28 agosto 2018

COM OS OLHOS BEM... FECHADOS


Na evolução de nosso desenvolvimento como seres habilitados a relacionar-se, participamos de um processo, geralmente imperceptível, o qual culmina em nossa capacidade de percepção de nós mesmos bem como do outro.

A todo o momento nos envolvemos em situações diversas. E sempre temos um modo peculiar de compreender cada uma delas. Esse modo de compreensão consiste em um mecanismo particular do qual somos capacitados e que desenvolvemos ao longo de nosso existir, e o aprimoramos com o convívio nas diversas relações estabelecidas ao longo desse trajeto.
Contudo, não é incomum estabelecermos um entendimento distorcido da “realidade” presente em cada momento vivenciado por nós. Essa distorção pode ocorrer devido a várias circunstâncias. No entanto a que parece ser a mais negligenciada, é o olhar disponibilizado para elas.
Na evolução de nosso desenvolvimento como seres habilitados a relacionar-se, participamos de um processo, geralmente imperceptível, o qual culmina em nossa capacidade de percepção de nós mesmos bem como do outro, com quem partilhamos os prazeres e dissabores dessa marcha.
Há muito se fala em inteligência e desinteligência. Muitas afirmações sobre as causas de uma ou outra apresentar-se de modo mais acentuado em uma ou outra pessoa também é muito discutido. No entanto, ao refletir-se a respeito de nossa capacidade de percepção do que se apresenta ao nosso “redor”, pode-se sugerir que a incapacidade em distinguir claramente as singularidades das situações diversas possibilita uma compreensão, no mínimo, errônea do que se apresenta para nós em determinado momento.  E, esse procedimento pode ser interpretado como uma limitação da capacidade de entendimento.
Ou seja, o olhar para os pormenores envolvidos nos processos aos quais estamos conectados, direciona nossa compreensão. Sendo assim, esse entendimento constitui-se em algo particular e privado. Porém, não isento de nos conduzir ao engano, que pode comprometer nossa razão e, assim, nossas decisões e atitudes.
Por isso, sempre que nos permitirmos a “abertura” de nosso olhar de modo a ampliar as perspectivas presentes em dado acontecimento, estaremos promovendo nosso desenvolvimento rumo ao próprio bem estar e crescimento pessoal. Então, cada ato nosso em prol de possibilitarmos a amplitude desse olhar, representa nosso empenho em função de nosso aprimoramento pessoal. E, esse proceder vai ao encontro da definição de liberdade oferecida pelo filósofo Heidegger, o qual afirma estar na amplitude do rol de nossas possibilidades a nossa condição de liberdade essencial.
Nesse caso, ao oferecermos a nós mesmos condições de auxílio no sentido de nos mantermos com os olhos bem... abertos, tornamos possível, por conseguinte, o exercício da liberdade almejada por todos nós.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

10 agosto 2018

APRISIONAMENTOS


Ao permitirmos que nossos “sonhos” sejam planejados, estes assumem contornos de realidade à medida em que direcionamos nossa energia para tal intento.


Há várias formas pelas quais podemos estar aprisionados. Nossa prisão pode constituir em um lugar onde estamos “confinados”, ou pode ocorrer de este “lugar” representar apenas uma condição emocional na qual nos encontramos.
Esta condição pode estar pautada em algum tipo de relacionamento estabelecido com alguém ou conosco. O importante é nos permitirmos voltar nossa atenção para tal fato e, deste modo, instituirmos maneiras pelas quais nos habilitamos a possibilitar a mudança de tal situação.
No entanto, uma mudança solicita de nós a conscientização de como estamos atualmente. Isto é, para sermos capazes de um movimento em uma direção diferente da habitual, precisamos nos posicionar de um modo a nos permitirmos o conhecimento acerca do que se apresenta com a possibilidade ou necessidade de mudar.
É comum inibirmos tal processo com justificativas variadas. E que, em sua maioria, constituem apenas em justificativas, as quais dissimulam nossas inseguranças e receios em relação à iniciativa necessária para encetarmos a trajetória rumo a um desenvolvimento, o qual nem sempre estamos propensos.
Contudo, ao nos rendermos às inseguranças experimentadas quando nos deparamos com a possibilidade do novo, procedemos como nossos próprios algozes e nos aprisionamos em situações as quais podem cercear nosso potencial.
Uma existência plena de realizações e satisfações não encontra contradições, quando lhe é disponibilizada situações que vislumbram uma condição para que a realize. Ou seja, ao permitirmos que nossos “sonhos” sejam planejados, estes assumem contornos de realidade à medida em que direcionamos nossa energia para tal intento. Desse modo, iniciamos um processo no qual as amarras que nos aprisionam começam a se desfazer.
Entretanto, para alcançarmos tal estado é necessário delimitarmos os limites com os quais nos deparamos e, ciente deles, exercitarmos a sua flexibilização. Para, assim, assumirmos o domínio sobre as adversidades com as quais somos levados a lidar diariamente e que nos conduzem a um modo de agir que pode nos “aprisionar”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124