01 maio 2015

SOFRIMENTO

Vive-se hoje a valorização do temporal, do efêmero, do passageiro, que nos leve ao prazer a qualquer custo. A busca da satisfação não tem preço. Desde a mais tenra idade somos “induzidos” a sermos ágeis e rápidos no pensar e agir. Quanto mais afinados com esses princípios mais possibilidades de sucesso nos é prometido.
Assim, acreditamos nos tornarmos totalmente livres e escolhermos o que quisermos, não atentamos para a possibilidade de estarmos nos escravizando às solicitações do mundo e nos generalizando.  Agindo assim, nos tornamos uniformes no que tange aos desejos e conquistas. Porém, somos singulares. Cada um de nós tem seu tempo e velocidade para agir, pensar e elaborar.
Na corrida para alcançarmos o prometido sucesso, deixamos de lado o pensar. Pensar sobre nós, nossa existência, nossos companheiros, nossos familiares, nossos sonhos e desejos, nossos dissabores, etc.
O poder escolher representa nossa liberdade, entretanto também nos amedronta. Pois, ao assumirmos nossa liberdade em optar assumimos também as consequências dessas escolhas e a responsabilidade consequente a elas.
Ana Maria Feijó, psicóloga, destaca em seu livro “Interpretações fenomenológico-existenciais para o sofrimento psíquico na atualidade”, que as enfermidades as quais afligem nosso psiquismo na atualidade, são marcadas pelo excesso e pela urgência diante das oportunidades do mundo. Deve-se viver intensamente, aproveitando tudo e todo o tempo para que não haja desperdício deles. Diante disso, pode-se deparar com a insistência em aproveitar tudo ou a desistência por não ser capaz de alcançar seu máximo e usufruir de “todas” as possibilidades disponíveis. Daí, o sofrimento se manifesta de diversas maneiras.
Rotular o sofrimento humano torna-se indispensável. Síndromes e transtornos com nomes suntuosos e extensos faz com que nos sintamos integrados. Contudo, se nos dispusermos a relembrar que somos livres para escolher, poderemos optar por lidar de um modo diferente do usual com nossos limites, os quais se tornam evidentes quando de nossos sofrimentos diversos.
Sendo assim, quando atentamos para quem somos e como lidamos com nossas dores e alegrias de modo pessoal, individual, singular... nos tornamos os indivíduos únicos que somos em realidade e, por conseguinte, mais capacitados a lidar com nossos limites minimizando nossos dissabores.

Ps: Com carinho para o Higor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

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