10 julho 2017

IMPOSSÍVEL OU APENAS DIFÍCIL?

O fato de o possível não constituir algo fácil, isso pode nos afugentar e levar uma avaliação, aparentemente, mais sensata e segura, a optar pela impossibilidade ao invés da dificuldade.


É comum afirmações a respeito da impossibilidade de algumas coisas serem concretizadas. No entanto, nem sempre é levada em conta a efetividade de tal afirmação. Em muitas ocasiões ocorre de considerar-se impossível o que “apenas” é muito difícil. Porém, a dificuldade por mais extrema que seja não denota, necessariamente, impossibilidade.
O que ocorre, na maioria dos casos, é o fato de o possível não constituir algo fácil. Isso pode nos afugentar e levar uma avaliação, aparentemente, mais sensata e segura, a optar pela impossibilidade ao invés da dificuldade.
Quando decidirmos poder investir naquilo que desejamos significa, também, que precisaremos investir no esforço, dedicação e disciplina para alcançar o objetivo escolhido. E não apenas nossa decisão para consegui-lo. Seja nosso desejo algo que queremos ou a solução de um problema no qual estamos envolvidos.
As soluções fáceis são atraentes, mas nem sempre garantem tranquilidade e satisfação.  As solicitações do dia-a-dia podem nos levar a deixar de lado esforços necessários à nossa satisfação, ao considerar impossível o que exigiria de nós um investimento pessoal maior do que incialmente planejado.
Em uma sociedade de consumo como a atual há um incentivo implícito para a busca de soluções rápidas e práticas em vista de satisfações instantâneas, porém, passageiras, como destaca o sociólogo Zygmunt Bauman em seu livro Globalização. Em contrapartida, uma questão que surge é: diante de tantas alterações psíquicas e emocionais vivenciadas atualmente por um número cada vez maior de pessoas, será a forma proposta pela contemporaneidade a mais adequada em se lidar com nossos desejos?
Estabelecemos metas e sonhamos com os melhores cenários. Isso representa nosso potencial de desejo. Contudo, a nossa parcela de esforço real em prol dele precisa ser efetiva para haver, ao menos, a possibilidade de se alcançar tal meta.
Podemos ainda delegar a outrem o encargo de “providenciar” a solução de nosso problema. E encontraremos, assim, alguém a quem responsabilizar se nossa satisfação não for plena. Dessa forma poderemos agir de “má fé” como salienta o filósofo Jean-Paul Sartre e nos iludirmos em relação a nossa isenção na participação do resultado obtido.
Contudo, diante de tantas lamentações e frustrações, será que não nos cabe uma decisão mais firme em relação a avaliação sobre o que constitui impossibilidade e dificuldade? Se refinarmos nossos juízos a respeito das variadas situações as quais nos encontramos envolvidos diariamente, poderemos, quiçá, tornar nossos atos e decisões mais efetivos em prol de nós mesmos.
Isso é impossível... Ou apenas... Difícil?

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com