30 dezembro 2017

A DOR E O PRAZER EM CRESCER

“O auge de nosso desenvolvimento ocorre quando nos tornamos autossuficientes, independentes e aptos a assumirmos as ilações referentes às nossas escolhas.”


Nem sempre estamos dispostos a acatar as consequências das nossas escolhas. Torna-se muito mais confortável, quando o resultado de nossa escolha não corresponde ao vislumbrado por nós. Descartarmos a lembrança de que partiu de nossa iniciativa a opção acolhida como a mais adequada e que nos frustrou.
Num impulso somos levados a agir dessa forma desde o período inicial de nossa existência. Isto é, quando ainda somos infantes e não possuímos a habilidade da reflexão pormenorizada. Entretanto, tal atitude pode assumir um papel desconfortável, no momento em que permitimos sua ocorrência em um período em que há a necessidade de assumirmos os riscos, possibilidades e, principalmente, responsabilidade pelas escolhas que fazemos.
Contudo, tal postura envolve a conclusão de um processo, o qual culmina em nos localizarmos com maturidade suficiente para nos autodenominarmos – adultos. Isto é, o auge de nosso desenvolvimento ocorre quando nos tornamos autossuficientes, independentes e aptos a assumirmos as ilações referentes às nossas escolhas.
Os filósofos Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger afirmam respectivamente, sermos livres para escolher, mas condenados por essa liberdade; e capazes de ampliarmos nossas opções, o que constitui nossa real liberdade, porém ainda que relacionadas às escolhas feitas anteriormente em nosso existir.
Então, talvez se localize em nossa capacidade de vislumbrar as consequências pertinentes às opções que temos, para nos permitirmos nos habilitarmos a fazer escolhas menos envolvidas em emoções, o que é comum praticar quando crianças. E, exercitarmos nossa capacidade de avaliação ao que consiste a “realidade” na qual estamos envolvidos.
Desse modo, podemos colocar em curso o processo de nosso desenvolvimento o qual tende a culminar em nossa maturidade que nos permite o exercício pleno de nossa liberdade segundo os filósofos Sartre e Heidegger.

QUE EM 2018 SEJAMOS CAPAZES DE NOS DISPOR A TRABALHARMOS EM PROL DO NOSSO CRESCIMENTO PESSOAL... PORÉM, SEM NOS ESQUECERMOS DE QUE O DIVERTIR-SE TAMBÉM FAZ PARTE DESSA TRAJETÓRIA.
FELIZ 2018 A TODOS!!!

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

22 dezembro 2017

ENTÃO... É NATAL!!!

Em um tempo em que muitas informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa época.


Alguém comentou que neste ano está estranho esse período de festas. Estávamos a seis dias do Natal e ela dizia que as pessoas estavam as mesmas, isto é, não haviam mudado seus compromissos rotineiros e nem sequer preparavam-se para grandes viagens ou comemorações.
Em um tempo em que muitas informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa época. Ou seja, temos acesso a informações cada vez mais precisas. E que desmentem muitos fatos tornando-os dispensáveis ou sem sentido lógico.
Porém, vivemos também em uma época em que algo parece sempre faltar. Estudiosos atentam para fatos diferentes na tentativa de explicações e justificativas para tais sensações. Mas a questão é: o que falta?
Não raro é experimentarmos, vez ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.
Será que isso é o suficiente? Continuar vivendo carente de emoções pode tornar-nos indiferentes pelo simples hábito de buscarmos a indiferença. Nos habituarmos a não permitir sentimentos que nos remetam a pesares ou a sensações as quais nos façam parecer  humanos, pode ter um alcance inesperado e até indesejado. Podemos nos tornar alheios às emoções desagradáveis. Mas também podemos permanecer indiferentes a tudo ao nosso redor e, assim, experimentarmos a sensação de um vazio de uma busca sem nem sabermos o que é procurado.
Uma amiga me contou um episódio de um livro no qual um piloto sofre um acidente em uma montanha coberta de gelo. Ele sobrevive e sabe que para continuar vivo precisa permanecer em movimento. Deste modo, coloca-se a andar por mais de três dias. Quando não aguenta mais tem o impulso de parar e deixar o gelo fazer seu trabalho. Porém, ao lembrar-se de sua esposa imagina a decepção dela ao saber de sua desistência e isso o faz continuar.
Ao longo do tempo enquanto espera o salvamento, esse piloto consegue manter-se em movimento. Buscar a cada momento um sentido diferente para continuar. Estudos afirmam que um animal, por ser irracional, teria mais chances de sobrevivência por guiar-se somente por instintos. No entanto, esse episódio nos mostra exatamente o oposto. Por sermos racionais, seres sentimentais e emocionais, temos um “quesito” o qual nos permite buscarmos em nós mesmos forças para continuar.
Então, se nesse período de Natal o impulso de sentir desânimo se fizer presente, uma alternativa é buscar sentidos para nos permitir continuar... Nem sempre constitui tarefa fácil essa busca de sentido que permita a força para continuar. Porém, em uma época de tantas carências, será que não vale a pena investirmos em sentimentos adormecidos que permitam experimentar sensações que nos levem ao menos a certeza de estarmos vivos?

Que neste Natal tenha início uma busca incansável e duradoura.

Feliz Natal!

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124