25 julho 2014

SONHAR

Quando tem início nossa percepção de que sonhamos iniciamos um processo no qual sonhar, planejar e realizar tornam-se possibilidades tangíveis. Contudo, junto a isso pode também nos ser apresentada, pelo mundo, a frustração.
A dinâmica de nossa vida atual nem sempre nos permite reflexões a respeito de nós mesmos. Como estamos, o que desejamos e o que já realizamos. Enfim nos colocamos seguindo em frente sem muita atenção ou cuidado conosco. No entanto, esse continuar pode intensificar os sentimentos de frustração os quais podemos, sem perceber, não nos darmos conta.
Diversas razões podem ocorrer para termos nossos sonhos e planos realizados, porém nem sempre do modo como desejávamos. Nesse momento, sentimentos de dor e o desejo de, em muitas ocasiões, desistir, podem se tornar quase irresistível. Entretanto, o próprio mundo que, em nossa compreensão nos frustrou, nos conclama a não desistir.
Assim, somos “obrigados” a continuar. Nesse ínterim é comum deixar de lado o pensar sobre nós mesmos. Quem somos, o que desejamos, quais nossas capacidades e como modificá-las, ou mesmo, como ampliarmos nossas habilidades.
 Se nos permitirmos aprofundar nosso pensamento a nosso respeito, de uma maneira inteiramente pessoal sobre o sentido de nosso existir, poderemos experimentar a compreensão sobre o que representa nossa própria vida. Ao nos disponibilizarmos a esse movimento reflexivo, nos aproximamos da possibilidade de realização, em oposição à possibilidade de frustração.
Em muitas ocasiões pode ser necessário rever planos e sonhos e, inclusive, remodelá-los. Mas, se não atentarmos para nossos pormenores e a respeito do significado de nossos desejos, poderemos estabelecer uma relação delicada conosco e com nossa capacidade de proporcionarmos, a nós mesmos, um maior número de sonhos realizados.
Desse modo, sempre que nos movemos no sentido de compreendermos de modo mais apurado quem somos, nos posicionamos como alguém que possibilita, em maior intensidade, oportunidades de nos realizarmos. E, ao encontro disso, minimizamos as possibilidades de frustrações as quais podem nos conduzir à estagnação.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

18 julho 2014

SOFRIMENTO

Em nosso cotidiano nem sempre há espaço para nossas dores. Isto é, em alguns momentos pode-se experimentar a sensação de que o sofrimento não tem um lugar adequado em nosso dia-a-dia. Isso parece ocorrer devido ao fato de termos desviado nossa atenção da importância que cada momento em nosso existir possui.
Ao “abdicarmos de forma compulsória” de qualquer à qual vivenciamos, também abrimos mão da oportunidade que tal experiência pode nos ofertar.  Quando não nos permitimos a tentativa de “sobreviver” à nossa dor, também inibimos a possibilidade de angariamos algum desenvolvimento advindo da situação em questão.
Algumas sociedades significam qualquer problema como uma oportunidade. Isso porque ao nos depararmos com algum tipo de dificuldade, tem início um processo no qual nos movimentamos em prol de nos livrarmos dela. Sendo assim, ocorre um movimento no sentido de nos libertarmos da situação presente que representa algo de desconfortável.
Então, ao nos recordarmos do filósofo Heidegger o qual distingue como possibilidade de adoecimento a estagnação, ao experimentarmos uma dificuldade de qualquer ordem, estamos na iminência de nos movimentarmos, tendo em vista a oportunidade que ela nos proporciona. E, assim, nos distanciando do adoecimento definido por ele.
Desse modo, se nos permitirmos buscar formas e locais adequados e “olharmos” para o que nos faz sofrer e como sofremos, poderemos desenvolver um antigo novo modo de lidarmos com as situações especiais que ocorrem conosco. Isto é, permitir o vivenciar da dor que nos faz sofrer para, assim, possibilitarmos o aprendizado em como lidar com o que é novo para nós.
Com isso, adquirimos experiências singulares no sentido de angariarmos conhecimento acerca de nós e de como nos sentimos diante de ocasiões inéditas. E, dessa maneira, nos permitimos o desenvolver de capacitações diferentes das habituais.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

11 julho 2014

QUEM ESCOLHE?

De acordo com o filósofo Jean-Paul Sartre escolhemos a todo o momento. Porém, uma questão importante: assumimos nossas escolhas? E, mais importante ainda: assumimos que escolhemos?
Nem sempre constitui algo simples acatarmos a ideia de que nosso “destino” está totalmente relacionado às nossas escolhas. Em algum momento podemos nos sentir acentuadamente decepcionados com nossa condição presente. Então, uma explicação totalmente a contento seria a de termos sido simples marionetes do tempo, e que nossos desalentos não constituem algo pelo qual devemos nos responsabilizar.
Entretanto, se considerarmos a afirmação de Sartre, seremos indubitavelmente conduzidos a uma reflexão, no sentido de averiguarmos qual nossa cota de responsabilidade pelo sucesso ou não de nossas empreitadas.
Pode ocorrer de não sermos suficientemente fortalecidos para sustentar a noção de que nossas dores nos pertencem, bem como a possibilidade de faze-las se esvanecer. Contudo, enquanto não assumirmos nosso papel fundamental em nosso existir, não possuiremos a possibilidade de mudança e, quiçá, a oportunidade de nos satisfazermos com as escolhas as quais fazemos.
Em alguns momentos torna-se demasiado tentador depositarmos em algo ou alguém a razão pela qual experimentamos nossos dissabores. Desse modo, nos isentamos da assumpção da necessidade de agirmos em prol de nosso próprio bem estar.
Assim, no papel de vítimas, permanecemos estáticos em um ponto, do qual não é possível o desenvolvimento e, desse modo, ampliamos a oportunidade do adoecimento, como afirma o filósofo Heidegger que atesta adoecermos quando paralisados no tempo passado ou futuro. Impossibilitando qualquer ação nossa passível de mudar a condição atual em que nos encontramos. Por isso, cabe a nós a escolha de assumirmos ou não que escolhemos e, o meia importante, necessitamos lidar com o que essas escolhas ocasionam.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

04 julho 2014

CURA

Uma forte herança do olhar medicinal nos conduz a busca da cura, para qualquer mal estar que experimentemos. Independente de constituírem a ordem física ou psíquica. No entanto uma questão pode emergir ao atentarmos para sintomas os quais não constituem algo “aparente” em nosso corpo físico. O que significa a cura?
Se considerarmos que todos têm um modo de ser e, especialmente, de comportar-se, seremos induzidos a acatar a possibilidade de sermos diferentes. Isto é, de acordo com nossa história teremos um modo diferente de ser e agir. Então, a cura pode ter representações diferentes para cada indivíduo.
Se cada um de nós possui um tipo de cura, isto é, cada um experimenta um tipo de bem estar individual, talvez seja de suma importância nos conhecermos, para assim, nos habilitarmos a compreender o que constitui o melhor e mais adequado para nossa existência bem como nosso bem estar.
O movimento geral conduz à generalização e padronização. Não se pode negar os benefícios que esse modo de agir pode proporcionar... Para as máquinas. No entanto, não é salutar nos esquecermos de que não somos como elas. Ou seja, somos indivíduos singulares.
Desse modo, o generalizar assume um caráter nocivo e não salutar. Ao respeitarmos nossas diferenças e singularidades, no colocamos em uma condição na qual a minimização de nossos “sintomas” indesejáveis ocorra.
Ao conhecer e compreender quem somos e como somos, isto é, ansiosos, depressivos, calmos, rápidos, etc., também permitimos a nós mesmos a oportunidade de aprendermos a lidar com quem somos. Pois, quando exercitamos o respeito aos limites de modo geral, tanto o nosso como o alheio, colocamos em prática a possibilidade de visualizarmos um maior número de alternativas.
Desse modo, experimentamos uma imensa sensação de liberdade, tendo em vista que ao nos mantermos estáticos em um ponto de vista, limitamos nossa capacidade de “ver” e, da mesma maneira, nossa chance de conduzir de modo mais a nosso contento quem somos e como desejamos lidar com as situações diversas. Por isso, a busca da cura permeia o conhecimento apurado de nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com