22 maio 2017

ATÉ QUANDO PERSISTIR?

Usualmente buscamos desfechos plenos e completos que nos deixam a agradável sensação de satisfação. Entretanto, nem sempre ocorre desse modo

Em nosso dia-a-dia experimentamos situações as mais variadas. No entanto, raramente obtemos soluções satisfatórias para todas elas. Uma questão importante nesse caso é o que fazer quando algo nos perturbar a ponto de não conseguirmos nos tranquilizar.
Uma alternativa comumente sugerida é esquecer o assunto por um período de tempo. Mas até qual ponto se é capaz disso? Não é raro, também, tentarmos “adivinhar” o que está ocorrendo a respeito do problema, especialmente quando não temos acesso sobre todas as suas informações. Por isso podemos experimentar certa dose de ansiedade. Nesse caso nos caberão poucas opções. Entre elas a da resignação diante de nossos limites, ou a persistência.
É comum as afirmações a respeito da persistência - e sua nobreza - e da teimosia que pode beirar a estupidez. Como nos posicionarmos de modo a não desistirmos de algo sem nos envolvermos em uma disfarçada persistência a qual nos faz, na realidade, teimosos?
Usualmente buscamos desfechos plenos e completos que nos deixam a agradável sensação de satisfação. Entretanto, nem sempre ocorre desse modo. Em muitas ocasiões a frustração com a conclusão obtida é inevitável. Assim, podemos nos sentir descrentes da possibilidade de superação da decepção experimentada.
Então, diante do limite vivenciado por nós em relação à obtenção de informações completas, necessitamos exercitar nossa capacidade de aceitação desses limites. Entretanto, tal atitude não constitui um processo simples, pois exige de nós a perseverança na decisão de buscarmos nosso equilíbrio diante de tais limitações.
O limiar entre persistência e teimosia pode tornar-se obscurecido quando estamos envolvidos emocionalmente com determinado fato. Nesse caso, talvez a melhor forma de lidarmos com isso seja nos proporcionar uma pausa, para refletir a respeito do que ocorre e do que desejamos e, só então, munidos das alternativas existentes é que poderemos decidir qual a melhor forma de nos posicionarmos.
Em muitos casos, tal atitude pode ser colocada em prática em nosso íntimo apenas por nós mesmos. Em outros podemos também contar com o amparo de alguém que nos ajude a “olhar” para os fatos com maior clareza e de modo mais isento de emoções. Para, assim, sermos mais aptos ao discernimento entre persistência e teimosia.

 Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

03 maio 2017

NOSSOS ERROS

Vivemos em relação ao tempo e sua representação varia para cada um de nós bem como para cada momento vivido por nós.


Talvez uma tarefa das mais difíceis seja a de perdoar. Há quem experimente extrema dificuldade em desculpar, inclusive, os próprios erros. Ou ainda, quem não seja capaz de suportar uma falta cometida contra si por outrem. Importante nesses momentos pode ser uma reflexão a respeito do significado do erro, bem como o que representa desculpá-lo.
Nas muitas ocasiões em que conseguimos perdoar podemos, ainda, experimentar algum tipo de desconforto. Alimentamos a ideia de que o perdoar nos permite esquecermos de todo o ocorrido. Porém, desprezamos que além da dor há um significado para o acontecido. E se não nos dispusermos a refletir sobre ele o desconforto pode levar mais tempo do que desejamos para ser amenizado.
Nesse caso, ao nos propormos lidar com algo que consideramos “agressivo” para nosso bem-estar é necessário assumirmos o compromisso com a verdade a respeito desse fato, tanto em relação ao acontecimento em si, como no que diz respeito ao seu significado para nós e para as relações nele envolvido. Se faz importante a busca de uma ampla compreensão a respeito do ocorrido, incluindo o conhecimento acerca das nuances relevantes.
Vivemos em relação ao tempo e sua representação varia para cada um de nós bem como para cada momento vivido. Não é raro alguém relatar a velocidade do tempo quando vivenciando algo prazeroso, assim como sua lentidão quando se experimenta algo desagradável. Desse modo, podemos concluir que o tempo está relacionado ao seu significado para cada um de modo bastante particular.
Do mesmo modo nossa história adorna cada nuance de nossas experiências permitindo que a signifiquemos de modo individual e particular a cada momento vivido. Por isso, se faz de suma importância que ao nos propormos a lidar com algo que proporcione algum desconforto para nós ou para outrem, também nos permitamos um olhar acurado para o significado de cada pormenor envolvido nesse “algo”.
Assim, estaremos assumindo uma postura mais flexível em relação a qualquer sofrimento envolvido no processo de algo desconfortável. E a possibilidade de lidar com ela de maneira que a solução para o ocorrido não se transforme em um novo dilema.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124