28 outubro 2011

LUZ NO FIM DO TÚNEL

A modernidade traz em sua bagagem uma gama, quase incalculável, de novas possibilidades. No entanto, não se pode afirmar que todas sejam positivas devido ao fato de dependerem do uso que o ser humano faz delas. Não se pode deixar de avaliar os imensos ganhos que utensílios, como computadores cada vez menores e ágeis, trazem para o dia a dia de cada um de nós. Os mais pessimistas, porém, podem afirmar ser esses utensílios também os responsáveis pelo distanciamento e pela pobreza de comunicação presente entre os seres vivos de modo geral. Afirma-se ser o desenvolvimento intelectual e industrial o grande vilão dos relacionamentos. Contudo, novamente esquecemos ser o homem o responsável pelo significado atribuído e como tal o ancoradouro das possibilidades. No livro 1984, George Orwell retrata uma sociedade onde sentimentos e conhecimentos eram coibidos, no entanto, apesar do aprendizado que ocorria em tal sociedade havia um resquício de humanidade remanescente o que proporcionou grande luta entre os envolvidos. Um questionamento semelhante está presente no filme “Equilibrium” no qual uma sociedade pós-guerra é induzida a utilizar uma droga responsável por anestesiar todos os sentimentos. Mas, entre esses há os que não suportam tal atitude e se rebelam. Em um primeiro momento o olhar para essas duas histórias poderia ser atento ao empobrecimento das relações e os ganhos disso, mas em um outro ângulo pode-se observar a “luz no fim do túnel” onde o homem não é totalmente subjugado em suas emoções e desejos. Claudio Cano em seu livro “Um futuro sombrio”, salienta um fato relacionado ao conhecimento de forma que apesar de os livros serem abominados, em tal período há quem guarde em sua memória o conhecimento que os mesmos contêm, tornando-se, na visão do autor, a única esperança de salvação do homem. Atualmente há grande preocupação com o rumo da comunicação entre os seres. Sem dúvida há um grande empenho em amenizar os impactos desse processo. No entanto, se autores como José Saramago, Carlos Drummond de Andrade entre outros puderem ser lembrados e destacados vez por outra, podemos ter nossa luz no fim do túnel. O único ponto importante a ser destacado consiste no poder que temos de optar qual rumo terão nossos contatos e o modo como nos comunicaremos com eles? Qual uso faremos das novas formas de comunicação? Tendo em vista o ser humano atribuir significados, é este mesmo ser humano quem pode direcionar o valor que a comunicação terá. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

21 outubro 2011

DESTINO

Podemos atribuir ao menos duas possibilidades a uma mesma situação. No entanto, nem sempre temos consciência disso. Filósofos como Jean Paul-Sartre e Heidegger afirmam sermos bombardeados com diversas alternativas a todo o momento e, o mais importante, fazemos nossas escolhas baseados em nossos desejos e experiências vividas. Somos, a cada dia, o resultado do que vivemos anteriormente. Fritjof Capra, físico teórico, destaca em seu livro “O ponto de mutação” as consequências e a importância da interconexão a nós todos submetidos, mesmo que não estejamos atentos a ela. Ou seja, nossas decisões e atos tangem os atos e decisões de quem nos cerca, sem importar a distância que nos separa um do outro influenciamos e somos influenciados pelos atos uns dos outros. Em um texto em um jornal o autor destacava as consequências do comportamento de algumas pessoas, as quais não se sentem responsáveis pelos dejetos de seus animais em vias públicas. O próprio animal não possui capacidade para os cuidados com sua higiene, então o convívio com outras pessoas nos leva a limitar nossa liberdade de ação. Isto é, somos mesmo “autorizados” a submeter outrem ao nosso “desleixo”? Tal comportamento e o olhar do autor retratam uma das diversas formas pelas quais somos afetados pela atitude alheia, como afirma Capra. Ao levar em conta o pensamento desses três autores fica inviável acreditar na possibilidade de não termos controle sobre nosso viver, sendo subjugados a um destino previamente determinado. Então, poderíamos afirmar, imbuídos desse pensamento, que somos os senhores de nosso destino. Nesse caso, cabe a nós a busca da melhor forma de conduzí-lo. Sendo interligados e nossos atos não constituírem fatos isolados, mas relacionados aos outros seres os quais compartilham os mesmos espaços que nós, e nossas opções e escolhas constituírem o ser que somos. Ao atentarmos a esse fato nos vemos abastecidos de informações sobre as diversas formas pela qual podemos “moldar” nosso ser. Dando a este mesmo ser conotações e colorações embasadas em nossas escolhas. Então, um papel importante o qual nos cabe é o de nos empenharmos em descobrir maneiras de desenvolver nossa habilidade de percepção do mundo que nos cerca. Atentando ao fato de não estarmos sozinhos nele e termos a companhia de outros seres vivos os quais participam das consequências dos nossos atos assim como somos afetados pelos atos deles. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

14 outubro 2011

IDEALIZAÇÕES

É comum idealizarmos os diversos relacionamentos os quais estabelecemos. Isto é, imaginamos e planejamos como será nosso contato com nossos filhos, amigos, parceiros e etc. Idealizamos inclusive em relação a decisões tomadas e compromissos assumidos futuramente. Não podemos deixar de pensar que nossas idealizações estão conectadas aos nossos sonhos e desejos. E, se estão relacionados, talvez façam sentido nossas frustrações. Se nossas idealizações são baseadas em nossos desejos significa que têm um grau de expectativa bastante elevado. Então, a realidade pode nos surpreender negativamente e, em algumas ocasiões nem a querermos mais. Ou seja, a realidade torna-se tão diferente daquilo imaginado que refutá-la emerge como sendo a melhor alternativa. Porém, quando nossas decisões são apenas baseadas nesses argumentos podemos dar início a uma série de atitudes que culminarão em situações com as quais podemos não nos sentir confortáveis. Sempre ao nos decepcionarmos com algo há a tendência ao sofrimento e a busca de distanciarmo-nos da situação em questão. No entanto, esse distanciamento do que nos faz sofrer, ou seja, a contradição de nossos ideais, também nos afasta da possibilidade de olharmos para as alternativas possíveis. A fuga de algo aparentemente desagradável é alentador, pois permite nos protegermos. Mas, se fugirmos sem tentar compreender o que realmente nos é apresentado, podemos deixar de experimentar o conhecimento. Por conseguinte, perdemos também a oportunidade de nos surpreendermos de modo positivo. Afinal é o conhecimento o que nos permite uma posição diante dos fatos e, desse modo, também nos permite uma escolha mais eficaz e de acordo com nossos ideais. Sendo assim, ao distinguirmos nossas idealizações diante das diversas ocasiões nas quais nos relacionamos com algo ou alguém, permite nos colocarmos em uma posição de maior grau de satisfação com nossas escolhas. Lembrando que o filósofo Jean Paul-Sartre destaca sermos livres para escolher, porém condenados às consequências dessas escolhas. E, o filósofo Heidegger salienta ser nossa maior liberdade a ampliação do nosso rol de possibilidades. Algo que o conhecimento acerca de nós permite com maior eficiência. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

07 outubro 2011

NÓS E OS OUTROS

Lídia Rosenberg Aratangy, psicóloga, em seu livro “Doces Venenos” afirma existir um mecanismo tranquilizador para nos ajudar a viver com alguma sensação de segurança nesse mundo cheio de perigos. Esse mecanismo consiste em dividir a humanidade em duas partes: nós e os outros. Desse modo “afastamos de nós” tudo o que não gostaríamos que fizesse parte de nossas relações com o mundo. As possibilidades de sofrer são inúmeras. Ora algo que queremos e não conseguimos, ora alguém que não corresponde como esperávamos, entre tantas outras. Podemos ficar à mercê de situações nas quais não temos o controle. Nesse momento, é possível emergir um sentimento de insegurança em relação a estarmos ou não agindo adequadamente, pois nosso comportamento suscita respostas. É importante nos conscientizarmos que nosso comportamento influencia nossas relações. Para buscarmos entender o nosso real papel nas diversas situações com as quais nos envolvemos. Certamente, ao nos posicionarmos em um “lugar diferente” dos outros, sustentamos a ilusão de que estamos distantes o suficiente deles para estarmos seguros. No entanto, essa ilusão pode nos conduzir a caminhos não desejados, pelo fato de sermos induzidos a acreditar que situações semelhantes quando os outros são afligidos não irão nos alcançar. Então, se acionamos tal mecanismo como destaca Aratangy, nos colocamos em um patamar onde experimentamos a desejada segurança, mas de um modo arriscado por se tratar de algo “irreal”. É necessário não nos esquecermos ser de suma importância para a construção dos significados que irão constituir nosso ser, os relacionamentos que estabelecemos com nossos parceiros de existência e com o mundo de um modo geral. Nesse caso, ao “dividir” a humanidade poderemos experimentar a sensação de estarmos protegidos dos perigos. Entretanto, poderemos também experimentar a solidão por não nos identificarmos com quem experimenta sensações semelhantes às nossas e que poderia compreender-nos. Precisamos valorizar nossa singularidade, entendendo serem nossas experiências singulares em seus significados para cada um de nós. Mas, também se faz importante compreendermos estarmos todos na mesma condição de existência. Condição essa que nos apresenta experiências as quais suscitam incertezas que nos amedrontam. Contudo, se sentirmos que estamos acompanhados podemos aliviar os encargos por elas promovidos. Pois, sempre ao se ter alguém que nos acompanha onde quer que estejamos, experimentamos um sentimento de segurança mais distante da ilusão. Por isso, pode ser um mecanismo tranquilizador a separação da humanidade, mas se experimentarmos o “nós e os outros” ao invés de “nós à parte dos outros” poderemos dar início a uma nova experiência e a muitas possibilidades. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br