É importante nos
conscientizarmos que nosso comportamento influencia nossas relações, para
buscarmos entender o nosso real papel nas diversas situações com as quais nos deparamos.
Lídia Rosenberg Aratangy,
psicóloga, em seu livro “Doces Venenos” afirma existir um mecanismo
tranquilizador para nos ajudar a viver com alguma sensação de segurança nesse
mundo cheio de perigos. Esse mecanismo consiste em dividir a humanidade em duas
partes: nós e os outros. Desse modo “afastamos de nós” tudo o que não
gostaríamos que fizesse parte de nossas relações com o mundo.
As possibilidades de sofrer são
inúmeras. Ora algo que desejamos e não conseguimos, ora alguém que não
corresponde às nossas expectativas, entre tantas outras. Podemos ficar à mercê
de situações nas quais não temos o controle. Nesse momento, é possível emergir um
sentimento de insegurança em relação a estarmos ou não agindo adequadamente,
pois nosso comportamento suscita respostas.
É importante nos conscientizarmos
que nosso comportamento influencia nossas relações, para buscarmos entender o
nosso real papel nas diversas situações com as quais nos deparamos. Certamente
ao nos posicionarmos em um “lugar diferente” dos outros, sustentamos a ilusão
de que estamos distantes o suficiente deles para estarmos a salvo.
No entanto, essa ilusão pode nos
conduzir a caminhos não desejados, pelo fato de sermos induzidos a acreditar
que situações semelhantes quando os outros são afligidos não irão nos alcançar.
Então, se acionamos tal mecanismo, como destaca Aratangy, nos colocamos em um
patamar onde experimentamos a desejada segurança, mas de um modo arriscado por
se tratar de algo “irreal”, uma ilusão.
É necessário não nos esquecermos ser
de suma importância para a construção dos significados que irão constituir
nosso ser, os relacionamentos que estabelecemos com nossos parceiros de
existência e com o mundo de um modo geral.
Nesse caso, ao “dividir” a
humanidade poderemos experimentar a sensação de estarmos protegidos dos
perigos. Entretanto, poderemos também experimentar a solidão por não nos
identificarmos com quem experimenta sensações semelhantes às nossas e que
poderia compreender-nos.
Precisamos valorizar nossa
singularidade, entendendo serem nossas experiências singulares em seus
significados para cada um de nós. Mas, também se faz importante compreendermos
estarmos todos na mesma condição de existência. Condição essa que nos apresenta
experiências as quais suscitam incertezas que nos amedrontam.
Contudo, se sentirmos que estamos
acompanhados podemos aliviar os encargos por elas promovidos. Pois ao se ter
alguém que nos acompanha onde quer que estejamos, experimentamos um sentimento
de segurança mais distanciado da ilusão.
Por isso, pode ser um mecanismo
tranquilizador a separação da humanidade, contudo se experimentarmos o “nós e
os outros” ao invés de “nós à parte dos outros” poderemos dar início a uma nova
experiência e a muitas possibilidades ao nos distanciarmos da ilusão.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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