18 julho 2014

SOFRIMENTO

Em nosso cotidiano nem sempre há espaço para nossas dores. Isto é, em alguns momentos pode-se experimentar a sensação de que o sofrimento não tem um lugar adequado em nosso dia-a-dia. Isso parece ocorrer devido ao fato de termos desviado nossa atenção da importância que cada momento em nosso existir possui.
Ao “abdicarmos de forma compulsória” de qualquer à qual vivenciamos, também abrimos mão da oportunidade que tal experiência pode nos ofertar.  Quando não nos permitimos a tentativa de “sobreviver” à nossa dor, também inibimos a possibilidade de angariamos algum desenvolvimento advindo da situação em questão.
Algumas sociedades significam qualquer problema como uma oportunidade. Isso porque ao nos depararmos com algum tipo de dificuldade, tem início um processo no qual nos movimentamos em prol de nos livrarmos dela. Sendo assim, ocorre um movimento no sentido de nos libertarmos da situação presente que representa algo de desconfortável.
Então, ao nos recordarmos do filósofo Heidegger o qual distingue como possibilidade de adoecimento a estagnação, ao experimentarmos uma dificuldade de qualquer ordem, estamos na iminência de nos movimentarmos, tendo em vista a oportunidade que ela nos proporciona. E, assim, nos distanciando do adoecimento definido por ele.
Desse modo, se nos permitirmos buscar formas e locais adequados e “olharmos” para o que nos faz sofrer e como sofremos, poderemos desenvolver um antigo novo modo de lidarmos com as situações especiais que ocorrem conosco. Isto é, permitir o vivenciar da dor que nos faz sofrer para, assim, possibilitarmos o aprendizado em como lidar com o que é novo para nós.
Com isso, adquirimos experiências singulares no sentido de angariarmos conhecimento acerca de nós e de como nos sentimos diante de ocasiões inéditas. E, dessa maneira, nos permitimos o desenvolver de capacitações diferentes das habituais.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

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