Mudar não é fácil,
especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos
relacionarmos com ele.
Quando adotamos um jeito de ser
que nos satisfaz, pode ser que esse “jeito de ser” se contradiga a alguns
desejos que temos, mas nem sempre percebemos isso. Então se faz importante nos atentarmos
às nossas dores e sofrimentos para podermos estar aptos a mudar quando e se
concluirmos ser necessário.
No entanto, mudar não é fácil,
especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos
relacionarmos com ele. Inclusive porque acreditamos estarmos bem como somos e o
risco do incerto é, em muitas ocasiões, no mínimo assustador. Heidegger,
filósofo, em suas afirmações diz ser importante ao homem ter estabilidade, ou
ao menos a ilusão de que a tem. De acordo com ele, nos iludimos a respeito da
segurança para suportarmos a incerteza que nos envolve em todas as ocasiões.
Essa estabilidade constitui em vivermos
envolvidos em uma rotina com nossos afazeres e também com nossos desejos.
Quando somos capazes de “prever” o que nos vai acontecer isso nos proporciona a
segurança que, segundo Heidegger, tanto ansiamos. Então, de acordo com este
pensamento podemos afirmar que não nos arriscamos a experimentar situações novas
e modos de ser diferentes por nos sentirmos seguros com a posição na qual nos
encontramos.
Será que é apenas segurança o que
realmente nos interessa? Por que não tentar encontrar também a satisfação nesse
processo? Mas se nos atentarmos ao nosso redor podemos perceber que nossos atos
sempre ocasionam uma reação. Então, se nos propusermos a mudar esse jeito de
ser que nos fornece segurança pode, também, ocorrer de experimentarmos situações
novas e elas podem ser um pouco desagradáveis em um primeiro momento. Contudo,
podemos considerar relevante questionar se ficamos melhor seguros ou realizados.
Vivenciamos frustrações e
tristezas, ansiedades e medos e, em muitos momentos, parece ser impossível
“detectarmos” o porquê dessas vivências. Se pode-se afirmar ser praticamente
impossível detectar a fonte de nossos sentimentos indesejados, podemos, então,
tentar outros modos para buscar um resultado diferente. Isto é, se sendo quem
somos e do jeito que somos estamos seguros, mas não plenos, podemos, ao menos,
nos arriscar a avaliar nosso modo de ser e quiçá colocar em risco um pouco
dessa “segurança” em troca de plenitude.
Costuma-se dizer que tudo tem um
preço. Pode ser que a plenitude, a satisfação e o prazer sejam o preço ao se
arriscar essa “segurança”. Apenas nos conscientizando dos riscos, mesmo não nos
expondo a eles, descobriremos que a mudança, a qual pode nos assustar, não é tão
aterrorizadora quanto nos parece.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Perfeito como sempre.... Bjs saudade
ResponderExcluirmagnifico! adoro ler tudo que escre muito obrigada
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