05 setembro 2019

BEM-ESTAR, MEU OU NOSSO?


A liberdade de escolha nos permite experiências singulares, contudo, não podemos negligenciar as consequências que podem ser tardias, porém inevitáveis.
 
Vivendo em grupo estamos todos interligados. Fritjof Capra anuncia a inter-relação possuir um limiar um tanto mais abrangente. Segundo o físico, nossas atitudes interferem e influenciam o mundo ao nosso redor, de tal monta que nos tornamos responsáveis pelos acontecimentos em um grau muito mais elevado daquele imaginado por nós. Sendo assim, a conexão tida com o todo nos conduz a um ponto no qual o cuidar de nós assume a função de um cuidar de tudo.
Então, de algum modo, apresentamos responsabilidade com o bem-estar alheio bem como o nosso próprio. No entanto, nem sempre encerra um aspecto habitual um cuidado com o afinco necessário. Relegamos a outros ou mesmo a um outro tempo tal conduta. E, por conseguinte, corremos o risco de não atentarmos para as consequências dela.
Ao nos conscientizarmos de nossa “parceria” com todos os seres que convivem conosco, assumimos um papel mais participativo no que tange as atitudes e consequências delas relacionadas, não apenas a nós, mas aos outros também.
Alguns conclames da atualidade nos induz a um comportamento laissez faire. Isto é, o não envolver-se em questões consideradas além de nosso alcance. Mas, o limiar entre o que não nos diz respeito e o que deixamos de lado ao visar nosso “conforto” pessoal, pode tornar-se quase imperceptível. E, assim, faz-se necessário uma atenção um pouco mais acurada para o discernimento entre eles.
Ao permitirmos a tudo dispor de seu próprio fluxo, podemos deixar de agir quando se faz importante. Em muitas ocasiões somos levados a crer que nossas ocupações, ou mesmo nossos objetivos primordiais, assumem importância tal ao ponto de deixarmos a um segundo plano o cuidado com relações importantes para nós. Mas, apenas nos aperceberemos da importância dessas relações no momento em que a perdemos.
A liberdade de escolha nos permite experiências singulares, contudo, não podemos negligenciar as consequências que podem ser tardias, porém inevitáveis. É comum justificarmos as escolhas feitas por nós com a ausência de opções. Entretanto, na maioria das vezes, não atentamos para o fato de termos permitido que nossos medos, inseguranças ou negligência assumissem lugar de destaque e influenciassem nossas atitudes.
Então, se num momento de reflexão ou de dor nos darmos conta de decisões que nos conduziram a um momento indesejado, cabe a nós a busca do conhecimento mais particularizado de nossos limiares. Assim, de forma mais clara, objetiva e ágil nos habilitaremos ao cuidado com as escolhas as quais elegemos como de maior representatividade. Então, garantiremos a manutenção de nosso bem-estar, o qual, como afirma o físico Fritjof Capra, sobrevém o bem-estar geral.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124