20 abril 2017

INDIVIDUALISMO X INDIVIDUALIDADE


O individualismo constitui, filosoficamente, uma doutrina ou atitude que considera o indivíduo como a realidade mais essencial ou como o valor mais elevado.

Em tudo há uma medida em que, quando ultrapassada, pode assumir uma característica nociva. É de suma importância cuidarmos de quem somos de um modo ativo. Assim, constitui algo salutar o nosso cuidado conosco de modo a preservarmos nossa individualidade. Pois, dessa forma, minimizamos o risco de nos perdermos quando envolvidos com algum sentimento que poderia reduzir a transparência de nossa personalidade.
Entretanto, é necessário atentarmos para o fato de que vivemos em grupo, e precisamos uns dos outros para que tenhamos um referencial o qual nos permita identificarmos, com clareza, quem somos.
O individualismo constitui, filosoficamente, uma doutrina ou atitude que considera o indivíduo como a realidade mais essencial ou como o valor mais elevado. Assim, cada um que faz parte de uma sociedade tem um papel relevante nela. O físico Fritjof Capra em seu livro “O ponto de mutação” afirma sermos intensamente relevantes para a sociedade pelo fato de sermos todos interconectados. De acordo com o autor, a interconexão representa o fato de sermos “tocados” a todo o momento por nossas atitudes, assim como pelas atitudes daqueles que compartilham a existência conosco e assim consecutivamente.
O sociólogo Zygmunt Bauman chama a atenção para o fato de o momento social atual tanger o que ele denomina Hiper-individualismo, que segundo o sociólogo, constitui um comportamento no qual o que não me atinge particularmente não consiste em algo da minha realidade, não necessitando, por isso, meu cuidado ou atenção. Desse modo, incorremos no risco de agirmos como se o outro não possuísse representação significante em nosso existir.
Esse modo de agir pode explicar o fato de presenciarmos comportamentos diversos os quais nos convidam a refletir sobre o egoísmo. Isto é, um modo agir como se nada mais fosse importante do que o bem estar próprio e individual.
Contudo, é bastante comum presenciarmos fatos ou afirmações as quais nos permitem observar atitudes que lesam ou ao menos melindrem, de algum modo, o outro. Então, se nos propusermos a cuidar de nós de modo a conhecer nossos potenciais e limites, poderemos nos habilitar, por conseguinte, a perceber de uma maneira mais eficiente o outro e seus sentimentos e desejos. Nos habilitando, assim, a avaliarmos de modo mais eficiente nosso comportamento.
Por isso, ao nos movimentarmos em prol de nossa melhoria, poderemos, na mesma medida, aprimorarmos os relacionamentos diversos pertinentes ao nosso dia-a-dia e, assim, proporcionarmos um movimento mais amplo no sentido de um desenvolvimento coletivo tendo em vista a interconexão definida por Capra.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

11 abril 2017

QUANDO ME APAIXONO

Quando se está apaixonado por algo ou alguém experimentamos um entusiasmo muito grande, portanto a sensação de estarmos recarregados é praticamente inevitável.

Mais frequente do que gostamos escutamos alguém falar em desespero. Dele próprio ou de alguém de seu círculo de convivência. Sendo assim, estamos a todo o momento sujeito a nos depararmos com alguém, quiçá nós mesmos, em situação semelhante.
Tal sentimento pode permear um simples desânimo em relação a algo muito desejado até o perder totalmente a esperança de esse desejo ser satisfeito. Podemos experimentá-lo em diversos graus e por períodos diferentes. Ou seja, podemos nos manter em desespero por um tempo curto ou longo e isso pode ocorrer com maior ou menor frequência.
Lídia Rosenberg Aratangy, psicóloga, destaca o fato de às vezes o sofrimento ser tanto que a ideia de continuar vivendo parece intolerável. E afirma que para sair do desespero e do luto necessita-se de uma paixão. Isto é, todos estão sujeitos ao sofrimento que pode culminar em sensação de desespero, mas, segundo Lídia, a paixão pode representar uma forma de sobrepor-se a tal situação.
Quando se está apaixonado por algo ou alguém experimentamos um entusiasmo muito grande. Portanto a sensação de estarmos recarregados é praticamente inevitável. Podemos nos apaixonar por alguém que surge em nosso caminho ou porque já faz parte de nosso cotidiano. Pode-se, ainda, apaixonar-se por uma atividade, seja ela vinculada ao trabalho ou mesmo ao lazer.
O importante parece ser nos vincularmos a algo para nos ser proporcionada uma sensação de completude. Atualmente o vincular-se não assume lugar de grande importância em nosso dia-a-dia. Porém, pode ser a falta do vínculo uma das causas de sermos levados a experimentar sentimentos de desalento e angústia com maior frequência do que gostaríamos.
Então, se o apaixonar-se pode ser uma oportunidade para experimentarmos uma existência mais envolvida com sensações de satisfação e distanciada da dor, podemos iniciar um processo no qual nos disponibilizemos a nos vincularmos às atividades e às pessoas do nosso círculo. Assim, possibilitaremos o exercício de nos apaixonarmos com maior frequência. E proporcionaremos a nós mesmos a chance de nos distanciarmos das situações ocasionadoras de dor e sofrimento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124