossa, podemos exercer um papel punitivo contra nós mesmos. Essa punição pode ser um lamento, ou algo mais forte e sutil, o qual podemos não nos dar conta de imediato.
Contudo, nem sempre esse processo se sucede de um modo límpido para nós. É comum nos “ferirmos” de uma forma tão hábil a ponto de não percebermos tal atitude. A espera de uma sanção, quando violamos uma regra geral, também ocorre quando essa transgressão ocorre em âmbito mais privado. Isto é, nosso modo de conduta nos faz, de algum modo, compreender nosso erro e, assim, nos coloca na expectativa das consequências.
Se a regra violada é de fórum particular, pode ocorrer de sermos nós os únicos a ter conhecimento da “infração”. Entretanto, isso pode não ser o suficiente para nos confortar ou para amenizar nosso “próprio” julgamento a nosso respeito. Nesse momento pode entrar em ação um processo o qual culmine em algum tipo de constrangimento para nosso bem estar geral, seja esse físico ou emocional.
Então, se nos permitirmos um cuidado pormenorizado de nós para conosco, envolvendo uma maneira de nos conhecermos de modo mais acurado, podemos nos aproximar da compreensão de nossas “regras” pessoais. E, assim, sermos capazes de lidar com nossas “infrações” de modo, ao menos, mais “justo”, ou menos intransigente. E assim proporcionar uma relação saudável entre nós e nosso modo de ser.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

Nenhum comentário:

Postar um comentário