27 março 2017

SUPERANDO DERROTAS

As frustrações fazem parte de nosso crescimento e lidar com elas nos permite um desenvolvimento que pode nos preparar para novas empreitadas.

O que fazer no momento em que perdemos algo sonhado ou planejado? Muitas vezes havíamos nos dedicado e entendemos termos oferecido o nosso melhor. Entretanto, em algumas ocasiões o nosso melhor não é o suficiente e nesse momento podemos experimentar um sabor amargo, o da dor da perda.
Nessas horas é comum ouvirmos comentários sugerindo que algo superior a nós decidiu pelo nosso bem-estar e que na verdade não perdemos, mas ganhamos com a tal derrota. Porém, será isso o suficiente para consolar e amenizar nossa dor?
E quando essa dor é acompanhada pelo sentimento de despeito por alguém que, por exemplo, em uma disputa tenha ganhado de nós o tão desejado prêmio? Como lidar com todo esse turbilhão de sentimentos que nos confundem e prejudicam ainda mais nosso julgamento?
Uma boa maneira é iniciarmos pela tentativa de acalmar os ânimos e buscar formas para nosso pensamento poder tornar-se organizado, a ponto de conseguirmos analisar todos os prós e contras do ocorrido. Obviamente essa não consiste uma tarefa fácil. Porém, ao procedermos tal análise poderemos encontrar outros caminhos bem como outras possibilidades. Talvez bem diferente do desejo inicial, mas como uma alternativa plausível.
Em alguns momentos a dor pode parecer insuportável como se nada pudesse saná-la. Contudo, as frustrações fazem parte de nosso crescimento e lidar com elas nos permite um desenvolvimento que pode nos preparar para novas empreitadas.
Elisabeth Kübler-Ross em seu livro “A roda da vida” afirma que “se protegêssemos os canyons dos vendavais, nunca veríamos a beleza de seus relevos”. Ou seja, a partir do momento em que somos capazes de atentar para uma situação e nos desenvolvermos de algum modo a partir dela, podemos adquirir algo para nos acompanhar em todas as ocasiões.
Podemos então concluir que a dor é algo que vez por outra irá nos alcançar. O importante é aprendermos a lidar com ela de modo a usufruir o máximo possível da oportunidade por ela oferecida para o nosso desenvolvimento pessoal.
Não se pode esquecer, todavia, que em alguns momentos superar tudo isso pode ficar muito mais brando quando permitimos que alguém nos acompanhe nesse processo. Assim, o refletir acerca das situações e a análise delas pode se tornar mais eficaz e menos dolorosa.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

07 março 2017

AUTOFLAGELO


“Se entendermos ser, de algum modo, a ausência de nosso esforço em prol do objetivo desejado a razão pelo fracasso dele, podemos experimentar a culpa. ”


Em algumas ocasiões podemos sentir falta de disponibilidade de toda a nossa energia para alcançar um objetivo específico. Podemos não entender o porquê de desejarmos algo e, experimentamos a sensação de não termos investido tudo na busca da realização desse desejo. Ou, podemos, em oposição, acreditar que dispensamos tudo ao nosso alcance e não ter sido o suficiente.
Então, a frustração como consequência disso é quase inevitável. Porém, é necessário tentar entender o ocorrido para alcançarmos uma compreensão do evento como um todo. Assim, poderemos conceber formas mais efetivas para a realização do desejado ou, quiçá, mudarmos nosso “desejo”.
No entanto alguns fatores podem interferir nesse processo de modo a nos “paralisar”. Se entendermos ser, de algum modo, a ausência de nosso esforço em prol do objetivo desejado a razão pelo fracasso dele, podemos experimentar a culpa.
Nesse caso, pode parecer importante perdermos algo para nos sentirmos “em equilíbrio” com o universo. Isto é, sentimos necessidade de uma “punição” do mundo, para assim experimentarmos a sensação de estarmos quites com o universo que disponibilizou para nós uma oportunidade “desperdiçada”.
Num exemplo, pode ocorrer de sabotarmos um prazer disponível como forma dessa punição ou, dispensarmos pequenos gestos dolorosos para com nós mesmos ao visar nos sentirmos “em paz”. Tais gestos podem ser de ordem física ou psíquica. O importante é nos mantermos atentos para nossas particularidades, especialmente nossas dores, para não incorrermos no risco de desencadearmos um processo de “autoflagelo”.
Elisabeth Kübler-Ross em seu livro - A Roda da Vida - afirma não podermos confiar no futuro, pois a vida é sobre o presente. Então, importante é buscarmos, no presente, maneiras de nos aproximarmos cada vez mais de nós, especialmente através do autoconhecimento. Assim estaremos mais aptos a identificarmos nossas mazelas e suas causas para, então, não necessitarmos estratégias “sutis”, como o punir-se consciente ou inconscientemente.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124