30 setembro 2011

NENHUM CAMINHO É SEM VOLTA

Quando adotamos um jeito de ser que nos satisfaz, pode ser que esse “jeito de ser” se contradiga a alguns desejos que temos, mas nem sempre percebemos isso. Então, se faz importante nos atentarmos às nossas dores e sofrimentos para podermos estar aptos a mudar quando for necessário. No entanto, mudar não é fácil, especialmente quando a mudança envolve nosso modo de estar no mundo e de nos relacionarmos com ele. Inclusive porque acreditamos estarmos bem como somos e o risco do incerto é, em muitas ocasiões, no mínimo assustador. Heidegger, filósofo, em suas afirmações diz ser importante ao homem ter estabilidade, ou ao menos a ilusão de que a tem. De acordo com ele, nos iludimos a respeito da segurança para suportarmos a incerteza que nos envolve em todas as ocasiões. Essa estabilidade constitui em vivermos envolvidos em uma rotina em nossos afazeres e também em nossos desejos. Quando somos capazes de “prever” o que nos vai acontecer isso nos proporciona a segurança que, segundo Heidegger, tanto ansiamos. Então, de acordo com ele podemos afirmar que não nos arriscamos a experimentar situações novas e modos de ser diferentes por nos sentirmos seguros. Será que é apenas segurança o que realmente nos interessa? Por que não tentar encontrar também a satisfação nesse processo? Mas, se nos atentarmos ao nosso redor podemos perceber que nossos atos sempre ocasionam uma reação. Então, se nos propusermos a mudar esse jeito de ser que nos fornece segurança pode ocorrer de experimentarmos situações novas, e elas podem ser um pouco desagradáveis em um primeiro momento. Contudo, podemos considerar relevante questionar se ficamos melhor seguros ou realizados. Vivenciamos frustrações e tristezas, ansiedades e medos e, em muitos momentos, parece ser impossível “detectarmos” o porquê desses sentimentos. Se pode-se afirmar ser praticamente impossível detectar a fonte de nossos sentimentos indesejados, podemos, então, tentar outros modos para buscar um resultado diferente. Isto é, se sendo quem somos e do jeito que somos estamos seguros, mas não plenos, podemos, ao menos, nos arriscar a avaliar nosso modo de ser e quiçá colocar em risco um pouco dessa “segurança” em troca de plenitude. Costuma-se dizer que tudo tem um preço. Pode ser que a plenitude, a satisfação e o prazer sejam o preço de arriscar essa “segurança”. Apenas nos conscientizando dos riscos, mesmo não nos expondo a eles, descobriremos que a mudança, a qual pode nos assustar, não é tão aterrorizadora quanto nos parece. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

23 setembro 2011

LIMITAÇÕES

Somos todos portadores de um grande número de limitações. Estas podem ser de ordem física ou psicológica. Quando são de ordem física buscamos modos de amenizá-las para que se possa dar continuidade ao dia-a-dia sem maiores complicações. No entanto, quando elas são de ordem psicológica ou emocional é comum buscar-se maneiras de ocultá-las, disfarçá-las ou mesmo tentar agir como se elas não fizessem parte de nosso ser. Porém, como tudo o que não é cuidado, tal atitude pode proporcionar situações inesperadas e muito inadequadas causando desconfortos que poderiam ser evitados ou, ao menos controlados para que as consequências não se tornem muito inconvenientes. Em muitas ocasiões somos levados a agir de acordo com essas limitações. Ou seja, elas acabam por “ditar” nosso modo de agir. No entanto, se não voltarmos nossa atenção para o que ocorre podemos ser induzidos por tais limitações a comportamentos os quais não aprovamos e experimentarmos sentimentos de frustração bem como revolta diante de atitudes das quais não nos satisfaz. É comum também vivenciarmos decepções com a atitude de outrem. Mas, se não averiguarmos os fatos envolvidos no caso podemos adotar decisões que nos levam ao distanciamento de pessoas queridas por não entendermos quais os motivos que levaram ao comportamento causador do desconforto inicial. Nos envolvemos em sentimentos dolorosos, decepções e tristeza, e assim, deixamos de ponderar todo o tempo de convívio. Ocorre de nos atentarmos somente para o momento presente nos esquecendo da história que construiu o relacionamento com a(s) pessoa(s) em questão. Como seres que erram somos levados a tentar amenizar tais erros para conseguirmos lidar com nossas limitações. Contudo, se nos dispusermos a conhecer esses limites ao invés de omiti-los ou ignorá-los, compreender que eles constituem nosso modo de ser, poderemos avaliar com maior acuidade nossos pensamentos e sentimentos. Então nos tornaremos capazes de ampliar esses limites. Nos tornando mais livres para decidirmos, atentos, de modo mais claro ao que desejamos e ao que nos faz sentir plenos. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

16 setembro 2011

TOC´s E CIA

O mundo da TV nos oferece alternativas “infinitas” para nos identificarmos. Personagens heroicos ou sofredores ou, até mesmo, algumas referências psiquiátricas ou psicológicas em relação a comportamentos e/ou “manias”. Uma reportagem chamou a atenção quando uma esposa afirmava “diagnosticar” alguns problemas pessoais do marido, através do que assistiu em programas de televisão. Não são poucas as ocasiões possíveis de se ter contato com informações a respeito de alterações emocionais ou comportamentais as quais sugiram haver algum problema que solicite uma atenção mais acurada. Se acessarmos um guia médico com as características das muitas doenças psiquiátricas ficaremos aterrorizados com a gama de itens nos quais nos enquadramos. No entanto, a prudência nos pede cuidado devido ao fato de algumas dessas características consistirem apenas em traços de nossa personalidade, ou seja, um jeito particular e individual de estar e se relacionar com o mundo. Todos nós possuímos tendências de comportamento capazes de se tornarem problemas quando limitam, de algum modo, nosso viver. Então, alguém que gosta de tudo muito organizado pode ter um problema quando sua vida passa a girar em torno dessa organização e seus compromissos passam a ficar comprometidos por isso. Ou ainda outro alguém, porque experimenta um traço depressivo com uma tendência a tristeza, que em determinado ponto se vê impedida de compreender situações mais corriqueiras. Portanto, limita sua rotina e seu contato com as pessoas de modo a se isolar. Há também personalidades histéricas, entre tantas outras. Porém, o importante é atentarmos para o fato de esses constituírem nosso modo de ser e, não definirem quem somos. Apesar disso o importante é atentar-se ao fato do quão limitante esses traços podem se tornar. Em muitos momentos de nosso existir podemos experimentar um acentuar deles, o que não representa necessariamente um adoecer, mas apenas um momento que solicita maior atenção nossa. Sendo assim, é importante nos conhecermos para sermos capazes de identificar quando ocorre alguma alteração desse teor, ou ainda, como ela ocorre. Sempre, ao nos munirmos do conhecimento, seja ele em maior ou menor grau, assumimos a possibilidade de cuidarmos com maior desvelo de nós. O que permite ampliarmos o número de possibilidades as quais podemos escolher. Culminando na afirmação de Heidegger de ser a amplitude de nossas possibilidades o modo de mensurar nosso grau de liberdade. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

09 setembro 2011

É TEMPO DE AMAR


É comum relacionarmos amor e tempo, na tentativa de avaliar quanto dura um amor verdadeiro. No entanto, uma mensagem enviada por e-mail propôs outra relação: conseguimos amar verdadeiramente e com qualidade quando disponibilizamos nosso tempo para isso.
Diz-se que o amor para perdurar é necessário ser cuidado. E esse cuidar é equiparado a muitas formas como, por exemplo, se ele fosse uma pequena planta a qual precisa de água e cuidados contínuos.
Contudo a mensagem referida anteriormente afirmava ser o nosso tempo a razão de nos dispormos a amar com qualidade. Isto é, a água e os cuidados contínuos constituiriam, então, o quanto de nosso tempo nos propomos a dispender àqueles a quem amamos.
Não raro é cometermos enganos referentes a esse tema. Sendo assim, podemos chegar a entender o amar como o aceitar toda e qualquer atitude daqueles a quem dispensamos nossos melhores sentimentos.
No entanto, após um período de tempo, e talvez relativamente longo, podemos nos deparar com a surpresa de nosso amor não ter sido compreendido na medida em que desejávamos. Quando isso ocorre, pode-se experimentar uma grande decepção em relação aos nossos afetos e em maior proporção em relação a nossa própria atitude.
Porém, ao estarmos envolvidos em tal compreensão podemos, aliado a isso, vivenciar uma grande dor relacionada à desilusão experimentada. Mas, esse processo, que à primeira vista pode apresentar uma conotação negativa, também pode converter-se em uma oportunidade.
Ao experimentarmos a dor, a decepção ou mesmo a desilusão é natural também nos sentirmos traídos por algo ou alguém. No entanto esse momento também constitui a chance que o “universo” nos oferece para modificarmos o modo como nos relacionamos com o mundo de uma maneira geral.
Então, se mantivermos a ideia que o amar pode ser relacionado ao tempo que dispensamos para isso, esse tempo também pode ser dispensado àquele a quem mais podemos ser capazes de amar – nós. E, desse modo, nos colocarmos em posição de sermos cuidados em nossas mazelas para nos tornarmos adequados a dispensar nosso tempo amando quem faz parte de nosso convívio.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

02 setembro 2011

O PREÇO DA TRAIÇÃO


Nos acostumamos a depositar no outro a causa de nossas dores. E então, não assumimos sermos nós quem tem um problema e quem pode resolvê-lo. No filme: “O preço da traição”, a personagem principal não assume ter problemas com o seu envelhecer e com as mudanças ocorridas em seu relacionamento com o marido, em razão de, principalmente, os seus afazeres como mãe e os dele como pai.
Acredita, portanto, ser o afastamento causado devido à infidelidade do marido. A partir dessa conclusão toma decisões que irão proporcionar consequências ainda mais complicadoras para o relacionamento familiar. Contudo, o importante é a conclusão a que essa personagem chega quando tudo vem à tona. Num diálogo com o esposo entende estar o problema em suas dificuldades particulares e não no comportamento dele.
Ao não assumirmos nossas dores, e não olharmos para elas, corremos o risco de tomarmos decisões que ocasionarão consequências possíveis de tornarem-se desagradáveis ou quiçá muito inconvenientes. No entanto, assumir isso significa que precisamos tomar alguma atitude a respeito e nem sempre estamos preparados para isso.
Estar apto a assumir a responsabilidade pelo próprio sofrer não constitui um procedimento confortável. Afinal envolve decidir o que fazer e, desse modo, não mais poder responsabilizar o outro por nossas dores, mas adotar uma posição diante do fato de sermos capazes de solucionar o problema seja ele qual for.
Então, o primeiro passo para iniciar a diminuição das ocasiões que nos fazem sofrer é aceitar nos sentirmos incomodados diante de alguns fatores. Sejam eles os naturais do processo de envelhecer, os de assumir novos rumos ou mesmo o envolvimento em novos relacionamentos.
Quando adotamos a postura de assumir essa realidade nos tornamos capacitados a buscar auxílio. E, este pode ser uma conversa aberta com alguém de nossa confiança ou mesmo com um profissional capacitado a compreender os significados do existir e suas dores. O importante é darmos início a esse processo para tornarmos nossa existência plena de satisfações e não de sofrimentos e decepções.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br