29 novembro 2013

CRISES

Em alguns momentos podemos nos sentir como seguindo um “caminho” o qual não sinaliza haver uma saída, ou ao menos uma que satisfaça os desejos que temos ou tivemos. Essa sensação pode estar relacionada a algo que queremos ou a um status que almejamos alcançar.
Fala-se em crise da meia idade. Uma crise na qual pode-se experimentar desconfortos diversos sem a compreensão do porquê. O senso comum anuncia que isso ocorre com aqueles que acreditam estar envelhecendo. Tal ideia não consiste em total desengano. Porém, pode-se descrever essa crise como um momento no qual algo desperta o sentimento de que já se viveu certo tempo e que o restante pode, ou não, ser suficiente para que se complete os planos feitos.
Ou seja, esse momento não significa que se viveu metade do tempo disponível, mas que pode-se experimentar tal sensação. E a crença na realidade disso pode nos levar a sentimentos de satisfação com o que se cumpriu, ou desespero com o que não foi concluído a contento.
Experimenta-se crises desde os tempos mais remotos. Contudo, nos dias atuais elas representam algo do qual se deve fugir ou lamentar. No entanto, tais momentos também consistem em oportunidades de revisão e replanejamento.
Ao viver um período de crise é comum experimentar-se certa desaceleração em todo o nosso modo de agir. Refletimos com maior apuro e decidimos com mais cautela. Talvez permeado por medo ou insegurança. Mas, o importante é que essa redução de velocidade nos permite atitudes que utilizaram maior atenção nossa. Com isso, temos a chance de minimizar as ocasiões em que erramos.
Então, as crises podem constituir um período importante, no qual precisemos nos posicionar de modo mais receptivo no que concerne nossas escolhas e decisões. Pois, sendo mais atentos aos pormenores das situações nas quais estamos envolvidos, incorremos na possibilidade de vislumbrar um maior número de opções. E, por conseguinte, ampliarmos nossas alternativas, assumindo a condição de quem tem o “poder” de escolher com liberdade. Tendo em vista sermos livres para escolher e ampliar nosso rol de possibilidades como afirmam os filósofos Jean-Paul Sartre e Heidegger.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


22 novembro 2013

COMUNICAÇÃO

O acesso à informações de todos os tipos tornou-se demasiadamente fácil em virtude dos diversos meios de comunicação da atualidade. Velozes e extremamente eficazes, eles nos permitem o contato com notícias que, em um tempo mais remoto, poderia demorar dias, semanas ou meses para ocorrer.
Na contramão desse fato, tem-se a impressão que, apesar da velocidade e facilidade em nos comunicarmos, temos experimentado uma grande dificuldade em expressar e informar o que pensamos e sentimos.
As relações diversas, sejam elas de amizade, familiares ou que envolvam algum outro sentimento, em muitas ocasiões, estão permeadas de incertezas, inseguranças e sofrimentos.  Por isso, muitas vezes, busca-se uma forma de experimentar a paz. O que, em sua maioria, denota o distanciamento de tudo e de todos.
É comum não atentarmos para o fato de que nos comunicamos o tempo todo e de diversas formas. O falar não constitui a única maneira pela qual informamos nossos pensamentos e sentimentos. Muitas vezes, mesmo sem desejarmos, comunicamos o que estamos sentindo ou pensando com um pequeno gesto, o qual podemos ser induzidos a acreditar serem imperceptíveis para aqueles com quem temos contato.
Porém, se nossa busca constituir um maior número de momentos em que experimentamos a sensação de paz, pode ser necessário um exercício no sentido de tornarmos mais eficaz a maneira como informamos nossos pensamentos e sentimentos.
Elisabeth Kübler-Ross, autora e psicóloga, “comunica” em seu livro “A roda da vida” que, para ela, a verdade é sempre a melhor opção. Então, o vivenciar a nossa verdade pode ser um caminho para alcançarmos o que desejamos.
Sendo assim, encontrar formas de informar, de modo eficaz, nossos pensamentos e sentimentos pode consistir em uma tarefa árdua. Mas, também passível de nos proporcionar um encontro com quem somos de modo a possibilitar-nos uma maneira de nos comunicarmos a qual proporcione mais eficiência em nosso modo de agir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124




15 novembro 2013

MUDANÇA

Diversos de nossos comportamentos, pensamentos e modos de avaliar encontram-se presentes de modo acentuado em nossa rotina. De tal modo que, em muitas ocasiões, não nos é perceptível os pormenores dessas características pessoais enraizadas em nosso modo de ser.
Comumente, podemos divisar em nós um lamento ou ressentimento que nos faz questionar sobre a necessidade, importância e, até mesmo, validade de alguma de nossas decisões. Em muitas ocasiões o hábito a algumas reações diante de determinado tipo de situação é permeado de impulsividade em nossa resposta.
Contudo, não ficamos imunes aos ressentimentos pertinentes a algumas dessas reações, especialmente aquelas imediatas e da qual não nos sentimos muito seguros. Porém, em muitos momentos torna-se muito difícil o rever o curso dos acontecimentos aos quais culminaram no resultado no qual estamos inseridos. Assim, não parece possível vislumbrar uma forma de mudá-los.
Assumir a necessidade de mudança em alguma das formas como agimos e reagimos consiste em um processo árduo e, muitas vezes, “doloroso”. Entretanto, a dor experimentada quando do arrependimento por algum de nossos atos pode ser demasiadamente mais intensa.
Quando repreendidos por alguém pode-se experimentar algum desconforto e, quiçá um sentimento de raiva direcionado à origem da reprimenda. Difícil quem se sente confortável quando na iminência de ser destacado algum erro seu. Mas, pode assumir um caráter muito mais aflitivo quando nossa própria avaliação a nosso respeito nos faz experimentar o desconforto.  A sabedoria popular acentua que podemos ser o nosso mais cruel algoz.
Por isso, o exercício de avaliarmos nossos atos do modo mais isento possível, torna-se um desafio ao menos importante. Quando somos capazes de “olharmos” para nós mesmos de forma límpida, isto é, capazes de analisarmos nossas atitudes, o que as originou e as consequências advindas, nos permitimos uma possibilidade de mudança.
Essa mudança pode ser em nosso comportamento ou em nosso julgamento a nosso respeito. O primordial é que se coloque em prática a busca em amenizar os momentos de dissabor que experimentamos em consequência de nosso modo de ser e agir.
Por isso, se faz essencial nos possibilitarmos oportunidades nas quais possamos refletir acerca de nossos sentimentos relacionados ao modo como estamos habituados a agir e reagir, para assim nos habilitarmos a uma efetiva “possibilidade” de mudança.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

08 novembro 2013

DESENCANTO

A todo o momento podemos nos submeter a algo que nos encante. Uma nova perspectiva ou um novo planejamento. Isto é, ao nos depararmos com a possibilidade de algo novo, é comum estabelecermos uma relação a qual nos possibilite variadas expectativas.
Essas expectativas são, em sua maioria, de uma ordem que nos desperta certa satisfação e, por conseguinte, assumem uma posição relevante para nós. Por isso, podemos, sob essas circunstâncias, nos submeter à dificuldades inimagináveis em prol do que entendemos ter vital importância.
No entanto, as nossas escolhas podem variar em suas conclusões. E, assim, nos surpreender um resultado que cause certo desencanto em relação às nossas expectativas. Unido ao desencanto é comum experimentar-se a desilusão a qual pode estar relacionada a algo passageiro. Contudo, ela também pode estar relacionada a alguma situação que envolva um planejamento mais elaborado e que acarreta uma maior dedicação de tempo para sua conclusão.
Quando tal sentimento se manifesta estamos sujeitos a experimentar uma sensação de falência. Ou seja, como se nada mais fosse possível para minimizar a dor sentida por nós. Porém, nesse momento se faz de grande valor assumir uma atitude da qual nos permita uma reflexão, o máximo possível, isenta de valores.
É comum buscar amparo em diversos lugares, contatos ou pessoas. Entretanto, voltar-se para si mesmo de modo a avaliar a proporção dos sentimentos experimentados, torna-se primordial no momento em que todo um “castelo” parece desmanchar-se.
Procuramos, de certa forma, quando da ocasião de algo dessa magnitude ocorrer, explicações e justificativas. Tentando, inclusive, encontrar responsáveis para os dissabores que vivenciamos. Entretanto, é preciso assumir que fizemos escolhas as quais culminaram na experiência vivida.
Sendo assim, encontrar um modo de nos sentirmos fortes o suficiente para assumirmos nossa participação nos resultados atuais, aparenta ser impossível. Mas, torna-se a opção mais eficaz nos sentido de amenizar as dores e possibilitar o vislumbre de soluções mais prazerosas, em substituição das frustrações que proporcionaram a experiência do desencanto.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


01 novembro 2013

NOSSAS ESCOLHAS ANTECEDEM NOSSOS ATOS?

Ao encararmos nossos atos como eventos inevitáveis, experimentamos o conforto da isenção de nossa participação na sequência dos fatos. Ou seja, nos permitimos acreditar que nossas escolhas influenciam em uma proporção quase insignificante situações que consideramos alheia às nossas forças.
No entanto, algumas afirmações na filosofia destacam que escolhemos a tal ponto, que o fazemos antes mesmo de optar a quem solicitamos auxílio para a resposta a uma pergunta. O filósofo Jean Paul-Sartre salientava esse aspecto de nossa habilidade em escolher. Desse modo, o que cremos constituir um ocorrência alheia à nossa vontade, pode apenas representar o resultado de escolhas feitas por nós sem nos apercebermos desse fato.
Quando somos conscientes de que algo pode ser nocivo ao nosso bem estar, seja ele de ordem física ou psíquica, esse conhecimento nos torna “cúmplices” das consequências advindas das escolhas realizadas por nós. Assim, ao compreendermos o peso de nossas decisões, podemos experimentar algum desconforto no que concerne nossa participação ativa no desenrolar de nossa história pessoal.
Isto é, somos artífices de nosso projeto de vida, mas de uma forma mais intensa do que, na maioria das vezes, nos permitimos acreditar ou, refletir. Então, ao nos negarmos vislumbrar que nossas escolhas podem anteceder nossos atos, também recusamos nossa capacidade de organizar os eventos de nossa existência de modo a nos proporcionar maiores situações de prazer do que o inverso.
A cultura atual conclama a velocidade para praticamente tudo: informações, atitudes e resultados. Contudo, ao nos envolvermos nesse processo veloz, corremos o risco de não nos darmos conta que, na contramão disso, está nosso desejo em apreciar, saborear e usufruir das oportunidades de prazer que o existir nos disponibiliza.
Por isso, talvez mereça nosso apreço o fato de que nossos desejos de satisfação e realização, constituem uma presença constante em nosso dia-a-dia. E, desse modo, pode ocorrer que ao cuidarmos de nossas escolhas, cientes de que elas participam de nossos atos bem como dos eventos subsequentes a eles, possibilitemos a nós mesmos, maiores chances de conclusões mais próximas dos nossos desejos iniciais. E, unido a isso, o sentimento de realização o qual permanece conectado à nossa participação ativa em prol de nosso próprio bem estar.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124