28 agosto 2015

NECESSIDADES: EU PRECISO!

O conhecimento acerca de nós possibilita uma melhor definição de nossas necessidades.

Costumamos afirmar termos a necessidade de fazer algo ou de alcançar determinado objetivo. Temos metas a atingir e nos voltamos ao resultado com todas as nossas forças. Porém, algumas questões podem ser feitas: de onde veio essa necessidade? Será que as nossas necessidades foram pensadas por nós, ou simplesmente nos deixamos levar pelas sugestões e solicitações externas, ou seja, pelas relações que temos com o mundo e com os outros?
Não é raro nos envolvermos em determinado projeto de vida e não atentarmos ao modo como chegamos a ele. Não pensamos de modo a refletir nos reais motivos os quais nos levaram a determinada decisão. Nos habituamos ao modo como vivemos, às decisões sem atentarmos para as particularidades envolvidas nas consequências delas.
Vivemos em uma cultura na qual o fazer é mais importante que o pensar – “De pensar morreu um burro”, frase repetida diversas vezes por nós e que, se refletirmos sobre sua “mensagem” podemos concluir que devemos deixar de lado o pensar, pois é tarefa de quem não tem o “privilégio” da inteligência. Podemos e devemos fazer uso da memória que temos e assimilar o maior número de informações possível, mas pensar sobre elas é algo dispensável.
Quando pensamos sobre nossas necessidades observamos, por consequência, as possibilidades que nos cercam. A psicóloga Ana Maria Feijoo afirma que o movimento necessidade-possibilidade é indispensável para que não fiquemos aprisionados naquilo que o social e as normas “mandam”. Então, é preciso que pratiquemos o pensar em nossas necessidades e nas possibilidades diversas para que continuemos nos movimentando e, dessa forma, nos desenvolvendo continuamente e nos permitindo mobilidade diante dos fatos e situações.
Se não nos arriscamos a pensar corremos o risco de nos prendermos ao necessário estabelecido externamente a nós. Isto é, se não analisarmos quem somos e o que queremos não temos como sermos senhores de nossas escolhas. E assim, nossas necessidades não possuem solidez, mas fragilidade diante da ilusão de uma necessidade que pode não pertencer à nossa realidade.
Ao colocarmos em prática a nossa possibilidade de cuidar de nós e de nossas escolhas, assumimos uma postura de confiança nos resultados que somos capazes de atingir. Com isso, permitimos que nosso rol de possibilidades se torne cada vez mais amplo e nossas decisões mais prazerosas.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

21 agosto 2015

CURA: QUAL O MELHOR REMÉDIO?

Em busca da cura o auto-conhecimento pode ser a melhor solução, porém não a mais fácil.


Uma forte herança do olhar médico nos conduz a busca da cura para qualquer mal-estar que experimentemos, independente de constituírem a ordem física ou psíquica. No entanto, uma questão pode emergir ao atentarmos para sintomas os quais não constituem algo “aparente” em nosso corpo físico. O que significa a cura?
Se considerarmos que todos têm um modo de ser e, especialmente, de comportar-se, seremos induzidos a acatar a possibilidade de sermos diferentes. Isto é, de acordo com nossa história teremos um modo diferente de ser, agir e reagir. Então, a cura pode ter representações diferentes para cada indivíduo.
Se cada um de nós possui um tipo de cura, isto é, cada um experimenta um tipo de bem-estar individual, talvez seja de suma importância nos conhecermos, para assim, nos habilitarmos a compreender o que constitui o melhor e mais adequado para nossa existência bem como nosso bem-estar.
A atualidade visa à generalização e padronização. Não se pode negar os benefícios que esse modo de agir pode proporcionar, especialmente para as máquinas. No entanto, não é salutar nos esquecermos de que não somos como elas. Ou seja, somos indivíduos singulares com particularidades únicas.
Desse modo, o generalizar assume um caráter nocivo em oposição ao salutar. Ao respeitarmos nossas diferenças e singularidades, no colocamos em uma condição na qual a minimização de nossos “sintomas” indesejáveis ocorra.
Ao conhecer e compreender quem somos e como somos, isto é, ansiosos, depressivos, calmos, rápidos, etc., também permitimos a nós mesmos a oportunidade de aprendermos a lidar com quem somos. Pois, quando exercitamos o respeito aos limites de modo geral, tanto o nosso como o alheio, colocamos em prática a possibilidade de visualizarmos um maior número de alternativas para nossas opções.
Assim, experimentamos uma imensa sensação de liberdade, tendo em vista que ao nos mantermos estáticos em um ponto de vista limitamos nossa capacidade de “ver” e, da mesma maneira, nossa chance de conduzir de modo mais a nosso contento quem somos e como desejamos lidar com as situações diversas. Por isso, a busca da cura permeia o conhecimento de nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

14 agosto 2015

LUTO: A DESPEDIDA NECESSITA DE TEMPO

Quando um final é inevitável, o tempo pode ser um acalento.



Ao nos depararmos com algum tipo de separação definitiva somos “apresentados” ao luto. Isto é, a tristeza conectada a perda a qual fomos submetidos e o tempo necessário para nos refazermos dessa dor.
Em nossa sociedade atual o presenciar a dor pode constituir algo da ordem do dispensável. O ideal, ou seja, aquilo que representa o mais adequado na ordem geral, é que tal dor ocorra por um espaço de tempo tal que não desperte consternação em qualquer outro que participe de nosso convívio. Pois, se não nos é simples lidar com nosso próprio luto, mais difícil será o lidar com o de outrem.
Entretanto, o tempo necessário para que a dor da perda possa ser amenizada não é algo possível de ser mensurado de maneira geral para todos os indivíduos. Cada um de nós tem sua própria maneira de lidar com sua própria dor e o tempo necessário para isso não constitui regra que pode ser generalizada de modo absoluto.
Sendo assim, pode ser uma tarefa razoavelmente difícil respeitar o tempo de luto daqueles os quais fazem parte de nossa rede de contato, tendo em vista que nem sempre estamos aptos a suportar a dor alheia sem que nos cause algum tipo de constrangimento, do qual, consciente ou inconscientemente tentamos nos afastar.
Quando em contato com a nossa perda, buscamos modos extremamente particulares de lidar com ela. No entanto, a dor do outro nem sempre nos é compreensível ou passível de ser adequadamente considerada. Assim, incorremos no risco de nos comportarmos afoitamente na ânsia de não mais presenciarmos o processo do outro em sua batalha com o seu penar.
Porém, por mais que nosso desejo seja o de rapidamente “esquecermos” o que nos causou pesar. Todos nos envolvemos no processo que culmina na capacidade em sobreviver à dor. Há quem busque substituir o que foi perdido e esse comportamento pode ser o suficiente para muitos. Contudo, não é algo que pode ser generalizado.
Então, no nosso processo em lidar com a perda, é necessário, também, exercitarmos a compreensão do limite do outro em lidar com a própria dor. Para assim, nos habilitamos a compartilhar da sobrevivência que acompanha o luto. E, desse modo, compartilharmos em tempo semelhante a superação do processo de refazimento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


07 agosto 2015

POBREZA

O valor de acordo com satisfação e frustração.


Há diversas teorizações a respeito de pobreza e do que consiste o ser pobre. Pode-se, sob um ponto de vista, afirmar ser pobre quem não possui bens materiais, ou ainda aquele que não possui qualidades “nobres”.  Tal avaliação dependerá do parâmetro de avaliação utilizado.
Podemos, contudo, voltar nossa atenção para o existir e buscarmos maneiras para compreender qual o “valor” de nossa existência.  Ou seja, vivemos de maneira “pobre ou afortunada”?
Ao voltarmos nossa atenção a um único propósito incorremos no risco de reduzirmos as oportunidades de satisfação com nosso existir, visto que aumentamos as possibilidades de frustração com o objetivo não atingido.
Focalizando nossa energia no intuito de alcançarmos um objetivo exclusivo traçado por nós, diminuímos nossas possibilidades de satisfação, pois ao depositarmos nossa atenção em um único foco, minimizamos nossas chances de experimentarmos a plenitude. Assim, poder-se-ia considerar tal existir como sendo “pobre”.
Ao nos permitirmos relacionamentos diversos, nos colocamos em uma posição na qual as oportunidades de decepção ficam dirimidas no volume. Isto é, se nos relacionarmos com diversas situações e pessoas, ao perdermos uma delas, no montante total a sensação de perda será minimizada pelas outras relações as quais temos. E, igualmente, aumentamos nossa chance de superarmos a dor da perda.
Se nosso círculo existencial é reduzido a uma única atividade com um número reduzido de pessoas, ao experimentarmos algum tipo de frustração em relação a alguém de nosso círculo ou à atividade exercida, será mais penoso superarmos a dor da frustração. No entanto, se nosso dia-a-dia é permeado de diversas atividades, a perda de uma delas irá, apenas, representar uma a menos.
Então, se desejarmos “enriquecer” nossa existência para focalizarmos na plenitude de nosso existir, é necessário ampliarmos nosso universo pessoal, de modo a elevarmos o número de oportunidades nas quais podemos alcançar o sucesso de nossos desejos, transformando, desse modo, a “pobreza” em “riqueza”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124