Nem sempre nos damos conta de que
não nos compete mudar os outros. E, principalmente, não cabe aos outros a
iniciativa para resolver os problemas que constituem algo particularmente
nosso. Infelizmente, ou felizmente, a obrigação de cuidar de nosso existir
repousa em nossas próprias mãos.
Certamente, experimentamos, com
razoável frequência, a sensação de que algo parece atuar de maneira oposta a
nossos propósitos. Alguém ou algum evento nos leva a acreditar, fielmente, que
há um movimento alheio ao nosso desejo, o qual nos proporciona situações
desagradáveis e, o mais importante, totalmente injustas.
Entretanto, é necessário nos lembrarmos de que
fazemos escolhas e, especialmente, “fizemos” escolhas, as quais ocasionam
consequências que permeiam nossos dias atuais. Sendo assim, é algumas vezes
lamentarmos a condição na qual nos encontramos no presente, nos abstendo de
lembrar que esta atualidade constitui o resultado de nossas experiências
passadas.
Quando nos posicionamos como
simples vítimas das ocorrências dos fatos, também nos colocamos em posição de
impossibilidade de qualquer atitude aliada à melhoria de nossa condição geral.
Por isso, se faz sumamente
importante nossa conscientização no sentido de compreendermos nosso potencial
em prol de nós mesmos. Pois, a partir do momento em que entendemos o modo como
nossas escolhas acontecem, isto é, fomos nós quem optou dentre as alternativas
disponíveis, também seremos capazes de aceitar nossa condição na atualidade. Desse
modo, poderemos optar entre manter ou modificar nosso modo de ser e viver no
presente, visando consequências diferentes no futuro.
Porém, há a necessidade de
assumirmos nossa participação em todo esse processo, para que não apenas
façamos escolhas dentre as opções disponíveis, mas, também, exercitemos
maneiras de ampliar nosso rol de possibilidades. Praticando, assim, a liberdade
existencial da qual Heidegger, filósofo, nos convida a “praticar”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com