O final de uma história pode desvencilhar
um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de satisfação ou
mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.
Há alguns anos um seriado de TV
infantil apresentava um bebê dinossauro que em algumas ocasiões pedia que
repetissem algum comportamento dizendo a frase: de novo! A princípio e superficialmente era cômico. Porém, ao refletir
um pouco a respeito dessa necessidade que temos, nem sempre nos damos conta que
alguns de nossos comportamentos são reproduzidos devido ao desejo de
experimentarmos determinada sensação muitas vezes mais.
Quem não dispôs da oportunidade
de observar uma criança a qual ao gostar de certa história pede para que lhe
contem novamente, ou para ver um filme ou mesmo um episódio de algum seriado
repetidamente? Claude Lévi-Strauss, antropólogo, em um estudo sobre mitos e
contos de fadas argumenta sobre necessidades emocionais que impulsionam a
criança a fazer tal solicitação, de modo que essa experimenta, ao final da tal
história, um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de
satisfação ou mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.
Se buscarmos na memória não será
difícil encontrarmos alguma da qual gostamos e não nos cansamos de rever. A
pergunta é: o que em mim se resolve ou alivia quando vejo essa história? Pode
ser um filme que assistimos ou mesmo um livro o qual relemos diversas vezes,
mas o fato é que ao entrarmos em contato com ela, nos sentimos, de algum modo,
bem.
Em um primeiro momento a idéia de
sentirmos alívio ou satisfação com histórias fictícias parece surreal. Será que
é? Na rotina em que vivemos nem sempre prestamos atenção em detalhes presentes
em nós. Certamente temos um tipo de história de nossa preferência seja um
romance, ficção científica, vampiros e bruxas ou mesmo simples aventuras, mas o
fato é até que ponto esses temas falam por nós ou... para nós?
O exercício de se conhecer mais
intimamente pode parecer redundante, tendo em vista estarmos o tempo todo em
contato com nós mesmos. Mas, será que realmente estamos em contato conosco ou
estamos apenas “nos deixando levar pelo fluxo” sem maiores atenções aos
detalhes ao nosso redor e presentes em nós? Nem todas as perguntas que fazemos
podem ser respondidas de imediato. Algumas questões que elaboramos proporcionam
possibilidades de reflexões e, portanto, demandam maior atenção.
Porém, o importante é
exercitarmos a nos questionar em diversos aspectos, para permitirmos que nos
coloquemos em situação de pensarmos a nosso respeito e assim, sermos capazes de
nos desenvolver em cada contato, seja ele com alguém ou com uma simples e
inofensiva história a qual nos proporciona algum desfecho que nos permita
vislumbrar novas alternativas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com
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