Nem sempre atentamos para a
amplitude do significado da palavra troca. Em um primeiro momento podemos
pensar em trocar algum objeto antigo por um novo, uma roupa, um sapato, um
carro ou mesmo a pintura de uma casa. Enfim, podem-se trocar muitas coisas e,
dessa maneira, ter algo novo.
A troca de um objeto por outro geralmente proporciona
satisfação. Até porque há algo novo envolvido e a novidade normalmente causa,
ao menos, algum movimento, mesmo que seja “apenas” uma emoção.
Entretanto, a troca que gostaria
de expor é aquela a qual envolve o contato de um ser com outro. Ao nos aproximarmos
de alguém há sempre a possibilidade de uma troca. Algumas pessoas se entregam
ao carinho de um bicho de estimação devido às poucas solicitações que ele faz. Em
troca do carinho que ele lhe dispensa, em um primeiro momento, talvez ocorra a
solicitação de um pouco de comida, água ou uma pequena parte de seu tempo.
No contato com outra pessoa,
porém, há mais trocas envolvidas e uma questão a se fazer é o quanto estamos
dispostos a “doar” em troca do que recebemos quando nos relacionamos com alguém?
É comum, nos dias atuais, nos
lamentarmos do pouco tempo para nos envolver mais na vida daqueles que fazem
parte de nosso círculo de convivência. Normalmente, quando não estamos bem,
procuramos quem possa nos ouvir, amparar e acolher na ânsia de melhorarmos
nossas dores e assim nos restabelecermos para continuar nosso caminho.
Contudo outra questão emerge: o
quanto estamos dispostos a atentarmos àqueles ao nosso redor e ampará-los, ouvi-los
ou acolhê-los num momento de fragilidade?
Os compromissos diversos, a falta
de talento, um jeito de ser mais indiferente podem justificar nosso
desinteresse pelo outro e por seus sentimentos. Mas até que ponto somos capazes
de estabelecer esse tipo de contato com os outros e não nos sentirmos vazios em
algum momento de nossa existência. O imediatismo e a velocidade da vida atual
nos leva a acreditar sermos imunes e que tais sentimentos não nos alcançarão.
Quando nos distanciamos dos
relacionamentos que podem solicitar um pouco mais de nossa disposição e
investimento, podemos experimentar algumas sensações nem sempre confortáveis.
Sempre que nos permitirmos o ir e
vir da troca, poderemos perder um pouco. Em contrapartida correremos um risco
muito grande de nos relacionarmos de modo mais pleno e experimentar sentimentos
que nos completem de modo surpreendente.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com
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