Pode ocorrer, em algum momento de
nosso existir, ser notada certa preocupação com algo ou alguém. Preocupar-se
significa termos um pensamento dominante que se sobrepõe a qualquer outro. E que
pode, inclusive, proporcionar algum sofrimento, ao se ter em vista que quando
nos preocuparmos com algo não significará estarmos habilitados a resolver o
problema em questão.
Diferente da preocupação, o
cuidado envolve responsabilidade com o objeto de nossa atenção. Isto é, a
decisão em cuidar de algo ou alguém significa disponibilizarmos algo de nosso
esforço e atenção em prol da manutenção do bem estar daquele que tornou-se alvo
de nosso reparo.
Quando nos “pré-ocupamos”, ao
mesmo tempo nos ocupamos de modo antecipado a respeito de algo que, muito
provavelmente, não se apresenta disponível para ser resolvido. Estamos apenas
nos antecipando. Ou seja, investimos nossa energia no ato de pensarmos a
respeito de algo que não seremos capazes de resolver por não se apresentar livre
para tanto.
Certamente é bem adequado pensar a
respeito de algo antecipadamente para que haja um planejamento das melhores
estratégias no modo de lidar com o que nos perturba. No entanto, é importante
nos manter atentos para o fato de que ao deslocarmos nossa atenção do tempo
presente incorremos no risco de experimentarmos aflições relacionadas a
impossibilidade de ação. Heidegger, filósofo, relaciona o sofrimento humano ao ato
de focalizar a atenção em um tempo do qual não se tem acesso, passado ou futuro.
Desse modo, nos envolvemos com situações impossíveis de se apresentarem
acessíveis aos nossos atos no momento presente.
Contudo, o cuidado, o qual nos
solicita nos responsabilizarmos com algo ou alguém, caracteriza-se por um
compromisso nosso com a situação em questão. No entanto, ao não atentarmos para
a sutil diferença entre cuidado e preocupação, podemos nos envolver em uma
atitude a qual nos faça permanecer estagnados e sofredores.
Por isso, se desejamos exercer o
cuidado necessitamos exercitar identificar nosso comportamento para nos
tornarmos capazes de compreender qual atitude estamos aderindo. Assim, nos
habilitarmos a cuidarmos de nós e do que desejamos ao invés de apenas nos preocuparmos
e ocasionarmos sofrimentos, no mínimo, inúteis.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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