27 novembro 2015

SONHOS – FRUSTRAÇÕES, DECEPÇÕES, SATISFAÇÕES

Nem sempre conseguimos admitir, nem para nós mesmos, nossos sonhos mais secretos. Entretanto, se não formos sinceros conosco não poderemos investir toda a energia que dispomos para alcançar os objetivos que desejamos.

É comum termos sonhos. Não aqueles oníricos durante as horas de sono, mas sonhos os quais nos colocam em busca de um determinado objetivo. Não raro também é sabermos de sonhos frustrados, de objetivos não alcançados e de decepções. Durante uma existência estamos sujeitos a muitas frustrações de nossos sonhos.
Porém, o que acontece para tantos objetivos ficarem carentes do desfecho planejado? Por que somos arrebatados, praticamente todos os dias, por decepções em relação ao que queríamos? O que fazemos ou deixamos de fazer?
Numa reflexão um pouco mais apurada poderíamos induzir nossa conclusão ao fato de sonharmos com algo não ideal para nós. Será? Esse pensamento pode amenizar as dores da decepção. Entretanto há muitos dos quais não se satisfazem com essa explicação e permanecem entristecidos e sofredores.
Numa conversa com uma amiga ela me contava sobre um fato a respeito de outra pessoa que havia sofrido uma grande decepção em relação a um planejamento que envolveu alguns anos, muito dinheiro e no qual culminou na ruína de tudo o que planejara. Para tentar entender o que houve ela me dizia que a pessoa em questão teria mudado seu objetivo no meio do caminho. E, ao não atentar para isso, sofria a decepção sem dar-se conta de que, na realidade, havia alcançado esse objetivo. A questão é que ao mudar seu foco, deixou de cuidar do primeiro, e assim, era esperado nenhum sucesso.
Nem sempre nos damos conta desse fato, ou melhor, dificilmente percebemos ou admitimos termos mudado nosso objetivo. É muito mais simples responsabilizarmos o destino, alguém, ou algo pelo nosso sofrimento. Sempre ao assumirmos a responsabilidade pelos nossos atos nos tornamos senhores, também, da nossa sorte e isso pode ser um peso excessivo para suportarmos.
Muitas vezes insistimos em algo que sonhamos e nos vemos insatisfeitos com os resultados. Será que se analisarmos profundamente não encontraremos, em algum ponto, nosso desvio do caminho primeiramente traçado?
Um olhar atento para nossas buscas é importante para sermos capazes de avaliar e entender o que realmente queremos. Nem sempre conseguimos admitir, nem para nós mesmos, nossos sonhos mais secretos. Entretanto, se não formos sinceros conosco não poderemos investir toda a energia que dispomos para alcançar os objetivos que desejamos.
Então, se ao analisarmos nossos fracassos em alcançar nossos sonhos conseguirmos entender qual foi o desvio que seguimos, é muito provável sermos capazes de refazer o caminho com uma grande possibilidade de retomar o destino primário ou... quiçá, entendermos que nosso sonho se modificou, mas nem por isso passou a ser de menor importância.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

20 novembro 2015

Um novo caminho ou Um novo alguém

 É importante que ao decidirmos refletir sobre uma questão, nos coloquemos na postura de alguém que permite que suas experiências passadas tomem parte na decisão que está por vir, e este, com certeza, já seria um novo caminho.


Em algumas ocasiões buscamos ajuda na solução de situações nas quais nos encontramos e que nos afligem, em livros de auto-ajuda ou mesmo em conselhos de conhecidos ou de profissionais especializados. Situações difíceis de resolver estão sempre surgindo em nosso caminho e cada uma exige de nós uma atitude diferente. Por mais que estas situações sejam semelhantes a cada experiência nos modificamos. Sendo assim, somos sempre uma “nova pessoa” ao tomar a decisão.
Certa ocasião, ouvindo uma conversa, uma pessoa dizia a outra sobre as dificuldades que surgiam na vida e que às vezes tinha a sensação de estar por fazer uma tarefa usando um caderno e ao terminar a página pensava: bom, agora posso descansar! Mas ledo engano!  A vida nem bem esperava o ponto final daquela lição e já havia uma nova página pronta a ser resolvida. Essa pessoa então dizia: “Caramba”, não deu nem tempo de tomar fôlego!
Muitas vezes podemos nos sentir na mesma situação. As solicitações do dia-a-dia, as responsabilidades assumidas, os compromissos marcados, as amizades conquistadas, enfim tudo nos solicita atenção e cuidado também e nem sempre nos dão tempo para o descanso.
Mas em alguns momentos queremos somente descansar, olhar a paisagem. Porém, nem sempre é possível essa “pausa”. Nesse momento podemos ter o impulso de deixar tudo para trás, abandonarmos tudo e simplesmente relaxar, “deixar correr”. Porém, algo pode acontecer e não permitir esse descanso, solicitando que nossa atitude seja outra. E algumas vezes até pode parecer violenta a maneira com que a vida nos solicita.
Neste momento uma reflexão pode ser pertinente. Em muitas ocasiões deixamos o impulso tomar a frente e nem sempre ficamos satisfeitos com o resultado. Uma reflexão pode nos levar a decisões mais acertadas. Essa reflexão pode ser orientada por alguém para nos ajudar ou não. No entanto, o importante é que ao decidirmos refletir sobre uma questão, nos colocamos na postura de alguém que permite que suas experiências passadas tomem parte na decisão que está por vir, e este, com certeza, já seria um novo caminho.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri  
Psicóloga – CRP 06/95124

13 novembro 2015

APARÊNCIA - PARA QUEM?

Uma aproximação nossa para com nós mesmos, pode possibilitar que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos.

Nossa aparência nunca foi tão importante como atualmente. Quem, ao menos uma vez, não se preocupou com uns quilinhos a mais, ou a menos, uma roupa que não está a contento, ou um cabelo que não permanece como desejamos.
Antigamente esses fatores poderiam causar algum constrangimento que necessitaria de acertos sem que houvesse alternativas para tanto. Hoje temos ao nosso dispor um pequeno “arsenal” de opções: cremes, chapinhas, alisamentos definitivos, técnicas e produtos para deixar os cabelos mais ou menos encaracolados. Sem contar as alternativas mais invasivas como cirurgias plásticas e métodos médicos para diminuição de gorduras localizadas, entre outros. Certamente algumas dessas alternativas oferecem riscos a longo ou curto prazo. Mas a questão é: o que nos incomoda tanto?
Em um extremo podemos encontrar pessoas situadas fora dos padrões de “boa aparência” atuais. Algumas dessas pessoas podem, inclusive, viver alguns dramas e sofrerem rotulações que são no mínimo indesejáveis e extremamente desagradáveis. Porém, rótulos não representam quem somos, mas a nossa aparência.
Quando começamos a valorizar mais a aparência do que quem realmente somos? Muitas vezes nos preocupamos demasiadamente com a opinião das pessoas ao nosso redor. É óbvio que por vivermos em grupo necessitamos do feedback daqueles que convivem conosco. Entretanto a questão é: em qual momento esse feedback tornou-se mais importante do que nossa própria opinião a respeito de nós mesmos?
Em muitas ocasiões nos esquecemos que a primeira pessoa a precisar estar satisfeita com nosso ser somos nós. Não importa a aparência ou a opinião dos outros a respeito dela, mas como nos sentimos em nossa própria companhia. Padrões sempre existiram e sempre desejamos nos encaixar neles. Contudo algo parece diferente, hoje vivenciamos a sensação de eterna insatisfação com a imagem que refletimos.
Será necessário mudarmos como o mundo nos vê ou como nos vemos? Podemos nos sentir demasiado cansados ou tristes em insistir em alguma mudança. Até que ponto, porém, precisamos mudar? E o mais importante, o que realmente precisamos mudar? Pode acontecer de nos perdermos nessas questões e como encontrar a resposta se nem ao menos conseguimos identificar qual questão desejamos responder.
Muitas vezes o que nos falta é um olhar mais íntimo para nosso ser. Se temos o intuito de nos sentirmos bem, talvez a solução não esteja em um processo invasivo de uma cirurgia ou em um produto que nos dê uma aparência diferente. Pode ser que o caminho seja uma aproximação nossa para com nós mesmos, permitindo que ao nos conhecermos possamos desenvolver um sentimento profundo de admiração e prazer por quem somos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

06 novembro 2015

CAVERNA ESCURA- MEDO OU ALEGRIA?

O contato com situações passadas pode nos conduzir a um “local” obscuro, porém, no qual podemos encontrar tanto o medo quanto a satisfação.

O passado que não se conhece pode ser comparado a uma caverna escura. A desvendaremos se tivermos algum interesse, mas como se interessar pelo que não é lembrado? Pelo simples fato de não lembrarmos significa que não pertence à nossa história?
Em muito mais ocasiões do que gostaríamos nosso passado pode ser motivo de sofrimentos ao ser relembrado. Por ter sido muito bom e não ser possível revivê-lo ou por ter sido desagradável e não querermos tal lembrança, para não reviver os sofrimentos escondidos em “alguma caverna”. No entanto, ignorá-lo pode ser a base de consequências das quais se pode lamentar sem nem ao menos ter consciência do envolvimento dele.
O ser que somos hoje é o resultado das experiências vividas até então e, que de certo modo, não está pronto. Isto é, se somos o resultado das experiências passadas, nosso amanhã consistirá em uma pessoa diferente de quem somos hoje. Um movimento constante e inevitável rumo ao desenvolvimento.
Então, se estamos sempre por fazer é possível mudanças em todos os níveis dos quais aspiremos. A questão é: somos capazes de buscar conhecer nossa história para então construirmos, com maior autonomia, o que está por vir?
Ao buscarmos formas de aproximar nossa história de nossa realidade também conheceremos nossos limites. Certamente, esses limites podem nos surpreender e até mesmo decepcionar. Porém, quando temos o conhecimento, possuímos também a condição do possível. Ou seja, assumimos o status de “proprietários” do que queremos para nós e nos tornamos melhores artífices nessa realização.
Então, ao ampliarmos nosso limiar de conhecimentos ampliamos, por consequência, nosso rol de possibilidades. E, na análise do filósofo Heidegger, nos tornamos mais livres à medida que ampliamos nossas possibilidades, eis, assim, nossa oportunidade para exercermos nossa liberdade.
No entanto, é primordial ter em mente que a liberdade vem associada à satisfação, mas também interligada à responsabilidade. Desse modo, ao alcançarmos tal liberdade estaremos também “tocando” em responsabilidades para as quais precisamos estar atentos e, então, não sermos surpreendidos com situações causadoras de dissabores.
É essencial ao buscar a liberdade lembrarmos também da responsabilidade, pois, ao exercitarmos ambas conjuntamente, poderemos buscar conhecer o que se esconde em nossa caverna escura. E, assim, contatar situações passadas pelas quais poderíamos nos sentir amedrontados sem um real motivo para isso. Encontrando, talvez, ao invés de um monstro horrendo, apenas uma bela criança jovial a espera de aconchego.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124