25 outubro 2013

SIGNIFICADOS

Todas as experiências que vivenciamos estão permeadas de significado. Ou seja, tudo o que vivemos assume algum valor, envolto em um ou mais sentimentos. Esses sentimentos nos permitem a recordação de eventos diversos. Desse modo, “armazenamos” nossas memórias enredadas pelo sentimento que nos conduziu a um significado referente ao que foi vivido.
 Sendo assim, algo que nos levou a experimentar sentimentos, de tristeza ou alegria, prazer ou insatisfação entre outros, será recordado por nós, tangenciado pelo significado que adquiriu no momento em que tal experiência foi vivida.
Esse processo nos é, geralmente, despercebido. Porém, quando experimentamos a sensação de incerteza em relação às decisões feitas por nós, é comum questioná-las. Nesse momento é importante um olhar desvencilhado de conceitos. Isto é, necessário se faz exercitamos a possibilidade de compreender os eventos relacionados às nossas escolhas. De modo a discernirmos a respeito das razões que nos levaram a optar do modo como fizemos.
Em alguns momentos de nossa existência podemos experimentar decepções relacionadas às consequências advindas de nossas decisões. Contudo, é de suma importância nos posicionarmos conscientes de que escolhemos a todo o momento.
Entretanto, tal atitude não nos isenta da sensação de incerteza e dúvida sobre o rumo que nos permitimos sermos conduzidos. Então, torna-se essencial conhecer os significados das escolhas feitas e do que elas representam para nós. Para, assim, nos “apoderarmos” do conhecimento acerca de nós e de nossas decisões. Desse modo, seremos capazes de reavaliar os caminhos que escolhemos e nos posicionarmos de modo mais patente em relação aos nossos planos vindouros.
Afirmações a respeito da escassez de tempo disponível para tal empreitada ocorrem com frequência. No entanto, se desejamos alcançar a sensação de satisfação com nossas escolhas e decisões, necessitamos nos permitir o envolvimento com os sentimentos os quais culminam em significados relacionados a elas.
Por isso, a busca do entendimento relacionado aos nossos sentimentos torna-se uma opção deveras desafiadora, pois, nos coloca em posição de um conhecimento mais acurado acerca de nós mesmos. E, por conseguinte, nos habilita a nos conduzirmos de modo mais eficiente rumo aos significados que desejamos experimentar, ou não.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


17 outubro 2013

VÍTIMA

Nosso olhar possui um impulso em assumir uma interpretação demasiadamente complacente com as situações relacionadas às nossas vivências. Isto é, de maneira geral agimos de modo a amenizar a realidade que envolve nosso comportamento e nossas decisões.
Torna-se extremamente “fácil” para nós encontrarmos justificativas e explicações para praticamente tudo o que fazemos e decidimos. Nos tornarmos, assim, “isentos” do envolvimento com as escolhas as quais acreditamos não termos feito, e que culminam em algum tipo de descontentamento.
O papel de vítima em relação ao que consideramos não haver opção ocorre com mais frequência do que somos capazes de admitir. Nosso sofrimento diminui consideravelmente quando encontramos a “razão” pela qual algo aconteceu e que, em sua maioria, envolve o fato de ser inevitável. E estar à parte de nosso poder de escolha.
No entanto, somos possuidores da habilidade de escolher. Não atentamos para esse fato e, com isso, abrandamos as ocasiões em que nos responsabilizamos por nossas escolhas. Desse modo, a situação de vítima nos conforta e se torna mais frequente.
Contudo, na contramão dessa atitude está nosso desejo em crescer, conquistar, viver, etc. Nesse caso, torna-se necessário a busca de um comportamento diferente do usual, e que nos coloca em uma posição totalmente passiva diante da variedade de ocasiões que se apresentam diariamente para nós.
Culparmos o outro como responsável por aquilo que vivemos atualmente torna-se uma alternativa tentadora. Entretanto, ela também nos paralisa diante das possibilidades que podemos vislumbrar quando assumimos nossa parcela de envolvimento nas alternativas que se apresentam.
Sendo assim, se nos dispusermos a colocar em ação nossa capacidade de reflexão de modo a selecionar de maneira mais promissora nossas escolhas, é muito provável que as ocasiões em que sentimos o impulso em responsabilizar algo ou alguém por uma situação que vivenciamos, torne-se menos frequente. E, quiçá, desapareça por completo de nosso modo de agir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

11 outubro 2013

ADVERSIDADES

A reflexão de alguém culminou na seguinte frase: “Adoro tudo que me acontece. As coisas boas, é claro, me aconchegam, então como não gostar delas?! E as coisas ruins... ah!! Essas são as que me fortalecem e me fazem crescer.”
Ao assistir ao filme “As aventuras de Pi” veio à tona essa frase. Pois, durante o naufrágio do rapaz, o qual divide um barco com um tigre, ele “precisa” sobreviver, primeiramente, ao convívio com o tigre. Em um primeiro momento o impulso de destruir o que o faz mal torna-se primordial. No entanto, após algum tempo, ele compreende que o “mal” na realidade o faz ativo e capaz de sobreviver às intempéries de sua situação. Desse modo, resiste aos 227 dias no mar.
 Semelhante à situação que o personagem vive em sua história, podemos transpor para algumas situações das quais somos submetidos em nosso dia a dia. Comumente nosso primeiro impulso é o de nos livrarmos da causa de nosso desconforto. Consideramos demasiado importante essa conduta e, em muitas ocasiões, não nos damos conta das possibilidades envolvidas no processo de lidarmos com a dificuldade em questão.
O personagem do filme possuía algo de diferente de nossa rotina: tempo. Justificamos, na maioria das vezes, falta de tempo para refletirmos com mais cuidado a respeito das situações com as quais nos deparamos. E, assim, nos sentimos confortáveis com a maneira como lidamos com elas.
Porém, se nos permitirmos refletir, por um rápido segundo, poderemos nos colocar em um processo no qual nossa compreensão a respeito do que nos aflige, pode assumir um papel sumamente importante no que concerne o nosso desenvolvimento.
Ao adotarmos tal postura, estaremos nos capacitando a ampliar nosso rol de possibilidades, ao ter em vista a transformação do que nos aflige em algo que nos impulsiona. Então, em uma mesma oportunidade nos proporcionaremos o exercício da plenitude de nossa liberdade segundo o filósofo Heidegger.
Pois, a mudança de entendimento, relacionado ao que nos é bom e ao que nos é ruim, amplia o número de oportunidades as quais podemos nos envolver de modo pleno e gratificante para nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


04 outubro 2013

LIBERDADE

Ao longo de nossa existência é comum sofrermos diversos tipos de frustrações.  Na realidade, elas são mais comuns do que gostaríamos. No entanto, são também responsáveis por nosso aprendizado em lidarmos com situações inusitadas das quais não desejamos, mas que em muitas ocasiões não temos como nos desvencilhar.
É natural questionamentos a respeito de como lidar com situações das quais não podemos mudar, mas que, no entanto, se apresentam de modo a nos conduzir a sentimentos indesejados de tristeza. O senso comum oferece diversas sugestões. Contudo, é notório muitas delas não satisfazerem nossa busca.
O filósofo Jean Paul-Sartre discorre a respeito de nossa condenação à liberdade. Segundo ele somos “obrigados” a escolher o tempo todo entre, ao menos, duas alternativas. Para o filósofo nossa condenação consiste em não podermos fugir das consequências de tais escolhas.
Heidegger, também filósofo, afirma sermos livres, inclusive, para ampliarmos nossas opções. Ou seja, podemos aumentar o número de alternativas envolvidas em uma decisão a qual necessitamos assumir.
Sendo assim, nossa liberdade se apresenta a todo o momento quando nos deparamos com uma escolha a ser feita. Precisamos, apenas, atentar para o grau em que suportamos lidar com a consequência que tal escolha ocasionará.
Nem sempre nos permitimos uma reflexão cuidadosa acerca do porvir de nossas decisões. Impulsionados pelo desejo, ansiedade, entre outros fatores, possibilitamos nossa decisão envolvidos por emoções das quais nem sempre percebemos. Porém, uma emoção despercebida pode nos levar a uma consequência indesejada.
Então, se exercitarmos o cuidado para com nossas emoções no momento em que somos solicitados a escolher, poderemos colocar em prática a possibilidade de nos permitirmos opções envolvidas em um processo que nos conduza a consequências menos drásticas. Ou, quiçá, resultados que se tornem “esperados”, tendo em vista possibilitarmos a nós mesmos a oportunidade de vislumbrar o que pode estar no porvir.
Desse modo, disponibilizaremos um desenvolvimento no sentido de nos tornarmos aptos a conduzir nossas decisões de modo mais eficaz. Especialmente, no sentido de nos habilitarmos a avaliar as alternativas em questão e suas possíveis deliberações. Nos tornamos, assim, um pouco mais livres.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124