Em nosso cotidiano nem sempre há espaço
para nossas dores. Isto é, em alguns momentos pode-se experimentar a sensação de
que o sofrimento não tem um lugar adequado em nosso dia-a-dia. Isso parece
ocorrer devido ao fato de termos desviado nossa atenção da importância que cada
momento em nosso existir possui.
Ao “abdicarmos de forma
compulsória” de qualquer à qual vivenciamos, também abrimos mão da oportunidade
que tal experiência pode nos ofertar. Quando
não nos permitimos a tentativa de “sobreviver” à nossa dor, também inibimos a
possibilidade de angariamos algum desenvolvimento advindo da situação em
questão.
Algumas sociedades significam qualquer
problema como uma oportunidade. Isso porque ao nos depararmos com algum tipo de
dificuldade, tem início um processo no qual nos movimentamos em prol de nos
livrarmos dela. Sendo assim, ocorre um movimento no sentido de nos libertarmos
da situação presente que representa algo de desconfortável.
Então, ao nos recordarmos do
filósofo Heidegger o qual distingue como possibilidade de adoecimento a
estagnação, ao experimentarmos uma dificuldade de qualquer ordem, estamos na
iminência de nos movimentarmos, tendo em vista a oportunidade que ela nos
proporciona. E, assim, nos distanciando do adoecimento definido por ele.
Desse modo, se nos permitirmos
buscar formas e locais adequados e “olharmos” para o que nos faz sofrer e como
sofremos, poderemos desenvolver um antigo novo modo de lidarmos com as
situações especiais que ocorrem conosco. Isto é, permitir o vivenciar da dor
que nos faz sofrer para, assim, possibilitarmos o aprendizado em como lidar com
o que é novo para nós.
Com isso, adquirimos experiências
singulares no sentido de angariarmos conhecimento acerca de nós e de como nos
sentimos diante de ocasiões inéditas. E, dessa maneira, nos permitimos o
desenvolver de capacitações diferentes das habituais.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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