02 setembro 2016

MUDAR...

Mudar não é fácil, especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos relacionarmos com ele.

Quando adotamos um jeito de ser que nos satisfaz, pode ser que esse “jeito de ser” se contradiga a alguns desejos que temos, mas nem sempre percebemos isso. Então se faz importante nos atentarmos às nossas dores e sofrimentos para podermos estar aptos a mudar quando e se concluirmos ser necessário.
No entanto, mudar não é fácil, especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos relacionarmos com ele. Inclusive porque acreditamos estarmos bem como somos e o risco do incerto é, em muitas ocasiões, no mínimo assustador. Heidegger, filósofo, em suas afirmações diz ser importante ao homem ter estabilidade, ou ao menos a ilusão de que a tem. De acordo com ele, nos iludimos a respeito da segurança para suportarmos a incerteza que nos envolve em todas as ocasiões.
Essa estabilidade constitui em vivermos envolvidos em uma rotina com nossos afazeres e também com nossos desejos. Quando somos capazes de “prever” o que nos vai acontecer isso nos proporciona a segurança que, segundo Heidegger, tanto ansiamos. Então, de acordo com este pensamento podemos afirmar que não nos arriscamos a experimentar situações novas e modos de ser diferentes por nos sentirmos seguros com a posição na qual nos encontramos.
Será que é apenas segurança o que realmente nos interessa? Por que não tentar encontrar também a satisfação nesse processo? Mas se nos atentarmos ao nosso redor podemos perceber que nossos atos sempre ocasionam uma reação. Então, se nos propusermos a mudar esse jeito de ser que nos fornece segurança pode, também, ocorrer de experimentarmos situações novas e elas podem ser um pouco desagradáveis em um primeiro momento. Contudo, podemos considerar relevante questionar se ficamos melhor seguros ou realizados.
Vivenciamos frustrações e tristezas, ansiedades e medos e, em muitos momentos, parece ser impossível “detectarmos” o porquê dessas vivências. Se pode-se afirmar ser praticamente impossível detectar a fonte de nossos sentimentos indesejados, podemos, então, tentar outros modos para buscar um resultado diferente. Isto é, se sendo quem somos e do jeito que somos estamos seguros, mas não plenos, podemos, ao menos, nos arriscar a avaliar nosso modo de ser e quiçá colocar em risco um pouco dessa “segurança” em troca de plenitude.
Costuma-se dizer que tudo tem um preço. Pode ser que a plenitude, a satisfação e o prazer sejam o preço ao se arriscar essa “segurança”. Apenas nos conscientizando dos riscos, mesmo não nos expondo a eles, descobriremos que a mudança, a qual pode nos assustar, não é tão aterrorizadora quanto nos parece.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

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