31 janeiro 2017

ANSIEDADE EM ACERTAR

Precisamos sonhar e desejar, mas também precisamos estar atentos às nossas reais possibilidades, bem como às nossas limitações. Para que os sonhos e desejos tornem-se realizações em lugar de frustrações.

Sempre ao nos arriscarmos em algo novo podemos contar com a certeza de que há a possibilidade de alcançarmos, ou não, nosso objetivo. É comum nos envolvermos em uma nova empreitada e não atentarmos para todas as suas possibilidades, especialmente para a chance de não conseguirmos o que queríamos.
Muitas vezes, envolvidos em nossos desejos, experimentamos certa dose de ansiedade. E esta pode ser em maior ou menor proporção. O importante é que ela, às vezes, permite termos um olhar mais “generoso” do que é real para a situação em questão. Esse comportamento pode nos conduzir ao risco a que estamos sujeitos quando nos colocamos diante de uma incerteza.
Talvez, se fossemos capazes de avaliar “todas” as possibilidades de uma situação não nos arriscaríamos e, então, poderíamos deixar de experimentar certa emoção. Contudo, também se faz necessário exercitarmos nossa atenção à possibilidade da perda. Isto é, de não conseguirmos o que desejávamos.
É preciso levar em conta que em tudo há ao menos duas conclusões e uma delas pode não ser a que nos deixa mais satisfeitos. No entanto, estar atento à realidade é imprescindível. Precisamos sonhar e desejar, mas também precisamos estar atentos às nossas reais possibilidades, bem como às nossas limitações, para que os sonhos e desejos tenham a oportunidade de se tornarem realidades concretizadas e não apenas frustrações.
Todavia, é preciso lembrar que as frustrações fazem parte do aprendizado de nossos limites e, o conhecimento deles nos permite a chance de extrapolá-los. Desconhecendo o limiar não se faz possível a transposição do mesmo. Em muitas ocasiões somente alcançamos determinado objetivo após experimentarmos o conhecimento acerca do limite ao qual estávamos submetidos.
Desse modo, ao utilizarmos o aprendizado com as experiências vividas tornamos possível uma maior amplitude de nossos limites. E estes podem nos levar a empreitadas cada vez mais audaciosas. Assim, as chances de sucesso com elas podem se tornar mais elevadas à medida em que conhecemos nosso potencial e nos tornamos “condutores” dele.

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

23 janeiro 2017

PODEROSO LIMITE


Como será possível estabelecermos algum critério para assumirmos, nós mesmos, os cuidados com nosso próprio bem-estar e sem dependermos de outrem para tal?


Como delimitar até onde podemos ou devemos ir e como identificar o momento em que se deve finalizar algo? Tal decisão torna-se ainda mais difícil quando algum tipo de prazer está envolvido. Seja uma boa companhia, um saboroso alimento, uma bebida agradável ou mesmo o simples estar em algum lugar aprazível.
O vício é um desregramento habitual, um costume prejudicial, isto é, consiste em algo o qual nos habituamos a fazer e do qual temos dificuldades em nos privar. Em um primeiro momento ao falar-se em vício podemos nos remeter a substâncias ilícitas. No entanto, há diversas outras formas de vínculos viciosos. Pode ocorrer de nos acostumarmos a tal ponto a determinado modo de agir e nos tornarmos, por isso, “impossibilitados” de perceber os malefícios para a nossa existência.
Como será possível estabelecermos algum critério para assumirmos, nós mesmos, os cuidados com nosso próprio bem-estar e sem dependermos de outrem para tal? Ou seja, o que fazer para nos tornarmos capazes de cuidarmos dos nossos limites e excessos?
Jean Piaget, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, afirmou que um indivíduo pode ser considerado maduro a partir do momento em que tem internalizado as regras as quais é submetido durante seu desenvolvimento, isto é, quando o indivíduo não mais necessita de alguém para lhe sinalizar o que lhe será inconveniente ou não. Ele possui, assim, seu próprio repertório do que lhe convém ou não. Desse modo torna-se capaz de avaliar as consequências de seus atos e freá-los antes de um inevitável mal estar consequente a si mesmo.
Atualmente as pessoas constatam com certa frequência o quão difícil é conter-se diante dos prazeres imediatos.  Em nome da satisfação sacrifica-se o bem estar sem analisar as perdas envolvidas em tal comportamento.
Uma maneira de iniciarmos um processo culminante em um maior cuidado conosco consiste em analisar quais são as reais perdas e ganhos de determinada ação. Desse modo, seremos capazes de decidir e escolher com maior segurança o que é ou não importante para nós, embasados em nosso repertório interno de “regras”, isto é, nosso repertório acerca do que nos faz bem ou não.
O modo de agir atual fundamentado em estereótipos inatingíveis de perfeição, também nos apresenta o prazer incondicional e a satisfação plena como metas a serem atingidas. No entanto, a construção do nosso ser esbarra nas frustrações. E, são elas que nos ajudam a delinear nossos limites para que possamos cuidar de nosso bem estar de modo mais preciso e eficaz.
Então, quando nos permitimos excessos, sejam eles de ordem física, psíquica ou emocional, que nos conduzem a lamentar tal atitude no dia subsequente, pode ser uma advertência de que necessitamos exercitar um olhar mais crítico para nossos atos e comportamentos em relação a nosso bem estar.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


16 janeiro 2017

COMO SER O MELHOR

Podemos estar tão envolvidos e preocupados com o que pensarão a nosso respeito, que nos esquecemos de ficar atentos ao que nós pensamos sobre nós mesmos.


Em nossa sociedade é comum nos compararmos. É, desse modo, evidente a possibilidade de ocorrer um pouco de exagero nessa conduta. No entanto, a competitividade dos nossos dias leva à dificuldade em “resistirmos” à tentação de nos compararmos e, inclusive, competirmos para sermos melhores ou, quiçá, “o melhor”.
Essa competição e comparação podem nos levar a nos desapontamentos com nós mesmos diante dos resultados obtidos em nossa rotina. Não é raro, inclusive, nos sentirmos insatisfeitos com algo em nossa aparência ou mesmo em nosso modo de ser.
Convivemos com um estereótipo de beleza e de modos de se comportar o qual tange a perfeição. Ele “propõe” que sejamos magros, saudáveis, felizes, bem sucedidos, pacientes, justos, adequados, sociáveis, entre tantas outras qualidades, as quais, definitivamente, apresentam-se inatingíveis para quem é um simples mortal.
Sendo assim, o que nos resta? Nos sentirmos mal conosco. O principal aspecto a ser atingido com isso é nossa autoestima. E assim, como ter amor próprio se não somos como as regras da ordem social ditam? Como estarmos satisfeitos conosco se precisamos alcançar o estereótipo da perfeição?
A autoestima está diretamente relacionada com a satisfação experimentada em nosso dia-a-dia. O que ocorre é estarmos tão envolvidos e preocupados com o que pensarão a nosso respeito, que nos esquecemos de ficar atentos ao que nós pensamos sobre nós mesmos. Com isso, deixamos de prestar atenção às nossas qualidades e conquistas.
Então, se nos permitirmos um olhar mais “carinhoso” para conosco, poderemos também melhorar nossos sentimentos em relação a nós mesmos e, por conseguinte, melhorar nossa autoestima.
Não estar satisfeito com os próprios limites e querer ampliá-los é saudável, desde que não represente o sacrifício de nosso bem estar. As pequenas conquistas podem se esvaecer quando estamos mergulhados em situações à margem de nosso controle. No entanto é importante estarmos conscientes de nossos limites e, o mais importante, de nossas capacidades reais.
É preciso exercitar o respeito ao outro, mas especialmente o respeito a nós mesmos. Há limites em nós que podem ser ampliados, no entanto, há alguns limites pessoais que constituem nossa característica e o qual não é passível de mudança. Nos resta, portanto, identificar quais são uns e outros e nos movimentarmos em prol da mudança ou da compreensão e aceitação de quem somos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

07 janeiro 2017

TEMPO... O QUE É ISSO?

Um paralelo interessante pode ser traçado entre tempo e seus significados, pois as facilidades atuais no acesso a quaisquer informações, sejam elas relacionadas ao conhecimento ou ao consumo, são quase assustadoras.

Ultimamente é comum ouvir alguém destacar o quão veloz os dias transcorrem. Não raro é quando alguém se surpreende com o adiantamento de uma data, quando imaginava que esta estaria distante. Nesta ocasião é comum nos questionarmos se o tempo tem transcorrido com maior velocidade do que ocorria “antigamente”.
Um paralelo interessante pode ser traçado entre tempo e seus significados. Quando se pensa no “antigamente” podemos ser levados a lembrar dos meados dos anos 50 ou 60, época em que os meios de transporte e comunicação eram um tanto precários em comparação aos atuais. Ou, ainda, a mudança do nosso acesso a informações, bem como às disponibilidades de objetos. Ou seja, as facilidades atuais no acesso a quaisquer informações, sejam elas relacionadas ao conhecimento ou ao consumo, são quase assustadoras.
Na mesma velocidade ocorre a profissionalização, e a necessidade de atualizar-se como alguém interessado em manter-se ativo no mercado de trabalho (o qual se apresenta extremamente competitivo).
Nesse ínterim alguns momentos significativos e importantes são, em muitas ocasiões, deixados ao segundo ou terceiro planos. Isto é, privilegiamos as necessidades econômicas e suas solicitações em relação ao nosso tempo disponível, em detrimento das outras necessidades que possuímos, como as de prazer e satisfação.
A psicóloga Yolanda C. Forghieri, em uma de suas palestras, lembrava da sugestão de um antigo professor seu. Ele dizia ser importante observarmos pequenos momentos em nosso dia-a-dia, como o som de um pássaro ou o farfalhar das folhas de uma árvore ao vento. E segundo ela, esse gesto seria o elo entre nossa rotina desesperada e a possibilidade de nos recordarmos que o tempo tem seu “tempo” para passar.
Então, se ficarmos atentos para o significado do tempo individualmente e o relacionarmos com nossos afazeres diários, poderemos encontrar a razão de ele representar algo tão distante de nosso controle.
Em contrapartida quando prestamos atenção a nós e aos nossos compromissos com as horas do dia, os dias dos meses e os meses dos anos, poderemos, quiçá, experimentar um vínculo diferente com o tempo. Capacitando-nos a rever nossos afazeres pessoais e profissionais. Desse modo, poderemos nos tornar aptos a avaliar com maior comedimento as nossas diversas relações com os outros, sejam esses “outros” pessoas, objetos ou compromissos.
Sendo assim, sempre que nos permitimos um olhar mais acurado a nós e à nossa rotina, podemos incorrer na possibilidade de mudança, especialmente em relação ao significado do tempo para nós.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri

Psicóloga CRP 06/95124