25 setembro 2016

COMO SERMOS ÉTICOS?

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Somos interligados e nossos atos não constituem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os quais compartilham os mesmos espaços que nós.

Podemos atribuir ao menos duas possibilidades a uma mesma situação. No entanto, nem sempre temos consciência disso. Filósofos como Jean Paul-Sartre, Kierkegaard e Heidegger afirmam sermos bombardeados com diversas alternativas a todo o momento e, o mais importante, fazemos nossas escolhas, inevitavelmente, baseados em nossos desejos e experiências vividas. Somos, a cada dia, o resultado do que vivemos anteriormente.
Fritjof Capra, físico teórico, destaca em seu livro “O ponto de mutação” as consequências e a importância da interconexão a qual todos somos submetidos, mesmo não esteando atentos a ela. Ou seja, nossas decisões e atos tangenciam os atos e decisões de quem nos cerca, sem importar a distância que nos separa um do outro, influenciamos e somos influenciados pelos atos uns dos outros.
Em um texto em um jornal o autor destacava as consequências do comportamento de algumas pessoas, as quais não se sentem responsáveis pelos dejetos de seus animais em vias públicas. O próprio animal não possui capacidade para os cuidados com sua higiene, então o convívio com outras pessoas nos leva a limitar nossa liberdade de ação. Isto é, somos mesmo “autorizados” a submeter outrem ao nosso “desleixo”? Tal comportamento e o olhar do autor retratam uma das diversas formas pelas quais somos afetados pela atitude antiética alheia, como afirma Capra.
Ao levar em conta o pensamento desses quatro autores fica inviável acreditar na possibilidade de termos controle sobre nosso viver, não sendo subjugados a um destino previamente determinado. Então, poderíamos afirmar, imbuídos desse pensamento, que somos os senhores de nosso destino. Então, cabe a nós a busca da melhor forma de conduzi-lo.
Sendo interligados e nossos atos não constituírem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os quais compartilham os mesmos espaços que nós. E nossas opções e escolhas constituírem o ser que somos, ao atentarmos a esse fato nos vemos abastecidos de informações sobre as diversas formas pela qual podemos “moldar” nosso ser. Dando a este mesmo ser conotações e colorações embasadas em nossas escolhas e, como afirma Heidegger, permeadas de nossa disposição afetiva.
Então, um papel importante o qual nos cabe é o de nos empenharmos em aprimorar nossa habilidade de percepção do mundo que nos cerca. Atentando ao fato de não estarmos sozinhos nele e termos a companhia de outros seres os quais participam das consequências dos nossos atos, assim como somos afetados pelos atos deles. Desse modo, poderíamos nos considerar seres éticos em proximidade com o seu mais puro sentido.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


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