24 abril 2015

INTERCONEXÕES

Há algum tempo fala-se em individualismo, autores atuais destacam ainda o hiperindividualismo. De um modo simplificado, no individualismo o indivíduo é responsável por suas conquistas e derrotas, no hiperindividualismo além deste indivíduo ser responsável por sua sorte vai um pouco além: nada o perturba desde que não esteja em sua “porta”, isto é, se há uma catástrofe e ninguém próximo a ele está envolvido, tudo bem, se falta energia em seu bairro, mas em sua casa não, tudo bem.
Fritjof Capra, físico e escritor, autor do livro “O ponto de Mutação”, destaca neste a interconexão entre os seres. Somos todos tocados pelos atos e decisões de todos. Neste caso qualquer atitude nossa influencia tudo ao nosso redor. Então aquela ideia sobre a sorte de nosso vizinho não nos dizer respeito porque não nos atinge diretamente está equivocada, pois se nossos atos afetam a todos, os dos outros também nos afeta.
Num primeiro momento essa ideia pode parecer assustadora. Tudo o que fazemos e as decisões que tomamos “tocam” aqueles que estão próximos a nós e vice-versa? E em maior escala, influenciamos o que acontece no mundo também? Capra, entre outros autores, afirma que sim e atualmente observamos diversas discussões a respeito da importância de nos tornarmos cidadãos conscientes para podermos prevenir futuras catástrofes em relação ao clima, por exemplo.
Se pensarmos que somos livres para escolher e que nosso olhar permeia todas as nossas decisões porque está repleto das experiências por nós vividas, podemos dizer que está em nossas mãos as possibilidades de mudança. Teoricamente parece simples, mas será que na prática é tão simples assim? Será que sabemos onde buscar auxílio para alcançar tal objetivo?
Se reduzirmos um pouco este contexto e deixarmos de pensar por alguns momentos que nossos pequenos atos podem afetar o mundo todo, como essa interconexão ocorre em nossos relacionamentos? Se nossas atitudes fazem parte da vida daqueles com quem nos relacionamos o que fazer quando uma relação não vai bem? Temos autonomia para conseguir mudanças em um relacionamento antigo?
 Levando-se em conta os autores citados acima a resposta é sim, temos autonomia para alcançar tais mudanças, mas essa tarefa não é fácil e rápida como nosso momento atual geralmente solicita. As mudanças que ocorrem em nosso comportamento afetam o comportamento de quem convive conosco. Assim, quando buscamos maneiras que nos ajudem a refletir sobre as diversas situações em nossa vida e com isso conquistamos um conhecimento mais apurado de nós mesmos, damos um passo à frente no alcance de nossa autonomia para conseguir mudanças.
Hoje buscamos respostas e soluções rápidas esquecendo-nos que se uma situação perdura por muitos anos não é de um dia para o outro que tudo irá se resolver, mas esse pensamento muitas vezes nos leva a desistir de tentar, relegando a um segundo plano nossa realização pessoal, o que não deveria acontecer tendo em vista nossa sorte interferir em tudo ao nosso redor.
Sendo assim, estando interligados é importante buscarmos alternativas para estarmos bem conosco, para então sermos capazes de oferecer uma boa interferência nessa interconexão que nos coloca “responsáveis” por tudo ao nosso redor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

17 abril 2015

ESCOLHAS X CONSEQUÊNCIAS

Um jovem querendo desafiar a sabedoria de um velho sábio planeja esperá-lo em determinado ponto do caminho e lhe perguntar se um pássaro que tem nas mãos está vivo ou morto. Se o sábio afirmar que o pássaro está vivo ele o esmaga, se a resposta for que está morto ele então o apresenta vivo. Quando o tal sábio aparece no caminho, o rapaz coloca em ação seu plano. E a resposta do sábio é: o destino deste pássaro está em suas mãos.
Para o filósofo Jean Paul Sartre somos escravos de nossas escolhas, tendo em vista sermos livres para escolher, porém submetidos às suas consequências. Para o filósofo Heidegger somos também capazes de ampliar nosso rol de possibilidades, aumentando o número de alternativas disponíveis. Sendo assim, a nossa liberdade é poder escolher entre diversas possibilidades, porém, qualquer escolha implicará em uma consequência ética.
Em alguns momentos parecemos apenas joguete das situações e não é difícil encontrar um culpado pelo sofrimento ou dor que vivenciamos. Mas, numa reflexão mais apurada podemos encontrar mais de uma possibilidade de escolha, e ao atentarmos para a alternativa rejeitada poderemos imaginar outro caminho que poderíamos ter percorrido. Refletindo ainda mais, não será difícil entendermos que a decisão final partiu de nós. Pode-se até buscar opiniões, sugestões ou quem nos diga exatamente o que fazer, mas a decisão será sempre nossa. E é essa a nossa liberdade essencial segundo Sartre.
Ao longo de nossa existência vivemos diversas experiências as quais fazem parte de nossa história pessoal e que permeiam nossas decisões. A lembrança dessas nos remete à uma possível “previsão” das consequências de escolhas futuras. Contudo, o quanto somos capazes de uma análise reflexiva quando envolvidos em certo problema, tendo em vista que nossas emoções afloram e, sentimos ser impossível decidir qual o melhor caminho? Nestes momentos é confortável encontrarmos alguém para nos dizer o que fazer. Mas será alguém, além de nós, capaz de um julgamento claro e sensato para as decisões que interferem em nossa vida?
Vivemos em grupos e nosso desenvolvimento se dá nos nossos diversos relacionamentos. Sendo assim, buscar outra opinião torna-se um caminho atraente quando estamos diante de uma escolha difícil. Mas quem melhor para conhecer nossas experiências, desejos e necessidades além de nós mesmos? Pode parecer melhor deixarmos nas mãos de outro a responsabilidade da decisão e, deste modo, ao aparecerem as consequências, poderemos responsabilizar quem nos “mandou” optar por “aquele” caminho.
Algumas vezes imagino estarmos em uma roda - a roda da vida. E essa, gira numa velocidade que não nos permite enxergar tudo ao nosso redor, de repente algo acontece e nos vemos em uma situação difícil, beirando o insuportável. Somos forçados a parar e olhar. Nesse momento pode-se pensar que fomos obrigados a deixar a roda e olhar para tudo que está ao nosso redor, para assim, vermos as opções que temos e decidir qual caminho seguir. Talvez, se atentássemos aos pequenos detalhes não precisaríamos de situações difíceis para nos tirar da roda.
Responsáveis ou não pelas consequências de nossas escolhas, podemos começar com pequenos gestos rumo ao conhecimento de nós mesmos. Quando nos permitimos apreciar os detalhes aprendemos a vê-los, e quem sabe encontraremos mais tempo para as coisas que nos dão prazer e que realmente alimentam nosso existir. Para isso é necessário nos conhecermos melhor para identificarmos de modo mais eficiente os nossos desejos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com



10 abril 2015

PERDÃO

Talvez uma tarefa das mais difíceis pode consistir a de perdoar. Há quem experimente extrema dificuldade em desculpar, inclusive, os próprios erros. Ou ainda quem não seja capaz de suportar uma falta cometida contra si. Importante nesses momentos pode ser uma reflexão a respeito do significado do erro, bem como o que representa desculpá-lo.
Nas muitas ocasiões em que conseguimos perdoar podemos, ainda, experimentar algum tipo de desconforto. Alimentamos a ideia de que o perdoar permite nos esquecer de todo o ocorrido. Porém, esquecemos que além da dor há um significado para o acontecido. E se não nos dispusermos a refletir sobre ele, o desconforto pode levar mais tempo do que desejamos para ser amenizado.
Então, ao nos propormos a lidar com algo que consideramos “agressivo” para nosso bem estar, é necessário assumirmos o compromisso com a verdade a respeito desse fato. Tanto em relação ao acontecimento em si como ao seu significado para nós e para as relações nele envolvido, se faz relevante a busca de uma ampla compreensão a respeito do ocorrido, incluindo o conhecimento acerca das nuances relevantes e ao que a situação denota.
Vivemos em relação ao tempo e sua representação varia para cada um de nós e para cada momento vivido. Não é raro alguém relatar a velocidade do tempo quando vivenciando algo prazeroso, bem como sua lentidão quando experimenta-se algo desagradável. Sendo assim, podemos concluir que o tempo está relacionado com o significado dele para cada um, de modo particular.
Do mesmo modo nossa história adorna cada nuance de nossas experiências, permitindo que a signifiquemos de modo individual e particular a cada momento vivido. Por isso, se faz de suma importância que ao nos propormos a lidar com algo que proporcione algum desconforto para nós ou para outrem, também nos permitamos um olhar acurado para o significado de cada pormenor envolvido nesse “algo”.
Assim, estaremos assumindo uma postura amadurecida em relação a qualquer sofrimento envolvido no processo de algo desconfortável. E o lidar com ela de maneira que a solução para o ocorrido não se transforme em um novo dilema.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

03 abril 2015

IDAS E VINDAS

Há algum tempo fala-se em individualismo, autores atuais destacam ainda o hiperindividualismo. De um modo simplificado, no individualismo o indivíduo é responsável por suas conquistas e derrotas, no hiperindividualismo além deste indivíduo ser responsável por sua sorte vai um pouco além: nada o perturba desde que não esteja em sua porta. Isto é, se há uma catástrofe e ninguém da sua família está envolvido, tudo bem, se falta energia em seu bairro, mas em sua casa não, tudo bem.
Fritjof Capra, físico e escritor, autor do livro “O ponto de Mutação”, destaca a interconexão entre os seres. Somos todos tocados pelos atos e decisões de todos. Neste caso, qualquer atitude nossa influencia tudo ao nosso redor. Então, aquela idéia sobre o que acontece ao nosso vizinho não nos dizer respeito porque não nos atinge diretamente está equivocada, pois se nossos atos afetam a todos, os dos outros também nos afeta.
Num primeiro momento essa idéia pode parecer assustadora. Tudo o que fazemos e as decisões que tomamos “tocam” aqueles que estão próximos a nós e vice-versa? E em maior escala, influenciamos o que acontece no mundo também? Capra, entre outros autores, afirma que sim. E atualmente observamos diversas discussões a respeito da importância de nos tornarmos cidadãos conscientes para podermos prevenir futuras catástrofes em relação ao clima por exemplo.
Se pensarmos que somos livres para escolher e que nosso olhar permeia todas as nossas decisões porque está repleto das experiências por nós vividas, podemos dizer que está em nossas mãos as possibilidades de qualquer mudança. Teoricamente parece simples, mas será que na prática é tão simples assim? Será que sabemos onde buscar auxílio para alcançar tal objetivo?
Se reduzirmos um pouco este contexto e deixarmos de pensar por alguns momentos que nossos pequenos atos podem afetar o mundo todo, como essa interconexão acontece em nossos relacionamentos? Se nossas atitudes fazem parte da vida daqueles com quem nos relacionamos o que fazer quando uma relação não vai bem? Temos autonomia para conseguir mudanças em um relacionamento antigo?
 Levando-se em conta os autores citados acima a resposta é sim, temos autonomia para alcançar tais mudanças, mas essa tarefa não é fácil e rápida como nosso momento atual geralmente solicita. As mudanças que ocorrem em nosso comportamento afetam o comportamento de quem convive conosco. Assim, quando buscamos maneiras que nos ajudem a refletir sobre as diversas situações em nossa vida e com isso conquistamos um conhecimento mais apurado de nós mesmos, damos um passo à frente no alcance de nossa autonomia para conseguir mudanças.
Hoje buscamos respostas e soluções rápidas esquecendo-nos que se uma situação perdura por muitos anos não é de um dia para o outro que tudo irá se resolver. Mas esse pensamento muitas vezes nos leva a desistir de tentar, relegando a um segundo plano nossa realização pessoal, o que não deveria acontecer tendo em vista nossa sorte interferir em tudo ao nosso redor.
Sendo assim, estando interligados é importante buscarmos alternativas para estarmos bem conosco, para então sermos capazes de oferecer uma boa interferência nessa interconexão que nos coloca “responsáveis” por tudo ao nosso redor.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com