Desenvolvermos algum tipo de
expectativa em relação a algo ou alguém é um tanto comum. Pode ser a conquista
de um emprego, o futuro de um filho, um encontro com alguém, etc. Da mesma
forma, não constitui algo raro experimentarmos a decepção quando nossas
expectativas não são atingidas. Desse modo, podemos nos encontrar diante da
necessidade de nos refazermos, com maior frequência do que gostaríamos, tendo
em vista a decepção estar relacionada a um sentimento que pode nos conduzir ao
desânimo.
Portanto, no momento em que nos
encontrarmos desanimados, isto é, com a sensação de que não possuímos energia
suficiente para nos refazermos e iniciarmos uma nova empreitada, pode ser a
ocasião em que seja necessário nos voltarmos para nossos sentimentos mais
íntimos. Com tal atitude nos habilitamos a buscar, em nosso foro íntimo, formas
diversas de proceder. Isso pode significar a oportunidade de vislumbrarmos
possibilidades não observadas anteriormente à dor concernente à decepção.
Há quem seja capaz de se refazer
de algo dessa magnitude com considerável agilidade e rapidez. Contudo, pode
ocorrer de não nos encontrarmos nesse rol de pessoas com tal habilidade. Assim
sendo, talvez seja algo sumamente importante assumirmos nossa inabilidade nesse
aspecto e nos permitirmos alguma assistência.
A sociedade atual é em sua
maioria individualista, ou seja, na qual precisamos ser capazes de resolver
“todos” os nossos problemas e dificuldades sozinhos, tendo em vista sermos os
únicos responsáveis por eles. Desse modo, o pensar que para nos refazermos de
algo íntimo possamos necessitar de algo “distante” de nós, como um amparo
externo, pode repercutir como divergente do modo natural de se proceder.
Mas, ao nos permitirmos
experimentar tal atitude, podemos iniciar um modo de agir o qual nos permita exercitar
um comportamento, ao menos surpreendente, para alguém habituado a assumir que o
valor repousa em sermos totalmente “independentes”.
Fritjof Capra, físico e autor, em
seu livro “O ponto de mutação” discorre sobre a interligação à qual estamos
todos submetidos. Assim, necessário se faz assumirmos uma posição diferenciada
diante desse fato, para que nossas atitudes possam ser consideradas de modo
mais cuidadoso, tendo em vista poderem “tocar” o outro de alguma forma.
Então, sendo interligados e nosso
“destino” estando vinculado ao dos outros com os quais convivemos, permitir auxílio
em um momento de dor diante da decepção com alguma situação, pode constituir a
possibilidade de amenizarmos o impacto de nossas atitudes em uma dimensão mais
ampla, além da melhoria de nossa condição particular e individual.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
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