25 setembro 2015

REENCONTROS

Vivemos preocupados com nossas responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja, itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”.  

Numa mensagem eletrônica o tema versava sobre as pessoas que fazem parte de nossa vida. Nessa, destacava-se principalmente a existência de pessoas as quais passam por nós e que podem demorar-se ou não. Há aquelas em que a passagem é rápida, mas deixam marcas “eternas”, ou ficam tempo “demais” por não conseguirem marcar em nada sua presença. Há ainda, quem deixe saudades com sua partida definitiva. Ou seja, ao longo de nossa existência estabelecemos diversos contatos de modo que alguns nos deixam muito saudosos.
O tempo pode, porém, nos fazer “esquecer” desses contatos que nos deixam saudosos. Talvez seja um mecanismo para conseguirmos sobreviver à distância de quem, de certa maneira, “alimenta” o nosso existir. Pois, somos seres sociais e a companhia do outro nos é fundamental para o desenvolvimento pessoal.
Em muitas ocasiões lamentamos as saudades, mas nem sempre conseguimos fazer nosso tempo alcançar aqueles responsáveis por elas de modo a saciar nossa sede de encontro, ou melhor, reencontro.
Reencontrar nos proporciona no mínimo uma surpresa. Muitas vezes buscamos uma imagem guardada na memória e, em algumas ocasiões ela é diferente da real. Mas o reencontro traz uma emoção a qual nos permite relembrar. E, somente colocamos em prática essa experiência se nos permitimos nos relacionarmos.
Quando ficamos muito tempo distante de alguém, não dias ou semanas, mas anos, pode acontecer de não nos atentarmos ao carinho que sustentamos por esse alguém. Basta um reencontro, no entanto, para que todos os sentimentos ressurjam. Então, o desejo de usufruir o máximo possível da oportunidade de estar próximo daquele que é depósito de nosso carinho nos invade e uma nova separação é difícil.
Vivemos preocupados com nossas responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja, itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”.  Deixamos para segundo, terceiro, quarto, quinto... plano, o cuidado com nossas emoções. Aquelas que permitem nos sentirmos abastecidos para suportar as dificuldades e as solicitações diária.
Uma das principais justificativas a utilizarmos para adiar os reencontros é não disponibilizarmos de tempo para tal empreitada. Muitas vezes, ficamos na expectativa de alguém ter a iniciativa de um movimento para proporcionar uma reunião. Talvez, um dos principais motivos para não conseguirmos nos mobilizar em prol desse movimento seja nossa própria desorganização, que não permite distribuirmos nosso tempo de modo eficaz, para então sermos capazes de proporcionar a nós mesmos os reencontros que nos abastecem de sentimentos os quais chegamos, até mesmo, a esquecer.
Buscar formas, portanto, de nos organizarmos melhor para encontrar maneiras de atentarmos para nós mesmos e ao nosso modo de ser, pode ser uma alternativa para sermos capazes de nos mobilizarmos em prol do cuidado com nossos sentimentos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

18 setembro 2015

ESSÊNCIA - EU COMIGO

Ao nosso modo de ser, de agir e pensar, que norteiam nosso comportamento, podemos chamar de essência. Mas, nem sempre nos dispomos a prestar atenção a esse fato.


Ao resolver redecorar um ambiente podemos mudar a moldura de um velho quadro. De acordo com nosso desejo podemos colocar uma moldura mais chamativa para atrair a atenção para o quadro ou ainda, uma moldura mais discreta para que este não se destaque muito no ambiente. O interessante a se ter em mente é que o quadro é o mesmo, isto é, sua essência não mudou. O que mudou é o ornamento ao redor desta essência que ora o faz sobressair-se, ora o coloca numa posição de menor destaque.
De uma maneira semelhante podemos pensar em relação a nós mesmos. Dependendo da atividade que exercemos em determinado momento, nos colocamos em evidência ou nos ocultamos. Em essência, porém, somos sempre nós. É óbvio que mudanças ocorrem constantemente ao nosso redor e em nós mesmos. Mas há algo que alicerça, que nos mantém seguros e confiantes em nós mesmos, que faz parte de nossa história pessoal e o qual nos construiu ao longo de nosso existir. Sendo assim, constitui algo indispensável para que continuemos a nos desenvolver.
Porém, essa confiança em nós pode se apresentar abalada e com isso teremos dúvidas sobre o que somos, ou não, capazes de realizar. E se atentarmos para nossa essência seremos capazes de nos compreender e então, sermos exigentes conosco numa proporção a qual não nos leve a duvidar de nosso potencial naquele momento.
O mais importante, entretanto, é refletir se estamos satisfeitos com essa essência, ou ainda, se a entendemos. Todos temos um modo de ser, de agir e pensar que norteiam nosso comportamento e a isso podemos chamar de essência. Mas, nem sempre nos dispomos a prestar atenção a esse fato.
Usualmente as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Drumond de Andrade afirma: “meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...” em muitas ocasiões nos perdemos atentos a fatores os quais não apresentam tanto significado para o nosso existir.
Contudo, se buscamos realizações é essencial nos conhecermos e, especialmente compreendermos quem realmente somos em essência para que as decisões a serem tomadas possam ser, a cada dia, mais verdadeiras e proporcionar, assim, segurança e satisfação.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

11 setembro 2015

INIMIGOS - PODEMOS NOS PROTEGER

O conhecimento de si próprio pode proporcionar uma importante ferramenta no sentido de nos protegermos de nossas investidas contra nós mesmos.


Nas palavras do filósofo e teólogo Jean-Yves Leloup não há nada nem ninguém a temer a não ser a nossa própria fraqueza ou covardia.  Ele ainda afirma que talvez jamais tenhamos tido outro inimigo além de nós mesmos.
Ao refletirmos a respeito dessas afirmações podemos experimentar o impulso de nos colocarmos em situação de defesa e encontrarmos diversas justificativas para não estarem diretamente ligadas a nós e legitimarem os nossos “fracassos”. Ao longo de nossa existência costumamos sonhar com diversas situações das quais apenas algumas se concretizam. A frustração parece ser um sentimento que ronda como um companheiro fiel, sempre pronto a se manifestar quando solicitado.
As palavras incitando que nossa fraqueza ou covardia nos impede o crescimento pessoal, em um primeiro momento soam como desalentadoras, levando-nos ao impulso de entendermos que não somos capazes das conquistas almejadas porque somos nossos próprios inimigos e, sendo assim, não temos como escapar de tal “armadilha”. Será que não há escapatória?
O que é chamado de fraqueza ou covardia pode ser pensado como limitação. Todos nós temos nossos limites, porém eles são passíveis de serem ampliados e, sendo assim, aquele que seria nosso inimigo, eu mesmo, pode se tornar nosso principal aliado.
Entretanto, nem sempre conseguimos tal objetivo sem ajuda. O ser humano vive em grupo e complementa seu existir ao relacionar-se. Mas, nem sempre estamos atentos para o modo como nos relacionamos. Não nos damos conta de que há um padrão nesse modo de ser. E, o meia importante é que esse padrão pode ser conhecido e desenvolvido de modo a satisfazer nossos anseios.
Quando nos permitimos o auxílio no sentido de nos desenvolver abrimos espaço para o contato com o novo. E ao nos conhecermos possibilitamos possíveis transformações que podem nos levar às conquistas sonhadas, mas que ao longo do existir podem ter sido deixadas a um segundo plano devido às dificuldades experimentadas ao longo das tentativas de realização das mesmas.
Então, se somos nossos próprios inimigos, cabe também a nós a iniciativa de uma jornada rumo a mudança desse aspecto, para nos tornarmos aliados de nossos planos aos quais estão interligados com nossas realizações. E se somos quem pode mudar nosso próprio caminho não significa haver a necessidade de praticar essa mudança sozinho, ou seja, podemos permitir e contar com o amparo do outro.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

04 setembro 2015

RELACIONAMENTOS - QUEM SOU EU?

A construção de nosso Eu trespassa as relações de nosso dia-a-dia e ao observá-las podemos conhecer um pouco mais sobre quem somos.

Desde o momento em que nascemos iniciamos uma relação com nossos pais ou cuidadores e a partir deste ponto damos início ao nosso desenvolvimento como seres individuais e interligados. Ao longo de nossa história de vida diversas pessoas irão participar da construção de nosso ser. Isto é, quando nos relacionamos com toda a diversidade de seres ao nosso redor, estamos, a cada momento, adicionando uma nova experiência em nosso desenvolvimento que será um fragmento de quem seremos como indivíduos.
Podemos ouvir alguém dizer que sua vida seria diferente se tivesse seguido outro caminho. Com certeza seria diferente, mas seria melhor? Talvez sim. Porém, uma questão um pouco mais profunda pode emergir. Ter uma vida diferente nos tornaria outra pessoa? Quem seria esta pessoa? Gostaríamos dela? Talvez não seja possível responder com exatidão a essas questões, mas formulá-las nos possibilita olhar de modo diferente quem somos hoje. E termos capacidade de apreciar essa pessoa que somos ou de modificá-la, se julgarmos necessário. No entanto é importante lembrar que toda mudança exige uma iniciativa que nem sempre é fácil, mas que solicita nossa mobilização.
Interessante chegar a esse ponto. Porque iniciamos falando sobre nosso desenvolvimento quando em contato com nossos pais ou nossos cuidadores e isso significa que as relações diversas fazem parte de quem seremos ao longo do tempo. Sendo assim, o outro tem papel fundamental na pessoa que nos tornaremos e nem sempre estamos atentos às pessoas com quem nos relacionamos, nem sempre ouvimos com atenção ou dedicamos um pouco do nosso tempo em entendê-las.
Como vemos o outro em nossas vidas? É muito comum nos dias de hoje alguém afirmar não ter tempo ou que está com pressa e que o tempo não é suficiente para fazer tudo o que deseja. Então, se não temos tempo para fazer o que queremos obviamente não teremos tempo para observar o outro. Com certeza vivemos um momento no qual muitas coisas são exigidas de nós tendo em vista a competitividade que vivenciamos e nos desafia diariamente. Mas se nos esquecermos do quão importante é o outro em nossa existência como seremos capazes de termos relacionamentos satisfatórios?
Quando nos relacionamos temos a oportunidade de nos conhecermos também. Num exercício simples podemos observar nossa reação diante de um fato corriqueiro ou ainda, diante de uma situação que exija um pouco mais de cautela na avaliação. A partir de nossas respostas ao comportamento alheio podemos ter como “termômetro” quem somos naquele momento. Mas nem sempre estamos aptos em saber quem realmente somos. Porém, se não nos conhecemos como seremos capazes de solucionar as dificuldades que nos afligem?
Deste modo, quando buscamos maneiras de nos conhecermos, estamos também melhorando nossos relacionamentos e por conseqüência nos permitimos olhar e vivenciar experiências que poderão nos levar a um desenvolvimento de nós mesmos, permitindo o início de uma reforma interna que poderá culminar em uma satisfação pessoal que contagia todos ao nosso redor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124 
Email:marciabcavalieri@hotmail.com