31 março 2018

NÃO SEI!!


Há alguns anos perdemos a companhia da Mel. Naquela ocasião achei que nunca mais amaria outro cachorrinho como amei a Mel. Porém, veio a Malú e me “disse” que não era bem assim. Veio a Luna e me mostrou que sou capaz de amar MUITO. Então veio a ÍSIS. A minha cachorrinha. A dra. Bianca me avisou que ela seria danada, pois tinha seu espírito de líder de matilha.
Danada, feliz, levada, ativa... Passou a dormir conosco, eu e o papai Lauri. Teve seu probleminha com a perninha que cuidamos e tudo ficou bem. Precisei mudar meu hábito em passar meus cremes noturnos porque ela amava lambe-los e não lhe fazia bem. Tudo eu fazia para seu agrado e conforto. Como diziam a tia Camila e a tia Beatriz - eu a mimava demais.
Hoje, ela dormia encostada em minha perna no sofá após o almoço como fazíamos habitualmente.
De repente, ouço um pequeno grito, pois em seu tamanho minúsculo todos os seus barulhos eram baixinhos. Ela estica as patinhas e amolece todo o seu corpinho. Corremos à UTI. Mas já dentro do elevador em mosso prédio percebi que seu coraçãozinho já não mais batia.
A dor não passa e não sei o que fazer para amenizar. TUDO me lembra ela, sua alegria e carinho enchem meus olhos de lágrimas e meu coração de dor.
Sou adulta e sei que isso tudo irá diminuir. Mas hoje não acredito nisso. Só sinto dor e saudades e QUERO a ÍSIS de volta. Como uma criança rebelde, teimosa e ingênua quero minha ÍSIS de volta pra mim.
Minha crença me conforta e me diz que ela já está brincando e quase pronta para vir a outro lar e alegrar outro alguém.  Mas eu ainda só consigo chorar...
Que dor ÍSIS. Não sei como vou dormir sem você ao meu lado lambendo minhas mãos até eu quase pegar no sono.
Não sei como vou fazer minha maquiagem pela manhã sem ter você deitada no travesseiro me olhando.
Não sei como vou tomar meu café sem você com um brinquedinho na boca me esperando pra brincar.
Simplesmente não sei ÍSIS. Não sei!!!

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

22 março 2018

DES-CONSTRUINDO BARREIRAS


Estabelecer limites para as investidas daqueles com quem convivemos é de extrema importância.

Fiódor Dostoiévski, escritor russo, afirmou uma vez: “o sarcasmo é o ultimo refúgio das pessoas moderadas quando a intimidade de sua alma foi invadida”. Quantas vezes temos nossa “alma” invadida e como reagimos diante desse fato?
É comum usarmos as ferramentas disponíveis relacionadas ao nosso modo de ser: nossas defesas. No entanto, se não as conhecermos podemos nos encontrar em uma posição na qual limitamos nosso desenvolvimento. Ora podemos nos localizar em uma posição de prontidão o tempo todo, ora inibirmos possibilidades em acessar informações que poderiam oferecer chances de crescimento ímpares e que apenas se tornarão disponíveis se nos permitirmos o contato com elas.
Então, como proceder para não nos colocarmos a mercê das investidas diárias a que estamos sujeitos e, ainda nos permitirmos o contato em nosso dia-a-dia com as oportunidades disponíveis? Isto é, como avaliar as situações diversas de modo a minimizar os “danos” para nós mesmos e minimizar, assim, o uso de nossas defesas?
Estabelecer limites para as investidas daqueles com quem convivemos é de extrema importância. Porém, para exercemos tal “controle” é necessário conhecermos de antemão quais são nossos limites. Isto é, o que nos atinge de modo a nos prejudicar e o que nos atinge e entendemos como prejuízo, mas, no entanto, não constitui algo dessa monta.
Ao aventar tal possibilidade podemos, em um primeiro momento, afirmarmos ser uma tarefa permeada de inúmeras dificuldades, e tal afirmação não constitui uma inverdade. Então, podemos nos acomodar na condição em que nos encontramos atualmente e nos sentirmos bem com isso.
Entretanto, há os momentos quando nos sentimos, como destaca Dostoievski, invadidos de tal modo que nos defendemos. Contudo, ocorre muitas vezes de essa defesa não emergir do modo ou com a frequência que desejávamos. Nesse momento podemos experimentar desconfortos relacionados a nós mesmos. Desse desconforto, diversos sentimentos podem se fazer presentes e eles podem nos causar sensações que não gostaríamos de experimentar.
Sendo assim, se nos proporcionarmos a possibilidade de um conhecimento mais elaborado acerca de nossos sentimentos e as reações por eles desencadeados, exercitaremos um modo de conhecer também nossas defesas. E ampliaremos, desse modo, as chances de elas serem utilizadas mais adequadamente para visar nossos ganhos e, não prejuízos indesejados.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

07 março 2018

BAGAGEM PESSOAL


Ao conduzirmos nossa atenção aos momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos.

A psicóloga e escritora Lídia Rosenberg Aratangy em seu livro “Doces Venenos” afirma ser impossível acabar com a angústia e com a depressão. Segundo ela, esses sentimentos fazem parte da bagagem humana e são passagens obrigatórias no percurso de um desenvolvimento normal. Não são desvios da rota, mas parte de um trajeto. É uma das condições do estar vivo.
Essa afirmação da psicóloga pode levar a refletir sobre a importância de situações as quais nem sempre constituem algo agradável para nós. Mas, que assumem certo grau de importância em nosso existir, tanto quanto os momentos prazerosos.
Há ainda uma ideia a respeito do sofrimento, que o configura como sendo algo a ser evitado a todo custo. É óbvio não querermos experimentar dor de nenhuma ordem, especialmente a emocional. No entanto, se esses momentos fazem parte de um desenvolvimento necessário, então, talvez seja preciso modificar o modo como lidamos com essa condição da nossa trajetória rumo ao crescimento pessoal.
Ou seja, tratar a angústia e a depressão como simples malefícios a serem combatidos pode nos levar a perder oportunidades essenciais de desenvolvimento. No filme “Batman Begins” um personagem afirma que o motivo pelo qual “caímos” é para nos tornarmos aptos a nos levantar. Isto é, não desejamos “cair”, mas “caímos”. Então, se estamos sujeitos a tal possibilidade, importante se faz nosso movimento em prol de aprendermos a lidar com tal condição.
Contudo, ao conduzirmos nossa atenção aos momentos que nos levam a experimentar algum tipo de dor ou sofrimento, permitiremos a possibilidade de alcançar mais de um modo de compreensão desses momentos. E, poderemos nos orientar de modo a refletirmos a respeito do que nos angustia ou deprime.
Assim, nos capacitaremos a agir em prol de um conhecimento individual e exclusivo acerca de nós mesmos. Habilitar-nos-emos, desse modo, a gerirmos a trajetória do desenvolvimento pessoal ao qual somos convidados.
Portanto, sempre que nos colocamos em posição de permitir o contato com algo que possibilite nosso crescimento, ampliamos nossa compreensão acerca de nós mesmos. E, também, participamos de modo ativo de nossa capacitação para o suporte necessário para lidar de modo mais brando e amigável com a angústia e a depressão caso elas venham a participar de nossa “bagagem”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com