30 março 2012

PRIVAÇÕES

Ao nos depararmos com algum tipo de limitação relacionado a algo que era muito desejado ou costumávamos ter, podemos nos sentir no mínimo tolhidos. Tal sentimento pode conduzir, se nos permitirmos, a diversas reflexões. Todavia, é comum experimentarmos a dor ao sermos contrariados de algum modo. Elisabeth Kübler-Ross, em seu livro “A roda da vida”, afirma ser a vida um desafio e não uma tragédia. Isto é, ao nos depararmos com alguma contrariedade temos ocasião de nos posicionarmos como deparados diante de um desafio, no qual podemos nos movimentar em prol da busca de solução. Ou, podemos nos colocar como vítimas, e aguardar o surgimento de uma solução para nosso sofrimento. Seja nosso problema relacionado a nós mesmos ou a outrem, não há apenas uma perspectiva envolvida nele. Ou seja, precisamos nos permitir ampliar nosso olhar para a situação em questão, para nos apropriarmos do maior número possível de alternativas. O filósofo Heidegger assevera sermos tão livres quanto somos capazes de ampliar nosso rol de possibilidades. Portanto, ao questionarmos algo que estamos envolvidos, seja ele perturbador ou não, ocasionaremos a possibilidade de alcançar o que não imaginávamos a princípio. E tal atitude pode culminar no movimento necessário à solução do problema em questão. Dando início a esse processo oferecemos a nós a oportunidade do desafio ao invés de vivenciar a tragédia. Tendo em vista a tragédia possibilitar com maior facilidade o desespero, ela pode obscurecer nosso julgamento relacionado à situação vivida. Confundindo-nos, desse modo, no tangente à obtenção da solução da mesma. No entanto, a iniciativa em ampliar esse “olhar” envolve uma decisão em favor de nós mesmos, a qual nem sempre estamos preparados. Pois, no momento em que nos deparamos com um obstáculo para a realização de algo com o qual sentimos algum tipo de prazer, também somos submetidos à sensação de perda e de dor que ele ocasiona. Nesse caso, se pudermos contar com o amparo de alguém para essa empreitada será de salutar importância. Infelizmente nem sempre isso é possível. Então, cabe a nós a iniciativa em prol de nós mesmos e do restabelecimento do nosso bem estar, acionando dispositivos os quais nos permitam acessar nossas reais limitações para visualizarmos as possibilidades existentes. Pode ser que a primeira atitude necessária seja o reconhecimento de nossas dores e das limitações que elas nos causam. Para, assim, nos posicionarmos independentes ou não para a solução do que estamos vivenciando. Tal comportamento tem a possibilidade de representar nossa libertação das amarras as quais perpetuam nosso sofrimento que pode ser sanado ou, ao menos, minimizado substancialmente. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

23 março 2012

O IMPOSSÍVEL

É comum afirmações a respeito da impossibilidade de algumas coisas serem concretizadas. No entanto, nem sempre é levada em conta a efetividade de tal afirmação. Em muitas ocasiões ocorre de considerar-se impossível o que “apenas” é muito difícil. Entretanto a dificuldade por mais extrema que seja não denota, necessariamente, impossibilidade. O que ocorre, na maioria dos casos, é o fato de o possível não constituir algo fácil. Isso pode nos afugentar e levar uma avaliação, aparentemente, mais sensata e segura optar pela impossibilidade ao invés da dificuldade. Quando decidirmos poder investir naquilo que desejamos significa, também, que precisaremos investir no esforço, dedicação e disciplina para alcançar o objetivo escolhido. E não apenas nossa decisão para consegui-lo. Seja nosso desejo algo que queremos ou a solução de um problema no qual estamos envolvidos. As soluções fáceis são atraentes, mas nem sempre garantem tranquilidade e satisfação. As solicitações do dia-a-dia podem nos levar a deixar de lado esforços necessários à nossa satisfação, ao considerar impossível o que exigiria de nós um investimento pessoal maior do que incialmente planejado. Em uma sociedade de consumo como a atual há um incentivo implícito para a busca de soluções rápidas e práticas em vista de satisfações instantâneas, porém, passageiras, como afirma Zygmunt Bauman. Em contrapartida, uma questão que surge é: diante de tantas alterações psíquicas e emocionais vivenciadas atualmente por um número cada vez maior de pessoas, será a forma proposta pela contemporaneidade a mais adequada em se lidar com nossos desejos? Estabelecemos metas e sonhamos com os melhores cenários. Isso representa nosso potencial de desejo. Contudo, a nossa parcela de esforço real em prol dele precisa ser efetiva para haver, ao menos, a possibilidade de se alcançar tal meta. Podemos ainda delegar a outrem o encargo de “providenciar” a solução de nosso problema. E encontraremos, assim, alguém a quem responsabilizar se nossa satisfação não for plena. Dessa forma poderemos nos iludir em relação a nossa isenção na participação do resultado obtido. Entretanto, diante de tantas lamentações e frustrações, será que não nos cabe uma decisão mais firme em relação a avaliação sobre o que constitui impossibilidade e dificuldade? Se refinarmos nossos juízos a respeito das variadas situações as quais nos encontramos envolvidos diariamente, poderemos, quiçá, tornar nossos atos e decisões mais efetivos em prol de nós mesmos. Isso é impossível... Ou apenas... Difícil? Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

16 março 2012

DERROTAS

O que fazer no momento em que perdemos algo tão sonhado ou tão planejado? Muitas vezes nos dedicamos e entendemos termos oferecido o nosso melhor. Entretanto, em algumas ocasiões o nosso melhor não é o suficiente, e nesse momento experimentamos um sabor amargo, o da dor da perda. Nessas horas é comum ouvirmos comentários de que algo superior a nós decidiu pelo nosso bem estar e que na verdade não perdemos, mas ganhamos com a tal derrota. Porém, será isso o suficiente para consolar e amenizar nossa dor? E quando essa dor é acompanhada pelo sentimento de despeito por alguém que, por exemplo, em uma disputa tenha ganhado de nós o tão desejado prêmio? Como lidar com todo esse turbilhão de sentimentos que nos confundem e prejudicam ainda mais nosso julgamento? Uma boa maneira é iniciarmos pela tentativa de acalmar os ânimos e buscar formas para nosso pensamento poder tornar-se organizado a ponto de conseguirmos analisar todos os prós e contras do ocorrido. Obviamente essa não consiste uma tarefa fácil. Porém, ao procedermos tal análise poderemos encontrar outros caminhos a seguir. Talvez bem diferente do desejo inicial, mas com uma alternativa plausível. Em alguns momentos a dor pode parecer insuportável, como se nada pudesse saná-la. Contudo, as frustrações fazem parte de nosso crescimento e lidar com elas nos permite um aprendizado que nos prepara para as novas empreitadas. Elisabeth Kübler-Ross em seu livro “A roda da vida” afirma que “se protegêssemos os canyons dos vendavais, nunca veríamos a beleza de seus relevos”. Ou seja, a partir do momento no qual somos capazes de atentar para uma situação e aprender com ela, adquirimos algo para nos acompanhar em todas as ocasiões, e esse “algo” pode ser item de uma beleza primorosa. Podemos então concluir que a dor é aquilo que vez por outra irá nos alcançar. O importante é aprendermos a lidar com ela de modo a usufruir o máximo possível da oportunidade por ela oferecida para o nosso desenvolvimento pessoal. Não se pode esquecer, todavia, que em alguns momentos superar tudo isso pode ficar muito mais brando quando permitimos que alguém nos acompanhe nesse processo. Assim, o refletir acerca das situações e a análise delas pode se tornar mais eficaz e menos dolorosa. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

09 março 2012

PERSISTÊNCIA?

Em nosso dia-a-dia experimentamos as situações mais variadas. No entanto, raramente obtemos soluções satisfatórias para todas elas. Uma questão importante nesse caso é o que fazer quando algo nos perturbar a ponto de não conseguirmos nos tranquilizar. Uma alternativa comumente sugerida é esquecer o assunto por um período de tempo. Mas até qual ponto se é capaz disso? Não é raro, também, tentarmos “adivinhar” o que está ocorrendo a respeito do problema, especialmente quando não temos acesso sobre todas as suas informações. Por isso podemos experimentar certa dose de ansiedade. Nesse caso nos caberão poucas opções. Entre elas a da resignação diante de nossos limites, ou a persistência. É comum as afirmações a respeito da persistência - e sua nobreza - e da teimosia que pode beirar a estupidez. Como nos posicionarmos de modo a não desistirmos de algo sem nos envolvermos em uma disfarçada persistência a qual nos faz, na realidade, teimosos? Usualmente buscamos desfechos plenos e completos. Naquele que nos deixam a agradável sensação de satisfação. Entretanto, nem sempre ocorre desse modo. Em muitas ocasiões a frustração com a conclusão obtida é inevitável. Assim, podemos nos sentir descrentes da possibilidade de superação da dor experimentada. Então, diante do limite vivenciado por nós em relação à obtenção de informações completas, necessitamos exercitar nossa capacidade de aceitação desses limites. Entretanto, tal atitude não constitui um processo simples, pois exige de nós a perseverança na decisão de buscarmos nosso equilíbrio diante de tais limitações. O limiar entre persistência e teimosia pode tornar-se obscurecido quando estamos envolvidos emocionalmente com determinado fato. Nesse caso, a melhor forma de lidarmos com isso é nos proporcionar uma pausa, para refletir a respeito do que ocorre e do que desejamos e, só então, munidos das possibilidades existentes é que poderemos decidir qual a melhor forma de nos posicionarmos. Em muitos casos, tal atitude pode ser colocada em prática em nosso íntimo apenas por nós. Em outros podemos também contar com o amparo de alguém que nos ajude a “olhar” para os fatos com maior clareza e de modo mais isento de emoções. Para, assim, sermos mais aptos ao discernimento entre persistência e teimosia. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

02 março 2012

PAIXÕES

Mais frequente do que gostamos escutamos alguém falar em desespero. Dele próprio ou de alguém de seu círculo de convivência. Sendo assim, estamos a todo o momento sujeito a nos depararmos com alguém, quiçá nós mesmos, em situação semelhante. Tal sentimento pode permear um simples desânimo em relação a algo muito desejado até o perder totalmente a esperança de esse desejo ser atingido. Podemos experimentá-lo em diversos graus e por períodos diferentes. Ou seja, podemos nos manter em desespero por um tempo curto ou longo e isso pode ocorrer com maior ou menor frequência. Lídia Rosenberg Aratangy, psicóloga, destaca o fato de às vezes o sofrimento ser tanto que a ideia de continuar vivendo parece intolerável. E afirma que para sair do desespero e do luto necessita-se de uma paixão. Isto é, todos estão sujeitos ao sofrimento que pode culminar em sensação de desespero, mas, segundo Lídia, a paixão pode representar uma forma de sobrepor-se a tal situação. Quando se está apaixonado por algo ou alguém experimentamos um entusiasmo muito grande. Portanto a sensação de estarmos recarregados é praticamente inevitável. Podemos nos apaixonar por alguém que surge em nosso caminho ou porque já faz parte de nosso cotidiano. Pode-se, ainda, apaixonar-se por uma atividade, seja ela vinculada ao trabalho ou mesmo ao lazer. O importante parece ser nos vincularmos a algo para nos ser proporcionada uma sensação de completude. Atualmente o vincular-se não assume lugar de importância em nosso dia-a-dia. Porém, pode ser a falta do vínculo a causa de sermos levados a experimentar sentimentos de desalento e angústia com maior frequência do que gostaríamos. Então, se o apaixonar-se pode ser uma oportunidade para experimentarmos uma existência mais envolvida com sensações de satisfação e distanciada da dor, podemos iniciar um processo no qual nos disponibilizemos a nos vincularmos às atividades e às pessoas do nosso círculo. Assim, possibilitaremos o exercício de nos apaixonarmos com maior frequência. E proporcionaremos a nós mesmos a chance de nos distanciarmos das situações ocasionadoras de dor e sofrimento. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br