Nem sempre estamos dispostos a
acatar as consequências das nossas escolhas. Torna-se muito mais confortável,
quando o resultado de nossa escolha não corresponde ao vislumbrado por nós. Descartarmos
a lembrança de que partiu de nossa iniciativa a opção acolhida como a mais
adequada e que nos frustrou.
Como um mecanismo de proteção
somos levados a agir dessa forma desde o período inicial de nossa existência. Isto
é, quando ainda somos infantes e não possuímos a habilidade da reflexão
pormenorizada. Contudo, tal atitude pode assumir um papel desconfortável, no
momento em que permitimos sua ocorrência em um período em que há a necessidade de
assumirmos os riscos, possibilidades e, principalmente, responsabilidade pelas
escolhas feitas.
No entanto, tal postura envolve a
conclusão de um processo, o qual culmina em nos localizarmos com maturidade
suficiente para nos autodenominarmos – adultos. Isto é, o auge de nosso
desenvolvimento ocorre quando nos tornamos autossuficientes, independentes e
aptos a assumirmos as ilações referentes às nossas escolhas.
Porém, percebe-se um
prolongamento desse curso no qual não nos permitimos alcançar tal ponto de
maturidade. Sendo assim, faz-se necessária alguma reflexão a respeito para nos
tornarmos competentes e compreendermos o que ocorre. Desse modo, permitimos o
ato de sair dessa posição “desconfortável” para nós mesmos e assumirmos o
conhecimento acerca das consequências prováveis envolvidas nas opções presentes.
Os filósofos Jean-Paul Sartre e
Martin Heidegger afirmam, respectivamente, sermos livres para escolher, mas
condenados por essa liberdade; e capazes de ampliarmos nossas opções, o que
constitui nossa real liberdade.
Então, talvez se localize em
nossa capacidade de vislumbrar as consequências pertinentes às opções que
temos, para nos permitirmos nos habilitarmos a fazer escolhas menos envolvidas
em emoções, o que é comum praticar quando crianças. E, exercitarmos nossa
capacidade de avaliação ao que consiste a “realidade” na qual estamos
envolvidos.
Desse modo, podemos colocar em
curso o processo de nosso desenvolvimento o qual tende a culminar em nossa
maturidade a qual nos permite o exercício pleno de nossa liberdade segundo os
filósofos Sartre e Heidegger.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124