31 dezembro 2015

RETROSPECTIVA – PROMESSAS, ALEGRIAS E DECEPÇÕES

Dificuldades, dores e perdas sempre haverá, mas as alegrias, ganhos e facilidades também.

É comum ao chegarmos ao final de um ano iniciarmos uma pequena, ou grande, retrospectiva a respeito do que se passou durante o ano que finda. Lembrarmos algumas “promessas” feitas ao início do mesmo. Não raro, também, é nos decepcionarmos com a lembrança de alguns resultados, mas também, ficarmos contentes em rememorarmos as conquistas obtidas.
Para algumas pessoas esse rememorar pode ser mais doloroso e para outras nem tanto. Certamente o fator relativo a um maior número de sucessos tem relação direta com esse sentimento. Mas será que é possível olhar para esses fatos de modo a esse momento não ser tão penoso?
Sempre ao término de um ano, ou qualquer outro ciclo, seja um curso, ou um período da vida, como quando deixamos de ser crianças para nos tornarmos adolescentes/adultos, ou seja, ao término de um ciclo é natural experimentarmos uma sensação de alívio por concluirmos algo. Porém, essa sensação pode vir acompanhada também de tristeza. Pois, ao concluirmos algo significa que encontramos o seu fim. Nem sempre nos atentamos para isso, mas a sensação é semelhante a quando precisamos lidar com a morte.
Para um novo ano nascer o velho precisa morrer. Para o adolescente surgir a criança precisa morrer. Para uma vida nova surgir a antiga precisa morrer. E assim por diante. A questão é, que ao olharmos para nossas perdas e ganhos quando realizamos uma retrospectiva, se o fizermos com a lembrança da necessidade de algo morrer para dar lugar ao novo, poderemos experimentar uma sensação diferente no que diz respeito, especialmente, às nossas perdas. Ou mesmo às situações sem uma conclusão que nos satisfizesse plenamente.
Dificuldades, dores e perdas sempre haverá, mas as alegrias, ganhos e facilidades também. O importante é ao finalizarmos um ano conseguirmos nos envolver em esperança. Mesmo que esta não dure muito tempo, mas o suficiente para nos levar a fazer novos planos e novas promessas. Para permitir mantermos nossas possibilidades em aberto de modo que nosso existir não se torne estagnado.
Loucura pode ser definida em fazer-se algo da mesma maneira, por várias vezes, e esperar um resultado diferente. Então, que o final de 2015 seja repleto de lembranças boas e ruins. No entanto que elas possam ser a alavanca para novas decisões e levar-nos a, em 2016, arriscar outros caminhos. E, assim, podermos ter a oportunidade de experimentar outros resultados, se não melhores ao menos diferentes.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

24 dezembro 2015

ENTÃO JÁ É NATAL!!

Não raro é experimentarmos, vez ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.

Em um tempo em que muitas informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa época. Ou seja, temos acesso a informações cada vez mais precisas. E que desmentem muitos fatos tornando-os dispensáveis ou sem sentido lógico.
Porém, vivemos também em uma época em que algo parece sempre faltar. Estudiosos atentam para fatos diferentes na tentativa de explicações e justificativas para tais sensações. Mas a questão ainda é: o que falta?
Não raro é experimentarmos, vez ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.
Será que isso é o suficiente? Continuar vivendo carente de emoções pode tornar-nos indiferentes pelo simples hábito de buscarmos a indiferença. Nos habituarmos a não permitir sentimentos que nos remetam a pesares ou a sensações as quais nos façam “parecer humanos”, pode ter um alcance inesperado e até indesejado. Podemos nos tornar alheios às emoções desagradáveis. Mas também podemos permanecer indiferentes a tudo ao nosso redor e, assim, experimentarmos a sensação de um vazio e de uma busca sem nem sabermos o que é procurado.
Uma amiga me contou um episódio de um livro no qual um piloto sofre um acidente em uma montanha coberta de gelo. Ele sobrevive e sabe que para continuar vivo precisa permanecer em movimento. Deste modo, coloca-se a andar por mais de três dias. Quando não aguenta mais tem o impulso de parar e deixar o gelo fazer seu trabalho. Porém, ao lembrar-se de sua esposa imagina a decepção dela ao saber de sua desistência e isso o faz continuar.
Ao longo do tempo enquanto espera o salvamento, esse piloto consegue manter-se em movimento. Busca a cada momento um sentido diferente para continuar encontrando nele mesmo forças para continuar.
Então, se nesse período de Natal o impulso de sentir desânimo se fizer presente, uma alternativa é buscar sentidos para nos permitir continuar.... Nem sempre constitui tarefa fácil essa busca, porém, em uma época de tantas carências, será que não vale a pena investirmos em sentimentos adormecidos que permitam experimentar sensações que nos levem ao menos a certeza de estarmos vivos?
Que neste Natal tenha início uma busca incansável e duradoura.
Feliz Natal!!!

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

18 dezembro 2015

LASTROS – DISCERNIR ENTRE APRISIONAMENTO E EQUILÍBRIO

Em algumas oportunidades estarmos tão habituados a certa situação que não percebemos quando esta se torna um “peso”.

O lastro, a princípio, serve para equilibrar, balancear, ajustar. Nos navios servem para equilibrá-los e nos balões para ajustar sua altura. Entretanto, como tudo ao nosso redor, o excesso pode tornar-se um problema. A água, indispensável para nossa vida, pode tornar-se um problema se nos encontrarmos aprisionado em um tanque completo dela.
Podemos comparar os lastros aos “pesos” que acumulamos em nossa memória ao longo da vida como eventos descartáveis, sentimentos inúteis, pessoas difíceis de se lidar.  Muitas vezes não nos atentamos para o fato de algo ou alguém impedir nosso “voo”. Ocorre de em algumas oportunidades estarmos tão habituados a certa situação que não percebemos quando esta se torna um “peso”.
Todos nós temos um potencial a ser expandido a qualquer momento, desde que decidamos por isso. Contudo, justificamos nossos fracassos sem buscarmos entender o que realmente ocorreu para que não atingíssemos nosso objetivo. Ao justificarmos, nos libertamos da necessidade de maiores análises e assim podemos continuar nossa jornada.
Mas, não podemos com isso acumularmos lastros os quais em algum momento podem tornar-se pesados demais? Quiçá impedindo nosso caminhar, como a imagem de algumas animações em que um prisioneiro possui uma bola de ferro atrelada ao seu calcanhar para dificultar ou mesmo impedir sua mobilidade.
Ao longo de nosso existir deparamos constantemente com situações que nos “desafiam” e oferecem oportunidades das mais variadas. Porém, se ao nos depararmos com elas estivermos por demasiado sobrecarregados com nossos lastros, poderemos não as perceber.
Sendo assim, se permanecermos com nossa atenção voltada aos detalhes das situações diversas que ocorrem ao nosso redor; se cuidarmos para que os eventos descartáveis, sentimentos inúteis, pessoas difíceis em se lidar sejam transformadas em oportunidades de aprendizado e crescimento; poderemos fazer valer as possibilidades as quais temos contato e que em muitas ocasiões não as percebemos por estarmos ocupados em demasia cuidando dos nossos “lastros”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


11 dezembro 2015

EGOÍSMO – QUEM GANHA E QUEM PERDE?

“Só olho para frente”, ou seja, se o caminho a minha frente está livre não me preocupo com nada ao redor.

Amor exclusivo e excessivo de si, implicado na subordinação do interesse de outrem ao seu próprio, esta é a definição encontrada no dicionário Aurélio para essa palavra. Porém, o que representa em nosso dia a dia a convivência com o egoísmo? Onde podemos observar atitudes egoístas? Será possível amenizar suas consequências? Como?
Costumo dizer que vivemos o auge de uma síndrome – “só olho para frente”, ou seja, se o caminho a minha frente está livre não me preocupo com nada ao redor. Não me importa se ao precisar parar em fila dupla, atrapalho todo o trânsito da avenida atrás de mim. Não me importo se o lixo que atiro pela janela, poderá se acumular a outros tantos objetos deixados ao léu e obstruir a passagem da água nos esgotos e causar alagamentos e transtornos diversos.
No entanto, nossos atos têm consequências das quais nem sempre nos atentamos, mas nos alcançam também. Ou ainda, quando não ajudamos podemos atrapalhar bastante sem nos darmos conta disso.
É comum lamentarmos a falta de colaboração, o desinteresse e a indiferença geral. Somos capazes de reclamar e anunciar diversas soluções que não nos envolve, é óbvio. Até porque, não pensamos fazer parte desse rol de pessoas que privilegiam seu próprio bem-estar acima de tudo e de todos.
Será que estamos tão imunes assim? Podemos mesmo afirmar, com plena segurança, que colaboramos mesmo isso significar redução do nosso ganho? Ou que nos preocupamos com as consequências dos nossos atos em um tempo não necessariamente tão imediato, mas que em longo prazo represente algo nocivo para alguém?
Outro dia, ao observar um comportamento de um funcionário com uma fisionomia irritada ao atender alguém, foi possível perceber que o cliente poderia ter feito algumas observações, ao comunicar-se com o funcionário e agilizado o seu atendimento. Porém, ao ser tratado com a indiferença e falta de atenção daquele que o atendia, absteve-se de fornecer maiores informações e, em praticamente total silêncio, ambos terminaram seu lamentável encontro.
Este exemplo propiciou-me uma reflexão. Podemos auxiliar ao máximo aquele que se relaciona conosco em qualquer âmbito. Ou não. Quando nos propomos a ser prestativos e atenciosos, corremos um grande risco de sermos tratados com simpatia, respeito e agrado. Em contrapartida, ao nos propormos ser indiferente, também corremos um grande risco, esse, porém, de sermos tratados com indiferença. E assim adicionarmos mais irritação ao nosso rol de contrariedades que o viver nos proporciona. Levando-nos a agravar nossos sentimentos de rancor e exasperação.
Por isso, ao buscarmos formas de amenizar nossos desagrados particulares compreendendo os gatilhos que nos levam a experimentar a contrariedade, investiremos em nossa melhora. Por consequência, estaremos mais aptos a lidar com o outro de modo mais ameno, permitindo a redução dos sentimentos que nos levam a acreditar que nossos direitos sobressaem-se aos dos outros.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

04 dezembro 2015

PRESENTEAR – CARINHO OU OBRIGAÇÃO?

Presentear alguém pode representar uma breve conexão nossa com quem desejamos agradar.

Vivemos numa época em que é natural ouvirmos comentários a respeito de diversos modos de ser que não era comum há tempos atrás. Hoje é comum conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão, Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda sua frequência atual. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de ansiedade como hoje e, definitivamente, todos querem respostas para descobrir como se iniciam tais “distúrbios” para que se possa pôr um fim ao mal.
No mês de dezembro há uma grande movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam e são presenteados. Mas qual é o significado, atualmente, de um presente?
Há algum tempo uma de minhas filhas questionou-me sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa pergunta permitiu-me uma resposta a qual proporcionou uma pequena reflexão. Qual o significado de um presente? Por que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e transtornos? Há relação entre essas duas questões?
A respeito do significado de um presente, é comum, nos dias atuais, agraciarmos amigos e familiares com os práticos vales-presente, o qual o presenteado pode ele mesmo escolher o seu “presente”. Há modo mais fácil de presentear que proporcione maior possibilidade de acerto do que esta?  Ou, ainda, oferecermos determinada quantia em espécie. Isso seria um presente ou uma oferta de compra? Uma compra ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que desejamos adquirir.
Um persente envolve certo tempo nosso pensando na pessoa a quem “queremos agradar”. Ao nos dispormos a comprar um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato de que tal presente pode significar o tempo que dispensamos pensando nessa pessoa, que, por algum tempo, prestamos uma atenção especial em suas preferências diversas, como roupas, perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações preferidas. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso precioso tempo “conectados” na pessoa que desejamos presentear. Será que ao nos dispormos a pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será outro que não seja apenas o dinheiro envolvido em sua compra?
Poderíamos, neste mês de festas e oportunidades de distribuição de mimos diversos, ao adquirir um presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse processo seja gratificante.
Talvez as ansiedades e transtornos diversos da atualidade possam estar relacionados há alguns significados que deixamos de valorizar. Podemos começar com o presente e, quiçá este ato seja apenas o início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência futura. E, com isso, minimizarmos a incidência de transtornos indesejáveis.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

27 novembro 2015

SONHOS – FRUSTRAÇÕES, DECEPÇÕES, SATISFAÇÕES

Nem sempre conseguimos admitir, nem para nós mesmos, nossos sonhos mais secretos. Entretanto, se não formos sinceros conosco não poderemos investir toda a energia que dispomos para alcançar os objetivos que desejamos.

É comum termos sonhos. Não aqueles oníricos durante as horas de sono, mas sonhos os quais nos colocam em busca de um determinado objetivo. Não raro também é sabermos de sonhos frustrados, de objetivos não alcançados e de decepções. Durante uma existência estamos sujeitos a muitas frustrações de nossos sonhos.
Porém, o que acontece para tantos objetivos ficarem carentes do desfecho planejado? Por que somos arrebatados, praticamente todos os dias, por decepções em relação ao que queríamos? O que fazemos ou deixamos de fazer?
Numa reflexão um pouco mais apurada poderíamos induzir nossa conclusão ao fato de sonharmos com algo não ideal para nós. Será? Esse pensamento pode amenizar as dores da decepção. Entretanto há muitos dos quais não se satisfazem com essa explicação e permanecem entristecidos e sofredores.
Numa conversa com uma amiga ela me contava sobre um fato a respeito de outra pessoa que havia sofrido uma grande decepção em relação a um planejamento que envolveu alguns anos, muito dinheiro e no qual culminou na ruína de tudo o que planejara. Para tentar entender o que houve ela me dizia que a pessoa em questão teria mudado seu objetivo no meio do caminho. E, ao não atentar para isso, sofria a decepção sem dar-se conta de que, na realidade, havia alcançado esse objetivo. A questão é que ao mudar seu foco, deixou de cuidar do primeiro, e assim, era esperado nenhum sucesso.
Nem sempre nos damos conta desse fato, ou melhor, dificilmente percebemos ou admitimos termos mudado nosso objetivo. É muito mais simples responsabilizarmos o destino, alguém, ou algo pelo nosso sofrimento. Sempre ao assumirmos a responsabilidade pelos nossos atos nos tornamos senhores, também, da nossa sorte e isso pode ser um peso excessivo para suportarmos.
Muitas vezes insistimos em algo que sonhamos e nos vemos insatisfeitos com os resultados. Será que se analisarmos profundamente não encontraremos, em algum ponto, nosso desvio do caminho primeiramente traçado?
Um olhar atento para nossas buscas é importante para sermos capazes de avaliar e entender o que realmente queremos. Nem sempre conseguimos admitir, nem para nós mesmos, nossos sonhos mais secretos. Entretanto, se não formos sinceros conosco não poderemos investir toda a energia que dispomos para alcançar os objetivos que desejamos.
Então, se ao analisarmos nossos fracassos em alcançar nossos sonhos conseguirmos entender qual foi o desvio que seguimos, é muito provável sermos capazes de refazer o caminho com uma grande possibilidade de retomar o destino primário ou... quiçá, entendermos que nosso sonho se modificou, mas nem por isso passou a ser de menor importância.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

20 novembro 2015

Um novo caminho ou Um novo alguém

 É importante que ao decidirmos refletir sobre uma questão, nos coloquemos na postura de alguém que permite que suas experiências passadas tomem parte na decisão que está por vir, e este, com certeza, já seria um novo caminho.


Em algumas ocasiões buscamos ajuda na solução de situações nas quais nos encontramos e que nos afligem, em livros de auto-ajuda ou mesmo em conselhos de conhecidos ou de profissionais especializados. Situações difíceis de resolver estão sempre surgindo em nosso caminho e cada uma exige de nós uma atitude diferente. Por mais que estas situações sejam semelhantes a cada experiência nos modificamos. Sendo assim, somos sempre uma “nova pessoa” ao tomar a decisão.
Certa ocasião, ouvindo uma conversa, uma pessoa dizia a outra sobre as dificuldades que surgiam na vida e que às vezes tinha a sensação de estar por fazer uma tarefa usando um caderno e ao terminar a página pensava: bom, agora posso descansar! Mas ledo engano!  A vida nem bem esperava o ponto final daquela lição e já havia uma nova página pronta a ser resolvida. Essa pessoa então dizia: “Caramba”, não deu nem tempo de tomar fôlego!
Muitas vezes podemos nos sentir na mesma situação. As solicitações do dia-a-dia, as responsabilidades assumidas, os compromissos marcados, as amizades conquistadas, enfim tudo nos solicita atenção e cuidado também e nem sempre nos dão tempo para o descanso.
Mas em alguns momentos queremos somente descansar, olhar a paisagem. Porém, nem sempre é possível essa “pausa”. Nesse momento podemos ter o impulso de deixar tudo para trás, abandonarmos tudo e simplesmente relaxar, “deixar correr”. Porém, algo pode acontecer e não permitir esse descanso, solicitando que nossa atitude seja outra. E algumas vezes até pode parecer violenta a maneira com que a vida nos solicita.
Neste momento uma reflexão pode ser pertinente. Em muitas ocasiões deixamos o impulso tomar a frente e nem sempre ficamos satisfeitos com o resultado. Uma reflexão pode nos levar a decisões mais acertadas. Essa reflexão pode ser orientada por alguém para nos ajudar ou não. No entanto, o importante é que ao decidirmos refletir sobre uma questão, nos colocamos na postura de alguém que permite que suas experiências passadas tomem parte na decisão que está por vir, e este, com certeza, já seria um novo caminho.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri  
Psicóloga – CRP 06/95124

13 novembro 2015

APARÊNCIA - PARA QUEM?

Uma aproximação nossa para com nós mesmos, pode possibilitar que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos.

Nossa aparência nunca foi tão importante como atualmente. Quem, ao menos uma vez, não se preocupou com uns quilinhos a mais, ou a menos, uma roupa que não está a contento, ou um cabelo que não permanece como desejamos.
Antigamente esses fatores poderiam causar algum constrangimento que necessitaria de acertos sem que houvesse alternativas para tanto. Hoje temos ao nosso dispor um pequeno “arsenal” de opções: cremes, chapinhas, alisamentos definitivos, técnicas e produtos para deixar os cabelos mais ou menos encaracolados. Sem contar as alternativas mais invasivas como cirurgias plásticas e métodos médicos para diminuição de gorduras localizadas, entre outros. Certamente algumas dessas alternativas oferecem riscos a longo ou curto prazo. Mas a questão é: o que nos incomoda tanto?
Em um extremo podemos encontrar pessoas situadas fora dos padrões de “boa aparência” atuais. Algumas dessas pessoas podem, inclusive, viver alguns dramas e sofrerem rotulações que são no mínimo indesejáveis e extremamente desagradáveis. Porém, rótulos não representam quem somos, mas a nossa aparência.
Quando começamos a valorizar mais a aparência do que quem realmente somos? Muitas vezes nos preocupamos demasiadamente com a opinião das pessoas ao nosso redor. É óbvio que por vivermos em grupo necessitamos do feedback daqueles que convivem conosco. Entretanto a questão é: em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?
Em muitas ocasiões nos esquecemos que a primeira pessoa a precisar estar satisfeita com nosso ser somos nós. Não importa a aparência ou a opinião dos outros a respeito dela, mas como nos sentimos em nossa própria companhia. Padrões sempre existiram e sempre desejamos nos encaixar neles. Contudo algo parece diferente, hoje vivenciamos a sensação de eterna insatisfação com a imagem que refletimos.
Será necessário mudarmos como o mundo nos vê ou como nos vemos? Podemos nos sentir demasiado cansados ou tristes em insistir em alguma mudança. Até que ponto, porém, precisamos mudar? E o mais importante, o que realmente precisamos mudar? Pode acontecer de nos perdermos nessas questões e como encontrar a resposta se nem ao menos conseguimos identificar qual questão desejamos responder.
Muitas vezes o que nos falta é um olhar mais íntimo para nosso ser. Se temos o intuito de nos sentirmos bem, talvez a solução não esteja em um processo invasivo de uma cirurgia ou em um produto que nos dê uma aparência diferente. Pode ser que o caminho seja uma aproximação nossa para com nós mesmos, permitindo que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

06 novembro 2015

CAVERNA ESCURA- MEDO OU ALEGRIA?

O contato com situações passadas pode nos conduzir a um “local” obscuro, porém, no qual podemos encontrar tanto o medo quanto a satisfação.

O passado que não se conhece pode ser comparado a uma caverna escura. A desvendaremos se tivermos algum interesse, mas como se interessar pelo que não é lembrado? Pelo simples fato de não lembrarmos significa que não pertence à nossa história?
Em muito mais ocasiões do que gostaríamos nosso passado pode ser motivo de sofrimentos ao ser relembrado. Por ter sido muito bom e não ser possível revivê-lo ou por ter sido desagradável e não querermos tal lembrança, para não reviver os sofrimentos escondidos em “alguma caverna”. No entanto, ignorá-lo pode ser a base de consequências das quais se pode lamentar sem nem ao menos ter consciência do envolvimento dele.
O ser que somos hoje é o resultado das experiências vividas até então e, que de certo modo, não está pronto. Isto é, se somos o resultado das experiências passadas, nosso amanhã consistirá em uma pessoa diferente de quem somos hoje. Um movimento constante e inevitável rumo ao desenvolvimento.
Então, se estamos sempre por fazer é possível mudanças em todos os níveis dos quais aspiremos. A questão é: somos capazes de buscar conhecer nossa história para então construirmos, com maior autonomia, o que está por vir?
Ao buscarmos formas de aproximar nossa história de nossa realidade também conheceremos nossos limites. Certamente, esses limites podem nos surpreender e até mesmo decepcionar. Porém, quando temos o conhecimento, possuímos também a condição do possível. Ou seja, assumimos o status de “proprietários” do que queremos para nós e nos tornamos melhores artífices nessa realização.
Então, ao ampliarmos nosso limiar de conhecimentos ampliamos, por consequência, nosso rol de possibilidades. E, na análise do filósofo Heidegger, nos tornamos mais livres à medida que ampliamos nossas possibilidades, eis, assim, nossa oportunidade para exercermos nossa liberdade.
No entanto, é primordial ter em mente que a liberdade vem associada à satisfação, mas também interligada à responsabilidade. Desse modo, ao alcançarmos tal liberdade estaremos também “tocando” em responsabilidades para as quais precisamos estar atentos e, então, não sermos surpreendidos com situações causadoras de dissabores.
É essencial ao buscar a liberdade lembrarmos também da responsabilidade, pois, ao exercitarmos ambas conjuntamente, poderemos buscar conhecer o que se esconde em nossa caverna escura. E, assim, contatar situações passadas pelas quais poderíamos nos sentir amedrontados sem um real motivo para isso. Encontrando, talvez, ao invés de um monstro horrendo, apenas uma bela criança jovial a espera de aconchego.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

30 outubro 2015

OPORTUNIDADES - Problema ou Solução

Poder-se-ia afirmar que sempre há oportunidades, se encararmos tanto os problemas como as situações agradáveis de modo a esses constituírem uma possibilidade de experimentarmos algo novo.

Muitas pessoas lamentam infelicidades que fugiram ao seu controle e do quanto a vida é injusta para consigo não lhe oferecendo oportunidades reais. Mas, afinal o que são oportunidades? No dicionário encontramos a definição de oportunidade ser uma circunstância adequada ou favorável. Então, ao surgir uma situação favorável ou adequada teremos uma oportunidade. No entanto, somente nesse caso há uma oportunidade? O que podemos definir como sendo uma situação favorável ou adequada?
Uma grande empresa tem como lema não existirem problemas, mas oportunidades. Isto é, ao surgir algo que necessita de atenção especial por causar algum desconforto, há, nessa ocasião, uma oportunidade de buscarem-se modos diferentes de resolver a situação e assim alcançar um desenvolvimento inesperado.
Em nossa existência podemos pensar de maneira semelhante. Deparamos a todo o momento com situações que nos contrariam e sempre podemos escolher lidar com elas ou fugir. Dependendo do olhar que dispensarmos para tais situações o nosso modo de agir perante ela será diferente.
Ao encararmos um problema como algo desastroso, difícil de ser superado, ou uma fatalidade impossível de se fugir, utilizaremos um olhar que nos levará a sofrer de modo estagnado e sem nos permitirmos maiores reflexões em busca de alternativas.
Porém, se nosso olhar para o problema nos permitir avaliar como uma situação a qual exige de nós modos diferentes de agir, poderemos buscar alternativas nunca pensadas antes e que podem surpreender por sua eficácia e satisfação.
Portanto, poderíamos correr um risco e afirmar que sempre temos oportunidades. Ou seja, situações favoráveis e adequadas. Se encararmos tanto os problemas como as situações agradáveis de modo a esses constituírem oportunidades de experimentarmos algo novo e quiçá algo que nos traga sentimentos antes desconhecidos, como o surpreender-se com uma nova habilidade antes camuflada pelo receio de agir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga - CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

23 outubro 2015

PRESENTE, PASSADO, FUTURO – Marcando Passos?

O melhor momento pode ser o agora, pois nele reside a real possibilidade de mudança.


Diversos filmes, livros e histórias tratam da busca em voltarmos ao nosso passado e mudarmos as escolhas feitas na época, com as quais já não concordamos no presente. Não raro é ouvir alguém afirmando da alegria que experimentaria se pudesse retomar uma vivência passada e muda-la.
Nosso ser atual constitui um resultado de tudo o que vivemos até o presente. Uma simples mudança em nossa história passada alteraria drasticamente quem somos hoje. Desse modo, nos resta cuidar do que está ao nosso alcance: o presente.
Heidegger, filósofo, afirma que o adoecer reside em nos “deslocarmos” em demasia para o passado ou para o futuro. Isto é, adoecemos quando tentamos mudar o que já ocorreu, ou controlar o que está por vir.
Em muitas ocasiões pode parecer mais aconchegante as recordações das histórias agradáveis que vivenciamos em comparação com as mazelas do existir atual. Ou ainda, nos deslumbrarmos com as possibilidades futuras ainda e comparação com as dores atuais. Porém, ao nos permitirmos tal comportamento podemos perder oportunidades que se apresentam diante de nós na atualidade.
É conhecido não ser sempre uma tarefa aprazível lidarmos com o que nos solicita o hoje. Decisões, escolhas, o que é o melhor ou certo, ou ainda errado, etc. Nesses casos, a fuga da realidade para um momento onde não podemos agir pode representar um convite agradável.
Lidarmos com nossa realidade em termos de opções e escolhas pode nos amedrontar. Entretanto, quando nos permitimos cuidar de quem somos para nos proporcionarmos maior segurança em nossas escolhas, pode significar o limiar entre a satisfação e a frustração, entre adoecer e o recuperar-se.
Então, ao cuidarmos de quem somos hoje, estaremos, por conseguinte, possibilitando a chance de aprimorarmos quem seremos amanhã. E, ao considerarmos a afirmação do físico Fritjof Capra de que somos todos interconectados, estaremos também aprimorando o amanhã de tudo e de todos que partilham nosso existir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga - CRP 06/95124

16 outubro 2015

SIGNIFICADOS – Um Limiar Entre a Frustração e a Satisfação

É importante termos ao alcance de nosso entendimento alguns limites, para não iniciarmos um processo que culmine em frustrações. E deste modo, abrirmos caminho para culpas nem sempre bem-vindas e às quais prejudicariam os relacionamentos.



Em uma conversa alguém questionou o porquê de algumas pessoas fazerem coisas das quais não gostam. No exemplo comentou haver alguns conhecidos seus que não concordam com determinado tipo de comemoração, por exemplo, a passagem de ano, mas, mesmo assim, comemoram o evento com toda pompa.
Uma reflexão a respeito pode iniciar com os significados diversos que o referido evento tem para cada um. Para alguns pode significar a oportunidade de deixar para traz tudo o que, de algum modo, foi desagradável. E assim, fazer o início de um novo ano significar uma nova oportunidade para uma etapa diferente em seu conviver.
Outros podem não entender o sentido disso, tendo em vista ocorrer apenas uma mudança de dia no calendário, como ocorre com todos os outros durante todo o ano em todos os anos. Sem haver, por isso, nenhuma situação diferente para justificar tamanha mobilização como acontece.
Entretanto, podemos sempre lembrar que por sermos seres que se desenvolvem quando em grupo, estamos também subordinados há algumas regras de convivência, entre elas a de ceder, em alguns momentos, aos nossos caprichos em satisfação de outrem. Isto é, em alguns momentos nos encontraremos em situações as quais solicitem de nós o deixar de lado a satisfação de um desejo para que outro possa experimentar tal satisfação.
Então, outra questão pode tomar lugar: O que nos leva a essa atitude? Devemos entender que nem sempre estamos dispostos a tal comportamento e, deste modo, em alguns momentos poderemos nos ver em situações que nos contrariam e das quais gostaríamos de fazer sobressair nosso desejo.
A convivência em grupo, porém, nos molda de tal forma a não ser raro nos encontrarmos inibindo alguns desejos nossos em benefício de alguém que nos é caro. Certo, contudo, é muitas vezes nos depararmos com diversas repressões que nós mesmos nos impomos. Talvez no intuito de permitir àqueles que nos são queridos experimentar a satisfação.
Mas, é importante termos ao alcance de nosso entendimento alguns limites, para não iniciarmos um processo que culmine em frustrações. E deste modo, abrirmos caminho para culpas nem sempre bem vindas às quais prejudicariam os relacionamentos, especialmente com aqueles a quem mais queremos agradar.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

09 outubro 2015

DESFECHO - Ponto de Partida para Novas Possibilidades!

O final de uma história pode desvencilhar um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de satisfação ou mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.

Há alguns anos um seriado de TV infantil apresentava um bebê dinossauro que em algumas ocasiões pedia que repetissem algum comportamento dizendo a frase: de novo! A princípio e superficialmente era cômico. Porém, ao refletir um pouco a respeito dessa necessidade que temos, nem sempre nos damos conta que alguns de nossos comportamentos são reproduzidos devido ao desejo de experimentarmos determinada sensação muitas vezes mais.
Quem não dispôs da oportunidade de observar uma criança a qual ao gostar de certa história pede para que lhe contem novamente, ou para ver um filme ou mesmo um episódio de algum seriado repetidamente? Claude Lévi-Strauss, antropólogo, em um estudo sobre mitos e contos de fadas argumenta sobre necessidades emocionais que impulsionam a criança a fazer tal solicitação, de modo que essa experimenta, ao final da tal história, um desfecho o qual lhe proporciona bem estar, uma sensação de satisfação ou mesmo de resolução de algo indefinido, porém, presente.
Se buscarmos na memória não será difícil encontrarmos alguma da qual gostamos e não nos cansamos de rever. A pergunta é: o que em mim se resolve ou alivia quando vejo essa história? Pode ser um filme que assistimos ou mesmo um livro o qual relemos diversas vezes, mas o fato é que ao entrarmos em contato com ela, nos sentimos, de algum modo, bem.
Em um primeiro momento a idéia de sentirmos alívio ou satisfação com histórias fictícias parece surreal. Será que é? Na rotina em que vivemos nem sempre prestamos atenção em detalhes presentes em nós. Certamente temos um tipo de história de nossa preferência seja um romance, ficção científica, vampiros e bruxas ou mesmo simples aventuras, mas o fato é até que ponto esses temas falam por nós ou... para nós?
O exercício de se conhecer mais intimamente pode parecer redundante, tendo em vista estarmos o tempo todo em contato com nós mesmos. Mas, será que realmente estamos em contato conosco ou estamos apenas “nos deixando levar pelo fluxo” sem maiores atenções aos detalhes ao nosso redor e presentes em nós? Nem todas as perguntas que fazemos podem ser respondidas de imediato. Algumas questões que elaboramos proporcionam possibilidades de reflexões e, portanto, demandam maior atenção.
Porém, o importante é exercitarmos a nos questionar em diversos aspectos, para permitirmos que nos coloquemos em situação de pensarmos a nosso respeito e assim, sermos capazes de nos desenvolver em cada contato, seja ele com alguém ou com uma simples e inofensiva história a qual nos proporciona algum desfecho que nos permita vislumbrar novas alternativas.


Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

01 outubro 2015

EM BUSCA DE SATISFAÇÃO PESSOAL

Rever nossos comportamentos e atitudes de modo a podermos assumir outro modo de agir pode nos levar a experimentar uma sensação de vitória e serenidade.


É comum nos vermos em situações desagradáveis que causam desconforto. Não raro também é entendermos que a responsabilidade por tal situação é qualquer um, exceto nós mesmos e, sendo assim, nos prepararmos para a defesa do nosso bem estar.
É sensata a iniciativa de nos protegermos e fazemos isso até mesmo sem nos darmos conta. Nosso corpo e nossa mente trabalham, a todo o momento, para preservar nosso bem estar, seja ele físico ou mental. Poderíamos ir um pouco além e afirmarmos que para ficarmos “loucos” precisamos muito desejar isso devido ao fato de estarmos aparatados para oposto, ou seja, nosso corpo e nossa mente tentam nos proteger o tempo todo.
Podemos não nos dar conta, mas se prestarmos atenção às nossas reações poderemos encontrar momentos numa determinada situação que se tornou “grande” demais para suportarmos. Uma sonolência ou uma desatenção, portanto, fez com que nos afastássemos um pouco daquilo que nos perturbava. E após esse “lapso” fomos capazes de enxergar a situação de um modo a ser possível outra avaliação da mesma.
Porém, em alguns momentos podemos ser levados a assumir algumas posturas às quais nem sempre estamos atentos. O importante é pensar qual motivo nos leva a buscar essa ou aquela atitude. É comum nos sentirmos incomodados com alguma situação e iniciarmos um comportamento para nos satisfazer num primeiro momento. Contudo, após algum tempo essa satisfação pode nos perturbar e então vem a dificuldade em perceber o que realmente nos incomoda.
O desejo do bem estar imediato nos leva a atitudes para amenizar nossos sofrimentos momentaneamente. E então nos leva a esquecer que as dores são consequências de algo e que ignorar esse algo pode tornar crônica uma dor que poderia ser passageira.
Atentarmos para esses comportamentos e atitudes, os quais temos diante de situações desagradáveis, pode nos levar a uma avaliação do por quê determinada decisão foi feita. E então, sermos capazes de rever esses comportamentos e atitudes de modo a podermos assumir outro modo de agir que permita a solução efetiva do mal estar, levando-nos a poder experimentar uma sensação de vitória e serenidade.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com 

25 setembro 2015

REENCONTROS

Vivemos preocupados com nossas responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja, itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”.  

Numa mensagem eletrônica o tema versava sobre as pessoas que fazem parte de nossa vida. Nessa, destacava-se principalmente a existência de pessoas as quais passam por nós e que podem demorar-se ou não. Há aquelas em que a passagem é rápida, mas deixam marcas “eternas”, ou ficam tempo “demais” por não conseguirem marcar em nada sua presença. Há ainda, quem deixe saudades com sua partida definitiva. Ou seja, ao longo de nossa existência estabelecemos diversos contatos de modo que alguns nos deixam muito saudosos.
O tempo pode, porém, nos fazer “esquecer” desses contatos que nos deixam saudosos. Talvez seja um mecanismo para conseguirmos sobreviver à distância de quem, de certa maneira, “alimenta” o nosso existir. Pois, somos seres sociais e a companhia do outro nos é fundamental para o desenvolvimento pessoal.
Em muitas ocasiões lamentamos as saudades, mas nem sempre conseguimos fazer nosso tempo alcançar aqueles responsáveis por elas de modo a saciar nossa sede de encontro, ou melhor, reencontro.
Reencontrar nos proporciona no mínimo uma surpresa. Muitas vezes buscamos uma imagem guardada na memória e, em algumas ocasiões ela é diferente da real. Mas o reencontro traz uma emoção a qual nos permite relembrar. E, somente colocamos em prática essa experiência se nos permitimos nos relacionarmos.
Quando ficamos muito tempo distante de alguém, não dias ou semanas, mas anos, pode acontecer de não nos atentarmos ao carinho que sustentamos por esse alguém. Basta um reencontro, no entanto, para que todos os sentimentos ressurjam. Então, o desejo de usufruir o máximo possível da oportunidade de estar próximo daquele que é depósito de nosso carinho nos invade e uma nova separação é difícil.
Vivemos preocupados com nossas responsabilidades: compromissos, contas a pagar, filhos a educar, ou seja, itens que tornam nossos dias ocupados “em excesso”.  Deixamos para segundo, terceiro, quarto, quinto... plano, o cuidado com nossas emoções. Aquelas que permitem nos sentirmos abastecidos para suportar as dificuldades e as solicitações diária.
Uma das principais justificativas a utilizarmos para adiar os reencontros é não disponibilizarmos de tempo para tal empreitada. Muitas vezes, ficamos na expectativa de alguém ter a iniciativa de um movimento para proporcionar uma reunião. Talvez, um dos principais motivos para não conseguirmos nos mobilizar em prol desse movimento seja nossa própria desorganização, que não permite distribuirmos nosso tempo de modo eficaz, para então sermos capazes de proporcionar a nós mesmos os reencontros que nos abastecem de sentimentos os quais chegamos, até mesmo, a esquecer.
Buscar formas, portanto, de nos organizarmos melhor para encontrar maneiras de atentarmos para nós mesmos e ao nosso modo de ser, pode ser uma alternativa para sermos capazes de nos mobilizarmos em prol do cuidado com nossos sentimentos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

18 setembro 2015

ESSÊNCIA - EU COMIGO

Ao nosso modo de ser, de agir e pensar, que norteiam nosso comportamento, podemos chamar de essência. Mas, nem sempre nos dispomos a prestar atenção a esse fato.


Ao resolver redecorar um ambiente podemos mudar a moldura de um velho quadro. De acordo com nosso desejo podemos colocar uma moldura mais chamativa para atrair a atenção para o quadro ou ainda, uma moldura mais discreta para que este não se destaque muito no ambiente. O interessante a se ter em mente é que o quadro é o mesmo, isto é, sua essência não mudou. O que mudou é o ornamento ao redor desta essência que ora o faz sobressair-se, ora o coloca numa posição de menor destaque.
De uma maneira semelhante podemos pensar em relação a nós mesmos. Dependendo da atividade que exercemos em determinado momento, nos colocamos em evidência ou nos ocultamos. Em essência, porém, somos sempre nós. É óbvio que mudanças ocorrem constantemente ao nosso redor e em nós mesmos. Mas há algo que alicerça, que nos mantém seguros e confiantes em nós mesmos, que faz parte de nossa história pessoal e o qual nos construiu ao longo de nosso existir. Sendo assim, constitui algo indispensável para que continuemos a nos desenvolver.
Porém, essa confiança em nós pode se apresentar abalada e com isso teremos dúvidas sobre o que somos, ou não, capazes de realizar. E se atentarmos para nossa essência seremos capazes de nos compreender e então, sermos exigentes conosco numa proporção a qual não nos leve a duvidar de nosso potencial naquele momento.
O mais importante, entretanto, é refletir se estamos satisfeitos com essa essência, ou ainda, se a entendemos. Todos temos um modo de ser, de agir e pensar que norteiam nosso comportamento e a isso podemos chamar de essência. Mas, nem sempre nos dispomos a prestar atenção a esse fato.
Usualmente as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Drumond de Andrade afirma: “meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...” em muitas ocasiões nos perdemos atentos a fatores os quais não apresentam tanto significado para o nosso existir.
Contudo, se buscamos realizações é essencial nos conhecermos e, especialmente compreendermos quem realmente somos em essência para que as decisões a serem tomadas possam ser, a cada dia, mais verdadeiras e proporcionar, assim, segurança e satisfação.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

11 setembro 2015

INIMIGOS - PODEMOS NOS PROTEGER

O conhecimento de si próprio pode proporcionar uma importante ferramenta no sentido de nos protegermos de nossas investidas contra nós mesmos.


Nas palavras do filósofo e teólogo Jean-Yves Leloup não há nada nem ninguém a temer a não ser a nossa própria fraqueza ou covardia.  Ele ainda afirma que talvez jamais tenhamos tido outro inimigo além de nós mesmos.
Ao refletirmos a respeito dessas afirmações podemos experimentar o impulso de nos colocarmos em situação de defesa e encontrarmos diversas justificativas para não estarem diretamente ligadas a nós e legitimarem os nossos “fracassos”. Ao longo de nossa existência costumamos sonhar com diversas situações das quais apenas algumas se concretizam. A frustração parece ser um sentimento que ronda como um companheiro fiel, sempre pronto a se manifestar quando solicitado.
As palavras incitando que nossa fraqueza ou covardia nos impede o crescimento pessoal, em um primeiro momento soam como desalentadoras, levando-nos ao impulso de entendermos que não somos capazes das conquistas almejadas porque somos nossos próprios inimigos e, sendo assim, não temos como escapar de tal “armadilha”. Será que não há escapatória?
O que é chamado de fraqueza ou covardia pode ser pensado como limitação. Todos nós temos nossos limites, porém eles são passíveis de serem ampliados e, sendo assim, aquele que seria nosso inimigo, eu mesmo, pode se tornar nosso principal aliado.
Entretanto, nem sempre conseguimos tal objetivo sem ajuda. O ser humano vive em grupo e complementa seu existir ao relacionar-se. Mas, nem sempre estamos atentos para o modo como nos relacionamos. Não nos damos conta de que há um padrão nesse modo de ser. E, o meia importante é que esse padrão pode ser conhecido e desenvolvido de modo a satisfazer nossos anseios.
Quando nos permitimos o auxílio no sentido de nos desenvolver abrimos espaço para o contato com o novo. E ao nos conhecermos possibilitamos possíveis transformações que podem nos levar às conquistas sonhadas, mas que ao longo do existir podem ter sido deixadas a um segundo plano devido às dificuldades experimentadas ao longo das tentativas de realização das mesmas.
Então, se somos nossos próprios inimigos, cabe também a nós a iniciativa de uma jornada rumo a mudança desse aspecto, para nos tornarmos aliados de nossos planos aos quais estão interligados com nossas realizações. E se somos quem pode mudar nosso próprio caminho não significa haver a necessidade de praticar essa mudança sozinho, ou seja, podemos permitir e contar com o amparo do outro.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

04 setembro 2015

RELACIONAMENTOS - QUEM SOU EU?

A construção de nosso Eu trespassa as relações de nosso dia-a-dia e ao observá-las podemos conhecer um pouco mais sobre quem somos.

Desde o momento em que nascemos iniciamos uma relação com nossos pais ou cuidadores e a partir deste ponto damos início ao nosso desenvolvimento como seres individuais e interligados. Ao longo de nossa história de vida diversas pessoas irão participar da construção de nosso ser. Isto é, quando nos relacionamos com toda a diversidade de seres ao nosso redor, estamos, a cada momento, adicionando uma nova experiência em nosso desenvolvimento que será um fragmento de quem seremos como indivíduos.
Podemos ouvir alguém dizer que sua vida seria diferente se tivesse seguido outro caminho. Com certeza seria diferente, mas seria melhor? Talvez sim. Porém, uma questão um pouco mais profunda pode emergir. Ter uma vida diferente nos tornaria outra pessoa? Quem seria esta pessoa? Gostaríamos dela? Talvez não seja possível responder com exatidão a essas questões, mas formulá-las nos possibilita olhar de modo diferente quem somos hoje. E termos capacidade de apreciar essa pessoa que somos ou de modificá-la, se julgarmos necessário. No entanto é importante lembrar que toda mudança exige uma iniciativa que nem sempre é fácil, mas que solicita nossa mobilização.
Interessante chegar a esse ponto. Porque iniciamos falando sobre nosso desenvolvimento quando em contato com nossos pais ou nossos cuidadores e isso significa que as relações diversas fazem parte de quem seremos ao longo do tempo. Sendo assim, o outro tem papel fundamental na pessoa que nos tornaremos e nem sempre estamos atentos às pessoas com quem nos relacionamos, nem sempre ouvimos com atenção ou dedicamos um pouco do nosso tempo em entendê-las.
Como vemos o outro em nossas vidas? É muito comum nos dias de hoje alguém afirmar não ter tempo ou que está com pressa e que o tempo não é suficiente para fazer tudo o que deseja. Então, se não temos tempo para fazer o que queremos obviamente não teremos tempo para observar o outro. Com certeza vivemos um momento no qual muitas coisas são exigidas de nós tendo em vista a competitividade que vivenciamos e nos desafia diariamente. Mas se nos esquecermos do quão importante é o outro em nossa existência como seremos capazes de termos relacionamentos satisfatórios?
Quando nos relacionamos temos a oportunidade de nos conhecermos também. Num exercício simples podemos observar nossa reação diante de um fato corriqueiro ou ainda, diante de uma situação que exija um pouco mais de cautela na avaliação. A partir de nossas respostas ao comportamento alheio podemos ter como “termômetro” quem somos naquele momento. Mas nem sempre estamos aptos em saber quem realmente somos. Porém, se não nos conhecemos como seremos capazes de solucionar as dificuldades que nos afligem?
Deste modo, quando buscamos maneiras de nos conhecermos, estamos também melhorando nossos relacionamentos e por conseqüência nos permitimos olhar e vivenciar experiências que poderão nos levar a um desenvolvimento de nós mesmos, permitindo o início de uma reforma interna que poderá culminar em uma satisfação pessoal que contagia todos ao nosso redor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124 
Email:marciabcavalieri@hotmail.com                                                                                                                



28 agosto 2015

NECESSIDADES: EU PRECISO!

O conhecimento acerca de nós possibilita uma melhor definição de nossas necessidades.

Costumamos afirmar termos a necessidade de fazer algo ou de alcançar determinado objetivo. Temos metas a atingir e nos voltamos ao resultado com todas as nossas forças. Porém, algumas questões podem ser feitas: de onde veio essa necessidade? Será que as nossas necessidades foram pensadas por nós, ou simplesmente nos deixamos levar pelas sugestões e solicitações externas, ou seja, pelas relações que temos com o mundo e com os outros?
Não é raro nos envolvermos em determinado projeto de vida e não atentarmos ao modo como chegamos a ele. Não pensamos de modo a refletir nos reais motivos os quais nos levaram a determinada decisão. Nos habituamos ao modo como vivemos, às decisões sem atentarmos para as particularidades envolvidas nas consequências delas.
Vivemos em uma cultura na qual o fazer é mais importante que o pensar – “De pensar morreu um burro”, frase repetida diversas vezes por nós e que, se refletirmos sobre sua “mensagem” podemos concluir que devemos deixar de lado o pensar, pois é tarefa de quem não tem o “privilégio” da inteligência. Podemos e devemos fazer uso da memória que temos e assimilar o maior número de informações possível, mas pensar sobre elas é algo dispensável.
Quando pensamos sobre nossas necessidades observamos, por consequência, as possibilidades que nos cercam. A psicóloga Ana Maria Feijoo afirma que o movimento necessidade-possibilidade é indispensável para que não fiquemos aprisionados naquilo que o social e as normas “mandam”. Então, é preciso que pratiquemos o pensar em nossas necessidades e nas possibilidades diversas para que continuemos nos movimentando e, dessa forma, nos desenvolvendo continuamente e nos permitindo mobilidade diante dos fatos e situações.
Se não nos arriscamos a pensar corremos o risco de nos prendermos ao necessário estabelecido externamente a nós. Isto é, se não analisarmos quem somos e o que queremos não temos como sermos senhores de nossas escolhas. E assim, nossas necessidades não possuem solidez, mas fragilidade diante da ilusão de uma necessidade que pode não pertencer à nossa realidade.
Ao colocarmos em prática a nossa possibilidade de cuidar de nós e de nossas escolhas, assumimos uma postura de confiança nos resultados que somos capazes de atingir. Com isso, permitimos que nosso rol de possibilidades se torne cada vez mais amplo e nossas decisões mais prazerosas.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

21 agosto 2015

CURA: QUAL O MELHOR REMÉDIO?

Em busca da cura o auto-conhecimento pode ser a melhor solução, porém não a mais fácil.


Uma forte herança do olhar médico nos conduz a busca da cura para qualquer mal-estar que experimentemos, independente de constituírem a ordem física ou psíquica. No entanto, uma questão pode emergir ao atentarmos para sintomas os quais não constituem algo “aparente” em nosso corpo físico. O que significa a cura?
Se considerarmos que todos têm um modo de ser e, especialmente, de comportar-se, seremos induzidos a acatar a possibilidade de sermos diferentes. Isto é, de acordo com nossa história teremos um modo diferente de ser, agir e reagir. Então, a cura pode ter representações diferentes para cada indivíduo.
Se cada um de nós possui um tipo de cura, isto é, cada um experimenta um tipo de bem-estar individual, talvez seja de suma importância nos conhecermos, para assim, nos habilitarmos a compreender o que constitui o melhor e mais adequado para nossa existência bem como nosso bem-estar.
A atualidade visa à generalização e padronização. Não se pode negar os benefícios que esse modo de agir pode proporcionar, especialmente para as máquinas. No entanto, não é salutar nos esquecermos de que não somos como elas. Ou seja, somos indivíduos singulares com particularidades únicas.
Desse modo, o generalizar assume um caráter nocivo em oposição ao salutar. Ao respeitarmos nossas diferenças e singularidades, no colocamos em uma condição na qual a minimização de nossos “sintomas” indesejáveis ocorra.
Ao conhecer e compreender quem somos e como somos, isto é, ansiosos, depressivos, calmos, rápidos, etc., também permitimos a nós mesmos a oportunidade de aprendermos a lidar com quem somos. Pois, quando exercitamos o respeito aos limites de modo geral, tanto o nosso como o alheio, colocamos em prática a possibilidade de visualizarmos um maior número de alternativas para nossas opções.
Assim, experimentamos uma imensa sensação de liberdade, tendo em vista que ao nos mantermos estáticos em um ponto de vista limitamos nossa capacidade de “ver” e, da mesma maneira, nossa chance de conduzir de modo mais a nosso contento quem somos e como desejamos lidar com as situações diversas. Por isso, a busca da cura permeia o conhecimento de nós mesmos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

14 agosto 2015

LUTO: A DESPEDIDA NECESSITA DE TEMPO

Quando um final é inevitável, o tempo pode ser um acalento.



Ao nos depararmos com algum tipo de separação definitiva somos “apresentados” ao luto. Isto é, a tristeza conectada a perda a qual fomos submetidos e o tempo necessário para nos refazermos dessa dor.
Em nossa sociedade atual o presenciar a dor pode constituir algo da ordem do dispensável. O ideal, ou seja, aquilo que representa o mais adequado na ordem geral, é que tal dor ocorra por um espaço de tempo tal que não desperte consternação em qualquer outro que participe de nosso convívio. Pois, se não nos é simples lidar com nosso próprio luto, mais difícil será o lidar com o de outrem.
Entretanto, o tempo necessário para que a dor da perda possa ser amenizada não é algo possível de ser mensurado de maneira geral para todos os indivíduos. Cada um de nós tem sua própria maneira de lidar com sua própria dor e o tempo necessário para isso não constitui regra que pode ser generalizada de modo absoluto.
Sendo assim, pode ser uma tarefa razoavelmente difícil respeitar o tempo de luto daqueles os quais fazem parte de nossa rede de contato, tendo em vista que nem sempre estamos aptos a suportar a dor alheia sem que nos cause algum tipo de constrangimento, do qual, consciente ou inconscientemente tentamos nos afastar.
Quando em contato com a nossa perda, buscamos modos extremamente particulares de lidar com ela. No entanto, a dor do outro nem sempre nos é compreensível ou passível de ser adequadamente considerada. Assim, incorremos no risco de nos comportarmos afoitamente na ânsia de não mais presenciarmos o processo do outro em sua batalha com o seu penar.
Porém, por mais que nosso desejo seja o de rapidamente “esquecermos” o que nos causou pesar. Todos nos envolvemos no processo que culmina na capacidade em sobreviver à dor. Há quem busque substituir o que foi perdido e esse comportamento pode ser o suficiente para muitos. Contudo, não é algo que pode ser generalizado.
Então, no nosso processo em lidar com a perda, é necessário, também, exercitarmos a compreensão do limite do outro em lidar com a própria dor. Para assim, nos habilitamos a compartilhar da sobrevivência que acompanha o luto. E, desse modo, compartilharmos em tempo semelhante a superação do processo de refazimento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


07 agosto 2015

POBREZA

O valor de acordo com satisfação e frustração.


Há diversas teorizações a respeito de pobreza e do que consiste o ser pobre. Pode-se, sob um ponto de vista, afirmar ser pobre quem não possui bens materiais, ou ainda aquele que não possui qualidades “nobres”.  Tal avaliação dependerá do parâmetro de avaliação utilizado.
Podemos, contudo, voltar nossa atenção para o existir e buscarmos maneiras para compreender qual o “valor” de nossa existência.  Ou seja, vivemos de maneira “pobre ou afortunada”?
Ao voltarmos nossa atenção a um único propósito incorremos no risco de reduzirmos as oportunidades de satisfação com nosso existir, visto que aumentamos as possibilidades de frustração com o objetivo não atingido.
Focalizando nossa energia no intuito de alcançarmos um objetivo exclusivo traçado por nós, diminuímos nossas possibilidades de satisfação, pois ao depositarmos nossa atenção em um único foco, minimizamos nossas chances de experimentarmos a plenitude. Assim, poder-se-ia considerar tal existir como sendo “pobre”.
Ao nos permitirmos relacionamentos diversos, nos colocamos em uma posição na qual as oportunidades de decepção ficam dirimidas no volume. Isto é, se nos relacionarmos com diversas situações e pessoas, ao perdermos uma delas, no montante total a sensação de perda será minimizada pelas outras relações as quais temos. E, igualmente, aumentamos nossa chance de superarmos a dor da perda.
Se nosso círculo existencial é reduzido a uma única atividade com um número reduzido de pessoas, ao experimentarmos algum tipo de frustração em relação a alguém de nosso círculo ou à atividade exercida, será mais penoso superarmos a dor da frustração. No entanto, se nosso dia-a-dia é permeado de diversas atividades, a perda de uma delas irá, apenas, representar uma a menos.
Então, se desejarmos “enriquecer” nossa existência para focalizarmos na plenitude de nosso existir, é necessário ampliarmos nosso universo pessoal, de modo a elevarmos o número de oportunidades nas quais podemos alcançar o sucesso de nossos desejos, transformando, desse modo, a “pobreza” em “riqueza”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124