30 janeiro 2015

CONQUISTAS

Durante nossa existência costumamos estabelecer muitos objetivos para nós mesmos. Com certeza muitos não são atingidos, porém o importante é quantas vezes somos capazes de restabelecê-los.
Há uma tendência nossa em experimentarmos o desânimo e o impulso de desistir quando somos contrariados em nossos planos. Mais frequente do que gostaríamos ocorre de vermos forças mais poderosas que nossos desejos e, portanto, desistimos de uma nova tentativa.
Algumas pessoas falam em persistência, ou seja, prosseguir. Muitos são os momentos, entretanto, no qual experimentamos o impulso de mudarmos o rumo de nosso olhar e nos contentarmos com algo menos satisfatório, o qual poderíamos chamar de um prêmio de consolação.
Em outros casos podemos fazer planos os quais necessitarão de um longo tempo para se concretizarem. Então, em um momento no qual podemos acreditar estar perdido tal objetivo, uma situação pode nos surpreender e nos sinalizar a conquista de algo planejado há muito tempo.
Ao longo dos nossos dias precisamos lidar com diversas frustrações, algumas de maior outras de menor proporção. Entretanto, o importante é que elas fazerem parte de nossa constituição. Contudo, é necessário lembrar as conquistas, pois elas também fazem parte de nós. E sempre, ao experimentarmos tal satisfação, uma energia renovada se instaurará e poderemos, assim, crer na possibilidade de continuar a tentar, ou seja, persistir.
Sendo assim, podemos entender ser de extrema importância planejarmos, traçarmos objetivos e buscarmos modos de alcançá-los. Porém, talvez seja considerável também nos prepararmos para continuar tentando, mesmo quando tudo ao nosso redor nos sinaliza ser impossível.
No momento em que acreditamos algo ser inatingível, podemos estabelecer uma relação de bloqueio com nosso desejo e, desse modo, definirmos o resultado antes mesmo da tentativa. Então, quando nos dispomos a buscar maneiras de olharmos para nós e entender quais são nossas conquistas e quais as frustrações, seremos, talvez, capazes de traçar planos mais próximos de nossas reais possibilidades de concretização.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


Decidado à Beatriz por sua conquista mais atual.

23 janeiro 2015

APARÊNCIA- "O quê" somos?

Nossa aparência nunca foi tão importante como atualmente. Quem, ao menos uma vez, não se preocupou com uns quilinhos a mais, ou a menos, uma roupa que não está a contento, ou um cabelo que não permanece como desejamos.
Antigamente esses fatores poderiam causar algum constrangimento que necessitaria de acertos. Hoje temos ao nosso dispor um pequeno “arsenal” de opções: cremes, chapinhas, alisamentos definitivos, técnicas e produtos para deixar os cabelos mais ou menos encaracolados, sem contar as alternativas mais invasivas como cirurgias plásticas e métodos médicos para diminuição de gorduras localizadas, entre outros. Certamente algumas dessas alternativas oferecem riscos a longo ou curto prazo. Mas a questão é: o que nos incomoda tanto?
Em um extremo podemos encontrar pessoas situadas fora dos padrões de boa aparência atuais. Algumas dessas pessoas podem, inclusive, viver alguns dramas e sofrerem rotulações que são, no mínimo, indesejáveis e extremamente desagradáveis. Porém, rótulos não representam quem somos, mas a nossa aparência.
Quando começamos a dar maior importância à aparência do que a quem realmente somos? Muitas vezes nos preocupamos em demasia com a opinião das pessoas ao nosso redor. É óbvio que por vivermos em grupo necessitamos do feedback daqueles que convivem conosco. Entretanto, em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?
Em muitas ocasiões nos esquecemos que a primeira pessoa a precisar estar satisfeita com nosso ser somos nós. Não importa a aparência ou a opinião dos outros a respeito dela, mas como nos sentimos em nossa própria companhia. Padrões sempre existiram e sempre desejamos nos encaixarmos neles. Contudo, algo parece diferente, hoje vivenciamos a sensação de eterna insatisfação com a imagem que refletimos.
Será que precisamos mudar como o mundo nos vê, ou como nos vemos? Podemos nos sentir extenuados ou tristes em insistir em alguma mudança. Até que ponto, porém, precisamos mudar? E o mais importante, o que precisamos mudar? Pode acontecer de nos perdermos nessas questões e como encontrar a resposta se nem ao menos conseguimos identificar qual questão desejamos responder?
Muitas vezes o que nos falta é um olhar mais íntimo para nosso ser. Se temos o intuito de nos sentirmos bem, talvez a solução não esteja em um processo invasivo de uma cirurgia ou em um produto que nos dê uma aparência diferente. Pode ser que o caminho seja uma aproximação nossa para com nós mesmos, permitindo que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos, independente dos padrões sociais.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

16 janeiro 2015

ANSIEDADE

Diante das diversas solicitações para “adquirirmos” uma vida satisfatória e feliz, ficamos sujeitos a experimentar, não em poucas ocasiões, a famosa ansiedade.  Famosa porque atualmente é comum justificar-se quase todos os mal estares relacionando-os a algum tipo de ansiedade.
Alguns teóricos relacionam ansiedade e angústia. Na definição do dicionário Aurélio “ansiedade” é uma sensação de receio e de apreensão, sem causa evidente, e a que se agregam fenômenos somáticos como taquicardia, sudorese, etc.. E angústia uma ansiedade ou aflição intensa; ânsia, agonia.
O filósofo Heidegger destaca que a angústia é o que poderíamos chamar de “combustível” do colocar-se em movimento. No contato com ela costumamos, primeiramente, ter uma reação para nos levar o mais distante possível do sentimento de desconforto que experimentamos. E podemos, então, nos sentir amedrontados diante da situação desencadeadora da sensação de angústia. O mesmo filósofo, contudo, salienta que ao nos atentarmos para a angústia, hoje mais conhecida como ansiedade, seremos capazes de, apesar do sofrimento, ampliarmos nosso rol de possibilidades e nos movimentar em direção a um objetivo.
Há quem diga que a própria gama de possibilidades exponencialmente ampliada nos dias de hoje é um dos causadores do aumento do número de pessoas ansiosas. Mas a questão é: o homem sempre teve a necessidade de escolher e não há escolha sem angústia devido ao fato de sempre que optamos por algo, outro “algo” fica desprezado, ou ao menos inacessível.  Isto é, ao escolhermos, mesmo que ganhemos o objeto de nossa escolha deixamos de lado outra coisa que também desejávamos.
Não há dúvida, os dias atuais oferecem diversas oportunidades e a necessidade de consumo faz nossos desejos serem ampliados a números anteriormente não cogitados. Entretanto, um modo de lidarmos com esse aumento de opções e solicitações é atentarmos para nosso ser, conhecer nossas peculiaridades e sermos capazes de, então, sabermos de antemão o que realmente nos interessa.
É comum sermos levados por impulsos e anseios que não nos pertencem, e que ao serem atendidos não proporcionam a satisfação esperada. Por consequência, acabamos por experimentar outro sentimento, a ansiedade, que pode nos levar a diversos outros caminhos não desejados. Mas que ficamos a mercê quando não cuidamos de nosso modo de existir no mundo.
Assim, podemos iniciar o conhecimento a respeito de nossas ansiedades o do que a manifesta. E, uma vez de posse desse conhecimento, seremos capazes de assumir o controle dos modos possíveis de amenizar tal sentimento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

09 janeiro 2015

DESAPONTAMENTOS

Por que nos desapontamos? O que nos leva a ter expectativas não atingidas? Criamos expectativas acima das possiblidades reais? Ao refletirmos a respeito de nossas decepções poderemos nos aproximar de algumas possíveis respostas. Porém, numa definição encontrada nos dicionários a desapontamento consiste em uma desilusão. Ou seja, em algum momento permitimos uma ilusão se instalar em nosso pensamento e a partir dela estabelecemos nossas expectativas.
Em que momento tem início nosso envolvimento com a ilusão? É possível encontrar uma data, hora ou mesmo um tempo específico em que tal engano dos sentidos, ou da mente, tem início? Talvez não. Podemos, entretanto, buscar meios de observar com um pouco mais de atenção a nós mesmos e nossas reações em diversas situações, das mais simples às mais complexas e, por conseguinte, conhecer um pouco mais de nosso próprio modo de agir.
É comum nos iludirmos, isto é, termos uma percepção distorcida do objeto seja ele algo, alguém, ou uma situação. A questão é que quando essa percepção se encontra distorcida tendemos a ter comportamentos que podem culminar em sofrimentos. E um dos grandes objetivos que temos é tentar minimizar ao máximo a presença desses momentos desagradáveis em nossa existência.
Como alcançar tal objetivo? Seria muito bom encontrarmos uma receita pronta com todo o “modo de fazer” especificado em detalhes. Contudo, não há. O que podemos é buscar em todas as oportunidades conhecermos esse alguém que vive muito próximo de nós – nós mesmos! Por mais que desejemos algo complexo e com diversos obstáculos para alcançarmos o conhecimento a nosso respeito a melhor forma ainda é uma reflexão a respeito de nosso modo de agir, ser e sentir nas situações as mais variadas.
Infelizmente, temos dedicado bem pouco de nosso tempo nessa tarefa, tendo em vista as solicitações diárias e os problemas novos que surgem a todo o momento. Mas, se continuarmos a relegar essa possibilidade, permitiremos que as situações assumam controle do nosso existir que, a princípio, nos pertence.
Então, voltar nossa atenção para nossas atitudes e sentimentos pode, no mínimo, nos levar a um autoconhecimento o qual, por conseguinte, possibilita nosso desenvolvimento e liberdade para responder questões as quais nem sempre somos capazes. E dessa forma minimizar nossas decepções.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124