25 novembro 2011

CAIR EM SI

Muitas situações podem ser aquelas que irão proporcionar alguma mudança em nosso jeito de ser e de viver. Na bíblia temos a história do filho pródigo o qual em determinado momento “cai em si” e pondera suas decisões. Certa ocasião um conhecido me contou sobre a experiência de alguém ao experimentar extremo desânimo pela vida e desejando seu término ardentemente. No entanto, quando ele se deparou com um parente em seus dias finais desejando exatamente o oposto, isto é, continuar a viver, pôde experimentar o “cair em si” e retomar sua satisfação em estar vivo. Do mesmo modo podemos ser surpreendidos com algum “insight” proporcionado por certos eventos. Porém, ao nos lembrarmos do filósofo Heidegger e de sua afirmação de sermos livres para ampliar nosso rol de possibilidades, podemos entender ser possível a nós mesmos a busca desses eventos. Sair da condição de espera por algo que nos surpreenda e nos tire do ritmo no qual estamos seguramente envolvidos e acostumados. Nos envolvemos em nossa rotina e nos acontecimentos habituais de nosso dia-a-dia. Heidegger afirma ser isso importante para o estabelecimento de nossa segurança e confiança no provir. No entanto essa rotina, também faz com que se torne cada vez mais necessária a ocorrência de eventos surpreendentes, para nos fazer olhar de modo diferente para nossas experiências “habituais”. Sendo assim, se nos tornamos conscientes desse fato, podemos, então, buscar formas de modificar esse “status quo”. Quando nos permitimos olhar de modo mais atento para as situações rotineiras e comuns, incorremos no risco de nos surpreendermos com elas. Sem necessitar, assim, de situações inusitadas para nos tirar de um processo contínuo no qual nos deixamos envolver. Nesse caso, o “cair em si” pode ocorrer de modo aleatório e surpreendente. Ou, podemos experimentar a busca por um olhar diferenciado para eventos rotineiros e assim conhecer “insights” diversos. E estes podem proporcionar sensações diferentes que, por conseguinte, podem nos conduzir a experiências renovadas com significados importantes. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

18 novembro 2011

O BELO

“A beleza artificial é uma batalha contra o vazio do corpo e da alma”. É com essa frase que o filósofo Luiz Felipe Pondé concluiu um texto. Como será esse vazio? Experimentamos dele em nosso existir? Esse vazio pode surgir de forma passageira e rápida, ou pode prolongar-se por meses, anos e quiçá uma vida. No entanto, ao nos depararmos com essa possibilidade, isto é, de viver-se uma vida inteira sob uma forma de existir dominada por esse vazio. Ou, em uma busca incansável e inglória no preenchimento de uma lacuna a qual não compreendemos ao certo. Pode parecer cruel e demasiado exagerado. Contudo, se voltarmos nossa atenção para esse fato poderemos distinguir diversos momentos nos quais essa afirmação tem sentido. Torna-se cada vez mais comum nos depararmos com frases de lamentações ou de surpresa diante de um acontecimento corriqueiro que não tem sua adequada correspondência com a reação que proporcionou. A única “explicação” sensata seria a ausência de um significado mais próprio. A todo o momento criamos significados para as diversas relações que estabelecemos com o mundo. Sejam elas com pessoas, animais, objetos ou mesmo situações. Ao nos relacionarmos atribuímos significados que vão do de maior indiferença ao de maior importância para nós. É importante, no entanto, nos lembrarmos de que esse significado não é algo particular e exclusivo a algumas pessoas. Todos nós significamos nossas relações. Cada pequeno momento de nosso existir é permeado de algum sentido. Quando permitimos esse existir predominado pelo vazio de corpo ou de alma, também permitimos que os significados os quais atribuímos sejam insubstanciais. Ou seja, não nos proporcionam satisfação pessoal e ocasionam, inclusive, frustrações que nos levam a reações desmedidas. Podemos nos deixar levar por aquilo de maior importância para o outro sem ponderar nossa satisfação. Permitimo-nos envolver por solicitações de uma sociedade de consumo na qual vivemos sem nos questionarmos sobre nosso real desejo. Esse comportamento nos conduz a experimentar um vazio, o qual nos leva a buscas intermináveis e exaustivas. Talvez seja necessário voltarmos um pouco de nossa atenção para nós, para o que é importante em nosso existir e, para os significados trazidos pelos diversos momentos de nossa vida. Certamente que o modo de vida atual, preenchido com diversos afazeres, dificulta esse proceder. Pode ocorrer, então, de um bom antídoto para o vazio de corpo e de alma consistir no preenchimento das lacunas, em nosso existir, com significados os quais nos permitam experimentar relações com sentidos mais intensos. Ao “repensarmos” nossos diversos contatos com o mundo, ampliamos a possibilidade de renovarmos os diversos sentidos de nossa existência incorrendo, por conseguinte, na possibilidade de um existir mais “belo”. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

11 novembro 2011

RELAÇÕES: QUEM SOMOS?

Diversas situações podem propor uma gama razoável de oportunidades. Assim como uma frase, a princípio cômica, pode nos oferecer uma oportunidade para reflexões. Como por exemplo, a seguinte frase: “voltar com o ex-namorado é como comprar um carro que já foi seu. Vem com os mesmos defeitos só que mais rodado”. Será que apenas o namorado ou o carro vêm mais rodados? Usualmente nosso olhar para os acontecimentos em nossas diversas relações, nos conduzem a crer que o outro seja o total responsável pelo sucesso ou não delas. Sejam essas relações com pessoas, objetos ou animais o importante a ter-se em mente é o fato de a relação envolver sempre dois caminhos: ida e volta. Sendo assim, se o ex-namorado bem como o “ex-carro” vêm com os mesmos defeitos, pode ocorrer de a causa disso ser, muito provavelmente, o fato de não modificarmos nosso modo de nos relacionarmos com eles. Mas, como realizar tal mudança? Ao vivenciarmos nossas experiências cotidianas, costumamos buscar modos de afastar da memória aquelas que nos causaram algum tipo de desconforto. No entanto, ao fazer isso, deixamos de lado o fato de todas as nossas experiências, boas ou não, fazerem parte da constituição do nosso ser. Pois, somos “hoje” o resultado de todas as nossas vivências anteriores. Isto é, se modificássemos qualquer uma dessas vivências não seríamos quem somos atualmente. O filósofo Jean-Paul Sartre compara as influências de nossos atos com o bater de asas de uma borboleta, o qual poderia ocasionar um maremoto em um local distante. O físico Fritjof Capra afirma ser o todo influenciado pelas partes, isto é, cada um de nós tem influência nos eventos comuns a todos. Sejam eles de menor ou maior porte. Desse modo, é sensato concluir sermos parte importante em qualquer relacionamento. E, por conseguinte, possuidores do “poder” de modificá-los também. Então, se um ex-namorado ou um “ex-carro” possuem os mesmos defeitos, talvez repouse em nossas mãos a possibilidade de modificar tal relação. Essa iniciativa pode não parecer um processo simples em um primeiro momento. No entanto, se nos dispusermos a atentar para pequenos eventos ao nosso redor, poderemos ser capazes de ampliar nossos olhar para as diversas relações estabelecidas por nós. E, possibilitarmos a oportunidade de experimentar uma nova relação mesmo com alguém de nosso passado. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br

04 novembro 2011

PRIORIDADES

Em uma sociedade com tantas opções fica cada vez mais difícil estabelecer, de modo distinto, nossas prioridades. Muitas vezes nos deixamos levar por opiniões alheias as quais interferem em nossas decisões, sem cogitarmos a real satisfação que essa escolha nos proporciona. Em outras ocasiões podemos não ser capazes de decidir ou de transformar em realidade algo o qual desejamos, por não nos dispormos às dificuldades que determinada opção impõe. Nesse momento pode ser mais fácil acreditar que a escolha, na realidade, não é tangível, isto é, não é passível de ser alcançada. Experimentamos muitos exemplos disso em nosso dia-a-dia. Podemos, em muitas ocasiões, desvalorizar uma conquista obtida por alguém para não nos sentirmos incapazes. E isso nos conforta em concordância com nossas limitações às quais não desejamos admitir a existência. Menosprezamos os que alcançam suas metas julgando terem sido melhores afortunados. No entanto, nos esquecemos de voltar nosso olhar para nossos limites e, assim traçarmos objetivos coerente a eles. Na maioria das vezes não basta compreendermos nossas limitações, precisamos desmerecer quem é capaz para não nos sentirmos desvalorizados. Mas nesse momento surge uma questão: em um mundo tão competitivo como o atual, será a melhor solução para nossas dificuldades descrer os que de algum modo conseguiram superar-se? Podemos, certamente, nos apoiarmos nesse pensamento e acreditar que a vida, de algum modo, nos foi traiçoeira. Ou, podemos olhar para nós mesmos e tentar conhecer nossos pormenores para, então, sermos capazes de fazer escolhas mais coerentes com quem somos e com o que somos capazes de realizar. Temos desejos, mas não queremos sofrer para conquistá-los. Julgamos os vencedores pessoas as quais desconhecem o sofrimento, sem tentarmos conhecer a verdadeira história envolvendo sua conquista. Criamos heróis completamente felizes vinte e quatro horas ao dia. Será possível estarmos construindo pedestais, onde pessoas irreais ocupam lugares os quais, na verdade, não existem e nem são passíveis de existir? O que nos deixa feliz consiste em possuir algo cobiçado pela maioria ou algo que “nós” consideramos de maior importância? Nem sempre estamos prontos para responder a tantas questões. Porém, quanto mais buscarmos nos conhecer para respondê-las mais próximo estaremos de nossa realização pessoal que é acompanhada de satisfação e, por conseguinte, de felicidade. Márcia A. Ballaminut Cavalieri Psicóloga CRP 06/95124 E-mail: marcia@maximizandoresultados.com.br