28 novembro 2014

PRESENTEAR

Atualmente é natural ouvirmos comentários a respeito de diversos modos de ser incomum há tempos atrás. Hoje não é raro conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão, Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda sua atual frequência. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de ansiedade como hoje e, definitivamente todos queremos respostas para descobrir, como se iniciam tais “distúrbios”?
No mês de dezembro há uma grande movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam e são presenteados.
Há algum tempo minha filha questionou-me sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa pergunta proporcionou algumas questões: Qual o significado de um presente? Por que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e transtornos? Há relação entre essas duas questões?
É comum, nos dias de hoje, agraciarmos amigos e familiares com os conhecidos vales-presente, o qual o presenteado pode ele mesmo escolher o seu “presente”, ou oferecermos determinada quantia em espécie. Isso é um presente ou uma oferta de oportunidade de compra? Uma compra ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que desejamos adquirir.
Presentear envolve certo tempo, nosso, pensando na pessoa a quem queremos “agradar”. Ao nos dispormos a comprar um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato de que tal presente pode significar um pouco de nosso tempo atentos àquela pessoa, que, por alguns momentos, suas preferências diversas como roupas, perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações preferidas são alvo de nossa atenção. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso precioso tempo “conectados” na pessoa que iremos presentear, de modo que esse alguém assume, por um lapso de tempo, status de “total” importância para nós.
Será que ao nos dispormos a pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será diferente do valor monetário envolvido em sua compra? Poderíamos, ao adquirir um presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse processo nos surpreenda.
Talvez as ansiedades e transtornos diversos da atualidade podem estar relacionados há alguns significados que deixamos de apreciar. E, mesmo com incerteza a esse respeito, podemos começar com um presentear diferente e, quiçá este ato seja apenas o início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência futura.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

21 novembro 2014

RELAÇÕES

Desde o momento em que nascemos iniciamos uma relação com nossos pais ou cuidadores e a partir deste ponto damos início ao nosso desenvolvimento como seres individuais e interligados. Ao longo de nossa história de vida diversas pessoas irão participar da construção de nosso ser. Isto é, quando nos relacionamos com toda a diversidade de seres ao nosso redor, estamos, a cada momento, adicionando uma nova experiência em nosso desenvolvimento que será um fragmento de quem seremos como indivíduos.
Podemos ouvir alguém dizer que sua vida seria diferente se tivesse seguido outro caminho. Com certeza seria diferente, mas será que seria melhor? Talvez sim. Porém, uma questão um pouco mais profunda pode emergir. Ter uma vida diferente será que nos tornaria outra pessoa? E quem seria esta pessoa? Será que gostaríamos dela? Talvez não seja possível responder com exatidão a essas questões, mas é interessante formulá-las para que possamos exercitar olhar de modo diferente quem somos hoje. E, assim, termos capacidade de apreciar essa pessoa ou modificá-la, se julgarmos necessário. No entanto, é importante lembrar que toda mudança exige uma iniciativa que nem sempre é fácil, mas que nos convida à mobilização.
Iniciamos falando sobre nosso desenvolvimento quando em contato com nossos pais ou nossos cuidadores e isso significa que as relações diversas fazem parte de quem. Sendo assim, o outro tem papel fundamental na pessoa que nos tornaremos. Entretanto, nem sempre estamos atentos às pessoas com quem nos relacionamos, nem tampouco as ouvimos com atenção ou dedicamos um pouco do nosso tempo em entendê-las.
É muito comum nos dias atuais alguém afirmar não ter tempo, ou que está com pressa e não é possível fazer tudo o que deseja. Então, se não temos tempo nem mesmo para fazer o que queremos, não teremos tempo para observar o outro. Certamente vivemos um momento no qual muito nos é exigido tendo em vista a competitividade que vivenciamos e nos desafia constantemente. Mas, se nos esquecermos do quão importante é o outro em nossa existência como seremos capazes de termos relacionamentos satisfatórios?
Quando nos relacionamos temos a oportunidade de nos conhecermos também. Num exercício simples podemos observar nossa reação diante de um fato corriqueiro ou ainda, diante de uma situação que exija um pouco mais de cautela na avaliação. A partir de nossas respostas ao comportamento alheio podemos ter como “termômetro” quem somos naquele momento. Mas nem sempre estamos aptos em saber quem realmente somos. Porém se não nos conhecemos como seremos capazes de solucionar as dificuldades que nos afligem?
Deste modo, quando buscamos maneiras de nos conhecermos, estamos também melhorando nossos relacionamentos e, por conseguinte, nos permitimos olhar e vivenciar experiências que poderão nos levar a um desenvolvimento de nós mesmos, permitindo o início de uma reforma interna que poderá culminar em uma satisfação pessoal que contagia todos ao nosso redor. E como nos construímos nos relacionamentos que estabelecemos, esse pode ser um caminho muito agradável de seguir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri

Psicóloga – CRP 06/95124                                                                                                                                   marciabcavalieri@hotmail.com

14 novembro 2014

ERRAR É HUMANO!!

Mais frequente do que desejamos estamos suscetíveis ao erro. Porém, não raro é encontrarmos algo ou alguém que, “muito provavelmente”, nos induziu a errar. Assim, justificamos nossas atitudes menos felizes de modo a nos isentarmos das responsabilidades e consequências decorrentes de tal erro.
Há quem se culpe por tudo. E, certamente, esse será seu próprio vilão por muito tempo, tendo em vista não ser possível que sejamos responsáveis por “tudo” o que ocorre ao nosso redor. Contudo, se pensarmos a respeito dos diversos “vilões” com os quais nos deparamos, poderemos refletir um pouco sobre nós mesmos.
Ao responsabilizarmos o outro, seja uma pessoa, um evento ou algo; localizamos o vilão “longe” de nós. E, com isso, temos a chance de acreditar termos sido vítima de alguma ocasião infeliz ou, ao menos, não termos tido escolha. Isto é, seja lá o que for que aconteceu não havia alternativas para se evitar o ocorrido. Será realmente assim que acontece?
Quando algo nos é estranho, tendemos a buscar maneiras de tornar esse estranho o mais próximo possível de algo que nos seja familiar, para, então, experimentarmos um pouco menos de desconforto cm a situação inédita. O oposto ocorre quando nos deparamos com uma situação que nos deixa infeliz ou denote que erramos. Buscamos, nesta ocasião, maneiras de distanciar o máximo possível tal situação de nossa realidade, para nos sentirmos mais confortáveis com nossos limites. Pois, é a respeito de nossos limites que nossos erros “falam”.
Aceitar o limiar de nossas capacidades não constitui algo fácil. Assim, ao termos alguém ou algo para responsabilizar em lugar desse nosso “não ser capaz”, se faz presente uma tentação quase irresistível de nos reconfortarmos nisso.
Entretanto, sempre que fugimos de nossos erros ou que deixamos de assumir nossa parcela de responsabilidade por eles, perdemos uma grande oportunidade de aprendermos com o processo o qual envolve errarmos e desenvolvermos habilidades para lidar com o limite que ele nos anuncia. Piaget, psicólogo e educador francês, afirmou que aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos, devido ao sentimento que aqueles despertam.
Nos cabe, então, buscar maneiras de nos fortalecemos para sermos capazes de “encarar” nossos limites e entendê-los. Para, com isso, podermos expandir tais limites e alcançarmos o desenvolvimento emocional que nos permitirá viver de modo mais equilibrado.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124                                                                                                                                     

07 novembro 2014

DECEPÇÕES: REALIDADE X ILUSÃO

Por que nos decepcionamos? O que nos leva a ter expectativas as quais não atingidas? Criamos expectativas acima das nossas reais possiblidades? Ao refletirmos acerca dessas questões poderemos nos aproximar de algumas possíveis respostas. Porém, numa definição encontrada nos dicionários a decepção consiste em um desengano, uma desilusão. Ou seja, em algum momento permitimos a uma ilusão se instalar em nosso pensamento, e a partir dela determinamos nossas expectativas.
Em que momento a ilusão se faz presente? É possível encontrar uma data, hora ou mesmo um momento específico em que tal engano dos sentidos ou da mente tem início? Talvez não. Podemos, entretanto, buscar voltar nossa atenção a nós mesmos e como reagimos nas variadas situações que experimentamos. Desde as mais simples às mais complexas e, deste modo, conhecer um pouco mais sobre o nosso modo de agir.
É comum nos iludirmos, isto é, termos uma percepção distorcida do objeto seja ele algo, alguém, ou uma situação. A questão é que quando essa percepção se encontra distorcida tendemos a ter comportamentos que podem culminar em sofrimentos. E um dos grandes objetivos que temos é a tentativa em minimizar ao máximo a presença desses momentos desagradáveis.
Como fazer então para alcançar tal objetivo? Seria muito bom encontrarmos uma receita pronta que nos desse todo o modo de fazer explicado em detalhes. Contudo, a realidade não é essa. O que podemos é buscar em todas as oportunidades conhecermos esse alguém que vive muito próximo de nós – nós mesmos!
Por mais que desejemos algo complexo e com diversos obstáculos para alcançarmos o conhecimento a nosso respeito, a melhor forma ainda é uma reflexão acerca de nosso modo de agir, ser e sentir nas situações as mais variadas.
Infelizmente, temos dedicado bem pouco de nosso tempo para isso, tendo em vista as solicitações diárias e, os problemas novos que surgem a todo o momento. Mas se continuarmos a deixar de lado essa possibilidade, permitiremos que as situações assumam controle do nosso existir que, a princípio, pertence a nós.
Então, voltar nossa atenção para nossas atitudes e sentimentos pode, no mínimo, nos levar a um autoconhecimento, o qual, por conseguinte, pode possibilitar nosso desenvolvimento e liberdade para responder questões as quais nem sempre somos capazes. E dessa forma minimizar nossas decepções.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com