30 dezembro 2011

AUTENTICIDADE

Nesta época do ano, isto é, a última semana dele, costuma-se planejar grandes mudanças para o ano vindouro. Alardeamos tais mudanças como se um pequeno passe de mágica pudesse modificar tudo a partir do momento em que o relógio mudasse e se iniciasse o Ano Novo. No entanto, esse sonhado e esperado truque mágico não existe. Poder-se-ia experimentar nesse momento uma grande decepção. Porém, é importante nos conscientizarmos da realidade ao nosso redor, para assim nossas satisfações serem plenas e nosso existir autêntico. Ao nos iludirmos com a possibilidade de algo sobrenatural acontecer, ou seja, sem nosso esforço e dedicação, também nos colocamos em uma situação delicada na qual a “realidade” dos fatos pode nos decepcionar. Em consequência disso, sentimentos de tristeza e frustração podem ser inevitáveis. Em muitas ocasiões há a possibilidade de ocorrer o deixar de lado os reais desejos e permitir-se um viver baseado em algo irreal. Isto é, “se faz de conta” que é feliz e realizado, quando na verdade experimenta-se, em um íntimo não revelado a ninguém, profunda tristeza e decepção com os rumos seguidos pela própria existência. Alguns fatores podem ocorrer de modo a ocasionarem o despertar desse “transe” no qual se pode viver por períodos de tempo longos ou breves. O importante é permitirmos esse despertar para haver a possibilidade de mudanças reais e, não apenas o alardear de um desejo o qual não se faz esforço algum para alcançar. Ao concluir-se um ciclo, ou seja, quando algo “morre”, algo novo emerge, como um novo ano. Porém, faz-se necessário refletirmos a respeito de nossas possibilidades e do que representa a satisfação ou a frustração em nossa existência. Para então podermos optar pelo que desejamos, não apenas lamentar as dores sentidas, mas efetivar a possibilidade de “curá-las”. Ao findar o ano pode-se colocar em prática a possibilidade de uma reflexão atenta a nós e ao nosso real desejo. Desse modo, nos tornamos capazes de buscar objetivos, mais satisfatórios, ao invés de simplesmente querer algo contrário ao já obtido. Mesmo com isso em vista nem sempre estamos situados no extremo oposto do que nos satisfaz, podemos estar apenas com um olhar obscurecido por situações que não nos permitem ponderar a possibilidade de plenitude que se busca incansavelmente. Então, a tentativa de aclarar esse olhar com uma reflexão pode ser o principal objetivo a se traçar para alcançar realizações autênticas no Novo Ano. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

23 dezembro 2011

ESPÍRITO DE NATAL

É comum nesse período do ano ouvir muito a respeito do espírito natalino. Ao nos depararmos com essa expressão somos remetidos a algum pensamento, uma lembrança boa ou ruim, de um tempo longínquo ou não. A questão é não permanecermos incólumes após seu contato. Isto é, de algum modo somos afetados pela ideia do espírito natalino. No entanto, nem sempre disponibilizamos um pouco mais de tempo para avaliar seu significado para nós. Em uma reunião de amigos alguém destacou a importância de não nos esquecermos de unir o sagrado e o profano na comemoração natalina, seja ela uma reunião com amigos ou com familiares. Somos humanos com desejos e prazeres sedentos de serem satisfeitos. Negar essa satisfação representa uma violação da nossa condição humana. Em contrapartida, também necessitamos de alguma coisa além da satisfação de um prazer imediato. Precisamos de “algo a mais” para experimentarmos a sensação de relevância tão importante para nosso existir. Nesse aspecto o sagrado pode calar nossa exigência de importância e necessidade, pode nos conectar a sentimentos muitas vezes adormecidos. Sentimentos estes de amizade, carinho, tolerância e crescimento. Diante das rotinas do dia-a-dia é comum experimentarmos decepção, ira, revolta as quais nos remete a cada pequena frustração que vivenciamos. Porém, o clamor do espírito natalino solicita de nós outra postura na qual podemos não nos sentir disponíveis ou desejarmos permanecer distantes. Mas, se nos permitirmos envolver na “energia” que paira, se permitirmos que sentimentos sagrados e profanos possam coabitar, por um breve momento seremos capazes de experimentar a sensação de nos sentirmos completos, a qual estamos nos desacostumando. É necessário cuidarmos de nossos desejos e necessidades emergenciais. Contudo, se deixarmos de lado as nossas necessidades mais recônditas, aquelas que nem sempre ousamos pensar a respeito, correremos o risco de iniciarmos um processo culminante de experiências dolorosas para nós, e para aqueles que compartilham nossas vitórias e derrotas. Se ao sermos afetados pela ideia do espírito natalino nos permitirmos buscar certa completude de sentimentos, poderemos nos colocar em uma situação a qual nos permita compreender nossas necessidades mais profundas. E, desse modo, nos permitiremos a possibilidade de um caminho diferente daquele experimentados até então. Feliz “Espírito” de Natal. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

16 dezembro 2011

O INESPERADO

Toda mudança representa um desafio. Pois, mudar envolve, antes de qualquer coisa, uma decisão e a constatação de que algo não está bom, ou, que pode ficar melhor. No entanto, uma questão surge: a mudança garante a melhora? Essa resposta nem sempre é passível de ser integralmente antecipada à atitude de mudar. Então, sair da “zona de conforto”, isto é, aquilo a qual estamos acostumados, envolve o inesperado, e nem sempre se está preparado para isso. O filósofo Heidegger afirma que a rotina nos proporciona segurança. Elas nos amparam no “desejo” de sermos imortais, visto que a ideia de termos um compromisso diário nos leva a crer na necessidade de estarmos vivos para cumpri-lo. É óbvio todos nós precisarmos disso para não pensar em nossa mortalidade. O problema ocorre quando essa atitude nos impede de tomarmos iniciativas que nos conduzam ao crescimento pessoal. Certamente quem acredita estar tudo errado para si, pode não estar totalmente enganado, ao menos sob determinado ponto de vista. No entanto, pode ocorrer de essa pessoa estar com sua atenção voltada somente para o acontecimento indesejado e não valoriza suas experiências bem sucedidas. Ou ainda, pode ocorrer de suas escolhas o conduzirem a respostas desagradáveis e nas quais acredita não ter controle algum. Alguém afirmou ser insano desejar um resultado diferente tendo sempre os mesmos comportamentos. Ou seja, se contamos com uma experiência diferente, precisamos de comportamentos também diferentes dos habituais. Isto é, ao mudar nossas escolhas. Logo, é necessário arriscar um modo diferente de agir para haver a possibilidade de um resultado diferente. Além do mais, se não enxergamos outras possibilidades além das desagradáveis, incorremos no risco de não nos aventurarmos, não decidirmos e, por conseguinte, não experimentarmos a novidade que uma mudança pode proporcionar. Portanto, qualquer iniciativa é válida no intuito de buscar o inesperado que uma mudança pode suscitar. Muitas vezes uma ajuda externa possibilita um “olhar” diferente para o mundo ao nosso redor, e nos conduz a uma reflexão importante. Esse olhar diverso é de suma importância para qualquer iniciativa de mudança. Em muitas ocasiões é preciso começar por nós mesmos e estarmos atentos ao que nos incomoda. E, assim, iniciarmos um processo rumo ao inesperado, o qual pode nos surpreender. Então, sair da zona de conforto da nossa rotina pode, em um primeiro momento, assustar, mas também pode nos levar a experiências inesperadas. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

09 dezembro 2011

PRESENTEAR

Presentear é uma tradição e seu significado varia imensamente. Atualmente o ato de oferecer um presente tem adquirido várias conotações às quais, nem sempre, compreendemos integralmente.
O dicionário Aurélio traz a seguinte definição para a palavra presentear: dar presente ou dádiva a; mimosear com presente; brindar. E presente é: o que se oferece com o intento de agradar, retribuir ou fazer-se lembrado; brinde, dádiva, lembrança, mimo, regalo.
O que ocorre no processo de presentear nos dias atuais? Conseguimos agradar aqueles a quem nos dispomos a oferecer um mimo?
A busca do presente “perfeito” envolve a observação. Isto é, por um breve espaço de tempo a pessoa na qual desejamos presentear torna-se alvo de nossa atenção de um modo diferente do habitual. Suas preferências em relação à cor, objetos pessoais, hábitos, entre outros assumem destaque para nós e, por determinado período nosso pensamento é tomado, quase totalmente, por esse alguém. Finalizamos esse processo com a aquisição do objeto que, acreditamos, irá alcançar o objetivo de agradar.
Sendo assim, ao receber seu mimo, o presenteado poderá experimentar a satisfação de saber que, por um momento, foi destaque no pensamento de quem lhe ofertou o agrado.
 No entanto parece que esse significado do ato de presentear tem permanecido a deriva. Nas trocas de presentes atuais até busca-se saber o que a pessoa quer, mas de outro modo. Criam-se listas ou caixas com papéis, ou mesmo trocas de mensagens em redes sociais, para serem descritas as possibilidades do que se quer “ganhar” como presente. Ou seja, faz-se uma “encomenda”.
Então, ao receber a “encomenda” não se experimenta a expectativa da surpresa. Apenas a dúvida: será que é o que “pedi” ou não? Desse modo, destrói-se a oportunidade da surpresa. Tudo fica previsível e “sem empolgação”. Nesse momento pode-se experimentar um sentimento de desconforto, com falta de sentido.
Porém, se atentarmos para o sentido do ato dar e receber um presente poderemos retomar o significado de “mimosear” alguém. E, assim, ao recebermos ou oferecermos um mimo, não estaremos interessados no que contém o embrulho, mas no que ele representa.
Tal iniciativa pode nos levar a experimentar sensações há muito esquecidas, como a surpresa ao receber um embrulho e não se fazer ideia de seu conteúdo. Ou mesmo a satisfação em não se importar o que o pacote envolve, mas seu significado, como a atenção e carinho daquele que nos presenteou.
É comum a afirmação de ser muito difícil proceder a mudanças em hábitos adquiridos e isso está correto. No entanto, difícil não significa impossível. É necessário apenas o desejo e a iniciativa. Então, que o desejo de presentear possa nos levar a iniciativa de agir diferente do habitual. E, buscarmos surpreender ao presentearmos alguém, para oferecermos a nós a possibilidade de experimentar uma sensação diferente nesse ato.

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

02 dezembro 2011

DEPRESSÃO E ESTRESSE

Chamou-me a atenção uma reportagem num jornal referente ao aumento de afastamento do trabalho por motivo de depressão e estresse. Vários aspectos são abordados no decorrer da mesma, e um ponto importante é o fato de ser considerado como algumas das causas desse aumento o acesso a informações variadas devido à globalização, a exigência de resultados sobre-humanos por parte dos empregadores e a competitividade. Se procedermos a uma breve reflexão entenderemos que as causas sugeridas são coerentes e, o mais importante, preocupantes. O que fazer a esse respeito? Isto é, se o estresse e a depressão estão sendo diagnosticadas com maior frequência, como podemos nos “proteger” desses males? Certamente todos nós gostaríamos de uma “receita” com alguns tópicos que garantissem a salvaguarda de nosso bem estar e equilíbrio. No entanto, ela não existe. O que nos resta é buscar formas para encontrar esse equilíbrio com nossos recursos disponíveis. Se esperarmos que alguém, além de nós mesmos, tenha alguma atitude, podemos não “sobreviver” o tempo suficiente para usufruirmos dos resultados. Então, cabe a nós a iniciativa para que os cuidados conosco sejam garantidos. Vivemos um período em que a satisfação pessoal duradoura fica em um segundo plano e no ambiente de trabalho não é diferente. Ansiamos por prazeres imediatos e não os duradouros. O momento atual assume o valor de “o mais importante”, isso nos leva a diversos comportamentos que podem nos lesionar em longo prazo. Juntamente com a justificativa da competitividade deixamos de lado a fidelidade com nossos princípios ou mesmo com um amigo. Porém, o mais importante é que deixamos de lado também a atenção ao nosso bem estar. Esquecemo-nos que tão importante quanto o sustento do nosso corpo é preciso também alimentar a “alma”. Ou seja, ao nos violentarmos nos comprometendo com algo o qual não nos traz satisfação pessoal duradoura, impomos a nós mesmos um dia-a-dia de sofrimento contínuo. Certamente pode-se afirmar que as compensações justificam tal sofrimento. Contudo, é importante avaliarmos se realmente são “compensatórias” ou se somente respondem às solicitações do mundo, em contradição com o nosso real desejo. Muitas vezes deixamos de lado nossas questões pessoais importantes para responder aos apelos sociais. Se tentarmos um movimento contrário, ou seja, se buscarmos nos conhecer ao ponto de sermos capazes de identificar o que nos fere, poderemos nos proteger com maior eficiência. Inclusive em situações de trabalho as quais podem culminar em estresse ou depressão. Isto é, situações que nos deixam exauridos de nossas forças e disposições e extremamente entristecidos com o rumo que nossa existência assumiu. Então, ao cuidarmos de nosso bem estar, nos permitindo o “auxílio” necessário. Então poderemos, como consequência, aprimorar nossa eficiência e, por conseguinte, os resultados gerais de nossos compromissos. Sejam estes sociais ou profissionais, mas também sofrerão mudanças com esse cuidado. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

25 novembro 2011

CAIR EM SI

Muitas situações podem ser aquelas que irão proporcionar alguma mudança em nosso jeito de ser e de viver. Na bíblia temos a história do filho pródigo o qual em determinado momento “cai em si” e pondera suas decisões. Certa ocasião um conhecido me contou sobre a experiência de alguém ao experimentar extremo desânimo pela vida e desejando seu término ardentemente. No entanto, quando ele se deparou com um parente em seus dias finais desejando exatamente o oposto, isto é, continuar a viver, pôde experimentar o “cair em si” e retomar sua satisfação em estar vivo. Do mesmo modo podemos ser surpreendidos com algum “insight” proporcionado por certos eventos. Porém, ao nos lembrarmos do filósofo Heidegger e de sua afirmação de sermos livres para ampliar nosso rol de possibilidades, podemos entender ser possível a nós mesmos a busca desses eventos. Sair da condição de espera por algo que nos surpreenda e nos tire do ritmo no qual estamos seguramente envolvidos e acostumados. Nos envolvemos em nossa rotina e nos acontecimentos habituais de nosso dia-a-dia. Heidegger afirma ser isso importante para o estabelecimento de nossa segurança e confiança no provir. No entanto essa rotina, também faz com que se torne cada vez mais necessária a ocorrência de eventos surpreendentes, para nos fazer olhar de modo diferente para nossas experiências “habituais”. Sendo assim, se nos tornamos conscientes desse fato, podemos, então, buscar formas de modificar esse “status quo”. Quando nos permitimos olhar de modo mais atento para as situações rotineiras e comuns, incorremos no risco de nos surpreendermos com elas. Sem necessitar, assim, de situações inusitadas para nos tirar de um processo contínuo no qual nos deixamos envolver. Nesse caso, o “cair em si” pode ocorrer de modo aleatório e surpreendente. Ou, podemos experimentar a busca por um olhar diferenciado para eventos rotineiros e assim conhecer “insights” diversos. E estes podem proporcionar sensações diferentes que, por conseguinte, podem nos conduzir a experiências renovadas com significados importantes. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

18 novembro 2011

O BELO

“A beleza artificial é uma batalha contra o vazio do corpo e da alma”. É com essa frase que o filósofo Luiz Felipe Pondé concluiu um texto. Como será esse vazio? Experimentamos dele em nosso existir? Esse vazio pode surgir de forma passageira e rápida, ou pode prolongar-se por meses, anos e quiçá uma vida. No entanto, ao nos depararmos com essa possibilidade, isto é, de viver-se uma vida inteira sob uma forma de existir dominada por esse vazio. Ou, em uma busca incansável e inglória no preenchimento de uma lacuna a qual não compreendemos ao certo. Pode parecer cruel e demasiado exagerado. Contudo, se voltarmos nossa atenção para esse fato poderemos distinguir diversos momentos nos quais essa afirmação tem sentido. Torna-se cada vez mais comum nos depararmos com frases de lamentações ou de surpresa diante de um acontecimento corriqueiro que não tem sua adequada correspondência com a reação que proporcionou. A única “explicação” sensata seria a ausência de um significado mais próprio. A todo o momento criamos significados para as diversas relações que estabelecemos com o mundo. Sejam elas com pessoas, animais, objetos ou mesmo situações. Ao nos relacionarmos atribuímos significados que vão do de maior indiferença ao de maior importância para nós. É importante, no entanto, nos lembrarmos de que esse significado não é algo particular e exclusivo a algumas pessoas. Todos nós significamos nossas relações. Cada pequeno momento de nosso existir é permeado de algum sentido. Quando permitimos esse existir predominado pelo vazio de corpo ou de alma, também permitimos que os significados os quais atribuímos sejam insubstanciais. Ou seja, não nos proporcionam satisfação pessoal e ocasionam, inclusive, frustrações que nos levam a reações desmedidas. Podemos nos deixar levar por aquilo de maior importância para o outro sem ponderar nossa satisfação. Permitimo-nos envolver por solicitações de uma sociedade de consumo na qual vivemos sem nos questionarmos sobre nosso real desejo. Esse comportamento nos conduz a experimentar um vazio, o qual nos leva a buscas intermináveis e exaustivas. Talvez seja necessário voltarmos um pouco de nossa atenção para nós, para o que é importante em nosso existir e, para os significados trazidos pelos diversos momentos de nossa vida. Certamente que o modo de vida atual, preenchido com diversos afazeres, dificulta esse proceder. Pode ocorrer, então, de um bom antídoto para o vazio de corpo e de alma consistir no preenchimento das lacunas, em nosso existir, com significados os quais nos permitam experimentar relações com sentidos mais intensos. Ao “repensarmos” nossos diversos contatos com o mundo, ampliamos a possibilidade de renovarmos os diversos sentidos de nossa existência incorrendo, por conseguinte, na possibilidade de um existir mais “belo”. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

11 novembro 2011

RELAÇÕES: QUEM SOMOS?

Diversas situações podem propor uma gama razoável de oportunidades. Assim como uma frase, a princípio cômica, pode nos oferecer uma oportunidade para reflexões. Como por exemplo, a seguinte frase: “voltar com o ex-namorado é como comprar um carro que já foi seu. Vem com os mesmos defeitos só que mais rodado”. Será que apenas o namorado ou o carro vêm mais rodados? Usualmente nosso olhar para os acontecimentos em nossas diversas relações, nos conduzem a crer que o outro seja o total responsável pelo sucesso ou não delas. Sejam essas relações com pessoas, objetos ou animais o importante a ter-se em mente é o fato de a relação envolver sempre dois caminhos: ida e volta. Sendo assim, se o ex-namorado bem como o “ex-carro” vêm com os mesmos defeitos, pode ocorrer de a causa disso ser, muito provavelmente, o fato de não modificarmos nosso modo de nos relacionarmos com eles. Mas, como realizar tal mudança? Ao vivenciarmos nossas experiências cotidianas, costumamos buscar modos de afastar da memória aquelas que nos causaram algum tipo de desconforto. No entanto, ao fazer isso, deixamos de lado o fato de todas as nossas experiências, boas ou não, fazerem parte da constituição do nosso ser. Pois, somos “hoje” o resultado de todas as nossas vivências anteriores. Isto é, se modificássemos qualquer uma dessas vivências não seríamos quem somos atualmente. O filósofo Jean-Paul Sartre compara as influências de nossos atos com o bater de asas de uma borboleta, o qual poderia ocasionar um maremoto em um local distante. O físico Fritjof Capra afirma ser o todo influenciado pelas partes, isto é, cada um de nós tem influência nos eventos comuns a todos. Sejam eles de menor ou maior porte. Desse modo, é sensato concluir sermos parte importante em qualquer relacionamento. E, por conseguinte, possuidores do “poder” de modificá-los também. Então, se um ex-namorado ou um “ex-carro” possuem os mesmos defeitos, talvez repouse em nossas mãos a possibilidade de modificar tal relação. Essa iniciativa pode não parecer um processo simples em um primeiro momento. No entanto, se nos dispusermos a atentar para pequenos eventos ao nosso redor, poderemos ser capazes de ampliar nossos olhar para as diversas relações estabelecidas por nós. E, possibilitarmos a oportunidade de experimentar uma nova relação mesmo com alguém de nosso passado. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

04 novembro 2011

PRIORIDADES

Em uma sociedade com tantas opções fica cada vez mais difícil estabelecer, de modo distinto, nossas prioridades. Muitas vezes nos deixamos levar por opiniões alheias as quais interferem em nossas decisões, sem cogitarmos a real satisfação que essa escolha nos proporciona. Em outras ocasiões podemos não ser capazes de decidir ou de transformar em realidade algo o qual desejamos, por não nos dispormos às dificuldades que determinada opção impõe. Nesse momento pode ser mais fácil acreditar que a escolha, na realidade, não é tangível, isto é, não é passível de ser alcançada. Experimentamos muitos exemplos disso em nosso dia-a-dia. Podemos, em muitas ocasiões, desvalorizar uma conquista obtida por alguém para não nos sentirmos incapazes. E isso nos conforta em concordância com nossas limitações às quais não desejamos admitir a existência. Menosprezamos os que alcançam suas metas julgando terem sido melhores afortunados. No entanto, nos esquecemos de voltar nosso olhar para nossos limites e, assim traçarmos objetivos coerente a eles. Na maioria das vezes não basta compreendermos nossas limitações, precisamos desmerecer quem é capaz para não nos sentirmos desvalorizados. Mas nesse momento surge uma questão: em um mundo tão competitivo como o atual, será a melhor solução para nossas dificuldades descrer os que de algum modo conseguiram superar-se? Podemos, certamente, nos apoiarmos nesse pensamento e acreditar que a vida, de algum modo, nos foi traiçoeira. Ou, podemos olhar para nós mesmos e tentar conhecer nossos pormenores para, então, sermos capazes de fazer escolhas mais coerentes com quem somos e com o que somos capazes de realizar. Temos desejos, mas não queremos sofrer para conquistá-los. Julgamos os vencedores pessoas as quais desconhecem o sofrimento, sem tentarmos conhecer a verdadeira história envolvendo sua conquista. Criamos heróis completamente felizes vinte e quatro horas ao dia. Será possível estarmos construindo pedestais, onde pessoas irreais ocupam lugares os quais, na verdade, não existem e nem são passíveis de existir? O que nos deixa feliz consiste em possuir algo cobiçado pela maioria ou algo que “nós” consideramos de maior importância? Nem sempre estamos prontos para responder a tantas questões. Porém, quanto mais buscarmos nos conhecer para respondê-las mais próximo estaremos de nossa realização pessoal que é acompanhada de satisfação e, por conseguinte, de felicidade. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

28 outubro 2011

LUZ NO FIM DO TÚNEL

A modernidade traz em sua bagagem uma gama, quase incalculável, de novas possibilidades. No entanto, não se pode afirmar que todas sejam positivas devido ao fato de dependerem do uso que o ser humano faz delas. Não se pode deixar de avaliar os imensos ganhos que utensílios, como computadores cada vez menores e ágeis, trazem para o dia a dia de cada um de nós. Os mais pessimistas, porém, podem afirmar ser esses utensílios também os responsáveis pelo distanciamento e pela pobreza de comunicação presente entre os seres vivos de modo geral. Afirma-se ser o desenvolvimento intelectual e industrial o grande vilão dos relacionamentos. Contudo, novamente esquecemos ser o homem o responsável pelo significado atribuído e como tal o ancoradouro das possibilidades. No livro 1984, George Orwell retrata uma sociedade onde sentimentos e conhecimentos eram coibidos, no entanto, apesar do aprendizado que ocorria em tal sociedade havia um resquício de humanidade remanescente o que proporcionou grande luta entre os envolvidos. Um questionamento semelhante está presente no filme “Equilibrium” no qual uma sociedade pós-guerra é induzida a utilizar uma droga responsável por anestesiar todos os sentimentos. Mas, entre esses há os que não suportam tal atitude e se rebelam. Em um primeiro momento o olhar para essas duas histórias poderia ser atento ao empobrecimento das relações e os ganhos disso, mas em um outro ângulo pode-se observar a “luz no fim do túnel” onde o homem não é totalmente subjugado em suas emoções e desejos. Claudio Cano em seu livro “Um futuro sombrio”, salienta um fato relacionado ao conhecimento de forma que apesar de os livros serem abominados, em tal período há quem guarde em sua memória o conhecimento que os mesmos contêm, tornando-se, na visão do autor, a única esperança de salvação do homem. Atualmente há grande preocupação com o rumo da comunicação entre os seres. Sem dúvida há um grande empenho em amenizar os impactos desse processo. No entanto, se autores como José Saramago, Carlos Drummond de Andrade entre outros puderem ser lembrados e destacados vez por outra, podemos ter nossa luz no fim do túnel. O único ponto importante a ser destacado consiste no poder que temos de optar qual rumo terão nossos contatos e o modo como nos comunicaremos com eles? Qual uso faremos das novas formas de comunicação? Tendo em vista o ser humano atribuir significados, é este mesmo ser humano quem pode direcionar o valor que a comunicação terá. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

21 outubro 2011

DESTINO

Podemos atribuir ao menos duas possibilidades a uma mesma situação. No entanto, nem sempre temos consciência disso. Filósofos como Jean Paul-Sartre e Heidegger afirmam sermos bombardeados com diversas alternativas a todo o momento e, o mais importante, fazemos nossas escolhas baseados em nossos desejos e experiências vividas. Somos, a cada dia, o resultado do que vivemos anteriormente. Fritjof Capra, físico teórico, destaca em seu livro “O ponto de mutação” as consequências e a importância da interconexão a nós todos submetidos, mesmo que não estejamos atentos a ela. Ou seja, nossas decisões e atos tangem os atos e decisões de quem nos cerca, sem importar a distância que nos separa um do outro influenciamos e somos influenciados pelos atos uns dos outros. Em um texto em um jornal o autor destacava as consequências do comportamento de algumas pessoas, as quais não se sentem responsáveis pelos dejetos de seus animais em vias públicas. O próprio animal não possui capacidade para os cuidados com sua higiene, então o convívio com outras pessoas nos leva a limitar nossa liberdade de ação. Isto é, somos mesmo “autorizados” a submeter outrem ao nosso “desleixo”? Tal comportamento e o olhar do autor retratam uma das diversas formas pelas quais somos afetados pela atitude alheia, como afirma Capra. Ao levar em conta o pensamento desses três autores fica inviável acreditar na possibilidade de não termos controle sobre nosso viver, sendo subjugados a um destino previamente determinado. Então, poderíamos afirmar, imbuídos desse pensamento, que somos os senhores de nosso destino. Nesse caso, cabe a nós a busca da melhor forma de conduzí-lo. Sendo interligados e nossos atos não constituírem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os quais compartilham os mesmos espaços que nós, e nossas opções e escolhas constituírem o ser que somos. Ao atentarmos a esse fato nos vemos abastecidos de informações sobre as diversas formas pela qual podemos “moldar” nosso ser. Dando a este mesmo ser conotações e colorações embasadas em nossas escolhas. Então, um papel importante o qual nos cabe é o de nos empenharmos em descobrir maneiras de desenvolver nossa habilidade de percepção do mundo que nos cerca. Atentando ao fato de não estarmos sozinhos nele e termos a companhia de outros seres vivos os quais participam das consequências dos nossos atos assim como somos afetados pelos atos deles. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

14 outubro 2011

IDEALIZAÇÕES

É comum idealizarmos os diversos relacionamentos os quais estabelecemos. Isto é, imaginamos e planejamos como será nosso contato com nossos filhos, amigos, parceiros e etc. Idealizamos inclusive em relação a decisões tomadas e compromissos assumidos futuramente. Não podemos deixar de pensar que nossas idealizações estão conectadas aos nossos sonhos e desejos. E, se estão relacionados, talvez façam sentido nossas frustrações. Se nossas idealizações são baseadas em nossos desejos significa que têm um grau de expectativa bastante elevado. Então, a realidade pode nos surpreender negativamente e, em algumas ocasiões nem a querermos mais. Ou seja, a realidade torna-se tão diferente daquilo imaginado que refutá-la emerge como sendo a melhor alternativa. Porém, quando nossas decisões são apenas baseadas nesses argumentos podemos dar início a uma série de atitudes que culminarão em situações com as quais podemos não nos sentir confortáveis. Sempre ao nos decepcionarmos com algo há a tendência ao sofrimento e a busca de distanciarmo-nos da situação em questão. No entanto, esse distanciamento do que nos faz sofrer, ou seja, a contradição de nossos ideais, também nos afasta da possibilidade de olharmos para as alternativas possíveis. A fuga de algo aparentemente desagradável é alentador, pois permite nos protegermos. Mas, se fugirmos sem tentar compreender o que realmente nos é apresentado, podemos deixar de experimentar o conhecimento. Por conseguinte, perdemos também a oportunidade de nos surpreendermos de modo positivo. Afinal é o conhecimento o que nos permite uma posição diante dos fatos e, desse modo, também nos permite uma escolha mais eficaz e de acordo com nossos ideais. Sendo assim, ao distinguirmos nossas idealizações diante das diversas ocasiões nas quais nos relacionamos com algo ou alguém, permite nos colocarmos em uma posição de maior grau de satisfação com nossas escolhas. Lembrando que o filósofo Jean Paul-Sartre destaca sermos livres para escolher, porém condenados às consequências dessas escolhas. E, o filósofo Heidegger salienta ser nossa maior liberdade a ampliação do nosso rol de possibilidades. Algo que o conhecimento acerca de nós permite com maior eficiência. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

07 outubro 2011

NÓS E OS OUTROS

Lídia Rosenberg Aratangy, psicóloga, em seu livro “Doces Venenos” afirma existir um mecanismo tranquilizador para nos ajudar a viver com alguma sensação de segurança nesse mundo cheio de perigos. Esse mecanismo consiste em dividir a humanidade em duas partes: nós e os outros. Desse modo “afastamos de nós” tudo o que não gostaríamos que fizesse parte de nossas relações com o mundo. As possibilidades de sofrer são inúmeras. Ora algo que queremos e não conseguimos, ora alguém que não corresponde como esperávamos, entre tantas outras. Podemos ficar à mercê de situações nas quais não temos o controle. Nesse momento, é possível emergir um sentimento de insegurança em relação a estarmos ou não agindo adequadamente, pois nosso comportamento suscita respostas. É importante nos conscientizarmos que nosso comportamento influencia nossas relações. Para buscarmos entender o nosso real papel nas diversas situações com as quais nos envolvemos. Certamente, ao nos posicionarmos em um “lugar diferente” dos outros, sustentamos a ilusão de que estamos distantes o suficiente deles para estarmos seguros. No entanto, essa ilusão pode nos conduzir a caminhos não desejados, pelo fato de sermos induzidos a acreditar que situações semelhantes quando os outros são afligidos não irão nos alcançar. Então, se acionamos tal mecanismo como destaca Aratangy, nos colocamos em um patamar onde experimentamos a desejada segurança, mas de um modo arriscado por se tratar de algo “irreal”. É necessário não nos esquecermos ser de suma importância para a construção dos significados que irão constituir nosso ser, os relacionamentos que estabelecemos com nossos parceiros de existência e com o mundo de um modo geral. Nesse caso, ao “dividir” a humanidade poderemos experimentar a sensação de estarmos protegidos dos perigos. Entretanto, poderemos também experimentar a solidão por não nos identificarmos com quem experimenta sensações semelhantes às nossas e que poderia compreender-nos. Precisamos valorizar nossa singularidade, entendendo serem nossas experiências singulares em seus significados para cada um de nós. Mas, também se faz importante compreendermos estarmos todos na mesma condição de existência. Condição essa que nos apresenta experiências as quais suscitam incertezas que nos amedrontam. Contudo, se sentirmos que estamos acompanhados podemos aliviar os encargos por elas promovidos. Pois, sempre ao se ter alguém que nos acompanha onde quer que estejamos, experimentamos um sentimento de segurança mais distante da ilusão. Por isso, pode ser um mecanismo tranquilizador a separação da humanidade, mas se experimentarmos o “nós e os outros” ao invés de “nós à parte dos outros” poderemos dar início a uma nova experiência e a muitas possibilidades. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

30 setembro 2011

NENHUM CAMINHO É SEM VOLTA

Quando adotamos um jeito de ser que nos satisfaz, pode ser que esse “jeito de ser” se contradiga a alguns desejos que temos, mas nem sempre percebemos isso. Então, se faz importante nos atentarmos às nossas dores e sofrimentos para podermos estar aptos a mudar quando for necessário. No entanto, mudar não é fácil, especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos relacionarmos com ele. Inclusive porque acreditamos estarmos bem como somos e o risco do incerto é, em muitas ocasiões, no mínimo assustador. Heidegger, filósofo, em suas afirmações diz ser importante ao homem ter estabilidade, ou ao menos a ilusão de que a tem. De acordo com ele, nos iludimos a respeito da segurança para suportarmos a incerteza que nos envolve em todas as ocasiões. Essa estabilidade constitui em vivermos envolvidos em uma rotina em nossos afazeres e também em nossos desejos. Quando somos capazes de “prever” o que nos vai acontecer isso nos proporciona a segurança que, segundo Heidegger, tanto ansiamos. Então, de acordo com ele podemos afirmar que não nos arriscamos a experimentar situações novas e modos de ser diferentes por nos sentirmos seguros. Será que é apenas segurança o que realmente nos interessa? Por que não tentar encontrar também a satisfação nesse processo? Mas, se nos atentarmos ao nosso redor podemos perceber que nossos atos sempre ocasionam uma reação. Então, se nos propusermos a mudar esse jeito de ser que nos fornece segurança pode ocorrer de experimentarmos situações novas, e elas podem ser um pouco desagradáveis em um primeiro momento. Contudo, podemos considerar relevante questionar se ficamos melhor seguros ou realizados. Vivenciamos frustrações e tristezas, ansiedades e medos e, em muitos momentos, parece ser impossível “detectarmos” o porquê desses sentimentos. Se pode-se afirmar ser praticamente impossível detectar a fonte de nossos sentimentos indesejados, podemos, então, tentar outros modos para buscar um resultado diferente. Isto é, se sendo quem somos e do jeito que somos estamos seguros, mas não plenos, podemos, ao menos, nos arriscar a avaliar nosso modo de ser e quiçá colocar em risco um pouco dessa “segurança” em troca de plenitude. Costuma-se dizer que tudo tem um preço. Pode ser que a plenitude, a satisfação e o prazer sejam o preço de arriscar essa “segurança”. Apenas nos conscientizando dos riscos, mesmo não nos expondo a eles, descobriremos que a mudança, a qual pode nos assustar, não é tão aterrorizadora quanto nos parece. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

23 setembro 2011

LIMITAÇÕES

Somos todos portadores de um grande número de limitações. Estas podem ser de ordem física ou psicológica. Quando são de ordem física buscamos modos de amenizá-las para que se possa dar continuidade ao dia-a-dia sem maiores complicações. No entanto, quando elas são de ordem psicológica ou emocional é comum buscar-se maneiras de ocultá-las, disfarçá-las ou mesmo tentar agir como se elas não fizessem parte de nosso ser. Porém, como tudo o que não é cuidado, tal atitude pode proporcionar situações inesperadas e muito inadequadas causando desconfortos que poderiam ser evitados ou, ao menos controlados para que as consequências não se tornem muito inconvenientes. Em muitas ocasiões somos levados a agir de acordo com essas limitações. Ou seja, elas acabam por “ditar” nosso modo de agir. No entanto, se não voltarmos nossa atenção para o que ocorre podemos ser induzidos por tais limitações a comportamentos os quais não aprovamos e experimentarmos sentimentos de frustração bem como revolta diante de atitudes das quais não nos satisfaz. É comum também vivenciarmos decepções com a atitude de outrem. Mas, se não averiguarmos os fatos envolvidos no caso podemos adotar decisões que nos levam ao distanciamento de pessoas queridas por não entendermos quais os motivos que levaram ao comportamento causador do desconforto inicial. Nos envolvemos em sentimentos dolorosos, decepções e tristeza, e assim, deixamos de ponderar todo o tempo de convívio. Ocorre de nos atentarmos somente para o momento presente nos esquecendo da história que construiu o relacionamento com a(s) pessoa(s) em questão. Como seres que erram somos levados a tentar amenizar tais erros para conseguirmos lidar com nossas limitações. Contudo, se nos dispusermos a conhecer esses limites ao invés de omiti-los ou ignorá-los, compreender que eles constituem nosso modo de ser, poderemos avaliar com maior acuidade nossos pensamentos e sentimentos. Então nos tornaremos capazes de ampliar esses limites. Nos tornando mais livres para decidirmos, atentos, de modo mais claro ao que desejamos e ao que nos faz sentir plenos. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

16 setembro 2011

TOC´s E CIA

O mundo da TV nos oferece alternativas “infinitas” para nos identificarmos. Personagens heroicos ou sofredores ou, até mesmo, algumas referências psiquiátricas ou psicológicas em relação a comportamentos e/ou “manias”. Uma reportagem chamou a atenção quando uma esposa afirmava “diagnosticar” alguns problemas pessoais do marido, através do que assistiu em programas de televisão. Não são poucas as ocasiões possíveis de se ter contato com informações a respeito de alterações emocionais ou comportamentais as quais sugiram haver algum problema que solicite uma atenção mais acurada. Se acessarmos um guia médico com as características das muitas doenças psiquiátricas ficaremos aterrorizados com a gama de itens nos quais nos enquadramos. No entanto, a prudência nos pede cuidado devido ao fato de algumas dessas características consistirem apenas em traços de nossa personalidade, ou seja, um jeito particular e individual de estar e se relacionar com o mundo. Todos nós possuímos tendências de comportamento capazes de se tornarem problemas quando limitam, de algum modo, nosso viver. Então, alguém que gosta de tudo muito organizado pode ter um problema quando sua vida passa a girar em torno dessa organização e seus compromissos passam a ficar comprometidos por isso. Ou ainda outro alguém, porque experimenta um traço depressivo com uma tendência a tristeza, que em determinado ponto se vê impedida de compreender situações mais corriqueiras. Portanto, limita sua rotina e seu contato com as pessoas de modo a se isolar. Há também personalidades histéricas, entre tantas outras. Porém, o importante é atentarmos para o fato de esses constituírem nosso modo de ser e, não definirem quem somos. Apesar disso o importante é atentar-se ao fato do quão limitante esses traços podem se tornar. Em muitos momentos de nosso existir podemos experimentar um acentuar deles, o que não representa necessariamente um adoecer, mas apenas um momento que solicita maior atenção nossa. Sendo assim, é importante nos conhecermos para sermos capazes de identificar quando ocorre alguma alteração desse teor, ou ainda, como ela ocorre. Sempre, ao nos munirmos do conhecimento, seja ele em maior ou menor grau, assumimos a possibilidade de cuidarmos com maior desvelo de nós. O que permite ampliarmos o número de possibilidades as quais podemos escolher. Culminando na afirmação de Heidegger de ser a amplitude de nossas possibilidades o modo de mensurar nosso grau de liberdade. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

09 setembro 2011

É TEMPO DE AMAR


É comum relacionarmos amor e tempo, na tentativa de avaliar quanto dura um amor verdadeiro. No entanto, uma mensagem enviada por e-mail propôs outra relação: conseguimos amar verdadeiramente e com qualidade quando disponibilizamos nosso tempo para isso.
Diz-se que o amor para perdurar é necessário ser cuidado. E esse cuidar é equiparado a muitas formas como, por exemplo, se ele fosse uma pequena planta a qual precisa de água e cuidados contínuos.
Contudo a mensagem referida anteriormente afirmava ser o nosso tempo a razão de nos dispormos a amar com qualidade. Isto é, a água e os cuidados contínuos constituiriam, então, o quanto de nosso tempo nos propomos a dispender àqueles a quem amamos.
Não raro é cometermos enganos referentes a esse tema. Sendo assim, podemos chegar a entender o amar como o aceitar toda e qualquer atitude daqueles a quem dispensamos nossos melhores sentimentos.
No entanto, após um período de tempo, e talvez relativamente longo, podemos nos deparar com a surpresa de nosso amor não ter sido compreendido na medida em que desejávamos. Quando isso ocorre, pode-se experimentar uma grande decepção em relação aos nossos afetos e em maior proporção em relação a nossa própria atitude.
Porém, ao estarmos envolvidos em tal compreensão podemos, aliado a isso, vivenciar uma grande dor relacionada à desilusão experimentada. Mas, esse processo, que à primeira vista pode apresentar uma conotação negativa, também pode converter-se em uma oportunidade.
Ao experimentarmos a dor, a decepção ou mesmo a desilusão é natural também nos sentirmos traídos por algo ou alguém. No entanto esse momento também constitui a chance que o “universo” nos oferece para modificarmos o modo como nos relacionamos com o mundo de uma maneira geral.
Então, se mantivermos a ideia que o amar pode ser relacionado ao tempo que dispensamos para isso, esse tempo também pode ser dispensado àquele a quem mais podemos ser capazes de amar – nós. E, desse modo, nos colocarmos em posição de sermos cuidados em nossas mazelas para nos tornarmos adequados a dispensar nosso tempo amando quem faz parte de nosso convívio.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

02 setembro 2011

O PREÇO DA TRAIÇÃO


Nos acostumamos a depositar no outro a causa de nossas dores. E então, não assumimos sermos nós quem tem um problema e quem pode resolvê-lo. No filme: “O preço da traição”, a personagem principal não assume ter problemas com o seu envelhecer e com as mudanças ocorridas em seu relacionamento com o marido, em razão de, principalmente, os seus afazeres como mãe e os dele como pai.
Acredita, portanto, ser o afastamento causado devido à infidelidade do marido. A partir dessa conclusão toma decisões que irão proporcionar consequências ainda mais complicadoras para o relacionamento familiar. Contudo, o importante é a conclusão a que essa personagem chega quando tudo vem à tona. Num diálogo com o esposo entende estar o problema em suas dificuldades particulares e não no comportamento dele.
Ao não assumirmos nossas dores, e não olharmos para elas, corremos o risco de tomarmos decisões que ocasionarão consequências possíveis de tornarem-se desagradáveis ou quiçá muito inconvenientes. No entanto, assumir isso significa que precisamos tomar alguma atitude a respeito e nem sempre estamos preparados para isso.
Estar apto a assumir a responsabilidade pelo próprio sofrer não constitui um procedimento confortável. Afinal envolve decidir o que fazer e, desse modo, não mais poder responsabilizar o outro por nossas dores, mas adotar uma posição diante do fato de sermos capazes de solucionar o problema seja ele qual for.
Então, o primeiro passo para iniciar a diminuição das ocasiões que nos fazem sofrer é aceitar nos sentirmos incomodados diante de alguns fatores. Sejam eles os naturais do processo de envelhecer, os de assumir novos rumos ou mesmo o envolvimento em novos relacionamentos.
Quando adotamos a postura de assumir essa realidade nos tornamos capacitados a buscar auxílio. E, este pode ser uma conversa aberta com alguém de nossa confiança ou mesmo com um profissional capacitado a compreender os significados do existir e suas dores. O importante é darmos início a esse processo para tornarmos nossa existência plena de satisfações e não de sofrimentos e decepções.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

26 agosto 2011

ANSIEDADE - COMO SE FAZ MESMO?


Alguém me questionou sobre qual a razão de experimentar-se a ansiedade diante de uma competição mesmo quando se conhece a própria capacitação para o sucesso da empreitada. Seria o instinto de preservação a razão para tanto “medo” de errar ou perder? E, o que se quer preservar?
Normalmente relacionamos a ansiedade a situações negativas. No entanto o valor que ela terá em nossa existência irá depender de como a enfrentamos. Então, essa angústia que experimentamos pode tornar-se um auxílio para o sucesso quando nos encontramos em situações desafiadoras. Assim dependerá do modo como valorizamos sua presença. E é Inevitável, então, a busca constante de formas para tentar minimizar os efeitos desse processo.
Nem sempre relacionamos o medo a esse sentir-se oprimido com alterações corporais como taquicardia e mesmo o tão conhecido “branco”. Com esse medo podemos nos submeter a ocasiões nas quais precisamos ter, de modo ágil, lembranças de “como se faz”.
Raramente nos fazemos perguntas como: o que nos amedronta nessa situação? Do que temos medo? E, ainda mais raramente respondemos a essas questões. Afinal, podemos ter “medo” da resposta. No entanto, se não ponderarmos quais os verdadeiros sentimentos envolvidos nas sensações que experimentamos, não seremos capazes de compreender a razão de nos comportarmos de determinados modos.
Nesse caso, uma maneira para tentar minimizar ou ter o controle sobre o grau nossa ansiedade é conhecê-la. Ao sabermos o que nos assusta diante das situações que se nos apresentam, poderemos avaliar a realidade ou não dessas razões e então lidarmos com elas de modo mais significativo.
É de suma importância compreender os significados das diversas experiências vivenciadas diariamente. Em nossa pressa nem sempre nos atentamos para esses significados, mas isso não representa serem de menor valor. Ao entendermos esses sentidos para nós, iremos depreender como amenizar seus impactos em nosso existir.
Então, consiste na busca constante do conhecimento próprio o refúgio para vivenciar as mais variadas experiências de modo mais seguro e proveitoso. Essa busca, entretanto, não representa um momento pontual em nosso viver, mas um constante movimento em prol de nosso desenvolvimento pessoal, e cabe a nós a decisão de sua continuidade.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

19 agosto 2011

NADAR CONTRA A MARÉ


Em muitas oportunidades pode-se experimentar a sensação de estar “nadando contra a maré”. Isto é, a impressão de o mundo ir e um sentido e nós em outro totalmente diferente. Isso pode ocorrer por ter-se um modo de ser extravagante, ou por ser diferente da maioria.
É comum ouvir alguém afirmar sentir-se incomodado ou mesmo prejudicado por agir diferente do que é comum. Devido a um comportamento ou sentimento diferente do praticado pela generalidade pode-se sofrer esse desconforto. Nessa ocasião é importante exercitar um conhecimento mais abrangente sobre si mesmo para não correr o risco de se perder dentre a maioria.
A cultura atual estabelece como importante sermos todos o mais iguais possível. Possuir, inclusive, objetos semelhantes. Ou seja, quanto mais formos parecidos uns com os outros, estaremos mais aptos a conviver melhor. No entanto, somos diferentes em diversas particularidades. Então como nos sentir bem sendo iguais, e não diferentes?
Cada momento de nossa história de vida constrói o que somos atualmente. Toda a experiência passada constituiu nossa construção como o ser que somos hoje. Nesse caso, o passado foi importante nesse processo. Não é necessário, contudo, viver-se voltado para esse passado. O importante é a consciência de sua importância em nosso existir atual.
Elizabeth Kübler-Ross em seu livro A Roda da Vida cita uma jovem judia a qual havia sobrevivido a um campo de concentração nazista. Ela dizia da importância em se deixar o passado para trás para ter-se paz no presente. Entretanto não esquecendo-o, apenas sem revivê-lo repetidamente para não alimentar sentimentos de ressentimento ou pesar.
Então, ao estarmos cientes da importância do passado em nossa história e de como essas experiências nos tornam singulares, é igualmente importante compreendermos serem nossas decisões e escolhas também singulares. Deste modo, o nadar contra a maré torna-se apenas a assunção de nossas particularidades, as quais nos tornam especiais. E não um ato de afronta que proporciona desconforto.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

12 agosto 2011

CULPA - TUDO POSSO


Há quem sinta-se culpado por grande parte das ocorrências ao seu redor. Por realmente existir algum envolvimento nos eventos ocorridos. Ou, pelo seu envolvimento nessas ocorrências solicitarem alguma ação, e por isso parecer que elas são de sua responsabilidade. E, por conseguinte, seu fracasso seja devido à sua decisão.
Contudo, não é raro experimentar-se essa sensação por acreditar-se ser o responsável por tudo. Algo semelhante à onipotência, isto é, alguém que crê poder tudo e de quem tudo está dependente. Porém, como distinguir entre essas situações?
Temos uma tendência a nos proteger e, do mesmo modo, nosso aparelho psíquico também tem seus meios para tal proteção. Assistimos muitas pessoas experimentarem depressões, sensações de pânico e outras inúmeras desordens emocionais muito atuais. Tais situações podem representar, em diversas ocasiões, uma proteção para nossa sanidade. E é possível “olhar” para o sentimento de culpa do mesmo modo.
Em muitas ocasiões somos impulsionados a tomar algumas atitudes para preservar o êxito de um relacionamento. Então, esse comportamento de buscar solucionar tudo por seus próprios meios pode significar o cuidado com quem se quer bem. O problema surge quando esse alguém experimenta a sobrecarga e a dor de perdas as quais nem sempre representam sua falha.
Contudo, é preciso se ater ao fato de, em alguns momentos, precisarmos rever nosso modo de ser em relação ao que concernem nossos deveres e obrigações. E o que representa apenas nosso desejo em sermos essenciais ou em preservar algum relacionamento.
Todos nós buscamos ser importantes para alguém. Constantemente procuramos formas de nos sentir plenos. Essa plenitude pode estar relacionada a um sentimento que nos prende às situações e comportamentos os quais representam um peso maior do que suportamos.
Então, ao tentarmos entender o motivo de sermos levados a determinados modos de agir, podemos encontrar, nesse caminho, formas de amenizar o peso das relações que estabelecemos. E assim sermos capazes de vivenciar momentos mais plenos e sensações mais amenas em relação ao seu significado para nós.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

05 agosto 2011

INTOLERÂNCIA


A todo o momento entramos em contato com algo que nos contraria. Seja uma opinião, postura, comportamento ou mesmo um jeito de ser. A esse aspecto podemos reagir de modo ameno e nos sentirmos desconfortáveis. Ou podemos experimentar uma reação mais forte e expressiva como a intolerância.
Essa pode ser direcionada a alguém especificamente ou a um grupo de pessoas. Pode ainda alguns aspectos de ordem pública ser o alvo de nossa intransigência. O importante é estarmos atentos a essa ocorrência, para então podermos restringir os momentos em que nos deixamos levar por nossos impulsos menos elaborados.
Ao permitirmos tornarem-se frequentes esses impulsos podemos conhecer respostas indesejadas. E também nos sentir contrariados ao estabelecermos contato com algo diferente daquilo que acreditamos ser o ideal. Quando essas respostas indesejadas tornarem-se constantes pode ocorrer de ter-se instaurado a intolerância. Nesse processo há a possibilidade de se adotar um comportamento desagradável gerador de consequências às quais não nos satisfazem. Ou ainda, nos aborrece.
Quando somos “dominados” por tal sentimento incorremos na possibilidade de adotarmos atitudes que nos levem a sensações desagradáveis. Pois, quando envolvidos pela intolerância, não elaborarmos as situações de maneira isenta de nossos julgamentos. Julgamentos estes que estão embasados em nossos valores particulares os quais podem ser inadequados para a ocasião.
Ocorre, contudo, de não nos darmos conta do quanto esse comportamento nos afeta. No entanto, ao voltarmos nossa atenção para nossos sentimentos e desconfortos, podemos encontrar ações que preferivelmente não tivessem ocorrido. Sendo assim, é essencial voltarmos nossa atenção para nossas particularidades e buscar reduzir a frequência com que nos sentimos desconfortáveis conosco e com nossas reações e impulsos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

29 julho 2011

AMOR, JUSTIFICATIVAS E ILUSÕES


Em nome do amor, algumas vezes, cometemos atos insensatos ou mesmo sem avaliar a dimensão de suas consequências. Uma conhecida contou sobre sua experiência em tentar, de todos os modos, amenizar as dores de quem era próximo a ela. Disse ter sido repreendida por alguém que lhe destacou sobre os malefícios dessa atitude. Porque assim não permitia à essas pessoas viverem experiências que lhes permitissem algum aprendizado e desenvolvimento.
No entanto, não é fácil a atitude de ajudar o desenvolvimento de alguém querido sem tentar impedir uma possibilidade de dor. Em muitas ocasiões torna-se quase impossível assistir a essa pessoa sofrer as consequências daqueles atos que lhe proporcionaram sofrimento. Especialmente quando se tem alternativas para auxiliar a mitigar esse processo.
Atualmente, com as solicitações diárias as quais estamos submetidos, encontramos justificativas diversas para tal comportamento. Na pressa dos muitos afazeres sanamos nossa necessidade de encontrar uma causa para nosso modo de ser o qual “lesa” aquele a quem amamos. Em muitas ocasiões fechamos nossos olhos para tal realidade protelando também o lidar com suas consequências.
Muitas vezes não nos atentamos para o fato de esse modo de agir se relacionar com sentimentos dos quais nos pertencem, e que nos causam desconforto. Sentimentos relacionados às frustrações as quais somos expostos a todo o momento, principalmente devido ao fato de acreditarmos ser possível muito mais do que a nossa realidade permite.
Diante disso, a tentativa de impedir quem amamos de experimentarem frustrações torna-se uma tentação quase irresistível. Assim, buscamos formas de sanar nossas dores com nossas próprias decepções nos atos que, em nossa ilusão, são salvadores das dores alheias.
Talvez, o amor seja uma forma nobre de justificarmos nossos atos. Porém, uma análise mais detalhada de como amamos pode permitir que sejamos um pouco mais “úteis” àqueles que direcionamos tal sentimento.
Nesse caso, ao nos conhecermos e abrandarmos nossas dores nos tornamos mais plenos. E, então, em consequência, também mais aptos a “acompanhar” quem nos cerca e é depositário de nossos sentimentos de carinho e amor. Essa companhia se torna mais segura e capaz de ser provedora de experiências importantes para seu desenvolvimento pessoal.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

21 julho 2011

ANSIEDADE - CORRER OU FICAR?


A todo o momento somos “bombardeados” com opções as quais nem sempre somos capazes de desprezar. Então, experimentamos a famigerada ansiedade. O que fazer? É possível conseguir “tudo”? O que deixar de lado? Minha decisão foi a mais sábia? Essas, entre outras questões, permeiam nosso estado ansioso.
Heidegger, filósofo, afirma ser a ansiedade o sustentáculo de nosso movimento, que nos leva a não estagnação. E isso ocorre devido à ansiedade ou angústia nos levar a experimentarmos sensações que nos colocam em tal estado a ponto de sermos “obrigados” a fazer algo. Seja uma busca ou uma fuga.
O importante, nesses momentos, é termos conhecimento de fato de a ansiedade poder assumir dois polos: positivo ou negativo. Todavia, cabe a nós qual deles irá prevalecer. Ou seja, pode-se afirmar que a ansiedade se faz importante. Porém, somos nós quem iremos indicar qual valor ela terá em nossas decisões.
Há quem seja incapaz de lidar com tal sentimento. Irá, provavelmente, experimentar outras sensações aliadas à ansiedade, o medo. Então, o impulso em recuar diante de algo que nos altera as sensações é quase uma resposta reflexa. No entanto, se exercitarmos nossa capacidade em conter esse impulso de recuo, poderemos experimentar a possibilidade de utilizar a ansiedade, como sugere Heidegger, de modo a ser um combustível propulsor na busca de novas possibilidades.
Ao ampliarmos nosso rol de possibilidades exercitamos, segundo esse filósofo, nossa liberdade e podemos colocar em prática, como afirma Jean-Paul Sartre, o ápice dessa liberdade – a escolha, a qual todos somos “obrigados” a fazer a todo o momento em nosso dia-a-dia.
Podemos sempre afirmar não termos tido escolha. Dizer serem determinados eventos inevitáveis e decisivos no que ocorre conosco. Contudo, se dedicarmos bastante atenção, entenderemos termos opções em todas as ocasiões nas quais nos envolvemos.
Mas, assumir a posse dessas escolhas nos coloca em uma posição de “senhores” de nosso existir. E, nem sempre estamos aptos a assumir esse “posto” de modo consciente. Não obstante, não estarmos conscientes disso não significa não ser essa a nossa realidade.
J.K. Rowling, autora da série de livros Harry Potter, afirma na fala de um personagem serem nossas escolhas quem nos definem e não nossas aptidões. Ou seja, todos temos traços genéticos ou mesmo capacidades aprendidas. No entanto, nossas escolhas denotam aquilo realmente desejado por nós.
Mesmo quando não admitimos terem sido nossas decisões que nos colocou na situação atual de nossa existência, revelamos quem somos. Sendo assim, quando aceitarmos nossas escolhas como uma parte importante de nosso existir, tornaremos capaz a existência da possibilidade de minimizar as consequências negativas da ansiedade, como experimentada quando uma escolha surge em nosso caminho.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

15 julho 2011

OLHAR - ESCOLHA CONSCIENTE. TALVEZ!


“... E quando se presta atenção espontânea e virgem de imposições, quando se presta atenção, a cara diz quase tudo”. Clarice Lispector destaca com essa frase o quanto é possível, se nos despirmos de nossos “pré-julgamentos”, analisarmos as situações de uma maneira mais isenta. Possibilitando um conhecer mais autêntico.
Contudo, tal proposta não constitui uma tarefa fácil. Nossas imposições estão permeadas por nossos valores. Estes foram construídos ao longo de nossa existência através das diversas experiências que vivenciamos. Mas, à medida que conseguimos exercitar um olhar menos comprometido com esses valores possibilitamos contatos diferenciados.
Ao usarnos nosso pré-julgamento deixamos de lado muitas opções das quais poderíamos usufruir prazeres ignorados. Porém, nos mantemos ligados àquilo que consideramos seguro e não nos permitimos riscos em empreitadas diferentes.
Ao conhecermos alguém, por exemplo, utilizamos essas ferramentas para nos proteger de possíveis surpresas desagradáveis. Entretanto, ao não nos surpreendermos também deixamos de experimentar possíveis prazeres. Ou seja, nos privamos da dor, mas também do gozo.
Costumamos fugir dessas situações e para minimizar as chances de sofrimento. Com isso nos protegemos e acreditamos encontrar uma vida mais segura e amena. Todavia, a amenidade também pode levar à mesmice. E, apesar de a rotina ser um modo de experimentarmos a segurança, ela também leva à monotonia da qual tantamos nos distanciar a todo o momento.
Lamentamos a rotina, a falta de oportunidades em experimentarmos sensações diferentes. Contudo, o que fazemos, na realidade, é fugir das dificuldades o máximo possível. Não obstante, fugimos também das chances de encontrarmos significados diferentes para ocasiões talvez semelhantes, o que nos levaria a sensações novas. E elas poderiam constituir o diferencial que buscamos para sentirmos “a vida correr nas veias”.
Desse modo, é importante nos conscientizarmos o máximo possível sobre nossos valores. Para entendermos o que nos leva a fazer certas escolhas e ter determinadas decisões. E, então, experimentarmos a liberdade de escolhermos com maior isenção dentre as possibilidades com as quais nos deparamos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

08 julho 2011

CAVERNA ESCURA


O passado que não se conhece é como uma caverna escura. A desvendaremos se tivermos algum interesse, mas como se interessar pelo que não é lembrado? Pelo simples fato de não lembrarmos significa que não pertence à nossa história?
Em muito mais ocasiões do que gostaríamos nosso passado pode ser motivo de sofrimentos ao ser relembrado. Por ter sido muito bom e não ser possível revivê-lo ou por ter sido desagradável e não querermos a lembrança para não reviver os sofrimentos escondidos em uma “caverna”. No entanto ignorá-lo pode ser a base de consequências das quais se pode lamentar sem nem ao menos ter consciência do envolvimento dele.
O ser que somos hoje é o resultado das experiências vividas até então e, que de certo, não está pronta. Isto é, se somos o resultado das experiências passadas, nosso amanhã consistirá em uma pessoa diferente de quem somos hoje. Um movimento constante e inevitável rumo ao desenvolvimento.
Então, se estamos sempre por fazer é possível mudanças em todos os níveis dos quais aspiremos. A questão é: somos capazes de buscar conhecer nossa história para então construirmos, com maior autonomia, o que está por vir?
Ao buscarmos formas de aproximar nossa história de nossa realidade também conheceremos nossos limites. Certamente esses limites podem nos surpreender e até mesmo decepcionar. Porém, ao termos o conhecimento possuímos também a condição do possível. Ou seja, assumimos a posição de “proprietários” do que queremos para nós, nos tornamos melhores artífices nessa realização.
Ou seja, sempre ao ampliarmos nosso limiar de conhecimentos ampliamos, por consequência, nosso rol de possibilidades. E, como na análise de Heidegger nos tornamos mais livres à medida que ampliamos nossas possibilidades, eis nossa oportunidade para sermos cada vez mais livre.
No entanto, é primordial ter-se em mente que a liberdade vem associada à satisfação, mas também interligada à responsabilidade. Sendo assim, ao alcançarmos tal liberdade estaremos também “tocando” em responsabilidades para as quais precisamos estar atentos e, então, não sermos surpreendidos com situações causadoras de dissabores.
É essencial ao buscar-se a liberdade lembrar-se também da responsabilidade. Pois, ao exercitarmos ambas em conjunto poderemos buscar conhecer o que se esconde em nossa caverna escura. E, ainda assim, contatando situações passadas pelas quais poderíamos nos sentir amedrontados sem um real motivo para isso. Encontrando, talvez, ao invés de um monstro horrendo, apenas uma bela criança jovial a espera de ser aconchegada.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

01 julho 2011

IMPOTÊNCIA - Recolhendo Cacos


Rubem Alves afirma ser importante, em alguns momentos, não “palpitarmos” sobre como um problema precisa ou pode ser resolvido. O essencial é nos mantermos por perto para recolher os “cacos” quando e se isso for possível. Entretanto, o “sangue-frio” necessário para tal atitude não compreende algo habitual.
Algumas pessoas costumam protelar seu envolvimento nos problemas que as cercam. Com essa atitude vivenciam a possibilidade de tudo resolver-se por si só. Certamente, poder-se-ia afirmar que esse comportamento se esbarra na sugestão de Rubem Alves. Contudo será possível generalizar e sempre agir desse modo?
Como discernir entre o momento no qual se deve observar e esperar e aquele no qual se deve intervir? Em uma mensagem nos meios de comunicação informatizados alguém sugere ser importante ter disposição diante das situações as quais podemos intervir, resignação frente àquelas as quais nada se pode fazer e, o mais importante, a capacidade de diferenciar uma da outra.
A sugestão de Rubem Alves não parece ser uma das atitudes mais corriqueiras. Envolve, na realidade, um processo dependente do exercício de identificar em quais momentos deve-se agir e em quais deve-se apenas observar e esperar.
Essa postura, entretanto, nos conduz; em mais ocasiões do que gostaríamos; a sentimentos de impotência ao observarmos a dor de alguém que nos é próximo. Muitas vezes essa dor é familiar por experiências vivenciadas de modo semelhante em nosso passado. Porém, é importante termos em mente que todos precisamos nos desenvolver. E para isso, na maioria das vezes, é necessário nos colocarmos a disposição e respeitando certa distância para que o crescimento do outro também ocorra.
O crescer um processo doloroso. Independente se o crescimento é físico ou emocional, a dor sempre estará presente. E no nosso modo de amar buscamos de todas as formas amenizar essas dores. Contudo, Rubem Alves, quem inspirou essa reflexão, deixa claro ser importante permitirmos o vivenciar da dor a quem queremos bem para possibilitar a eles uma experiência de maior valor.
Então, o exercício essencial e diário necessário para se habituar e amenizar o sentimento de impotência experimentado diversas vezes é: nos habilitarmos, cada vez mais, a compreender a dimensão da dor alheia e a importância que ela representa para o crescimento pessoal de todos os envolvidos no processo. Nos tornando, desse modo, como sugere Rubem Alves, aptos a recolher os cacos... se for possível.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

24 junho 2011

SEGURANÇA


Estamos acostumados com o que somos. Então, a mudança, em qualquer nível, acarretará sempre um grande investimento de nossa parte. Porque necessitamos estar dispostos a ela, ou ao menos, receptivos. E isso nem sempre representa algo simples.
Estabelecemos algumas normas de conduta para nós mesmos e não percebemos isso, pois tal processo ocorre de modo imperceptível. São os nossos modos de ser que, inclusive, nos protege dos sofrimentos e decepções. Mas, também são esses mecanismos de proteção que podem nos limitar ou, até mesmo, frear iniciativas que permitam nosso desenvolvimento mediante certos riscos.
Por isso, olhar para quem somos e decidir pela mudança de alguns pontos não compreende uma tarefa simples. Exige mais, envolve uma análise de quem somos e do que gostaríamos de mudar. Nesse processo podemos nos decepcionar. Mesmo porque é comum nos sentirmos acostumados com quem somos e não desejarmos nenhum movimento que proporcione alguma alteração nesse status.
Certamente, estarmos em paz com quem somos é algo importante e almejado. Mas a questão é: esse “estar em paz” representa uma satisfação ou apenas um conformismo. Nos habituamos àquilo que nos deixa seguros e não buscamos nenhum risco para não abalarmos essa “tranquilidade” que pode ser ilusória.
Porém, em muitos momentos de nosso existir ocorrem situações que nos abalam e nos conduzem a algumas reflexões. Essas, porém, nem sempre são experimentadas como sendo algo a nos orientar ao desenvolvimento. Entretanto, se nos permitirmos vivenciar tais momentos de modo intenso, isto é, não nos tolhermos em fugas. Poderemos nos erguer com a possibilidade de novos horizontes.
Então, é importante estarmos “protegidos” para esses momentos não se tornarem destrutivos e nos levar a decisões ou atos os quais proporcionem sentimentos de arrependimento e dor. Desse modo, permitir a proximidade de quem pode significar a possibilidade de amparo é de salutar importância para nosso crescimento ser pleno.
Assim, poderemos garantir um movimento que proporcione fases difíceis de serem vivenciadas. Mas, ao término desse o contentamento passível de se experimentar torna-se encantador. Pois, quando experienciamos tais momentos de modo efetivo, buscando todas as alternativas as quais nos permitam o crescimento, a sensação de completude é inevitável.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

17 junho 2011

ISOLAMENTO


Um pensamento que ocorre mais do que imaginamos é o de viver-se acompanhado e, apesar disso, sentir-se só. É possível observar alguém cercado de pessoas o qual experimenta o sentimento da solidão. Aqueles que vivem cercados de pessoas e, entretanto não “convivem”. Normalmente ocorre de morarem em uma casa da qual saem e retornam em horários desencontrados com os outros moradores, não se estabelece, assim, nenhum diálogo mais aprofundado.
Não são poucas as pessoas capazes de percorrer uma semana inteira sem contato com os filhos ou irmãos residentes na mesma casa. Ou, quando se encontram, nem sempre trocam palavras além das extremamente necessárias. Há quem inclusive afirme ser essa uma relação desejada.
O ser humano, contudo, desenvolveu-se muito a partir das trocas realizadas entre eles. Essas para ocorrerem necessitam da convivência e do contato. Num simples exemplo no qual se tem algo o qual se deseja trocar, é necessário, ao menos, que sejamos capazes de dialogar ao ponto de nos entendermos com aquele com quem desejamos a troca.
Atualmente temos diversos modos de nos isolarmos. É comum ter-se no próprio quarto um televisor, um computador, um telefone. Ou seja, “ferramentas” as quais permitem nos relacionarmos com ninguém pessoalmente. Desse modo o isolamento fica garantido.
O individualismo exacerbado é a contra mão do desenvolvimento humano e pessoal. Principalmente ao ter em vista o fato de a humanidade ter-se desenvolvido a partir das trocas e dos relacionamentos que estabeleceu. A história das diversas culturas até nos apresenta exemplos disso.
Entretanto, à medida que o relacionar-se torna-se difícil e a modernidade nos apresenta modos fáceis de “fugirmos” desse processo. Damos início a um isolamento que nos conduz a um retrocesso do qual podemos nos dar conta apenas quando já estejamos sofrendo suas consequências. É, então, necessário nos mantermos atentos ao modo como convivemos com quem faz parte de nosso dia-a-dia. Para exercitarmos a capacidade de perceber quando damos início a tal isolamento.
Também não podemos nos esquecer da importância de alguns momentos de solidão para a organização de pensamentos e decisões. Mas, assim como cuidamos do nosso corpo e de nossa saúde física, precisamos cuidar do nosso bem estar psíquico. Diferenciando os momentos de reorganização daqueles que nos distancia das possibilidades de desenvolvimento pessoal. E, para isso, é necessário permitirmo-nos o contato com quem se propõem a contribuir para tal desenvolvimento.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

10 junho 2011

PROJETOS



Desde o momento em que nascemos parece haver um “projeto” para o nosso existir. Algumas pessoas demonstram isso claramente ao planejarem uma profissão, um amor ou mesmo um lugar onde se deseja viver. Contudo, nem sempre é possível alcançar tal objetivo. Isto é, muito pode ocorrer para modificar nosso “projeto” para a nossa vida.
Sem dúvida nem sempre estamos preparados para as “surpresas” apresentadas pela vida em forma de decepções. Uma profissão a qual não se consegue atingir o auge ou mesmo um amor que conhece seu fim. No entanto, o importante é estarmos conscientes que os nossos projetos são elaborados por nós. Então, cabe exclusivamente a nós a iniciativa de traçar objetivos diferentes daqueles sonhados anterior às decepções.
Todavia, algo deixado a um plano do “esquecimento” é o fato de ao sermos obrigados a modificar nosso projeto de vida precisamos elaborar o luto dele. Ou seja, precisamos vivenciar cada etapa da “morte” de um sonho. Elizabeth Kübler-Ross, psiquiatra e autora suíça, relaciona algumas fases do processo de luto em sua obra sobre a morte: choque; negação a qual nos leva a agir como se o problema não nos pertencesse; raiva pela situação vivida; barganha, momento no qual se negocia uma troca baseada na fantasia do desaparecimento da dor; depressão, quando é possível apreender a realidade do ocorrido e; aceitação, a qual possibilita o seguir adiante com novos planos.
A partir do momento em que nos permitimos vivenciar a dor da perda de um sonho estaremos aptos a sonhar e planejar novamente. Desse modo nos tornamos livres para novos projetos. Mas, é preciso nos munir de coragem para enfrentarmos as dores do processo descrito por Kübler-Ross. Nem sempre, entretanto, conseguimos tal força sem ajuda. Em alguns momentos teremos que ser capazes de entender a necessidade dela para tal empreendimento.
Quando nos permitirmos vivenciar esses momentos difíceis amparados por alguém, seja um amigo ou um profissional da saúde, ampliamos nossa possibilidade de sucesso na superação da dor. Então, nos tornamos aptos a vivenciar a mudança do projeto inicial e usufruirmos com plenitude a nova escolha feita.
Portanto, se o projeto nos pertence, a dor da perda do sonho também nos pertence. Caberá a nós, então, a iniciativa em nos fazermos fortes o suficiente para lidarmos com as situações as quais nos levam a modificar tudo o que pensávamos ser o ideal.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

03 junho 2011

ETERNAMENTE JOVEM?


Hoje busca-se, cada vez mais, maneiras de se restabelecer a juventude perdida. O tempo tornou-se um inimigo em muitas ocasiões. Acontece, às vezes, de inclusive desdenharmos a experiência e o aprendizado que ele nos permite. Talvez tenhamos nos acostumado tanto com o imediatismo da atualidade que deixamos de lado a importância do aprendizado para a sustentação futura. E isso se reflete nos relacionamentos de modo geral.
Podemos tentar ignorar as consequências de nossos exageros. Porém, isso não os faz desaparecer. Lamentamos quando jovens colocam em risco suas vidas, e a de outros, com o uso inadequado de bebidas alcóolicas, drogas e velocidade. Mas será que estamos presentes na vida deles para auxiliar no entendimento da importância em se investir no futuro? Ou estamos ocupados demais em nos mantermos “jovens”, voltados unicamente a nós mesmos?
Muitas pessoas queixam-se de relacionamentos que não perduraram. Afirmam estar o compromisso desestabilizado e isso levar a relações com parceiros os quais têm medo de se envolverem de modo responsável, impedindo que ela se mantenha.
Podemos sempre fazer nossas lamúrias e tentar depositar no outro a capacidade de nos permitir ficar bem ou não. Entretanto, somente quando assumirmos nossa parcela de responsabilidade por nosso bem estar é que definitivamente nos habilitaremos a cuidar de nós mesmos de maneira eficaz.
Desse modo, poderemos iniciar um convívio mais ameno com o tempo. E nos permitir o acúmulo de experiências das quais nos permitam lidar com situações difíceis com maior tranquilidade. O convívio de qualidade permite relacionamentos que levam a trocas de grande importância.
O físico e autor Fritjof Capra, em seu livro “O ponto de mutação”, nos explica a respeito da interconexão e do quão interconectados estamos uns com os outros. Ou seja, todas as nossas ações interferem em todos os eventos ao nosso redor. Sendo assim, cada ato por nós praticado tem consequências das quais podemos não dimensionar com exatidão. Porém, elas estão presentes em nosso dia-a-dia independente de nosso querer.
Se, conscientes desse fato, exercitarmos a reflexão para permitir o desenvolvimento de nossa capacidade de nos relacionarmos melhor com o tempo, podemos, em consequência, melhorarmos as relações com quem faz parte de nosso convívio.
Nem sempre acreditamos na possibilidade de alcance que nossa mudança de atitude pode ter. Contudo, se nos arriscarmos a experimentar, poderemos iniciar mudanças ao nosso redor a princípio consideradas serem impossíveis de ocorrer. E, a partir disso, experimentaremos contatos mais consistentes e que nos proporcionem satisfações perdidas no tempo.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br