29 janeiro 2016

NOSSAS DORES

Sejam elas emocionais ou físicas sempre causam muito desconforto pelo simples fato de serem “nossas” dores.

É mais comum do que esperamos, encontrar pessoas vivendo situações semelhantes às nossas. Um antigo argumento sugere nos atentarmos para as pessoas ao nosso redor e, dessa forma, nos consolarmos quando algo não está a contento. Devido ao fato de sempre haver pessoas em condições piores que a nossa. Mas será isso o suficiente para apaziguar nossas decepções e frustrações?
Podemos, ao longo de nosso existir, acumular diversas dores. Sejam elas emocionais ou físicas sempre causam muito desconforto pelo simples fato de serem “nossas” dores. Mesmo ao buscarmos ser menos egoístas e voltados para nossas particularidades, nossos infortúnios têm sempre maior destaque do que qualquer outro evento que possa surgir à nossa percepção. Então, quando experimentamos uma dor ou frustração, não será surpresa para ninguém se permanecermos alterados ou até deprimidos por um período maior ou menor de tempo. E dependente da nossa capacidade para superar tal condição.
Algumas pessoas conseguem transcender suas dificuldades e transformá-las em oportunidades para desenvolvimento. Poder-se-ia dizer que esse constitui um lindo objetivo para nós. Contudo, no momento em que vivenciamos a dor, nem sempre somos capazes de reflexões que permitam optar pela melhor forma de saná-la.
Não é comum ficarmos satisfeitos em analisar o porquê de reagirmos de determinado modo frente a alguns tipos de situações. Entretanto, se nos dispusermos a isso poderemos entender qual motivo nos leva a reações às vezes indesejadas. Ou, ao menos nos sentirmos menos infelizes quando forem situações dolorosas.
A maneira como damos significado às nossas experiências nos permite construir nosso ser. Esse ser irá relacionar-se com tudo e com todos, tendo em vista ser inevitável nos relacionarmos. Porém, se nos dispusermos a cuidar desses significados teremos maiores oportunidades de reflexões prévias às maiores dores.
Não podemos, contudo, nos esquecermos do quão difícil é a mudança de atitude. Então, tornar-se-á prudente buscar auxílio para essa empreitada para assim termos maiores chances de sucesso.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


22 janeiro 2016

AMOR – JUSTIFICATIVA PARA QUASE TUDO

Talvez, o amor seja uma forma nobre de justificarmos nossos atos, mas serão nobres esses atos?


Em nome do amor, algumas vezes, cometemos atos insensatos ou mesmo sem avaliar a dimensão de suas consequências. Uma conhecida contou sobre sua experiência em tentar, de todos os modos, amenizar as dores de quem era próximo a ela. Disse ter sido repreendida por alguém que lhe destacou sobre os malefícios dessa atitude. Porque assim não permitia à essas pessoas viverem experiências que lhes permitissem algum aprendizado e desenvolvimento.
No entanto, não é fácil a atitude de ajudar o desenvolvimento de alguém querido sem tentar impedir uma possibilidade de dor. Em muitas ocasiões torna-se quase impossível assistir a essa pessoa sofrer as consequências daqueles atos que lhe proporcionaram sofrimento. Especialmente quando se tem alternativas para auxiliar a mitigar esse processo.
Atualmente, com as solicitações diárias as quais estamos submetidos, encontramos justificativas diversas para tal comportamento. Na pressa dos muitos afazeres sanamos nossa necessidade de encontrar uma causa para nosso modo de ser o qual “lesa” aquele a quem amamos. Em muitas ocasiões fechamos nossos olhos para tal realidade protelando também o lidar com suas consequências.
Muitas vezes não nos atentamos para o fato de esse modo de agir se relacionar com sentimentos dos quais nos pertencem, e que nos causam desconforto. Sentimentos relacionados às frustrações as quais somos expostos a todo o momento, principalmente devido ao fato de acreditarmos ser possível muito mais do que a nossa realidade permite.
Diante disso, a tentativa de impedir quem amamos de experimentarem frustrações torna-se uma tentação quase irresistível. Assim, buscamos formas de sanar nossas dores com nossas próprias decepções nos atos que, em nossa ilusão, são salvadores das dores alheias.
Talvez, o amor seja uma forma nobre de justificarmos nossos atos. Porém, uma análise mais detalhada de como amamos pode permitir que sejamos um pouco mais “úteis” àqueles que direcionamos tal sentimento.
Nesse caso, ao nos conhecermos e abrandarmos nossas dores nos tornamos mais plenos. E, então, em consequência, também mais aptos a “acompanhar” quem nos cerca e é depositário de nossos sentimentos de carinho e amor. Essa companhia se torna mais segura e capaz de ser provedora de experiências importantes para seu desenvolvimento pessoal.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


15 janeiro 2016

AMARGOR X AMOR – DISTANCIANDO OU CONTAGIANDO?

Pode ser que a decisão esteja somente a nosso encargo de nos tornarmos um ser com o “dedo verde” ou um ser que “vampiriza” quem se aproxima de nós.

Quando criança tive contato com uma história sobre um menino chamado Tistu. Ele possuía um dedo verde que ao tocar nas coisas fazia nascer flores e plantas.  Essa historieta foi-me contada para entender a força de nossa iniciativa em expandir o bom humor e a alegria. Pois, esse garoto conseguiu modificar toda uma cidade com a atitude de espalhar plantas e flores por onde passasse.
Do mesmo modo encontramos pessoas dispostas em disseminar sua boa disposição seja com um sorriso, um gesto ou uma palavra. Entretanto, também encontramos aqueles os quais armazenam rancor, lamúrias e azedume. Nem sempre nos damos conta desse amargor presente em pessoas as quais amamos. Entretanto, ocorre com maior frequência do que desejamos de essas pessoas nos contaminarem com o seu “dedo de amargor”.
É compreensível vivermos um momento de muitas solicitações pessoais de modo a nos tornarmos menos emotivos e mais voltados ao imediatismo. Contudo, ao trilharmos esse caminho nos distanciamos de oportunidades em estabelecer contatos para nos revigorar.
Muitas pessoas são capazes de descrever o contato com determinado indivíduo como uma sensação revigorante, uma “recarga de baterias”. Não raro também é esse alguém afirmar desejar ser capaz do mesmo efeito nas pessoas.
O que será que nos torna amargos ou não? O que nos faz “recarregar as baterias” daqueles que nos contatam ou exaurirmos essa carga? O físico Fritjof Capra descreve em seu livro “O ponto de mutação” o efeito da interconexão. Isto é, estamos todos interconectados de modo a nosso agir interferir no viver do outro. Então, esse carregar ou exaurir energias talvez tenha algum sentido real em nossos relacionamentos.
Pode ser que a decisão esteja somente a nosso encargo de nos tornarmos um ser com o “dedo verde” ou um ser que “vampiriza” quem se aproxima de nós. E então, experimentam uma sensação boa ou desagradável nesse contato. Se essa decisão pertencer a nós temos então o poder de nos tornarmos quem desejarmos. Ou seja, temos a oportunidade de escolher quem queremos ser.
Contudo, o escolher nem sempre é suficiente. Precisamos, a partir da escolha feita, buscar ferramentas para nos habilitar a alcançar o que desejamos. Cabe então a nós identificarmos tais ferramentas e empreender o esforço necessário para experimentarmos a satisfação de conseguirmos nos tornar o que almejamos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

08 janeiro 2016

CONFORTO – DEIXAR TUDO EXATAMENTE NO MESMO LUGAR!?

Quando tudo permanece no mesmo lugar, pode ocorrer de não permitirmos renovações em nosso existir.


Em muitas ocasiões pode parecer tentadora a oportunidade em nos abstermos de alguma atitude, na espera que algo se resolva por si mesmo. No entanto, tal comportamento pode acarretar consequências no mínimo desagradáveis ou quiçá inesperadas. E, muito distantes do conforto que se imagina alcançar com tal atitude.
É comum, quando surpreendidos por algum desfecho diverso daquele desejado, ou esperado, por nós, este ocasionar uma atitude nossa caracterizada pelo descompromisso com os fatos que culminaram no resultado indesejado. Desse modo, nos sentimos isentos da responsabilidade pela falência da empreitada em questão e, assim, amenizamos nossa dor.
No entanto, ao nos posicionarmos de modo a agir em prol do que gostaríamos que ocorresse, nos tornamos agentes de nossa própria história, isto é, agimos de maneira a viabilizar um maior número de possibilidades de nosso desejo ser “realizado”. Não por simples mágica como nos contos de fadas, mas devido a uma ação eficaz e efetiva nossa.
Por outro lado, ao permitirmos que os fatos ocorram por si sem dispensarmos nenhuma, ou muito pouca energia no sentido de direciona-los, nos tornamos como que marionetes dos acontecimentos. Nesse caso, então, nossos lamentos podem parecer sem propósito, tendo em vista nosso comodismo diante da possibilidade de agir de modo diferente do habitual.
É preciso compreender que na maioria dos casos agir assim constitui a contramão do usual para nós, porém, se desejarmos atingir nossos objetivos, talvez seja necessário, em muitas ocasiões, um primeiro passo no intuito de agirmos de modo diverso do nosso costume.
Esse, pode constituir o genuíno ato o qual culmine em nosso movimento em prol de nosso próprio desenvolvimento. Muitas vezes podemos necessitar de amparo para esse movimento, contudo, se nos permitirmos tal atitude, podemos nos surpreender com a satisfação experimentada com os diferentes resultados inabituais.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124