31 dezembro 2010

RETROSPECTIVA

É comum ao chegarmos ao final de um ano iniciarmos uma pequena, ou grande, retrospectiva a respeito do que se passou durante o ano que finda. Lembrarmos algumas “promessas” feitas ao início do mesmo. Não raro, também, é nos decepcionarmos com a lembrança de alguns resultados, mas também, ficarmos contentes em rememorarmos as conquistas obtidas.
Para algumas pessoas esse rememorar pode ser mais doloroso e para outras nem tanto. Certamente o fator relativo a um maior número de sucessos tem relação direta com esse sentimento. Mas será que é possível olhar para esses fatos de modo a esse momento não ser tão penoso?
Sempre ao término de um ano, ou qualquer outro ciclo, seja um curso, ou um período da vida como quando deixamos de ser crianças para nos tornarmos adolescentes/adultos, ou seja, ao término de um ciclo é natural experimentarmos uma sensação de alívio por concluirmos algo. Porém, essa sensação pode vir acompanhada também de tristeza. Pois, ao concluirmos algo significa seu fim. Nem sempre nos atentamos para isso, mas é uma sensação semelhante de quando precisamos lidar com a morte.
Para um novo ano nascer o velho precisa morrer. Para o adolescente surgir a criança precisa morrer. Para uma vida nova surgir a antiga precisa morrer. E assim por diante. A questão é, que ao olharmos para nossas perdas e ganhos quando realizamos uma retrospectiva, se o fizermos com a lembrança da necessidade de algo morrer para dar lugar ao novo, poderemos experimentar uma sensação diferente no que diz respeito, especialmente, às nossas perdas. Ou mesmo às situações sem uma conclusão que nos satisfizesse plenamente.
Alguém comentou não encontrar sentido nos ciclos de semanas, meses e anos que estabelecemos, pois todos os caminhos levam a um mesmo fim. Esse alguém referia-se à velhice ou mesmo à morte. Mas se nos focalizarmos somente nesse fim será que seremos capazes de apreciar ou mesmo perceber a jornada até ele?
Dificuldades, dores e perdas sempre haverá, mas as alegrias, ganhos e facilidades também. O importante é ao finalizarmos um ano conseguirmos nos envolver em esperança. Mesmo que esta não dure muito tempo, mas o suficiente para nos levar a fazer novos planos e novas promessas. Para permitir mantermos nossas possibilidades em aberto de modo que nosso existir não se torne estagnado.
Uma definição que pude rever a pouco tempo afirma que é loucura fazer algo da mesma maneira, por várias vezes, e esperar um resultado diferente. Então, que o final de 2010 seja repleto de lembranças boas e ruins. No entanto que elas possam ser a alavanca para novas decisões e levar-nos a, em 2011, arriscar outros caminhos. E assim podermos ter a oportunidade de experimentar outros resultados, se não melhores ao menos diferentes.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
31/12/2010

24 dezembro 2010

ENTÃO... É NATAL...


Alguém comentou que neste ano está estranho esse período de festas. Estávamos a seis dias do Natal e ela dizia que as pessoas estavam as mesmas, isto é, não haviam mudado seus compromissos rotineiros e nem sequer preparavam-se para grandes viagens ou comemorações.
Em um tempo em que muitas informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa época. Ou seja, temos acesso a informações cada vez mais precisas .E que desmentem muitos fatos tornando-os dispensáveis ou sem sentido lógico.
Porém, vivemos também em uma época em que algo parece sempre faltar. Estudiosos atentam para fatos diferentes na tentativa de explicações e justificativas para tais sensações. Mas a questão é: o que falta?
Não raro é experimentarmos, vez ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.
Será que isso é o suficiente? Continuar vivendo carente de emoções pode tornar-nos indiferentes pelo simples hábito de buscarmos a indiferença. Nos habituarmos a não permitir sentimentos que nos remetam a pesares ou a sensações as quais nos façam parecer humanos, pode ter um alcance inesperado e até indesejado. Podemos nos tornar alheios às emoções desagradáveis. Mas também podemos permanecer indiferentes a tudo ao nosso redor e, assim, experimentarmos a sensação de um vazio de uma busca sem nem sabermos o que é procurado.
Uma amiga me contou um episódio de um livro no qual um piloto sofre um acidente em uma montanha coberta de gelo. Ele sobrevive e sabe que para continuar vivo precisa permanecer em movimento. Deste modo, coloca-se a andar por mais de três dias. Quando não aguenta mais tem o impulso de parar e deixar o gelo fazer seu trabalho. Porém, ao lembrar-se de sua esposa imagina a decepção dela ao saber de sua desistência e isso o faz continuar.
Ao longo do tempo enquanto espera o salvamento, esse piloto consegue manter-se em movimento. Buscar a cada momento um sentido diferente para continuar. Estudos afirmam que um animal, por ser irracional, teria mais chances de sobrevivência por guiar-se somente por instintos. No entanto, esse episódio nos mostra exatamente o oposto. Por sermos racionais, seres sentimentais e emocionais, temos um “quesito” o qual nos permite buscarmos em nós mesmos forças para continuar.
Então, se nesse período de Natal o impulso de sentir desânimo se fizer presente, uma alternativa é buscar sentidos para nos permitir continuar... Nem sempre constitui tarefa fácil essa busca de sentido que permita a força para continuar. Porém, em uma época de tantas carências, será que não vale a pena investirmos em sentimentos adormecidos que permitam experimentar sensações que nos levem ao menos a certeza de estarmos vivos?
Que neste Natal tenha início uma busca incansável e duradoura.
Feliz Natal!
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
24/12/2010

23 dezembro 2010

PRÉ-OCUPAÇÕES


Há algum tempo alguém contou uma pequena história sobre o preocupar-se. Dizia ele que em nossa vida temos apenas duas coisas para nos preocuparmos: seremos bem ou mal sucedidos?
Sendo bem sucedidos não nos resta nada com o que nos preocuparmos, mas se formos mal sucedidos teremos de nos preocupar com apenas duas coisas: teremos saúde ou ficaremos doentes?
Se tivermos saúde, novamente, não teremos motivos para preocupações, mas se ficarmos doentes nos restam apenas duas preocupações: alcançaremos a cura ou morreremos? Se nos curarmos não temos nada com o que nos preocuparmos, mas se morrermos, novamente nos resta duas preocupações: iremos para o céu ou para o inferno?
Então, segundo esse alguém, se formos para o céu não nos resta mais preocupações. Porém, se formos para o inferno estaremos tão ocupados cumprimentando os muitos amigos que encontraremos por lá que não nos restará tempo para futuros aborrecimentos.
Partindo desse ponto de vista, ou seja, o de preocupações significarem um gasto de energia que talvez não nos leve a nenhum progresso, interessante seria avaliarmos quais as nossas reais preocupações. Isto é, com o que nos pré-ocupamos em lugar de nos movimentarmos em direção ao nosso desenvolvimento.
Muitas vezes nos “prendemos” a situações que não permitem uma solução no momento presente. Podemos nos ocupar de situações passadas impossíveis serem modificadas por estarem finalizadas e, o que nos resta é lidar com as consequências que emergiram. Ou ainda, nos ocuparmos com situações possíveis e hipotéticas e das quais não temos como ter uma prévia absoluta do que irá ocorrer.
Sempre ao nos mantermos atentos à situações que não se encontram no presente corremos o risco de bloquearmos nosso desenvolvimento não percebendo as possibilidades que surgem. O único momento em que podemos agir é no presente e ao nos conscientizarmos disso temos grandes chances de focalizarmos nosso olhar para situações as quais podemos interferir.
Acreditar que podemos mudar o passado ou mesmo controlar o futuro representa uma ilusão que nos impede o movimento rumo ao crescimento e às conquistas pessoais. Então, não nos manter conectados em ilusões pode significar a possibilidade de encontrar alternativas variadas para as situações que realmente solicitem nossa atenção no “presente”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
17/12/2010

CONQUISTAS


Durante nossa existência costumamos estabelecer muitos objetivos para nós mesmos. Com certeza muitos não são atingidos, porém o importante é quantas vezes somos capazes de restabelecê-los.
Há uma tendência nossa em experimentarmos o desânimo e o impulso de desistir quando somos contrariados em nossos planos. Mais frequente do que gostaríamos ocorre de vermos forças mais poderosas que nossos desejos e, portanto, desistimos de uma nova tentativa.
Algumas pessoas falam em persistência, ou seja, prosseguir. Muitos são os momentos, entretanto, no qual experimentamos o impulso de mudarmos o rumo de nosso olhar e nos contentarmos com algo menos satisfatório, o qual poderíamos chamar de um prêmio de consolação.
Em outros casos podemos fazer planos os quais necessitarão de um longo tempo para se concretizarem. E, então, em um momento no qual acreditamos estar perdido tal objetivo uma situação pode nos surpreender e nos sinalizar com a conquista de algo planejado há muito tempo.
Ao longo dos nossos dias precisamos lidar com diversas frustrações, algumas de maior outras de menor proporção. Mas, o importante é que elas fazerem parte de nossa constituição. Contudo, é necessário lembrar as conquistas, pois elas também fazem parte de nós. E sempre, ao experimentarmos tal satisfação uma energia renovada se instaurará e poderemos então crer na possibilidade de continuar a tentar.
Sendo assim, podemos entender ser de extrema importância planejarmos, traçarmos objetivos e buscarmos modos de alcançá-los. Porém, talvez seja considerável também nos prepararmos para continuar tentando mesmo quando tudo ao nosso redor nos sinaliza ser impossível.
No momento em que acreditamos algo ser inatingível, estabelecemos uma relação de bloqueio com nosso desejo e desse modo definimos o resultado antes mesmo da tentativa. Então, quando nos dispomos a buscar maneiras de olharmos para nós e entender quais são nossas conquistas e quais as frustrações, seremos, talvez, capazes de traçar planos mais próximos de nossas possibilidades de concretização.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
10/12/2010

PRESENTEAR


Vivemos numa época em que é natural ouvirmos comentários a respeito de diversos modos de ser que não era comum há tempos atrás. Hoje é comum conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão, Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda sua frequência atual. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de ansiedade como hoje e, definitivamente todos querem respostas para descobrir como se iniciam tais “distúrbios”?
No mês de dezembro há uma grande movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam e são presenteados. Mas uma reflexão poderia surgir quando pensamos no significado, atualmente, de um presente.
Há algum tempo minha filha questionou-me a sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa pergunta permitiu-me uma resposta a qual proporcionou uma reflexão. Qual o significado de um presente? Por que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e transtornos? Há relação entre essas duas questões?
A respeito do significado de um presente, é comum, nos dias atuais, agraciarmos amigos e familiares com os conhecidos vales-presente, o qual o presenteado pode ele mesmo escolher o seu “presente”, ou oferecermos determinada quantia em espécie. Isso é um presente ou uma oferta de compra? Uma compra ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que desejamos adquirir.
Um persente envolve certo tempo nosso pensando na pessoa a quem queremos “agradar”. Ao nos dispormos a comprar um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato de que tal presente pode significar que gastamos algum tempo pensando nessa pessoa, que, por algum tempo, prestamos atenção especial em suas preferências diversas como roupas, perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações preferidas. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso precioso tempo “conectados” na pessoa que iremos presentear. Será que ao nos dispormos a pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será outro o qual não seja apenas o dinheiro envolvido em sua compra?
Poderíamos, neste mês de festas e oportunidades de distribuição de mimos diversos, ao adquirir um presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse processo seja gratificante.
Será que as ansiedades e transtornos diversos da atualidade não podem estar relacionados há alguns significados que deixamos de apreciar? Podemos começar com o presente e, quiçá este ato seja apenas o início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência futura.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
03/12/2010

SIGNIFICADOS


Em uma conversa alguém questionou o porquê de algumas pessoas fazerem coisas das quais não gostam? No exemplo comentou haver alguns conhecidos seus que não concordam com determinado tipo de comemoração, por exemplo, a passagem de ano, mas, mesmo assim, comemoram o evento com toda pompa.
Uma reflexão a respeito poderia iniciar com os significados diversos que o referido evento tem para cada um. Para alguns pode significar a oportunidade de deixar para traz tudo o que, de algum modo, foi desagradável. E assim, fazer o início de um novo ano significar uma nova oportunidade para uma etapa diferente em seu conviver.
Outros podem não entender o sentido disso, tendo em vista ocorrer apenas uma mudança de dia no calendário como ocorre com todos os outros durante todo o ano. Sem haver, por isso, nenhuma situação diferente para justificar tamanha mobilização como acontece.
Entretanto, podemos sempre lembrar que por sermos seres viventes em grupo estamos também subordinados há algumas regras de convivência, entre elas a de ceder, em alguns momentos, aos nossos caprichos em satisfação de outrem. Isto é, em alguns momentos nos encontraremos em situações as quais solicitem de nós o deixar de lado a satisfação de um desejo para que outro possa experimentar tal satisfação.
Então, outra questão pode tomar lugar: O que nos leva a tal atitude? Devemos entender que nem sempre estamos dispostos a tal comportamento e, deste modo, em alguns momentos poderemos nos ver em situações que nos contrariam e das quais gostaríamos de fazer sobressair nosso desejo.
A convivência em grupo, porém, nos molda de tal forma a não ser raro nos encontrarmos a inibir alguns desejos nossos em benefício de alguém que nos é caro. Certo, contudo, é muitas vezes nos depararmos com diversas repressões que nós mesmos nos impomos. Talvez no intuito de permitir àqueles que nos são queridos experimentar a satisfação.
Mas, é importante termos ao alcance de nosso entendimento alguns limites, para não iniciarmos um processo que culmine em frustrações. E deste modo, abrirmos caminho para culpas nem sempre bem vindas às quais prejudicariam os relacionamentos, especialmente com aqueles a quem mais queremos agradar.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
26/11/2010

OPORTUNIDADES


Muitas pessoas lamentam infelicidades que fugiram ao seu controle e do quanto a vida é injusta para consigo não lhe oferecendo oportunidades reais. Mas, afinal o que são oportunidades? No dicionário encontramos a definição de oportunidade ser uma circunstância adequada ou favorável. Então, ao surgir uma situação favorável ou adequada teremos uma oportunidade. No entanto, somente nesse caso há uma oportunidade? O que podemos definir como sendo uma situação favorável ou adequada?
Uma grande empresa tem como lema não existirem problemas, mas oportunidades. Isto é, ao surgir algo que necessita de atenção especial por causar algum desconforto, há nessa ocasião uma oportunidade de buscarem-se modos diferentes de resolver a situação e assim alcançar um desenvolvimento inesperado.
Na nossa existência podemos pensar de maneira semelhante. Deparamos a todo o momento com situações que nos contrariam e sempre podemos escolher lidar com elas ou fugir. Dependendo do olhar que dispensarmos para tais situações o nosso modo de agir perante ela será diferente.
Ao encararmos um problema como algo desastroso, difícil de ser superado, ou uma fatalidade impossível de se fugir, utilizaremos um olhar que nos levará a sofrer de modo estagnado e sem nos permitirmos maiores reflexões em busca de alternativas.
Porém, se nosso olhar para o problema nos permitir ver como uma situação a qual exige de nós modos diferentes de agir, poderemos buscar alternativas nunca pensadas antes e que podem surpreender por sua eficácia e satisfação.
Portanto, poderíamos correr um risco e afirmar que sempre temos oportunidades. Ou seja, situações favoráveis e adequadas. Se encararmos tanto os problemas como as situações agradáveis de modo a esses serem oportunidades de experimentar algo novo e quiçá algo que nos traga sentimentos antes desconhecidos, como o surpreender-se com uma nova habilidade antes camuflada pelo receio de agir.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga - CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoreusltados.com.br
19/11/2010

VILÕES


Estamos sempre sujeitos a errar. Porém, não raro é encontrarmos algo ou alguém que muito provavelmente nos induziu ao erro. Assim, justificamos nossas atitudes menos felizes de modo a nos isentarmos das responsabilidades e consequências decorrentes de tal erro.
É óbvio haver quem se culpe por tudo. E, certamente, esse será seu próprio vilão por muito tempo tendo em vista não ser possível que sejamos responsáveis por “tudo” o que acontece ao nosso redor.
Contudo, se pensarmos um pouco a respeito dos diversos “vilões” que temos ao nosso redor poderemos refletir um pouco sobre nós mesmos. Ao responsabilizarmos o outro, seja ele uma pessoa, um evento ou algo; localizamos o vilão “longe” de nós. E ainda temos a chance de acreditar termos sido vítima de alguma ocasião infeliz ou, ao menos, não termos tido escolha. Isto é, seja lá o que for que aconteceu não havia alternativas para se evitar o ocorrido. Será realmente assim que acontece?
Quando há algo estranho a nós tendemos a buscar maneiras de tornar esse estranho o mais próximo possível de algo conhecido para, então, experimentarmos um pouco menos de desconforto. O oposto também ocorre quando nos deparamos com uma situação que nos deixa infeliz ou denote termos errado. Buscamos, nesta ocasião, maneiras de distanciar o máximo possível a situação de nós para nos sentirmos mais confortáveis com nossos limites. Pois, é a respeito de nossos limites que nossos erros “falam”.
Aceitar o limite de nossas capacidades não é algo fácil, e quando temos alguém ou algo para responsabilizar em lugar desse não ser capaz é uma tentação quase irresistível nos consolarmos nisso.
Entretanto, sempre que fugimos de nossos erros, ou que o disfarçamos ao responsabilizar outro que não nós mesmos, ou seja, sempre que deixamos de assumir nossas responsabilidades pelos nossos próprios erros, perdemos uma grande oportunidade de aprender com eles. Piaget, psicólogo e educador francês, afirmou que podemos aprender mais com nossos erros do que com nossos acertos devido ao sentimento que aqueles despertam.
Nos cabe então buscar maneiras de nos fortalecemos para sermos capazes de “encarar” nossos limites e entendê-los. Para podermos expandir tais limites e alcançar o desenvolvimento emocional que nos permite viver de modo mais equilibrado.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
12/11/2010

DECEPÇÕES


Por que nos decepcionamos? O que nos leva a ter expectativas não atingidas? Será que criamos expectativas acima das reais possiblidades? Se refletirmos um pouco poderemos nos aproximar de algumas possíveis respostas. Porém, numa definição encontrada nos dicionários a decepção consiste em um desengano, uma desilusão. Ou seja, em algum momento permitimos uma ilusão se instalar em nosso pensamento e a partir dela estabelecemos nossas expectativas.
Quando será que começamos nosso envolvimento com a ilusão? É possível encontrar uma data, hora ou mesmo um momento específico em que tal engano dos sentidos ou da mente tem início? Talvez não. Podemos, entretanto, tentar observar com um pouco mais de atenção a nós mesmos e como reagimos em diversas situações, das mais simples às mais complexas e, deste modo, conhecer um pouco mais de nosso modo de agir.
É comum nos iludirmos, isto é, termos uma percepção distorcida do objeto seja ele algo, alguém, ou uma situação. A questão é que quando essa percepção se encontra distorcida tendemos a ter comportamentos que podem culminar em sofrimentos. E um dos grandes objetivos que temos é tentar minimizar ao máximo a presença desses momentos desagradáveis.
Como fazer então para alcançar tal objetivo? Seria muito bom encontrarmos uma receita pronta que nos desse todo o modo de fazer explicado em detalhes. Contudo, não há. O que podemos fazer é buscar em todas as oportunidades conhecermos esse alguém que vive muito próximo de nós – nós mesmos! Por mais que desejemos algo complexo e com diversos obstáculos para alcançarmos o conhecimento a nosso respeito a melhor forma ainda é uma reflexão a respeito de nosso modo de agir, ser e sentir nas situações as mais variadas.
Infelizmente temos dedicado bem pouco de nosso tempo para isso, tendo em vista as solicitações diária e, os problemas novos que surgem a todo o momento. Mas se continuarmos a deixar de lado essa possibilidade, permitiremos que as situações assumam controle do nosso existir que, a princípio, nos pertence.
Então, voltar nossa atenção para nossas atitudes e sentimentos pode, no mínimo, nos levar a um autoconhecimento o qual, por conseguinte, possibilitar nosso desenvolvimento e liberdade para responder questões as quais nem sempre somos capazes. E dessa forma minimizar nossas decepções.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
05/11/2010

ESTAGNAÇÃO E MOVIMENTO


O ser humano sente-se seguro com a rotina, afirma o filósofo Heidegger. Porém, essa mesma rotina acaba por nos tornar insatisfeitos ou, em alguns casos, doentes. Não é raro ouvirmos alguém se lamentar da mesmice em que sua vida se encontra e não saber o que fazer para mudar.
Se, como afirma o filósofo, nos sentimos confortáveis com a rotina, por que ela acaba por nos deixar tão desalentados? O que significa esse paradoxo? Ainda na filosofia de Heidegger encontramos que o ser humano busca a rotina para se sentir seguro diante da incerteza em que se encontra por não ter garantias, nem mesmo a de que estaremos vivos amanhã. Isto é, nos baseamos numa certeza e em virtude disso fazemos planos. Porém, não há como saber com total certeza se será da forma como esperamos. Mas ainda assim não deixamos nossos planos e isso nos mantém vivos.
Então, a rotina nos “autoriza” acreditar que estaremos vivos amanhã para ao menos cumpri-la. Ou nos permite um envolvimento com ela de tal de modo que o pensar em nossas incertezas fica para um plano menos importante. Assim nos coloca numa posição, ao menos por algum tempo, confortável. Mas não é essa mesma rotina que pode nos levar ao adoecimento, à tristeza ou ao desânimo?
Quando nos habituamos a alguns comportamentos tendemos à estagnação. Essa ausência de movimento impede nosso desenvolvimento. Sempre que experimentamos algo novo podemos sentir algum desconforto, mas após algum tempo uma sensação de vitalidade pode nos envolver e isso significa que estamos em movimento. Isto é, saímos da situação de conforto e nos colocamos em risco. Assim, ao nos movimentarmos há um risco porque não temos garantias. Continuamos, contudo, sempre em busca de certezas.
Então, essa insegurança que a incerteza proporciona está relacionada ao movimento que nos coloca em situação de vitalidade o qual permite nosso desenvolvimento e crescimento. Desse modo, ao buscar maneiras de nos movimentar, ou seja, ao arriscarmos o novo também investimos em nosso aprimoramento pessoal.
Sempre que nos permitimos esse investimento em nosso crescimento corremos o risco de obtermos realizações inesperadas. Ou seja, sairmos da estagnação a qual tendemos e nos movimentarmos, isso exige de nós iniciativa e vontade. Mas nos leva ao desenvolvimento que almejamos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
29/10/2010

FRUSTRAÇÕES


Não estamos mais acostumados a lidar com frustrações. Porém, elas fazem parte de nosso dia-a-dia. Mesmo ao desejar que não seja possível não ver-se contrariado e impedido de fazer algo muito desejado ou mesmo, assistir alguém ter um comportamento que não concordamos e do qual não temos como impedir.
Uma questão importante a se fazer é: como lidar com isso? Muitas pessoas buscam tratamentos médicos para ansiedades, iras incontroladas, acessos de raiva ou mesmo angústia sem falar nas síndromes, como o pânico. Busca-se nos medicamentos disponíveis a solução para as dores que acompanham as frustrações. Mas o fato é, apesar do sofrimento que elas proporcionam também permitem nosso desenvolvimento emocional.
Percebe-se, nos dias de hoje, um enfraquecimento do ser humano com relação a sentimentos e emoções. Desde cedo buscamos nos poupar das contrariedades como se fossem algo extremamente prejudicial ao nosso existir. Contudo, nos esquecemos da importância de se conhecer a dor para que se possa buscar, com ardor, não senti-la.
Entretanto, aprendemos tanto a fugir da dor que nos esquecemos de vivê-la no momento para que possamos tirar proveito da situação em que estamos envolvidos e podermos fortalecer nosso potencial emocional. Para então lidar com as dificuldades diárias que fazem parte do viver do ser humano.
Até que ponto agimos da melhor maneira ao nos pouparmos dos males diários presentes no risco de estar vivo? E, além disso, podemos ainda nos preocupar em poupar todos aqueles que fazem parte de nossa responsabilidade como filhos e cônjuges. Na justificativa do amor nos sentimos no direito de “impedir” o sofrimento daqueles a quem amamos e talvez impedimos que se desenvolvam.
Mas esse comportamento pode sufocar quem pretende ser a “barreira” contra as mazelas do mundo, e, proporcionar a sensação de falha trazendo à tona a frustração. Com certeza essa também traz crescimento emocional. Contudo, em alguns momentos, precisamos de auxílio para entender o que nos leva a ter atitudes como essa. E principalmente, para sermos capazes de detectar esse tipo de comportamento em nosso padrão e então podermos nos poupar de um desgaste inútil e desnecessário.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
15/10/2010

AUTOMATISMOS


Uma informação, em certa ocasião, chamou a atenção de alguns: uma pessoa teria caído no fosso de um elevador no qual a porta se abriu sem que o mesmo estivesse disponível no andar solicitado. Sem perceber a ausência dele a pessoa em questão caiu da altura de cinco andares sofrendo um acidente fatal. Uma questão então desponta: o que leva alguém a estar tão “distraído” ao ponto de colocar-se em risco não percebendo a presença ou não do elevador ao abrir de sua porta?
O filosofo Heidegger afirma que necessitamos da rotina. Pois assim não nos atentamos para a certeza do fim. O fim de uma fase escolar, de um trabalho, de um relacionamento ou mesmo de uma vida. Porém, se o fim, assim como a rotina fazem parte de nosso existir, como conciliar ambos para não cairmos nos “automatismos” de comportamentos que nos podem ser prejudiciais e não nos darmos conta?
As solicitações do dia-a-dia nos leva a agirmos de modo semelhante todos os dias. Fazemos praticamente as mesmas coisas nos mesmos horários com pequenas variações. Essa rotina nos proporciona segurança, pois assim nos preservamos de surpresas. E mais, não necessitamos pensar no que estamos fazendo. Preservamos, então, nossa energia para outros interesses. Entretanto, não raro é nos envolvermos com a rotina, e com um modo de agir impensado.
Sendo assim, a questão surge quando nos esquecemos de dispensar energia para situações que nos proporcionem satisfação e as quais nos tiram da rotina que permeia o agir de modo quase automático. Podemos justificar tais comportamentos com as necessidades que temos. Porém, sempre ao permitirmos o não olhar para questões que, por exemplo, nos emocionam; iniciamos uma trajetória rumo ao distanciamento do sentir. E podemos, então, adquirir modos de ser e agir que não são mais refletidos.
Então, encontrar meios de nos “conectarmos” ao nosso sentir pode permitir um modo de proteção contra o automatismo que o dia-a-dia nos impulsiona, leva-nos a uma existência mais plena envolvendo a satisfação nos contatos que estabelecemos com quem nos cerca.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
22/10/2010

INIMIGOS


Nas palavras do filósofo e teólogo Jean-Yves Leloup não há nada nem ninguém a temer a não ser a nossa própria fraqueza ou covardia. Ele ainda afirma que talvez jamais tenhamos tido outro inimigo além de nós mesmos.
Ao refletirmos a respeito dessas afirmações podemos experimentar o impulso de nos colocarmos em situação de defesa e encontrarmos diversas justificativas para não estarem diretamente ligadas a nós e legitimarem os nossos “fracassos”. Ao longo de nossa existência costumamos sonhar com diversas situações das quais apenas algumas se concretizam. A frustração parece ser um sentimento que ronda como um companheiro fiel, sempre pronto a se manifestar quando solicitado.
As palavras incitando que nossa fraqueza ou covardia nos impede o crescimento pessoal, em um primeiro momento soam como desalentadoras, levando-nos ao impulso de entendermos que não somos capazes das conquistas almejadas porque somos nossos próprios inimigos e, sendo assim, não temos como escapar de tal “armadilha”. Será que não há escapatória?
O que é chamado de fraqueza ou covardia pode ser pensado como limitação. Todos nós temos nossos limites, porém eles são passíveis de serem ampliados e, sendo assim, aquele que seria nosso inimigo, eu mesmo, pode se tornar nosso principal aliado.
Entretanto, nem sempre conseguimos tal objetivo sem ajuda. O ser humano vive em grupo e completa seu existir ao relacionar-se. Mas, nem sempre estamos atentos para o modo como nos relacionamos. Não nos damos conta de que há um padrão nesse modo de ser. E que esse padrão pode ser conhecido e desenvolvido de modo a satisfazer nossos anseios.
Quando nos permitimos o auxílio no sentido de nos desenvolver abrimos espaço para o contato com o novo. E ao nos conhecermos possibilitamos possíveis transformações que podem nos levar às conquistas sonhadas, mas que ao longo do existir podem ter sido deixadas a um segundo plano devido às dificuldades experimentadas ao longo das tentativas de realização das mesmas.
Então, se somos nossos próprios inimigos, cabe também a nós a iniciativa de uma jornada rumo a mudança desse aspecto, para nos tornarmos aliados de nossos planos aos quais estão interligados com nossas realizações. E se somos quem pode mudar nosso próprio caminho não significa haver a necessidade de praticar essa mudança sozinho, ou seja, podemos permitir e contar com o amparo do outro.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
08/10/2010

ANSIEDADE


Diante das diversas solicitações para “adquirirmos” uma vida satisfatória e feliz, ficamos sujeitos a experimentar, não em poucas ocasiões, a famosa ansiedade. Famosa porque atualmente é comum justificar-se quase todos os mal estares relacionando-os a algum tipo de ansiedade.
Alguns teóricos relacionam ansiedade e angústia. Na definição do dicionário Aurélio “ansiedade” é uma sensação de receio e de apreensão, sem causa evidente, e a que se agregam fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc.. E angústia uma ansiedade ou aflição intensa; ânsia, agonia.
O filósofo Heidegger destaca que a angústia é o que poderíamos chamar de “combustível” do nosso movimentar-se. No contato com ela costumamos primeiramente ter uma reação para nos levar o mais distante possível do sentimento de desconforto que experimentamos. E podemos, então, nos sentir amedrontados diante da situação desencadeadora da sensação de angústia. O mesmo filósofo, porém, salienta que ao nos atentarmos para a angústia, hoje mais conhecida como ansiedade, seremos capazes de, apesar do sofrimento, ampliarmos nosso rol de possibilidades e nos movimentar em direção a um objetivo.
Há quem diga que a própria gama de possibilidades exponencialmente ampliada nos dias de hoje é um dos causadores do aumento do número de pessoas ansiosas. Mas a questão é: o homem sempre teve a necessidade de escolher e não há escolha sem angústia devido ao fato de sempre que optamos por algo, outro “algo” fica desprezado, ou ao menos inacessível. Isto é, ao escolhermos, mesmo que ganhemos o objeto de nossa escolha deixamos de lado outra coisa que também desejávamos.
Não há dúvida, os dias atuais oferecem diversas oportunidades e a necessidade de consumo faz nossos desejos serem ampliados a números anteriormente não cogitados. Contudo, um modo de lidarmos com esse aumento de opções e solicitações é nos atentarmos para nosso ser, conhecer nossas peculiaridades e ser capazes de então sabermos de antemão o que realmente nos interessa.
É comum sermos levados por impulsos e anseios que não nos pertencem, e que ao serem atendidos não proporcionam a satisfação esperada. Por consequência, acabamos por experimentar outro sentimento, a ansiedade, que pode nos levar a diversos outros caminhos não desejados. Mas que ficamos a mercê quando não cuidamos de nosso modo de existir no mundo.
Vivemos o tempo todo nos relacionando com as pessoas e com os objetos ao nosso redor bem como com nós mesmos. Esse relacionar-se permite o conhecimento, não só dos outros, mas também de nós. E, sempre que nos colocamos a disposição do aprendizado pelo contato com o outro, seja esse outro algo ou alguém, possibilitamos a nós mesmos a oportunidade de nos conhecermos. Desse modo, podemos iniciar o conhecimento a respeito de nossas ansiedades. E de posse desse conhecimento seremos capazes de assumir o controle dos modos possíveis de amenizar tal sentimento e nos tornar senhores de nós mesmos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
01/10/2010

COMPORTAMENTOS E ATITUDES


É comum nos vermos em situações desagradáveis que causam desconforto. Não raro também é entendermos que a responsabilidade por tal situação é qualquer um, menos nós mesmos e, sendo assim, nos prepararmos para a defesa do nosso bem estar.
É sensata a iniciativa de nos protegermos e fazemos isso até mesmo sem nos darmos conta. Nosso corpo e nossa mente trabalham, a todo o momento, para preservar nosso bem estar, seja ele físico ou mental. Poderíamos ir um pouco além e afirmarmos que para ficarmos “loucos” precisamos muito desejar isso devido ao fato de estarmos aparatados para oposto, ou seja, nosso corpo e nossa mente tentam nos proteger o tempo todo.
Podemos não nos dar conta, mas se prestarmos atenção às nossas reações poderemos encontrar momentos numa determinada situação que tornou-se “grande” demais para suportarmos. Uma sonolência ou uma desatenção, portanto, fez com que nos afastássemos um pouco daquilo que nos perturbava. E após esse “lapso” fomos capazes de enxergar a situação de um modo a ser possível outra avaliação da mesma.
Porém, em alguns momentos podemos ser levados a assumir algumas posturas às quais nem sempre estamos atentos. O importante é pensar qual motivo nos leva a buscar essa ou aquela atitude. É comum nos sentirmos incomodados com alguma situação e iniciarmos um comportamento para nos satisfazer num primeiro momento. Contudo, após algum tempo essa satisfação pode nos perturbar e então vem a dificuldade em perceber o que realmente nos incomoda.
O desejo do bem estar imediato nos leva a atitudes para amenizar nossos sofrimentos momentaneamente. E então nos leva a esquecer que as dores são consequências de algo e que ignorar esse algo pode tornar crônica uma dor que poderia ser passageira.
Atentarmos para esses comportamentos e atitudes, os quais temos diante de situações desagradáveis, pode nos levar a uma avaliação do por quê determinada decisão foi feita. E então, sermos capazes de rever esses comportamentos e atitudes de modo a podermos assumir outro modo de agir que permita a solução efetiva do mal estar, levando-nos a poder experimentar uma sensação de vitória e serenidade.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
24/09/2010

EXPOSIÇÕES NA MÍDIA


Vivemos um momento em que a exposição de informações e imagens pessoais tornou-se uma constante. A cada dia surgem mais opções para esse tipo de exposição. Com a internet acessível cada vez mais facilmente e a um número cada vez maior de pessoas, a possibilidade de experimentar a “publicidade” pode assumir uma tentação irresistível na qual nem sempre se avalia as consequências.
Cada vez mais ocorre de informações ou imagens, supostamente de ordem privada, tornarem-se públicas devido a algum ato de má fé, ou ainda de desinformação ou inexperiência do próprio usuário. Nesse momento podem ocorrer sentimentos como revolta e indignação. Contudo, a questão é: o que leva as pessoas, nos dias atuais, a essa busca em tornar público algumas informações que a princípio interessariam somente a quem viveu o referido momento como viagens, festas, ou mesmo o que se está pensando em um momento específico?
Ao refletir um pouco sobre esse tema pode-se analisar uma hipótese sobre a necessidade de nos sentirmos eternizados. A finitude que cerca a existência de qualquer ser vivo assombra desde o primeiro suspiro. Fugir desse pensamento no qual tudo pode ter um fim é uma maneira acalentadora de afastarmos a certeza do fim.
Porém, nem sempre nos atentamos ao fato de que para iniciarmos uma nova empreitada é preciso concluirmos algo iniciado anteriormente. Para nos tornarmos adultos precisamos deixar para traz a adolescência. E para nos tornarmos adolescentes precisamos deixar de lado a infância. É obvio que ao se pensar nisso pode-se ter consciência das perdas que esses fatos representam, mas também significam avanço. Ou seja, sempre que damos um passo a frente em nosso desenvolvimento deixamos algo para traz. As perdas fazem parte das conquistas. O filósofo Heidegger destaca sermos seres-para-a-morte, num trocadilho, podemos dizer que o tempo todo algo morre para uma outra nova poder emergir.
Atualmente o relacionar-se com os outros tornou-se algo demasiado complicado e muitas vezes busca-se relacionamentos superficiais. É comum evitar maiores envolvimentos para prevenir possíveis sofrimentos. Entretanto, somos seres sociais e, portanto, vivemos em grupos. Então nos desenvolvemos quando nos relacionamentos. E fugir de relacionamentos pode nos trazer necessidades de exposição e contato, mesmo virtual, para que essa necessidade humana seja satisfeita. Bauman, sociólogo e escritor, atenta para o fato de a liquidez das relações ser uma constante e destaca as consequências desse comportamento.
Desse modo, é importante estarmos conscientes de nós mesmos, para podermos nos preservar de situações que possam oferecer sofrimentos os quais poderíamos evitar ou ao menos nos prepararmos para lidar com eles. Quanto mais buscarmos modos de nos conhecer maior serão as nossas possibilidades de satisfação pessoal.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
17/09/2010

TROCAS


Nem sempre nos atentamos para a amplitude do significado da palavra troca. Em um primeiro momento podemos pensar em trocar algum objeto antigo por um novo, uma roupa, um sapato, um carro ou mesmo a pintura de uma casa. Enfim, podem-se trocar muitas coisas e, dessa maneira, ter algo novo.
A troca de um objeto por outro geralmente proporciona satisfação. Até porque há algo novo envolvido e a novidade normalmente causa, ao menos, algum movimento, mesmo que seja “apenas” uma emoção.
Entretanto, a troca que gostaria de expor é aquela a qual envolve o contato de um ser com outro. Ao nos aproximarmos de alguém há sempre a possibilidade de uma troca. Algumas pessoas se entregam ao carinho de um bicho de estimação devido às poucas solicitações que ele faz. Em troca do carinho que ele lhe dispensa, em um primeiro momento, talvez ocorra a solicitação de um pouco de comida, água ou uma pequena parte de seu tempo.
No contato com outra pessoa, porém, há mais trocas envolvidas e uma questão a se fazer é o quanto estamos dispostos a “doar” em troca do que recebemos quando nos relacionamos com alguém?
É comum, nos dias atuais, nos lamentarmos do pouco tempo para nos envolver mais na vida daqueles que fazem parte de nosso círculo de convivência. Normalmente, quando não estamos bem, procuramos quem possa nos ouvir, amparar e acolher na ânsia de melhorarmos nossas dores e assim nos restabelecermos para continuar nosso caminho.
Contudo outra questão emerge: o quanto estamos dispostos a atentarmos àqueles ao nosso redor e ampará-los, ouvi-los ou acolhê-los num momento de fragilidade?
Os compromissos diversos, a falta de talento, um jeito de ser mais indiferente podem justificar nosso desinteresse pelo outro e por seus sentimentos. Mas até que ponto somos capazes de estabelecer esse tipo de contato com os outros e não nos sentirmos vazios em algum momento de nossa existência. O imediatismo e a velocidade da vida atual nos leva a acreditar sermos imunes e que tais sentimentos não nos alcançarão.
Quando nos distanciamos dos relacionamentos que podem solicitar um pouco mais de nossa disposição e investimento, podemos experimentar algumas sensações nem sempre confortáveis.
As solicitações do dia-a-dia e da vida moderna nos conduzem a ter atitudes às quais nem sempre pensamos nas consequências. Olharmos primeiramente a nós mesmos e aos nossos sentimentos e necessidades em detrimento de quem convive conosco, pode “condenar” a um resultado insatisfatório o que estava ao nosso alcance mudar e tornar-se agradável.
Sempre que nos permitirmos o ir e vir da troca, poderemos perder um pouco. Em contrapartida correremos um risco muito grande de nos relacionarmos de modo mais pleno e experimentar sentimentos que nos completem de modo surpreendente.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
10/09/2010

CONFIANÇA


Zygmunt Bauman, sociólogo e autor, em seu livro Amor Líquido trata da liquidez das relações atuais. As circunstâncias nos direcionam ao consumo de tudo ao nosso redor e, segundo ele, os relacionamentos não poderiam ficar fora desse rol. Ou seja, o modo de nos relacionarmos “toca” nessa necessidade de consumo que temos e buscamos incansavelmente para a satisfação de nossos desejos. Mas na realidade é o gatilho para o despertar de um novo desejo.
Diante disso nos vemos, além de tudo, com um verdadeiro arsenal para nos permitir uma amplitude de acesso a informações que se nos atentarmos chega a assustar. No acesso de um simples “click” pode-se encontrar uma gama de informações que nem ao menos teremos disponibilidade para averiguar tudo. E, para lembrar, essa informação pode ser sobre algo ou alguém.
Vive-se uma necessidade impensada de exposição. Quanto mais pessoas souberem de suas conquistas obtidas, mais satisfeitos podão se sentir, visto que a ideia de sucesso permear a atualidade está diretamente ligada ao número de pessoas que sabem quem você é e o que faz.
Tangente a esses fatores tem-se que lidar também com a desconfiança. Como, em quem e, no que confiar? Até mesmo as imagens que vemos não são confiáveis depois do surgimento do Photoshop. Diante da insegurança buscam-se informações em todos os lugares disponíveis onde não se tem a certeza da fidedignidade dessas.
Então, o que resta é desconfiar e estabelecer relacionamentos que não ofereçam maiores riscos. “Protege-se” de sofrimentos futuros ao estabelecer relacionamentos que não saciam a sede de sentimentos e emoções que se tem. E dessa forma, ao mesmo tempo em que se garante a ilusória segurança, priva-se de um viver intensamente, ao imaginar que a possibilidade de usufruir a vida estará sempre à disposição.
O viver intensamente que permite o contato com emoções diversas exige investimento pessoal e riscos. Não é possível garantias de satisfação e felicidade plena às quais buscamos. Porém, o privar-se de sofrimentos futuros pode impedir também a possibilidade de viver sensações desconhecidas que podem surpreender por serem agradáveis.
Então, não há uma receita pronta a se seguir, mas uma gama de possibilidades para se buscar conhecer. E que pode iniciar-se com um olhar para si próprio e a busca de sentimentos que podem estar apenas esperando um pequeno espaço para se manifestarem.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
03/09/2010

NECESSIDADES OU POSSIBILIDADES


Costumamos afirmar termos a necessidade de fazer algo ou de alcançar determinado objetivo. Temos metas a atingir e nos dirigimos ao resultado com todas as nossas forças. Porém, algumas questões podem ser feitas: de onde veio essa necessidade? Será que as nossas necessidades foram pensadas por nós, ou simplesmente nos deixamos levar pelas sugestões e solicitações externas, ou seja, pelas relações que temos com o mundo e com os outros?
Não é raro nos envolvermos em determinado projeto de vida e não atentarmos ao modo como chegamos a ele. Não pensamos de modo a refletir nos reais motivos os quais nos levaram a determinada decisão. Nos habituamos ao modo como vivemos, às decisões sem atentarmos para as particularidades envolvidas nas consequências delas.
Vivemos em uma cultura as quais o fazer é mais importante que o pensar – “De pensar morreu um burro”, frase repetida diversas vezes por nós e na qual, se refletirmos sobre sua “mensagem” podemos concluir que devemos deixar de lado o pensar, pois é tarefa de quem não tem o “privilégio” da inteligência. Podemos e devemos fazer uso da memória que temos e assimilar o maior número de informações possível, mas pensar sobre elas é algo dispensável.
Quando pensamos sobre nossas necessidades observamos, por consequência, as possibilidades que nos cercam. A psicóloga Ana Maria Feijoo afirma que o movimento necessidade-possibilidade é indispensável para que não fiquemos aprisionados naquilo que o social e as normas “mandam”. Então é preciso que pratiquemos o pensar em nossas necessidades e nas possibilidades diversas para que continuemos nos movimentando e, dessa forma, nos desenvolvendo continuamente e nos permitindo mobilidade diante dos fatos e situações.
Se não nos arriscamos a pensar corremos o risco de nos prendermos ao necessário estabelecido externamente a nós. Isto é, se não analisarmos quem somos e o que queremos não temos como sermos senhores de nossas escolhas. E assim, nossas necessidades não possuem solidez, mas fragilidade diante da ilusão de uma necessidade que pode não pertencer à nossa realidade.
Ao colocarmos em prática a nossa possibilidade de cuidar de nós e de nossas escolhas, assumimos uma postura de confiança nos resultados que somos capazes de atingir. Com isso permitimos que nosso rol de possibilidades torne-se cada vez mais amplo e nossas decisões mais prazerosas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
27/08/2010

ARRISCAR


Arriscar-se para sentir-se vivo. Não há prazer sem riscos. Essas frases de vez em quando “cruzam” nosso caminho. Não é raro nos depararmos com uma frase dessas e nos questionarmos sobre sua autenticidade ou, ainda, se deveríamos nos movimentar em prol do objetivo que elas propõem.
Será que para nos sentirmos vivos precisamos nos arriscar? E o prazer, acontece somente acompanhado pelo risco? Heidegger, filósofo, afirma que estamos constantemente sob o risco da morte, isto é, todos nós estamos fadados a morrer e, deste modo, sobreviver é um risco assumido no nascimento. A cada dia pode ocorrer de nos separarmos de tudo o que amamos ou ainda, de nos afastarmos em demasia daquilo que desejamos. O risco, deste modo, está presente, seja no prazer ou na ausência dele.
Passamos muito tempo de nossa existência nos questionando sobre deveres, obrigações, felicidade ou infelicidade. São todos questionamentos muito importantes para nossa convivência em grupo, forma de vida na qual estamos inseridos. Mas uma questão nem sempre abordada por nós é: qual o nosso desejo? O que queremos profundamente? No atropelamento dos nossos afazeres, encontros e desencontros nem sempre atentamos para aquilo que desejamos fazer, ser ou ter.
Entretanto, se pensamos em buscar a satisfação de tal desejo pode ocorrer de nos amedrontarmos diante dos riscos em potencial que a busca dessa realização pode oferecer. Não podemos nos confundir com prazeres imediatos os quais criamos para nós ou que a mídia nos induz a acreditar serem nossos desejos. Há um desejo mais profundo e mais autêntico o qual produz uma sensação de prazer que a aquisição de uma roupa, um carro ou um sapato novo não oferecem.
Somos mais complexos que um simples consumidor. Nosso ser solicita de nós autenticidade, isto é, sermos compatíveis com o que sentimos e fazemos. Porém nem sempre nos permitimos identificar em nós o que sentimos ou ainda, o que desejamos. E, deste modo, protelamos cuidados conosco que, apesar de essenciais, são revogados a um plano onde não há espaço e nem tempo para questionamentos.
Ouvimos, aqui e ali, alguém lamentando sobre sua insatisfação com algo que não sabe bem o que, ou outra pessoa desanimada sem identificar com certeza a causa. Toda essa insatisfação e desânimo podem ter início na desatenção para nosso íntimo. Sempre que permitimos a nós mesmos um cuidado atencioso com quem somos e ao que desejamos, corremos o risco de encontrarmos satisfação e ânimo para continuarmos um caminho que culmine na compreensão de quem somos e o que queremos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
20/08/2010

ESSÊNCIA


Ao resolver redecorar um ambiente podemos mudar a moldura de um velho quadro. De acordo com nosso desejo podemos colocar uma moldura mais chamativa para atrair a atenção para o quadro ou ainda, uma moldura mais discreta para que este não se destaque muito no ambiente. O interessante a se ter em mente é que o quadro é o mesmo, isto é, sua essência não mudou. O que mudou é o ornamento ao redor desta essência que ora o faz sobressair-se, ora o coloca numa posição de menor destaque.
De uma maneira semelhante podemos pensar em relação a nós mesmos. Dependendo da atividade que exercemos em determinado momento, nos colocamos em evidência ou nos ocultamos. Em essência, porém, somos sempre nós. É óbvio que mudanças ocorrem constantemente ao nosso redor e em nós mesmos. Mas há algo que alicerça, que nos mantém seguros e confiantes em nós mesmos, que faz parte de nossa história pessoal e o qual nos construiu ao longo de nosso existir e, sendo assim, torna-se indispensável para que continuemos a nos desenvolver.
Porém, essa confiança em nós pode se apresentar abalada e com isso teremos dúvidas sobre o que somos, ou não, capazes de realizar. E se atentarmos para nossa essência seremos capazes de nos compreender e então sermos exigentes conosco numa proporção para não nos fazer duvidar de nosso potencial naquele momento.
O mais importante, entretanto, é refletir se estamos satisfeitos com essa essência, ou ainda, se a entendemos. Todos temos um modo de ser, de agir e pensar que norteiam nosso comportamento e a isso que podemos chamar de essência, mas nem sempre nos dispomos a prestar atenção a esse fato.
Usualmente as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Drumond de Andrade afirma: “meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...” em muitas ocasiões nos perdemos atentos a fatores os quais não apresentam tanto significado para o nosso existir.
Mas se buscamos realizações é essencial nos conhecermos e, especialmente compreendermos quem realmente somos em essência para que as decisões a serem tomadas possam ser, a cada dia, mais verdadeiras e proporcionar, assim, segurança e satisfação.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
13/08/2010

AMOR SEM ESCALAS


No filme “Amor sem escalas” conhecemos o personagem principal que começa a ser questionado em relação ao seu modo de vida devido à idade mais madura. Seguro e confortável com a maneira como vive, ao tentar responder as questões pra si mesmo percebe não estar tão seguro como imaginava e resolve arriscar algumas mudanças. Porém, essa tentativa depara-se com dificuldades que impedem as alterações radicais as quais deseja.
Ao ver o filme sofremos com a angústia dele que se vê entristecido e aprisionado em uma situação que não permite grandes alterações. E algumas reflexões podem ser feitas a partir desse sofrimento que vivenciamos junto dele.
Nem sempre pensamos nas conseqüências de nossas escolhas, especialmente as de longo prazo. Normalmente quando vivenciamos alguma situação no presente não atentamos para quais decisões foram as “responsáveis” pelo caminho que seguimos.
O personagem do filme encontra-se com certa idade e solitário por não ter investido nas relações ao longo de sua vida. Fez a escolha de ter uma vida sem “laços” a qual era o suficiente até perceber um sentimento de carência proporcionado pela falta desses “laços”.
Nós somos seres que vivem em grupos, nos relacionamos com diversas pessoas e em diversas situações. A cada relacionamento algo de nós é exigido e nem sempre estamos dispostos a investir. Nesse momento pode ocorrer de escolher-se o isolamento parcial ou não. Mas de qualquer modo, essa escolha afeta nosso futuro.
É comum dizermos não nos arrependermos de nossas decisões e que o isolamento tem suas vantagens. É óbvio que ter total liberdade é algo muito almejado. Mas como disse Victor Hugo, o riso constante é insano. Então, a liberdade total pode cansar. Pois há um preço para tal conquista e a questão é se esse preço não se tornará alto com o correr do tempo.
Gostamos de nos sentir diferentes dos outros e dessa forma sermos especiais. Contudo, em alguns pontos somos parecidos e temos necessidades semelhantes, bem como a de companhia. Em algum momento a solidão que proporcionava prazer poderá despertar sofrimento. E a outra questão é se teremos disposição para investir numa mudança, e, o mais importante, o quanto de mudança será possível conseguir.
Por essa razão, talvez seja importante nos mantermos atentos às nossas escolhas e principalmente às conseqüências que elas podem trazer. Toda decisão tomada a partir de um maior número de possibilidades tende a ser uma escolha que nos satisfará. E é importante ter em mente que o oposto é pleno e verdadeiro. Qualquer decisão tomada sem considerar mais de uma possibilidade possui uma grande probabilidade de não satisfazer e tornar-se passageira a satisfação que a acompanha.
Nesse caso, o caminho do autoconhecimento pode ser a grande cartada que podemos guardar e utilizarmos dela sempre que uma situação nos solicitar alguma decisão. E, dessa forma, estaremos investindo, com grande chance de acerto, em uma satisfação duradoura.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
06/08/2010

APARÊNCIA


Nossa aparência nunca foi tão importante como atualmente. Quem, ao menos uma vez, não se preocupou com uns quilinhos a mais, ou a menos, uma roupa que não está a contento, ou um cabelo que não permanece como desejamos.
Antigamente esses fatores poderiam causar algum constrangimento que necessitaria de acertos. Hoje temos ao nosso dispor um pequeno “arsenal” de opções: cremes, chapinhas, alisamentos definitivos, técnicas e produtos para deixar os cabelos mais ou menos encaracolados, sem contar as alternativas mais invasivas como cirurgias plásticas e métodos médicos para diminuição de gorduras localizadas. Certamente algumas dessas alternativas oferecem riscos a longo ou curto prazo. Mas a questão é: o que nos incomoda tanto?
Em um extremo podemos encontrar pessoas situadas fora dos padrões de boa aparência atuais. Algumas dessas pessoas podem inclusive viver alguns dramas e sofrerem rotulações que são no mínimo indesejáveis e extremamente desagradáveis. Porém, rótulos não representam o que somos, mas a nossa aparência.
Quando começamos a dar maior importância à aparência do que ao que realmente somos? Muitas vezes nos preocupamos demasiadamente com a opinião das pessoas ao nosso redor. É óbvio que por vivermos em grupo necessitamos do feedback daqueles que convivem conosco. Entretanto a questão é: em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?
Em muitas ocasiões nos esquecemos que a primeira pessoa a precisar estar satisfeita com nosso ser somos nós. Não importa a aparência ou a opinião dos outros a respeito dela, mas como nos sentimos em nossa própria companhia. Padrões sempre existiram e sempre desejamos nos encaixarmos neles. Contudo algo parece diferente, hoje vivenciamos a sensação de eterna insatisfação com a imagem que refletimos.
Será que precisamos mudar como o mundo nos vê ou como nos vemos? Podemos nos sentir demasiado cansados ou tristes em insistir em alguma mudança. Até que ponto, porém, precisamos mudar? E o mais importante, o que realmente precisamos mudar? Pode acontecer de nos perdermos nessas questões e como encontrar a resposta se nem ao menos conseguimos identificar qual questão desejamos responder?
Muitas vezes o que nos falta é um olhar mais íntimo para nosso ser. Se temos o intuito de nos sentirmos bem talvez a solução não esteja em um processo invasivo de uma cirurgia ou em um produto que nos dê uma aparência diferente. Pode ser que o caminho seja uma aproximação nossa para com nós mesmos, permitindo que ao nos conhecer possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
30/07/2010

DE NOVO!


Há alguns anos um seriado de TV infantil apresentava um bebê dinossauro que em algumas ocasiões pedia que repetissem algum comportamento dizendo a frase: de novo! A princípio e superficialmente era cômico. Porém, ao refletir um pouco a respeito dessa necessidade que temos, nem sempre nos damos conta que alguns de nossos comportamentos são reproduzidos para experimentarmos determinada sensação muitas vezes mais.
Quem não dispôs da oportunidade de observar uma criança a qual ao gostar de certa história pede para que lhe contem novamente, ou para ver um filme ou mesmo um episódio de algum seriado repetidamente? Claude Lévi-Strauss, antropólogo, em um estudo sobre mitos e contos de fadas argumenta sobre necessidades emocionais que impulsionam a criança a fazer tal solicitação, de modo que essa experimenta, ao final da tal história, um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de satisfação ou mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.
Se buscarmos na memória não será difícil encontrarmos alguma da qual gostamos e não nos cansamos de rever. A pergunta é: o que em mim se resolve ou alivia quando vejo essa história? Pode ser um filme que assistimos ou mesmo um livro o qual relemos diversas vezes, mas o fato é que ao entrarmos em contato com ela, nos sentimos, de algum modo, bem.
Em um primeiro momento a idéia de sentirmos alívio ou satisfação com histórias fictícias parece surreal. Será que é? Na rotina em que vivemos nem sempre prestamos atenção em detalhes presentes em nós. Certamente temos um tipo de história de nossa preferência seja um romance, ficção científica, vampiros e bruxas ou mesmo simples aventuras, mas o fato é até que ponto esses temas falam por nós ou... para nós?
O exercício de se conhecer mais intimamente pode parecer redundante tendo em vista estarmos o tempo todo em contato com nós mesmos. Mas será que realmente estamos em contato conosco ou estamos apenas “nos deixando levar pelo fluxo” sem maiores atenções aos detalhes ao nosso redor e presentes em nós?
Nem todas as perguntas que fazemos podem ser respondidas de imediato. Algumas questões que elaboramos proporcionam possibilidades de reflexões e, portanto, demandam maior atenção. Porém, o importante é exercitarmos a nos questionar em diversos aspectos, para permitirmos que nos coloquemos em situação de pensarmos a nosso respeito para que sejamos capazes de nos desenvolver em cada contato, seja ele com alguém ou com uma simples e inofensiva história.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
23/07/2010

ANGÚSTIA DIANTE DO NOVO


O novo sempre nos assustou. Historicamente temos diversas referências, especialmente entre os filósofos como Giordano Bruno, Galileu Galilei e Sócrates. Seus discursos assustavam porque inovavam. Sugeriam pensamentos e comportamentos diferentes aos do costume da época.
Se procurarmos podemos encontrar muitos outros nomes, mas o importante neste momento é refletirmos sobre a angústia que acompanha o novo. Sempre que alguma idéia nova surge temos um primeiro impulso de repudiá-la. Pois o novo sugere mudanças e essas proporcionam desconforto.
Ao atentarmos para o novo nos colocamos em uma situação de fragilidade porque aquilo que conhecemos proporciona conforto, segurança e confiança. Então é comum presenciarmos situações de medo quando uma criança é levada pela primeira vez a uma escola onde, mesmo na companhia de outras crianças, sente-se desamparada e assustada. Além das questões emocionais envolvidas, que não é nosso objetivo no momento, a situação do novo sempre desequilibra.
Uma amiga disse que nos desequilibramos o tempo todo se queremos nos movimentar. Ao trocar um passo experimentamos a perda do equilíbrio momentaneamente para retomá-lo rapidamente e assim por diante se desejarmos caminhar, apesar de termos a opção de permanecermos no mesmo lugar. E da mesma forma agimos em todos os sentidos. Para experimentar algo novo precisamos sair do equilíbrio no qual nos encontramos e então conhecermos o movimento que o novo oferece.
Movimento, a princípio, indica algo o qual todos desejamos, mas nem sempre estamos dispostos a alcançá-lo. Se tomarmos como exemplo algo bem simples, como um exercício físico que protelamos ou deixamos para outra oportunidade, poderemos perceber o quanto damos preferência ao conforto no qual nos encontramos, em oposição ao movimento que afirmamos ser nosso propósito.
Porém, em alguns momentos de nossa existência precisamos tomar decisões que envolvem algo novo. E se nos prepararmos para enfrentar o novo que se apresenta, teremos maiores chances de escolhas que nos ofereçam alternativas inesperadas para situações que podemos, inclusive, estar familiarizados, mas que sob outro ponto de vista torna-se surpreendente.
Angústia diante do novo é algo que permeia o nosso existir. No entanto, buscar maneiras de suavizar esse sentimento, de modo a sermos capazes de nos arriscarmos em situações que possam nos surpreender é uma decisão que pode auxiliar em nosso movimento em busca de novas conquistas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
16/07/2010

TRISTEZA


Atualmente fala-se muito em depressão e ela sempre está associada há algo negativo, uma situação que gera preocupação em quem se encontra deprimido e àqueles os quais cercam pessoas nesse estado depressivo.
A depressão possui causas emocionais e físicas não sendo possível afirmar com exatidão qual a primeira. Então o importante é em algumas situações ela se caracterizar como uma “doença” e, como tal, possui sintomas identificáveis: desânimo, sensação de cansaço, e cujo quadro muitas vezes inclui, também, ansiedade, em grau maior ou menor, abatimento moral ou físico e diminuição de função fisiológica.
Em virtude de tudo isso, o indivíduo apresenta um quadro no qual não tem disposição para uma iniciativa em prol de si mesmo, e assim caracteriza uma situação preocupante para quem acompanha alguém nessa condição. É importante ressaltar que há pessoas que são chamadas depressivas, esses geralmente são indivíduos que, com certa facilidade, se entristecem em demasia e não conseguem encontrar ânimo para buscar soluções para seus problemas. Para esses casos há diversos tratamentos incluindo o medicamentoso que é de grande auxílio e oferece um excelente resultado. É importante lembrar que somente os medicamentos não são suficientes, tendo em vista tratar-se de um problema de ordem emocional também e que não descarta a busca de um autoconhecimento para poder tornar-se “senhor” de si mesmo.
Outro ponto a ser avaliado é que a depressão talvez não precise ter uma conotação tão negativa como vivenciamos hoje em dia. O indivíduo quando “deprimido” torna-se alguém mais voltado para si. Passa a ser atento a pequenos detalhes de seu modo de ser e sentir, reflexivo a respeito de diversas situações, as quais suas características poderiam ser tomadas como um modo de manter-se concentrado em algo, para ser capaz de determinada atitude.
Se tomarmos como exemplo uma mola, essa precisa ser contraída ao máximo para poder exercer toda sua força ao ser liberada. Podemos, então, nos comparar a uma mola contraída quando estamos depressivos. Estamos recolhidos (contraídos) a nós mesmos, observamos nossas sutilezas e nuances das situações em que nos encontramos e sem nos darmos conta. Acumulamos nossas forças para ao tomar uma decisão termos condições de colocar em prática todo nosso potencial.
É comum nos sentirmos muito decepcionados conosco quando nos encontramos em tal estado, e normalmente não queremos nos sentir triste ou frustrado. Mas é de grande importância experimentar tais sentimentos para podermos nos desenvolver como seres independentes e adquirirmos satisfação pessoal. Porque a satisfação também é feita de frustrações por tratar-se de um processo que envolve diversas fases. Ou seja, para nos sentirmos satisfeitos conosco não é algo que simplesmente acontece, há um processo pelo qual passamos que permite nos desenvolver ao ponto de sentirmos satisfeitos com aquilo que somos.
Portanto, se mudarmos nosso olhar para a chamada “depressão” poderemos ter uma oportunidade de crescimento e, mais uma vez, a chance de experimentarmos a satisfação de vencermos uma batalha.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
09/07/2010

PROFISSÃO


Em toda sociedade o indivíduo é valorizado pelo sucesso profissional que obtém. Portanto, a escolha da profissão adequada torna-se um objetivo primoroso. E no nosso país isso é exigido do jovem em idade em torno de dezesseis anos.
Nesse período o jovem ainda encontra-se em transição física e emocional, buscando seu lugar na família, no círculo de amigos. Então, a escolha da profissão emerge como algo mais importante que qualquer outra questão que esse jovem possa ter. E ele se depara diante de uma decisão que pode significar tudo do melhor para ele... ou não.
Como ajudar um jovem nessas condições? O que se pode fazer para permitir que ele possa refletir sobre si próprio, isto é, sobre quem ele é e o que quer fazer? O teste vocacional é o auxílio mais procurado e com certeza tem seus méritos, mas será que é o suficiente? Será que todos os jovens que fazem seu teste vocacional ficam totalmente satisfeitos com o resultado?
Quando uma decisão está para ser feita é importante, sempre, uma reflexão que analise prós e contras e, principalmente, as conseqüências que a decisão pode trazer. Pois somos totalmente livres para escolher, porém condenados às suas conseqüências, como afirma o filósofo francês Jean-Paul Sarte. Então, algumas perguntas são fundamentais para a reflexão sobre qual profissão exercer quando inserido na vida adulta.
Algo nem sempre levado em conta é o que se tem prazer em fazer. Não estamos acostumados a pensar nisso, afinal somos educados para produzir o máximo possível e ter sucesso, o prazer poucas vezes tem lugar de destaque quando pensamos em trabalho. Mas se uma atividade que poderá ocupar mais de um terço do tempo de nosso dia-a-dia não nos proporcionar prazer, seremos capazes de exercê-la de maneira satisfatória? E se conseguirmos, por quanto tempo isso será possível até nos cansarmos ou desistirmos e nos tornarmos pessoas entristecidas sem compreender muito bem o por quê?
Talvez, o mais importante para um jovem que se encontre num momento de decisão tão difícil, seja ao menos contar com a compreensão de quem o cerca. Para permitir que ele tenha em mente que alguns caminhos são passíveis de mudança ou até mesmo de retorno. E que o mais importante ao se decidir por qual profissão optar é acima de tudo sentir-se satisfeito em exercê-la. Ou seja, que a atividade profissional possa proporcionar satisfação não somente no âmbito monetário, mas também, e principalmente, no âmbito pessoal. E um dos modos mais importantes para descobrir o que nos dá prazer é nos conhecermos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
02/07/2010

EMOÇÕES


Outro dia alguém disse não ser capaz de assistir aos jogos de futebol de seu time predileto. Confessou que assiste aos outros jogos, mas do time em questão não suporta devido às emoções que o tomam de assalto e não o faz sentir-se bem, por isso evita tal exposição. Outra pessoa comentava a respeito dos jogos da Copa de futebol na África e que nesses o barulho de vuvuzelas (buzinas) era uma constante sem qualquer interrupção e que tal fato havia chamado sua atenção, ao que foi informado ser essa uma prática comum no país.
Esses dois episódios são interessantes, pois ambos podem ser analisados a partir do fato de haver emoções represadas, e elas são libertas quando diante das situações de jogo, momento em que somos levados aos nossos extremos na liberação das emoções. Normalmente nos controlamos, para evitar demonstrar emoções mais sensíveis, especialmente o homem ao viver em sociedades em que a masculinidade é associada a não demonstração de emoções consideradas exclusividades do universo “feminino”.
Victor Hugo em seu poema “Desejo” afirma que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Se pensarmos no som constante das buzinas nos jogos na África nos vem à mente o riso constante que se torna insano por perder sua razão de ser. Será que a buzina constante não pode representar uma necessidade desesperada de extravasar emoções e sentimentos contidos e represados ao longo de muito tempo?
Ao longo de nossa vida nem sempre refletimos a respeito da importância em se permitir demonstrar emoções e sentimentos. Vivemos uma época em que ser sentimental pode ter o significado de fraqueza e precisamos ser fortes para nos tornarmos pessoas de destaque entre nossos iguais.
Até que ponto, porém, seremos capazes de bombardear nosso corpo com sentimentos não expressos e suportarmos o preço cobrado por esse mesmo corpo o qual sinaliza com dores e limitações as quais nem sempre somos capazes de associar às nossas emoções. É comum ouvirmos diagnósticos em que determinadas doenças são de “fundo” emocional. Mas, se são mesmo, qual o remédio? Será tão simples apenas saber que tal doença é da ordem do emocional e que, então, cabe somente a nós mesmos a busca da solução do problema?
Talvez esteja mesmo em nossas mãos a possibilidade de resolver o problema. Porém, como colocar em prática? Muitas vezes ao sabermos que somos capazes da solução de nossos problemas angariamos outro: o desespero por não saber o que fazer. A ajuda de um amigo querido nesse momento pode ser de extrema importância e eficácia. Mas o fundamental é aproveitarmos a oportunidade e atentarmos para nós mesmos tentando nos entender, e assim compreender nossas razões para os diversos comportamentos que temos ao observar os sentimentos que os acompanham.
E quando formos capazes de exprimir com maior freqüência as nossas emoções, pode ocorrer de os momentos em que precisamos de atitudes constantes como o riso ou o tocar de uma buzina, tornem-se menos freqüentes e possamos nos sentir mais próximos de nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
25/06/2010

REENCONTROS


Numa mensagem eletrônica o tema versava sobre as pessoas que fazem parte de nossa vida. Nessa, era destacada principalmente a existência de pessoas as quais passam por nós e que podem demorar-se ou não. Há aquelas em que a passagem é rápida, mas deixam marcas “eternas”, ou ficam tempo “demais” por não conseguirem marcar em nada sua presença. Há ainda, quem deixe saudades com sua partida definitiva. Ou seja, ao longo de nossa existência estabelecemos diversos contatos de modo que alguns nos deixam muito saudosos.
O tempo pode, porém, nos fazer “esquecer” desses contatos que nos deixam saudosos. Talvez seja um mecanismo para conseguirmos sobreviver à distância de quem, de certa maneira, “alimenta” o nosso existir. Pois somos seres sociais e a companhia do outro nos é fundamental para o desenvolvimento pessoal.
Em muitas ocasiões lamentamos as saudades, mas nem sempre conseguimos fazer nosso tempo alcançar aqueles responsáveis por elas de modo a saciar nossa sede de encontro, ou melhor, reencontro.
Reencontrar nos proporciona no mínimo uma surpresa. Muitas vezes buscamos uma imagem guardada na memória e, em algumas ocasiões ela é diferente. Mas o reencontro traz uma emoção a qual nos permite relembrar. E, essa experiência, somente colocamos em prática se permitimos nos relacionar.
Quando ficamos muito tempo distante de alguém, não dias ou semanas, mas anos, pode acontecer de não nos atentarmos ao carinho que sustentamos por essa pessoa. Basta um reencontro, no entanto, para que todos os sentimentos ressurjam. Então, o desejo de usufruir o máximo possível da oportunidade de estar próximo daquele que é depósito de nosso carinho nos invade e uma nova separação fica difícil.
Vivemos preocupados com nossas responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja, itens que tornam nossos dias ocupados em excesso. Deixamos para segundo, terceiro, quarto, quinto... plano, o cuidado com nossas emoções. Aquelas que permitem nos sentirmos abastecidos para suportar as dificuldades e solicitações diária.
Uma das principais justificativas a utilizarmos para adiar os reencontros é não disponibilizarmos de tempo para tal empreitada. Muitas vezes ficamos na expectativa de alguém ter a iniciativa de um movimento para proporcionar uma reunião. Talvez, um dos principais motivos para não conseguirmos nos mobilizar em prol desse movimento, seja nossa própria desorganização que não permite distribuirmos nosso tempo de modo eficaz, para então sermos capazes de proporcionar a nós mesmos os reencontros que nos abastecem de sentimentos os quais chegamos, até mesmo, a esquecer.
Buscar formas, portanto, de nos organizarmos melhor para encontrar maneiras de atentarmos para nós mesmos e ao nosso modo de ser pode ser uma alternativa para sermos capazes de nos mobilizarmos em prol do sustento de nossos sentimentos.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
18/06/2010

ESTABILIDADE


Em muitas oportunidades nos sentimos tranqüilos diante da estabilidade de nossas vidas. Seja com um emprego, um relacionamento duradouro, o amor dos filhos, a companhia de um amigo, uma casa confortável, a rotina diária, ou outras situações as quais nos proporcionam o conforto da confiança de termos certa previsão do que virá a seguir.
Será que podemos saber realmente o que virá a seguir? Por exemplo, quem nos dá a garantia de conseguirmos levantar da cama pela manhã e andar? O que nos dá a certeza de podermos contar com tudo o que cerca nossa rotina diária? Se pensarmos com profundidade não há como possuir essa garantia, nós apenas confiamos que será desse modo. Estamos sempre sujeitos a diversas intempéries e essas, definitivamente, não estão sob nosso controle. Mas até que ponto isso pode ser entendido como algo negativo?
Em todas as situações há ao menos duas possibilidades: dar certo ou dar errado. É óbvio que pode haver variações ou nuanças nessas duas alternativas, mas geralmente é assim: Ou uma ou outra. Se há ao menos duas opções, como seria se tentássemos ver essa “instabilidade” como algo positivo? Alguém me disse que a rotina cansa porque não surpreende. Se pensarmos um pouco não teremos dificuldades em localizar momentos muito agradáveis em nossas vidas e associarmos esse evento agradável a uma surpresa.
Então, lembrando o filósofo Heidegger, precisamos de uma rotina para nos sentir confiantes de estarmos vivos no dia seguinte. No entanto, ao mesmo tempo, a incerteza nos dá opções que não temos quando tudo está previsto. E isso não significa precisarmos abandonar todos os nossos compromissos, mas que há necessidade de olharmos para eles como uma parte de nossa existência e não sua completude.
Em muitas ocasiões permitimos nos tornar aquilo que fazemos e que temos. Experimentamos o sentimento de segurança e isso é algo muito bom, mas se entendermos que essa estabilidade da continuidade pode ser alterada estaremos “preparados” para as surpresas, sejam elas agradáveis ou não. Pois essa “preparação” nos permitirá uma análise um pouco mais clara da situação.
Deste modo, buscar maneiras de nos tornarmos mais atentos à nossa realidade é algo de fundamental importância para nossa “estabilidade”.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br
11/06/2010