31 maio 2013

FRUSTRAÇÃO

Sensação negativa, física e mental, com que o cérebro registra o não cumprimento de uma expectativa positiva, ou várias de uma só vez. Isto é, relacionamos a decepção com o não alcance de algo que desejamos ou esperávamos e, por conseguinte, todo o nosso pensamento pode tornar-se envolto pela ideia de que “tudo” encontra-se comprometido de modo a nos frustrar. Um dito popular traduzia esse ideia com a afirmação: “acordar com o pé esquerdo”.
Há uma disposição nossa para acreditar que, após a primeira frustração, todo o resto também seguirá um curso inverso do desejado por nós. Alimentada pela frustração, a nossa expectativa transforma-se, e assume como verdadeiro que tudo o que deu, pode ou dará errado repetidamente.
Frustrado e com as expectativas negativas poluímos nossas emoções com mau humor e ações agressivas, das quais podem nos levar a experimentar descontentamento em graus variados. Tal atitude não contribui em nada para a melhoria do estado em que nos encontramos no momento em que experimentamos essa vulnerabilidade. Ou seja, contrariados por algum acontecimento nos colocamos em estado de alerta e iniciamos uma compreensão permeada por ele. Isso faz com que os significados para nossas expectativas sejam contraditórios ao nosso desejo.
Nesse momento o insight pode ser um grande aliado, isto é, detectarmos a espiral onde nos encontramos e que nos levam a uma sabotagem de nós mesmos. Assim, a reversão desse processo pode ocorrer ao nos permitirmos algum tipo de prazer: um sorvete, um filme ou mesmo um banho aconchegante. Pois, quando experimentamos o sentimento de tristeza por alguma expectativa frustrada, incorremos no risco de “esquecermos” que somos habilitados a modificar a situação presente, bastando para isso nossa iniciativa em prol do que queremos.
No entanto, para isso acontecer se faz importante nos conscientizarmos dessa possibilidade. Talvez, seja necessário admitirmos ser preciso algum amparo além de nossa própria disposição. Pois, quando envoltos por sentimentos reversos à satisfação, nos tornamos enfraquecidos no que tange nossa capacidade para restabelecer todo nosso potencial. Desse modo, ao permitirmos uma ajuda “extra” também disponibilizamos um aceleramento no processo de nosso restabelecimento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

24 maio 2013

ANSIEDADE E O "EU"

É comum perceber-se, nos dias de hoje, alguém experimentar certo “desespero” por não estar presente em algum lugar em determinado momento. Ou, se algo acontecer sem a sua presença, ou o que é ainda pior, sem sua participação.
Atualmente um tema bastante em voga é a ansiedade e suas consequências complicadoras nos relacionamentos diversos. Porém, não se pode deixar de atentar para atitudes egoístas as quais permeiam muitas situações relacionadas à ansiedade. Isto é, o sentimento experimentado em não estar presente em determinado evento, pode apenas representar a dor conectada à preocupação consigo mesmo ao “perder” algo que outro alguém possa usufruir.
Numa sociedade individualista como a atual e que resvala no hiperindividualismo, termo difundido pelo sociólogo e escritor Zygmunt Bauman, presenciamos atitudes detonadoras de uma grande desatenção no que diz respeito ao outro. O autor afirma que algo somente irá nos interessar se o evento estiver conectado diretamente a nós.
Em algumas ocasiões pode-se perceber alguém conversar com outra pessoa, mas sem a “ouvir”. Ou seja, há um diálogo, mas a atenção está voltada somente para si mesmo, ao ponto de quando o assunto não diz respeito diretamente a ela própria ocorrer um “desligamento” da atenção. E assim, nenhuma informação referente ao tema diferente do “Eu” é assimilada.
Devido aos conclames sociais atuais podemos ser levados a assumir um modo de ser voltado para nós mesmos. No entanto, se não houver um cuidado a esse respeito, corre-se o risco em dar vazão a uma atitude egoística, muitas vezes inclusive egocêntrica, que conduz a uma forma de relacionar-se na qual o outro assume papel secundário. Ao ponto de não nos interessar seus interesses, desejos e quiçá acontecimentos relacionados exclusivamente a “ele” ou “ela”.
Sendo assim, um exercício no intuito de perceber o outro de modo mais eficiente, pode constituir uma boa possibilidade de estabelecer relacionamentos para satisfazerem de modo mais eficaz nossa necessidade de completude. E, desse modo, experimentar-se em um número bem mais reduzido de vezes a ansiedade, que pode estar conectada a sensação de distanciamento nos relacionamentos que não representam ligações seguras.
Lamentamos sensações de solidão e incompreensão. No entanto, pode ocorrer de estar em nós e não no outro a possibilidade de mudar a forma como nos relacionamos, de modo a proporcionar sensações de completude mais eficientes e duradouras nos relacionamentos diversos que estabelecemos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

17 maio 2013

RELAÇÕES E INTERCONEXÕES


Importante destacar que nos relacionamos todo o tempo. No entanto, parece ocorrer um “impulso”, quase que automático, em nos comportarmos de modo oposto a essa observação, e desconsiderar tal possibilidade.
Atualmente é relativamente frequente sermos atingidos por referências que nos convidam a refletir sobre a importância de determinadas atitudes. Estas referências nos convidam a refletir, de modo significativo, a respeito de nosso comportamento no dia-a-dia.
Fritjof Capra, físico e escritor, destaca um fenômeno ao qual todos nós estamos sujeitos: a interconexão. Esta consiste em uma interligação na qual todos somos “salpicados” com a ocorrência de qualquer fato. Para este autor, nossos comportamentos e atitudes, mesmo os que consideramos serem possuidores de menor significado, têm extrema importância. Pois, afeta a todos os que partilham da condição se ser vivo como nós.
Ou seja, pelo fato de partilharmos um existir, nos encontramos conectados de modo que os resultados subsequentes de nossas atitudes, ou dos outros, incidem sobre nós todos. Assim, é proporcionado um contato mais próximo do que concebemos ser possível.
Então, quando informações sugerem ser necessário atentarmos para as ocorrências à nossa volta de modo mais atento, estas podem representar um passo significativo no que tange a melhoria dos relacionamentos. Tendo em vista que ao exercitarmos o aperfeiçoamento das relações de um modo restrito, incorremos na oportunidade de melhorar, por conseguinte, as relações de um modo generalizado e amplo.
Portanto, a prática de uma observação mais atenta pode tornar possível um conhecimento individual e essencial. Mas, ao mesmo tempo, permitir um conhecimento mais amplo, quando diz respeito ao desenvolvimento da melhoria do convívio ao qual estamos “aprisionados”. E do qual cabe a nós a iniciativa da manutenção, para um estado mais agradável poder sobrepor-se a desgastes “desnecessários”, ao qual nos sujeitamos quando desconsideramos a existência da interconexão das relações.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

10 maio 2013

ATITUDES E OBJETIVOS


Explicamos nossas atitudes a partir dos nossos objetivos na ocasião. Mas, será que isso é o suficiente para nos sentirmos tranquilos com nossas decisões? É comum nos questionarmos a respeito da assertividade ou não de alguma atitude nossa. Buscamos, em vários “lugares”, referências para corroborarem nossas escolhas. Contudo, nem sempre esse comportamento é o suficiente para amenizar nossa insegurança em relação a certeza de que a opção feita por nós foi a “correta”.
Experimentamos, em um quinhão maior do que desejamos, a dúvida se optamos pelo melhor. Nos amedrontamos diante da possibilidade de errarmos e procedemos como se todos os nossos erros fossem terminais e irremediáveis. Jean Piaget, epistemólogo suíço considerado um dos maiores pensadores do século XX, afirmou ser de grande importância nossos erros, porque constituem uma das melhores formas de aprendizado. Segundo o pensador, ao errarmos ampliamos nossa capacidade em reter a “lição” e desse modo sedimenta-se com mais eficiência o aprendizado.
Sendo assim, torna-se contraproducente considerarmos nossos erros como algo que devemos apagar de nossa lembrança.  De modo oposto, se fizermos uso de considerações minuciosas relacionadas ao ocorrido, ampliamos nossas possibilidades de nos desenvolvermos a partir do vivenciado, mesmo se o “erro” constituir de algo que, em um primeiro momento, optamos por esquecer.
Analisar nossas atitudes e seus objetivos antecedentes representa um comportamento ao menos salutar, se desejamos proceder nosso desenvolvimento pessoal de modo a ampliarmos os momentos em que experimentamos a sensação de conquista. Martin Heidegger, filósofo, afirma que nossa liberdade está na capacidade de ampliarmos nossas possibilidades.
Inicialmente pode-se julgar que as opções consistem em algo além de nosso alcance. No entanto, se refletirmos acerca de nossas atitudes e objetivos, poderemos considerar os percalços existentes em nossos trajetos percorridos como representantes de uma oportunidade de aprimorarmos de modo mais eficiente nossas habilidades. Poderemos, também, estabelecer um modo de agir voltado para o desenvolvimento em detrimento de nos martirizarmos quando experimentamos um resultado diferente do planejado por nós.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

03 maio 2013

ABRIR OS OLHOS


Podemos desperdiçar uma grande quantidade de tempo ao buscar identificar sentimentos, situações e quiçá “caminhos a seguir”. No entanto, pode ocorrer de nos esquecermos de “abrir nossos olhos”. Isto é, nos posicionarmos diante dos fatos como alguém desconectado deles. Assim, incorremos na possibilidade de passarmos despercebidos por ocasiões as quais poderiam ser de grande importância para nós.
É comum focalizarmos nosso olhar em direção a algo que acreditamos desejar imensamente. Contudo, também é comum atermos esse foco em uma direção que não consista naquela realmente desejada. Ou seja, acreditamos estar em busca daquilo que queremos, no entanto, estamos, apenas, desperdiçando energia e tempo em prol de algo obscurecido por nossa incapacidade de identificar, com clareza, nossos desejos.
Lamentamos dores e perdas ocorridas ao longo dos caminhos percorridos. Porém, muitas vezes nos mantemos focalizados em nossa dor ao ponto de nos esquecermos de utilizá-la como oportunidade de crescimento. Pois, ao procedermos em uma atitude a qual incorre em algum sofrimento, significa que, em certo momento, atentamos para uma direção não constituída da mais adequada para nós naquela ocasião.
O processo de nos conhecermos não representa uma tarefa simples e nem tampouco corriqueira. Nos habituamos a manter nossa atenção voltada para aquisições diversas. Sejam elas de ordem mais ou menos subjetiva. Contudo, se tais aquisições não forem significativas para nós de modo a nos possibilitarem a sensação de satisfação, nos manteremos em um ciclo no qual a dor e a perda tornam-se praticamente inevitáveis.
Abrir os olhos pode representar uma maneira de nos “vermos” de modo mais sincero. Quando identificamos os nossos pormenores, somos capazes de diferenciar e selecionar o que gostamos ou não em nós mesmos. E, desse modo, procedermos na escolha do que condiz com o que queremos ou não. Assim, poderemos minimizar o número de ocasiões nas quais nos sentimos impelidos à dor, e ampliarmos nossa habilidade em vislumbrar horizontes que nos proporcionem formas possíveis de conquistarmos o que planejamos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br