30 maio 2014

OS OUTROS

Nem sempre nos damos conta de que não nos compete mudar os outros. E, principalmente, não cabe aos outros a iniciativa para resolver os problemas que constituem algo particularmente nosso. Infelizmente, ou felizmente, a obrigação de cuidar de nosso existir repousa em nossas próprias mãos.
Certamente, experimentamos, com razoável frequência, a sensação de que algo parece atuar de maneira oposta a nossos propósitos. Alguém ou algum evento nos leva a acreditar, fielmente, que há um movimento alheio ao nosso desejo, o qual nos proporciona situações desagradáveis e, o mais importante, totalmente injustas.
 Entretanto, é necessário nos lembrarmos de que fazemos escolhas e, especialmente, “fizemos” escolhas, as quais ocasionam consequências que permeiam nossos dias atuais. Sendo assim, é algumas vezes lamentarmos a condição na qual nos encontramos no presente, nos abstendo de lembrar que esta atualidade constitui o resultado de nossas experiências passadas.
Quando nos posicionamos como simples vítimas das ocorrências dos fatos, também nos colocamos em posição de impossibilidade de qualquer atitude aliada à melhoria de nossa condição geral.
Por isso, se faz sumamente importante nossa conscientização no sentido de compreendermos nosso potencial em prol de nós mesmos. Pois, a partir do momento em que entendemos o modo como nossas escolhas acontecem, isto é, fomos nós quem optou dentre as alternativas disponíveis, também seremos capazes de aceitar nossa condição na atualidade. Desse modo, poderemos optar entre manter ou modificar nosso modo de ser e viver no presente, visando consequências diferentes no futuro.
Porém, há a necessidade de assumirmos nossa participação em todo esse processo, para que não apenas façamos escolhas dentre as opções disponíveis, mas, também, exercitemos maneiras de ampliar nosso rol de possibilidades. Praticando, assim, a liberdade existencial da qual Heidegger, filósofo, nos convida a “praticar”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124
E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com


22 maio 2014

COMPARTILHAR

Nem sempre estamos dispostos a permitir que nossas emoções sejam compartilhadas. Isto é, experimentamos sentimentos por situações variadas os quais, na maioria das ocasiões, damos preferência à omissão deles.
No processo de nosso desenvolvimento pessoal ocorre de, aos poucos, expandirmos nosso potencial em relação a diversas dimensões do crescimento, tanto físico quanto emocional e psíquico.  Isso acontece devido às experiências vivenciadas por nós as quais assumem algum grau de importância e que nos permitem o acúmulo de informações.
Quando nos tornamos adultos é esperado sermos capazes de respostas adequadas às solicitações as quais estamos sujeitos. Porém, o que constitui uma resposta adequada para um pode ser totalmente inadequada para outro. Como discernir e, o mais importante, como escolher a melhor forma de agir diante de determinado acontecimento?
Aprendemos a cuidar de nosso modo de ser e agir quando em contato com o outro. Diversas vezes somos convidados a não permitir transparecer o que realmente sentimos em relação a algo ou alguém. Esse comportamento permeia o convívio em grupo ao qual estamos submetidos, tendo em vista nossa necessidade do referencial do outro para nos tornarmos quem somos.
Desse modo, torna-se mais seguro “disfarçar” alguns sentimentos, visando minimizar os desconfortos que eles poderiam ocasionar. Contudo, incorremos no risco de nos habituarmos a omissão deles e darmos início a um processo que pode culminar em um sofrimento além do desejado.
Sendo assim, pode constituir uma ferramenta imprescindível o desenvolvimento de nossa capacidade em compartilhar nossos sentimentos de forma segura. Ou seja, exercitarmos demonstrar nossas emoções de modo a comunicarmos o que representa determinada situação, sem nos expormos em demasia. Mas, para que isso ocorra é necessário nos permitirmos experimentar esse compartilhar de sentimentos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


16 maio 2014

AUTENTICIDADE- EU COMIGO

Em muitos momentos podemos experimentar a sensação de não estarmos vivendo nossa própria história. Isto é, algo ocorre que nos leva a questionamentos a respeito do que está ocorrendo conosco em determinado momento e se estas ocorrências representam nossas escolhas.
Diversas passagens podem nos conduzir a situações as quais não nos damos conta facilmente, mas que, em sua maioria, não constituem o que planejávamos ou o que desejávamos para nós e, assim, não aparentam constituírem algo o qual optamos arbitrariamente.
No entanto, tais fatos possibilitam nossa percepção de que algo pode não estar como esperávamos. A partir disso temos, então, a oportunidade de tornar nossa existência mais autêntica. Ou seja, conduzir nossa história de modo a nos sentirmos confortáveis com ela, tendo em vista ela representar, de fato, nossas preferências.
Contudo, pode-se classificar como lastimável o número de ocasiões em que deparamos com situações as quais não gostaríamos de “presenciar”. Porém, elas constituem o desenrolar de nosso enredo e, sendo assim, não convém negligenciá-las. Todavia, não é incomum procedermos no sentido do esquecimento ou até do “desaparecimento” de algo que nos causa desconforto de alguma maneira.
Talvez o primordial, nesse caso, seja o nosso empenho na busca do conhecimento acerca de nós mesmos, proporcionando, desse modo, a alternativa de nos apoderarmos de quem somos de um modo mais sustentável. E, assim, transformarmos nossas relações conosco e com os outros, de maneira a nos situarmos mais autênticos nelas.
Assim, poderemos nos proporcionar situações nas quais experimentar a sensação de satisfação torne-se mais rotineira, em contrapartida daquelas que nos levam a sentir desassossego, tendo em vista oferecerem a sensação de desconexão em relação a nós e a quem somos.

Márcia Aparecida Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP: 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmai.com 

09 maio 2014

SENTIR

Ao longo de nosso desenvolvimento pessoal pode ocorrer um processo no qual o sentir pode assumir um sentido delicado. Ou seja, todos nós sentimos algo por alguém ou por algo. No entanto, assume um trajeto às vezes contraditório, a forma como nos permitimos o demonstrar isso.
Nós, porém, somos seres que sente e, por conseguinte, o impedimento da demonstração dos sentimentos diversos que experimentamos ao longo de nossa existência, pode acarretar consequências das quais não nos sintamos muito confortáveis.
Na contramão do esperado de um modo geral, somos envolvidos no sentir, entretanto a demonstração do sentimento pode ser interpretado de modo inadequado. Pois, não é incomum experimentarmos algum tipo de constrangimento quando nos permitimos a exposição em relação a algo que demonstramos.
Na atualidade vivenciamos um crescimento de lamentações relacionadas à dificuldade nos relacionamentos variados, sejam eles de ordem mais íntima ou não. Mas, o importante é que se não buscarmos formas de modificar o significado do sentir, podemos ser levados a vivenciar experiências as quais nos frustrem mais do que gostaríamos.
Talvez o que ocorra é de, ao longo do tempo, algo ter ocorrido para nos levar a nos amedrontarmos diante das respostas do outro em relação à nossa exposição ao que sentimos em relação a algo. Contudo, ao nos mantermos afugentados devido ao receio em das consequências as quais podem advir de um movimento nosso, também limitamos nossas oportunidades em experimentar satisfação e prazer.
Sendo assim, ao exercitar formas de expor o que sentimos, poderemos experimentar alguns desagrados. No entanto, também poderemos experimentar sensações, no mínimo, surpreendentes, relacionadas a algo que podemos ter deixado adormecido por muito tempo e do qual podemos  não ter plena consciência do quanto nos perturba a falta.

Márcia A.  Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

e-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

01 maio 2014

SEPARAÇÕES

Não é incomum nos encontrarmos apartados de alguém ou alguma situação a qual desejaríamos que seu final não fosse concretizado. No entanto, muitas de nossas escolhas nos conduzem a finalizações as quais nem sempre constituem algo que escolheríamos “conscientemente”.
Importante estarmos atentos ao fato fazermos escolhas todo o tempo e ao colocarmos essa prática em uso exercitamos a liberdade definida pelo filósofo Jean-Paul Sartre. Porém, ao mesmo tempo, precisamos nos lembrar que deixamos ao menos uma opção sem ser escolhida.
Por isso, pode ser preciso voltarmos nossa atenção para o fato de essas escolhas não constituírem algo o qual não nos damos conta. O que pode ocorrer em muitas ocasiões é não admitirmos nosso envolvimento nas ocorrências as quais consideramos indesejáveis.
Nesse momento pode ser tentador responsabilizarmos qualquer outro pela escolha que nós fizemos. Assim, abrandamos nossas dores e podemos adquirir um “fôlego” enquanto não somos capazes de lidar com a realidade de nossa dor e nosso envolvimento nela.
Sendo assim, ao nos depararmos com algum tipo de frustração, especialmente quando somos apartados de algo que consideramos essencial para nós, é necessário analisarmos nossas escolhas para nos sentirmos seguros com ela. E, assim sermos capazes de aceitarmos que vivemos, no momento presente, o que de melhor pudemos disponibilizar para o nosso bem estar.
Contudo, a sensação de segurança com uma escolha não representa que devemos festejá-la com fogos de artifício. Pode ocorrer de nos sentirmos derrotados e com o desejo de nos escondermos de tudo e de todos.
Tal conduta constitui um processo natural de nosso luto pela perda de algo ou alguém. Todavia, há a necessidade de nos permitirmos vivenciar o sofrimento que tal sensação ocasiona, para nos habilitarmos a reconstruir todo o nosso potencial e nos refazermos de modo mais fortalecido.
É comum experimentarmos a sensação de impossibilidade de tal tarefa.  Contudo, se nos permitirmos a ocasião de lamentarmos o que nos entristece e vivenciarmos todos os processos envolvidos nesse lamento, nos colocamos diante da possibilidade de nos reerguermos aptos a novas empreitadas. Transformando a dor em oportunidade.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124