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Somos interligados e nossos
atos não constituem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os
quais compartilham os mesmos espaços que nós.
Podemos atribuir ao menos duas
possibilidades a uma mesma situação. No entanto, nem sempre temos consciência disso.
Filósofos como Jean Paul-Sartre, Kierkegaard e Heidegger afirmam sermos
bombardeados com diversas alternativas a todo o momento e, o mais importante,
fazemos nossas escolhas, inevitavelmente, baseados em nossos desejos e
experiências vividas. Somos, a cada dia, o resultado do que vivemos
anteriormente.
Fritjof Capra, físico teórico,
destaca em seu livro “O ponto de mutação” as consequências e a importância da
interconexão a qual todos somos submetidos, mesmo não esteando atentos a ela.
Ou seja, nossas decisões e atos tangenciam os atos e decisões de quem nos
cerca, sem importar a distância que nos separa um do outro, influenciamos e
somos influenciados pelos atos uns dos outros.
Em um texto em um jornal o autor
destacava as consequências do comportamento de algumas pessoas, as quais não se
sentem responsáveis pelos dejetos de seus animais em vias públicas. O próprio
animal não possui capacidade para os cuidados com sua higiene, então o convívio
com outras pessoas nos leva a limitar nossa liberdade de ação. Isto é, somos
mesmo “autorizados” a submeter outrem ao nosso “desleixo”? Tal comportamento e
o olhar do autor retratam uma das diversas formas pelas quais somos afetados
pela atitude antiética alheia, como afirma Capra.
Ao levar em conta o pensamento
desses quatro autores fica inviável acreditar na possibilidade de termos controle
sobre nosso viver, não sendo subjugados a um destino previamente determinado.
Então, poderíamos afirmar, imbuídos desse pensamento, que somos os senhores de
nosso destino. Então, cabe a nós a busca da melhor forma de conduzi-lo.
Sendo interligados e nossos atos
não constituírem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os quais
compartilham os mesmos espaços que nós. E nossas opções e escolhas constituírem
o ser que somos, ao atentarmos a esse fato nos vemos abastecidos de informações
sobre as diversas formas pela qual podemos “moldar” nosso ser. Dando a este mesmo
ser conotações e colorações embasadas em nossas escolhas e, como afirma
Heidegger, permeadas de nossa disposição afetiva.
Então, um papel importante o qual
nos cabe é o de nos empenharmos em aprimorar nossa habilidade de percepção do
mundo que nos cerca. Atentando ao fato de não estarmos sozinhos nele e termos a
companhia de outros seres os quais participam das consequências dos nossos atos,
assim como somos afetados pelos atos deles. Desse modo, poderíamos nos
considerar seres éticos em proximidade com o seu mais puro sentido.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com