22 fevereiro 2018

EMPATIA - TROCANDO AS BOLAS


Ao nos preocuparmos excessivamente com nosso próprio bem estar, incorremos no risco de desenvolvermos um modo de ser o qual pode até negligenciar a existência do outro.


Nos ditames da contemporaneidade um dos pontos altos consiste na individualidade. Somos responsáveis por nossas escolhas e suas consequências e isso nos possibilita certa independência. Contudo, alguns “exageros” podem ocorrer e mesmo algo salutar, quando em quantidade imoderada, pode tornar-se letal.
Zygmunt Bauman, sociólogo, afirma vivenciarmos o que ele nomeia hiperindividualismo. Isto é, segundo o autor, alcançamos um ponto tal do individualismo que se houver um incêndio próximo a nós, mas ninguém de nossas relações estiver em risco, não nos perturbamos.
Na contrapartida do exagero que pode ocorrer quando do individualismo há a empatia, ou seja, nos habilitarmos a compreender a dor do outro buscando em nosso referencial histórico pessoal algo que nos aproxime dessa dor. Contudo, esse “habilidade” tem sido deixada de lado em benefício da preocupação em demasia consigo mesmo.
Ao nos preocuparmos excessivamente com nosso próprio bem estar, incorremos no risco de desenvolvermos um modo de ser o qual pode até negligenciar a existência do outro. Praticarmos uma forma de nos relacionar desconsiderando que aqueles que compartilham algum espaço conosco também possuem desejos e sentimentos tanto quanto nós mesmos.
Nesse caso, torna-se importante o exercício da empatia. Pois, ao possibilitar nos “deslocarmos” para o lugar do outro e tentarmos compreender o que ele sentiria em uma situação específica, pode-se dar início a um contato mais autêntico.  Algo um tanto “fora de moda” nos dias atuais.
Nosso modo de ser pode permear as lamúrias em relação às lesões que, de algum modo, podemos sofrer quando nos relacionamos. No entanto, se colocarmos em prática a empatia, pode ocorrer de nos surpreendermos em relação ao número de ocasiões em que causamos lesões sem nos darmos conta disso.
Por isso, ao optarmos em nos comportarmos diferente do rotineiro, isto é, voltarmos nossa preocupação não somente para o que concerne ao nosso bem estar, mas daqueles que convivem conosco também, corremos o risco de aprimorarmos nossas diversas relações. E, desse modo, experimentarmos a troca que todo relacionamento proporciona, mas da qual nos privamos quando voltamos, em demasia, nossa atenção para nós mesmos.
Nesse caso, ao exercitarmos nos “aproximar” do outro ao ponto de nos capacitarmos a compreender o que ele sente, especialmente através da empatia, podemos possibilitar a nós mesmos a oportunidade de relacionamentos mais satisfatórios e que nos complementem de modo a experimentarmos uma sensação de realização mais a contento.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmai.com

07 fevereiro 2018

CRISE PESSOAL


Experimenta-se crises desde os tempos mais remotos. Contudo, nos dias atuais elas representam algo do qual se deve fugir ou lamentar.
 
Em alguns momentos podemos nos sentir como seguindo um “caminho” o qual não sinaliza haver uma saída, ou ao menos uma que satisfaça os desejos que temos ou tivemos. Essa sensação pode estar relacionada a algo que queremos ou a um status que almejamos.
Fala-se em crise da meia idade. Uma crise na qual pode-se experimentar desconfortos diversos sem a compreensão do porquê. O senso comum anuncia que isso ocorre com aqueles que acreditam estar envelhecendo. Tal ideia não consiste em total desengano. Porém, pode-se descrever essa crise como um momento no qual algo desperta o sentimento de que já se viveu certo tempo e que o restante pode, ou não, ser suficiente para que se complete os planos feitos.
Ou seja, esse momento não significa que se viveu metade do tempo disponível de fato, mas que pode-se experimentar tal sensação. E a crença na realidade disso pode nos levar a sentimentos de satisfação com o que se cumpriu, ou desespero com o que não foi concluído a contento.
Experimenta-se crises desde os tempos mais remotos. Contudo, nos dias atuais elas representam algo do qual se deve fugir ou lamentar. No entanto, tais momentos também consistem em oportunidades de revisão e replanejamento.
Ao viver um período de crise é comum experimentar-se certa desaceleração em todo o nosso modo de agir. Refletimos com maior apuro e decidimos com mais cautela. Talvez permeado por medo ou insegurança. Mas, o importante é que essa redução de velocidade nos permite atitudes que utilizam maior atenção nossa. Com isso, temos a chance de minimizar as ocasiões em que erramos.
Então, crises podem constituir um período importante, no qual precisemos nos posicionar de modo mais receptivo no que concerne nossas escolhas e decisões. Pois, sendo mais atentos aos pormenores das situações nas quais estamos envolvidos, incorremos na possibilidade de vislumbrar um maior número de opções disponíveis. E, por conseguinte, ampliarmos nossas alternativas assumindo a condição de quem tem o “poder” de escolher com liberdade. Tendo em vista sermos livres para escolher e ampliar nosso rol de possibilidades como afirmam os filósofos Jean-Paul Sartre e Heidegger.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com