Em alguns momentos podemos nos
sentir como seguindo um “caminho” o qual não sinaliza haver uma saída, ou ao
menos uma que satisfaça os desejos que temos ou tivemos. Essa sensação pode
estar relacionada a algo que queremos ou a um status que almejamos alcançar.
Fala-se em crise da meia idade.
Uma crise na qual pode-se experimentar desconfortos diversos sem a compreensão
do porquê. O senso comum anuncia que isso ocorre com aqueles que acreditam
estar envelhecendo. Tal ideia não consiste em total desengano. Porém, pode-se
descrever essa crise como um momento no qual algo desperta o sentimento de que
já se viveu certo tempo e que o restante pode, ou não, ser suficiente para que
se complete os planos feitos.
Ou seja, esse momento não
significa que se viveu metade do tempo disponível, mas que pode-se experimentar
tal sensação. E a crença na realidade disso pode nos levar a sentimentos de
satisfação com o que se cumpriu, ou desespero com o que não foi concluído a
contento.
Experimenta-se crises desde os
tempos mais remotos. Contudo, nos dias atuais elas representam algo do qual se
deve fugir ou lamentar. No entanto, tais momentos também consistem em
oportunidades de revisão e replanejamento.
Ao viver um período de crise é
comum experimentar-se certa desaceleração em todo o nosso modo de agir.
Refletimos com maior apuro e decidimos com mais cautela. Talvez permeado por
medo ou insegurança. Mas, o importante é que essa redução de velocidade nos
permite atitudes que utilizaram maior atenção nossa. Com isso, temos a chance
de minimizar as ocasiões em que erramos.
Então, as crises podem constituir
um período importante, no qual precisemos nos posicionar de modo mais receptivo
no que concerne nossas escolhas e decisões. Pois, sendo mais atentos aos
pormenores das situações nas quais estamos envolvidos, incorremos na
possibilidade de vislumbrar um maior número de opções. E, por conseguinte,
ampliarmos nossas alternativas, assumindo a condição de quem tem o “poder” de
escolher com liberdade. Tendo em vista sermos livres para escolher e ampliar
nosso rol de possibilidades como afirmam os filósofos Jean-Paul Sartre e
Heidegger.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124