Crescer é um processo
doloroso. Independente se o crescimento é físico ou emocional, a dor sempre
estará presente.
Rubem Alves, escritor, afirma ser
importante, em alguns momentos, não “palpitarmos” sobre como um problema
precisa ou pode ser resolvido. O essencial é nos mantermos por perto para
recolher os “cacos” quando e se isso for possível. Entretanto, o “sangue-frio”
necessário para tal atitude não compreende algo corriqueiro em nosso dia-a-dia.
Algumas pessoas costumam protelar
seu envolvimento nos problemas que as cercam. Com essa atitude vivenciam a
possibilidade de tudo resolver-se por si só. Certamente, poder-se-ia afirmar que
esse comportamento esbarra na sugestão de Rubem Alves. Contudo, será possível
generalizar e sempre agir desse modo?
Como discernir entre o momento no
qual se deve observar e esperar e aquele no qual se deve intervir? Em uma
mensagem nos meios de comunicação informatizados alguém sugere ser importante
ter disposição diante das situações as quais podemos intervir, resignação
frente àquelas as quais nada se pode fazer e, o mais importante, a capacidade
de diferenciar uma da outra.
A sugestão de Rubem Alves não
parece ser uma das atitudes mais singulares. Envolve, na realidade, um processo
dependente do exercício de identificar em quais momentos deve-se agir e em
quais deve-se apenas observar e aguardar sua solução.
Essa postura, entretanto, nos
conduz; em mais ocasiões do que gostaríamos; a sentimentos de impotência ao
observarmos a dor de alguém que nos é próximo. Muitas vezes essa dor é familiar
por experiências vivenciadas de modo semelhante em nosso passado. Porém, é
importante termos em mente que todos precisamos nos desenvolver. E para isso,
na maioria das vezes, é necessário nos colocarmos a disposição e respeitando
certa distância para que o crescimento do outro também ocorra.
Crescer é um processo doloroso.
Independente se o crescimento é físico ou emocional, a dor sempre estará
presente. E no nosso modo de amar buscamos de todas as formas amenizar essas
dores. Entretanto, Rubem Alves, quem inspirou essa reflexão, deixa claro ser
importante permitirmos o vivenciar da dor a quem queremos bem para possibilitar
a eles uma experiência de maior valor.
Então, o exercício essencial e
diário necessário para se habituar e amenizar o sentimento de impotência
experimentado diversas vezes é: nos habilitarmos, cada vez mais, a compreender
a dimensão da dor alheia e a importância que ela representa para o crescimento
pessoal de todos os envolvidos no processo. Nos tornando, desse modo, como
sugere Rubem Alves, aptos a recolher os cacos... se for possível.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com
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