Daria Knoch, professora na
universidade da Basiléia na suíça, e Gastian Schiller, doutorando na mesma
universidade, argumentam em um artigo sobre a possibilidade de um bom amigo ter
traído sua confiança. Eles destacam que em caso afirmativo se esse acontecimento
pode ter conduzido você a ter exposto a ele claramente sua opinião ou
talvez tenha até terminado a amizade. Questionam, ainda, se ocorreu de nos
irritarmos ultimamente com uma multa por ter dirigido rápido demais na estrada.
Knoch e Schiller evidenciam que
quando desrespeitamos regras podemos ser punidos pelas pessoas à nossa volta ou
por instituições públicas. Por esse motivo quase sempre respeitamos as normas e
controlamos impulsos egoístas para evitar sanções. Isto é, nos protegemos de
possíveis punições que nossos atos possam provocar.
No entanto, como procedemos
quando essas regras são especificamente nossas? Ou seja, quando nossas “regras
internas” é que estão sendo violadas? Todos nós temos um “jeito” de agir diante
de cada situação, das mais simples às mais complexas. Seja uma questão entre
escolher a cor de uma blusa nova, ou entre uma profissão ou outra; ou mesmo se decidimos
por algo o qual pode ferir ou decepcionar alguém.
Todos nós possuímos nossas “próprias
regras” às quais nem sempre prestamos muita atenção. Somos “conduzidos” por
elas sem atentarmos para como isso ocorre. Contudo, sobrevém que em alguns
momentos nos deparamos com determinada situação na qual nos prejudicamos ou
sofremos em consequência de nossos atos. Se nesse momento entendermos que
violamos alguma regra particular nossa, podemos exercer um papel punitivo
contra nós mesmos. Essa punição pode ser um lamento, ou algo mais forte e sutil,
o qual podemos não nos dar conta de imediato.
Contudo, nem sempre esse processo se sucede de um modo límpido para nós. É comum nos “ferirmos” de uma forma tão hábil
a ponto de não percebermos tal atitude. A espera de uma sanção, quando violamos
uma regra geral, também ocorre quando essa transgressão ocorre em âmbito mais
privado. Isto é, nosso modo de conduta nos faz, de algum modo, compreender
nosso erro e, assim, nos coloca na expectativa das consequências.
Se a regra violada é de fórum
particular, pode ocorrer de sermos nós os únicos a ter conhecimento da
“infração”. Entretanto, isso pode não ser o suficiente para nos confortar ou
para amenizar nosso “próprio” julgamento a nosso respeito. Nesse momento pode
entrar em ação um processo o qual culmine em algum tipo de constrangimento para
nosso bem estar geral, seja esse físico ou emocional.
Então, se nos permitirmos um
cuidado pormenorizado de nós para conosco, envolvendo uma maneira de nos
conhecermos de modo mais acurado, podemos nos aproximar da compreensão de
nossas “regras” pessoais. E, assim, sermos capazes de lidar com nossas “infrações”
de modo, ao menos, mais “justo”, ou menos intransigente. E assim proporcionar uma
relação saudável entre nós e nosso modo de ser.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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