26 dezembro 2014

10, 9, 8, ... 1!!!

É comum ao chegarmos ao final de um ano iniciarmos uma pequena, ou grande, retrospectiva a respeito do que se passou durante o ano que finda. Lembrarmos algumas “promessas” feitas ao início do mesmo. Não raro, também, é nos decepcionarmos com a lembrança de alguns resultados, mas também, ficarmos contentes em rememorarmos as conquistas obtidas.
Para algumas pessoas esse rememorar pode ser mais doloroso e para outras nem tanto. Certamente o fator relativo a um maior número de sucessos tem relação direta com esse sentimento. Mas será que é possível olhar para esses fatos de modo a esse momento não ser tão penoso?
Sempre ao término de um ano, ou qualquer outro ciclo, seja um curso, ou um período da vida como quando deixamos de ser crianças para nos tornarmos adolescentes/adultos, ou seja, ao término de um ciclo é natural experimentarmos uma sensação de alívio por concluirmos algo. Porém, essa sensação pode vir acompanhada também de tristeza. Pois, a conclusão de algo significa também o seu fim. Nem sempre nos atentamos para isso, mas é uma sensação semelhante de quando precisamos lidar com a morte.
Para um novo ano nascer o velho precisa morrer. Para o adolescente surgir a criança precisa morrer. Para uma vida nova surgir a antiga precisa morrer. E assim por diante. A questão é, que ao olharmos para nossas perdas e ganhos ao realizarmos uma retrospectiva, se o fizermos com a lembrança da necessidade de algo morrer para dar lugar ao novo, poderemos experimentar uma sensação diferente no que diz respeito, especialmente, às nossas perdas. Ou mesmo às situações sem uma conclusão que nos satisfizesse plenamente.
Alguém comentou não encontrar sentido nos ciclos de semanas, meses e anos que estabelecemos, pois todos os caminhos levam a um mesmo fim. Esse alguém referia-se à velhice ou mesmo à morte. Mas se nos focalizarmos somente nesse fim será que seremos capazes de apreciar ou mesmo perceber a jornada até ele?
Dificuldades, dores e perdas sempre haverá, mas as alegrias, ganhos e facilidades também. O importante é ao finalizarmos um ano conseguirmos nos envolver em esperança. Mesmo que esta não dure muito tempo, mas o suficiente para nos levar a fazer novos planos e novas promessas. Para permitir mantermos nossas possibilidades em aberto de modo que nosso existir não se torne estagnado e sem um sentido.
Uma definição que pude rever a pouco tempo afirma que é loucura fazer algo da mesma maneira, repetidamente, e esperar um resultado diferente. Então, que o final de 2014 seja repleto de lembranças boas e ruins. Porém, que elas possam ser a alavanca para novas decisões e levar-nos a, em 2015, arriscarmos outros caminhos. E, assim, podermos ter a oportunidade de experimentar outros resultados, se não melhores ao menos diferentes.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

19 dezembro 2014

NATAL

Alguém comentou que neste ano está estranho esse período de festas. Estávamos a seis dias do Natal e ela dizia que as pessoas estavam as mesmas, isto é, não haviam mudado seus compromissos rotineiros e nem sequer preparavam-se para grandes viagens ou comemorações.
Em um tempo em que muitas informações estão disponíveis, há quem afirme que não há sentido em se comemorar o Natal ao ter em vista o aniversariante não ter nem nascido essa época. Ou seja, temos acesso a informações cada vez mais precisas. E que desmentem muitos fatos tornando-os dispensáveis ou sem sentido lógico.
Porém, vivemos também em uma época em que algo parece sempre faltar. Estudiosos atentam para fatos diferentes na tentativa de explicações e justificativas para tais sensações. Mas a questão é: o que falta?
Não raro é experimentarmos, vez ou outra, uma sensação de vazio, de carência que nem sempre somos capazes de identificar a origem. Buscamos deixa-la de lado, “escondida” em algum lugar onde, com o tempo, seremos capazes de esquecer e assim continuar a viver.
Será isso o suficiente? Continuar vivendo carente de emoções pode tornar-nos indiferentes pelo simples hábito de buscarmos a indiferença. Nos habituarmos a não permitir sentimentos que nos remetam a pesares ou a sensações as quais nos façam parecer  humanos, pode ter um alcance inesperado e até indesejado. Podemos nos tornar alheios às emoções desagradáveis. Mas também podemos permanecer indiferentes a tudo ao nosso redor e, assim, experimentarmos a sensação de um vazio de uma busca sem nem sabermos o que é procurado.
Em um livro há um episódio no qual um piloto sofre um acidente em uma montanha coberta de gelo. Ele sobrevive e sabe que para continuar vivo precisa permanecer em movimento. Deste modo, coloca-se a andar por mais de três dias. Quando não aguenta mais tem o impulso de parar e deixar o gelo fazer seu trabalho. Porém, ao lembrar-se de sua esposa imagina a decepção dela ao saber de sua desistência e isso o faz continuar.
Ao longo do tempo enquanto espera o salvamento, esse piloto consegue manter-se em movimento. Buscar a cada momento um sentido diferente para continuar. Estudos afirmam que um animal, por ser irracional, teria mais chances de sobrevivência por guiar-se somente por instintos. No entanto, esse episódio nos mostra exatamente o oposto. Por sermos racionais, seres sentimentais e emocionais, temos um “quesito” o qual nos permite buscarmos em nós mesmos forças para continuar.
Então, se nesse período de Natal o impulso de sentir desânimo se fizer presente, uma alternativa é buscar sentidos para continuar... Nem sempre constitui tarefa fácil essa busca de sentido que permita a força para continuar. Porém, em uma época de tantas carências, será que não vale a pena investirmos em sentimentos adormecidos que permitam experimentar sensações que nos levem ao menos a certeza de estarmos vivos?
Que neste Natal tenha início uma busca incansável e duradoura.

Feliz Natal!

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

Email: marciabcavalieri@hotmail.com

12 dezembro 2014

PREOCUPAÇÃO

Há algum tempo alguém contou uma pequena história sobre o preocupar-se. Dizia ele que em nossa vida temos apenas duas coisas para nos preocuparmos: seremos bem ou mal sucedidos?
Sendo bem sucedidos não nos resta nada com o que nos preocuparmos, mas se formos mal sucedidos teremos de nos preocupar com apenas duas coisas: teremos saúde ou ficaremos doentes?
Se tivermos saúde, novamente, não teremos motivos para preocupações, mas se ficarmos doentes nos restam apenas duas preocupações: alcançaremos a cura ou morreremos? Se nos curarmos não temos nada com o que nos preocuparmos, mas se morrermos, novamente nos resta duas preocupações: iremos para o céu ou para o inferno?
Então, segundo esse alguém, se formos para o céu não nos resta mais preocupações. Porém, se formos para o inferno estaremos tão ocupados cumprimentando os muitos amigos que encontraremos por lá que não nos restará tempo para futuros aborrecimentos.
Partindo desse ponto de vista, ou seja, o de preocupações significarem um gasto de energia que talvez não nos leve a nenhum progresso, interessante seria avaliarmos quais as nossas reais preocupações. Isto é, com o que nos pré-ocupamos em lugar de nos movimentarmos rumo ao nosso desenvolvimento.
Muitas vezes nos “prendemos” a situações que não permitem uma solução no momento presente. Podemos, também, nos ocuparmos de situações passadas impossíveis de serem modificadas por estarem finalizadas, o que nos resta, então, é lidar com as consequências que emergiram. Ou ainda, nos ocuparmos com situações possíveis e hipotéticas e das quais não temos como ter uma prévia absoluta de como irá ocorrer.
Sempre ao nos mantermos atentos, em demasia, nas situações que não se encontram no presente, corremos o risco de interrompermos nosso desenvolvimento, não percebendo as possibilidades que surgem. O único momento em que podemos, de fato, agir é no presente e ao nos conscientizarmos disso ampliamos nossas chances de focalizarmos nosso olhar para situações as quais podemos, certamente, interferir.
Acreditar que podemos mudar o passado, ou mesmo, controlar o futuro, representa uma ilusão que nos impede o movimento rumo ao crescimento e às conquistas pessoais. Então, nos desconectarmos das ilusões pode significar a possibilidade de encontrarmos alternativas variadas para as situações que realmente solicitem nossa atenção no “presente”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124




05 dezembro 2014

INDIVIDUALIDADE X INDIVIDUALISMO

Em tudo há uma medida em que, quando ultrapassada, pode assumir uma característica nociva. É de suma importância cuidarmos de quem somos de um modo ativo. Assim, constitui algo salutar o nosso cuidado conosco de modo a preservarmos nossa individualidade. Pois, dessa forma, minimizamos o risco de nos perdermos quando envolvidos com algum sentimento que poderia reduzir a transparência de nossa personalidade.
Entretanto, é necessário atentarmos para o fato de que vivemos em grupo, e precisamos uns dos outros para que tenhamos um referencial o qual nos permita identificarmos, com clareza, quem somos.
O individualismo constitui, filosoficamente, uma doutrina ou atitude que considera o indivíduo como a realidade mais essencial ou como o valor mais elevado. Assim, cada um que faz parte de uma sociedade tem um papel relevante nela.
O sociólogo Zigmunt Bauman chama a atenção para o fato de o momento social atual tanger o que ele denomina Hiper-individualismo, que segundo o sociólogo, constitui um comportamento no qual o que não me atinge particularmente não consiste em algo da minha realidade,  não necessitando, por isso, do meu cuidado e atenção. Desse modo, incorremos no risco de agirmos como se o outro não possuísse representação significante em nosso existir.
Esse modo de agir pode explicar o fato de presenciarmos comportamentos diversos os quais nos convidam a refletir sobre o egoísmo e o egocentrismo. Isto é, um modo agir como se nada mais fosse importante do que o bem estar próprio e individual.
Contudo, é bastante comum presenciarmos fatos ou afirmações as quais nos permitem observar atitudes as quais lesam ou ao menos melindrem, de algum modo, o outro. Tal comportamento pode induzir a um pensamento pessimista em relação à nossa sociedade atual. Porém, se nos propusermos a cuidar de nós de modo a conhecer nossos potenciais e limites, poderemos nos habilitar, por conseguinte, a perceber de uma maneira mais eficiente o outro e seus sentimentos e desejos.
Por isso, ao nos movimentarmos em prol de nossa melhoria, poderemos, na mesma medida, aprimorarmos os relacionamentos diversos pertinentes ao nosso dia-a-dia e, assim, proporcionarmos um movimento mais amplo no sentido de um desenvolvimento coletivo.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

28 novembro 2014

PRESENTEAR

Atualmente é natural ouvirmos comentários a respeito de diversos modos de ser incomum há tempos atrás. Hoje não é raro conhecermos alguém que já apresentou ou apresenta sintomas de Depressão, Pânico, Transtornos de Personalidade como Bipolaridade ou ainda Borderline entre outros.
Tais nomes assustam e mais ainda sua atual frequência. Nunca se falou tanto em necessidades de controle de ansiedade como hoje e, definitivamente todos queremos respostas para descobrir, como se iniciam tais “distúrbios”?
No mês de dezembro há uma grande movimentação em torno das festas de final de ano. Amigos-secretos, presentes para familiares e amigos são a ordem do dia. Todos, de algum modo, presenteiam e são presenteados.
Há algum tempo minha filha questionou-me sobre o valor monetário do seu presente de aniversário. Essa pergunta proporcionou algumas questões: Qual o significado de um presente? Por que vivemos numa época em que presenciamos tantos casos de ansiedades e transtornos? Há relação entre essas duas questões?
É comum, nos dias de hoje, agraciarmos amigos e familiares com os conhecidos vales-presente, o qual o presenteado pode ele mesmo escolher o seu “presente”, ou oferecermos determinada quantia em espécie. Isso é um presente ou uma oferta de oportunidade de compra? Uma compra ocorre quando nos dispomos a ir a algum lugar e escolhermos, nós mesmos, o que desejamos adquirir.
Presentear envolve certo tempo, nosso, pensando na pessoa a quem queremos “agradar”. Ao nos dispormos a comprar um presente para alguém, podemos experimentar alguma insegurança a respeito daquilo que nosso afeto gostaria de receber.
Porém, se atentarmos para o fato de que tal presente pode significar um pouco de nosso tempo atentos àquela pessoa, que, por alguns momentos, suas preferências diversas como roupas, perfumes, objetos pessoais, comentários sobre suas coisas e situações preferidas são alvo de nossa atenção. Ou seja, dispensamos um pouco do nosso precioso tempo “conectados” na pessoa que iremos presentear, de modo que esse alguém assume, por um lapso de tempo, status de “total” importância para nós.
Será que ao nos dispormos a pensar desse modo em relação a um presente, o seu significado não será diferente do valor monetário envolvido em sua compra? Poderíamos, ao adquirir um presente, tentarmos ver nele não apenas a compra, mas a pessoa envolvida nessa relação. Pode ocorrer de utilizarmos um pouco mais de nosso tempo no processo da compra do presente. Entretanto, pode ser que o prazer envolvido nesse processo nos surpreenda.
Talvez as ansiedades e transtornos diversos da atualidade podem estar relacionados há alguns significados que deixamos de apreciar. E, mesmo com incerteza a esse respeito, podemos começar com um presentear diferente e, quiçá este ato seja apenas o início de um novo processo de significados diversos a envolver nossa existência futura.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

21 novembro 2014

RELAÇÕES

Desde o momento em que nascemos iniciamos uma relação com nossos pais ou cuidadores e a partir deste ponto damos início ao nosso desenvolvimento como seres individuais e interligados. Ao longo de nossa história de vida diversas pessoas irão participar da construção de nosso ser. Isto é, quando nos relacionamos com toda a diversidade de seres ao nosso redor, estamos, a cada momento, adicionando uma nova experiência em nosso desenvolvimento que será um fragmento de quem seremos como indivíduos.
Podemos ouvir alguém dizer que sua vida seria diferente se tivesse seguido outro caminho. Com certeza seria diferente, mas será que seria melhor? Talvez sim. Porém, uma questão um pouco mais profunda pode emergir. Ter uma vida diferente será que nos tornaria outra pessoa? E quem seria esta pessoa? Será que gostaríamos dela? Talvez não seja possível responder com exatidão a essas questões, mas é interessante formulá-las para que possamos exercitar olhar de modo diferente quem somos hoje. E, assim, termos capacidade de apreciar essa pessoa ou modificá-la, se julgarmos necessário. No entanto, é importante lembrar que toda mudança exige uma iniciativa que nem sempre é fácil, mas que nos convida à mobilização.
Iniciamos falando sobre nosso desenvolvimento quando em contato com nossos pais ou nossos cuidadores e isso significa que as relações diversas fazem parte de quem. Sendo assim, o outro tem papel fundamental na pessoa que nos tornaremos. Entretanto, nem sempre estamos atentos às pessoas com quem nos relacionamos, nem tampouco as ouvimos com atenção ou dedicamos um pouco do nosso tempo em entendê-las.
É muito comum nos dias atuais alguém afirmar não ter tempo, ou que está com pressa e não é possível fazer tudo o que deseja. Então, se não temos tempo nem mesmo para fazer o que queremos, não teremos tempo para observar o outro. Certamente vivemos um momento no qual muito nos é exigido tendo em vista a competitividade que vivenciamos e nos desafia constantemente. Mas, se nos esquecermos do quão importante é o outro em nossa existência como seremos capazes de termos relacionamentos satisfatórios?
Quando nos relacionamos temos a oportunidade de nos conhecermos também. Num exercício simples podemos observar nossa reação diante de um fato corriqueiro ou ainda, diante de uma situação que exija um pouco mais de cautela na avaliação. A partir de nossas respostas ao comportamento alheio podemos ter como “termômetro” quem somos naquele momento. Mas nem sempre estamos aptos em saber quem realmente somos. Porém se não nos conhecemos como seremos capazes de solucionar as dificuldades que nos afligem?
Deste modo, quando buscamos maneiras de nos conhecermos, estamos também melhorando nossos relacionamentos e, por conseguinte, nos permitimos olhar e vivenciar experiências que poderão nos levar a um desenvolvimento de nós mesmos, permitindo o início de uma reforma interna que poderá culminar em uma satisfação pessoal que contagia todos ao nosso redor. E como nos construímos nos relacionamentos que estabelecemos, esse pode ser um caminho muito agradável de seguir.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri

Psicóloga – CRP 06/95124                                                                                                                                   marciabcavalieri@hotmail.com

14 novembro 2014

ERRAR É HUMANO!!

Mais frequente do que desejamos estamos suscetíveis ao erro. Porém, não raro é encontrarmos algo ou alguém que, “muito provavelmente”, nos induziu a errar. Assim, justificamos nossas atitudes menos felizes de modo a nos isentarmos das responsabilidades e consequências decorrentes de tal erro.
Há quem se culpe por tudo. E, certamente, esse será seu próprio vilão por muito tempo, tendo em vista não ser possível que sejamos responsáveis por “tudo” o que ocorre ao nosso redor. Contudo, se pensarmos a respeito dos diversos “vilões” com os quais nos deparamos, poderemos refletir um pouco sobre nós mesmos.
Ao responsabilizarmos o outro, seja uma pessoa, um evento ou algo; localizamos o vilão “longe” de nós. E, com isso, temos a chance de acreditar termos sido vítima de alguma ocasião infeliz ou, ao menos, não termos tido escolha. Isto é, seja lá o que for que aconteceu não havia alternativas para se evitar o ocorrido. Será realmente assim que acontece?
Quando algo nos é estranho, tendemos a buscar maneiras de tornar esse estranho o mais próximo possível de algo que nos seja familiar, para, então, experimentarmos um pouco menos de desconforto cm a situação inédita. O oposto ocorre quando nos deparamos com uma situação que nos deixa infeliz ou denote que erramos. Buscamos, nesta ocasião, maneiras de distanciar o máximo possível tal situação de nossa realidade, para nos sentirmos mais confortáveis com nossos limites. Pois, é a respeito de nossos limites que nossos erros “falam”.
Aceitar o limiar de nossas capacidades não constitui algo fácil. Assim, ao termos alguém ou algo para responsabilizar em lugar desse nosso “não ser capaz”, se faz presente uma tentação quase irresistível de nos reconfortarmos nisso.
Entretanto, sempre que fugimos de nossos erros ou que deixamos de assumir nossa parcela de responsabilidade por eles, perdemos uma grande oportunidade de aprendermos com o processo o qual envolve errarmos e desenvolvermos habilidades para lidar com o limite que ele nos anuncia. Piaget, psicólogo e educador francês, afirmou que aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos, devido ao sentimento que aqueles despertam.
Nos cabe, então, buscar maneiras de nos fortalecemos para sermos capazes de “encarar” nossos limites e entendê-los. Para, com isso, podermos expandir tais limites e alcançarmos o desenvolvimento emocional que nos permitirá viver de modo mais equilibrado.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124                                                                                                                                     

07 novembro 2014

DECEPÇÕES: REALIDADE X ILUSÃO

Por que nos decepcionamos? O que nos leva a ter expectativas as quais não atingidas? Criamos expectativas acima das nossas reais possiblidades? Ao refletirmos acerca dessas questões poderemos nos aproximar de algumas possíveis respostas. Porém, numa definição encontrada nos dicionários a decepção consiste em um desengano, uma desilusão. Ou seja, em algum momento permitimos a uma ilusão se instalar em nosso pensamento, e a partir dela determinamos nossas expectativas.
Em que momento a ilusão se faz presente? É possível encontrar uma data, hora ou mesmo um momento específico em que tal engano dos sentidos ou da mente tem início? Talvez não. Podemos, entretanto, buscar voltar nossa atenção a nós mesmos e como reagimos nas variadas situações que experimentamos. Desde as mais simples às mais complexas e, deste modo, conhecer um pouco mais sobre o nosso modo de agir.
É comum nos iludirmos, isto é, termos uma percepção distorcida do objeto seja ele algo, alguém, ou uma situação. A questão é que quando essa percepção se encontra distorcida tendemos a ter comportamentos que podem culminar em sofrimentos. E um dos grandes objetivos que temos é a tentativa em minimizar ao máximo a presença desses momentos desagradáveis.
Como fazer então para alcançar tal objetivo? Seria muito bom encontrarmos uma receita pronta que nos desse todo o modo de fazer explicado em detalhes. Contudo, a realidade não é essa. O que podemos é buscar em todas as oportunidades conhecermos esse alguém que vive muito próximo de nós – nós mesmos!
Por mais que desejemos algo complexo e com diversos obstáculos para alcançarmos o conhecimento a nosso respeito, a melhor forma ainda é uma reflexão acerca de nosso modo de agir, ser e sentir nas situações as mais variadas.
Infelizmente, temos dedicado bem pouco de nosso tempo para isso, tendo em vista as solicitações diárias e, os problemas novos que surgem a todo o momento. Mas se continuarmos a deixar de lado essa possibilidade, permitiremos que as situações assumam controle do nosso existir que, a princípio, pertence a nós.
Então, voltar nossa atenção para nossas atitudes e sentimentos pode, no mínimo, nos levar a um autoconhecimento, o qual, por conseguinte, pode possibilitar nosso desenvolvimento e liberdade para responder questões as quais nem sempre somos capazes. E dessa forma minimizar nossas decepções.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

31 outubro 2014

APRENDENDO

Ao longo de nossa existência vivenciamos diversas situações, agradáveis ou não. Porém, nem sempre dedicamos maior disponibilidade de nosso tempo observando-as de modo a aprender com elas. Por exemplo, a cada momento do dia nos relacionamos com alguém e isso nos proporciona a oportunidade de, ao menos, aprender como lidar com essa pessoa. Mas muitas vezes preferimos apenas nos lamentar por situações que nos contrariam e não destinarmos mais tempo e atenção ao ocorrido, impossibilitando a oportunidade do aprendizado.
Alguém um dia lamentava-se de uma situação com um grupo de amigos que o fez sentir-se muito contrariado. Dizia que os amigos não o entendiam e que agiam sempre do mesmo modo com ele em situações semelhantes. Ou seja, as situações se repetiam com as mesmas pessoas e esse alguém não foi capaz de, em momento algum, ter a iniciativa de tentar outro tipo de comportamento para experimentar outro tipo de resultado. Muitas vezes não atentamos para o fato de a mudança poder acontecer a partir de nós mesmos, de um comportamento nosso, diferente do habitual.
Esperar um resultado diferente em uma situação repetida com um mesmo comportamento parece, no mínimo, insano. As experiências estão o tempo todo nos oferecendo oportunidades de aprendizado, entretanto precisamos vê-las para que a aquisição desse conhecimento aconteça. Contudo, o olhar precisa ser atento e reflexivo, algo que nem sempre estamos dispostos a praticar.
Podemos afirmar que a rotina acelerada do dia-a-dia não nos permite investirmos em a tal reflexão. Porém, de um modo parecido, quase todas as pessoas se lamentam das mesmas coisas: alguém que não o entendeu, um acontecimento que o constrangeu, um acolhimento que não teve e por aí podemos fazer uma imensa lista. Mas a questão é: se nós não encontrarmos tempo para reflexões que permitam um aprendizado a respeito de nós mesmos, como poderemos nos desenvolver e almejar crescimento e sucesso em qualquer âmbito de nossa vida seja ele familiar, profissional ou acadêmico?  

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga - CRP 06/95124

24 outubro 2014

POSSIBILIDADE

Presenciamos na atualidade um aumento relacionado a distúrbios de ordem emocional, tais como ansiedade, pânico, estresse entre outros. O que tem acontecido para o surgimento de tantas desordens emocionais? Se sentimos uma dor em nosso corpo e o responsável médico não consegue detectar a causa recebemos a resposta – provavelmente seu mal constitui algo relacionado ao seu estado emocional, ou você deve estar vivendo um momento de estresse, precisa diminuir o estresse em sua vida. Fácil não?! É só diminuir o estresse e pronto!
A sociedade competitiva em que vivemos exige de cada um de nós o melhor, mas em muitas ocasiões isso não é o bastante, pois deve-se ter um diferencial para atuar no mercado de trabalho e na vida de maneira autossuficiente. Com isso, pode não haver oportunidade para valorizarmos o equilíbrio emocional, considerando-o um quesito de menor importância em todo esse processo.
Sendo assim, a busca por alternativas que auxiliem na conquista de tal equilíbrio, nem sempre possui um lugar de atenção em nosso dia-a-dia. Entretanto, muitos estudos têm comprovado que ser possuidor de tal equilíbrio disponibiliza maiores chances em se obter um desempenho melhor em todos os âmbitos da vida, seja ele profissional, familiar ou acadêmico.
Somos, a todo momento, convidados a desenvolvermos diversas “perfeições”. Não basta sermos bom no que fazemos, precisamos ser os melhores. O mundo oferece oportunidades a quem se destaca, porém não há como obtermos a garantia de que temos contato com o melhor. No entanto, ainda assim buscamos incansavelmente este melhor e com certeza somos cobrados a oferecer o melhor de nós também, ou seja, cobramos e somos cobrados.
A partir de nosso nascimento somos arremessados em um mundo “exigente e cruel”. Contudo, será esse mundo tão cruel e tão exigente como às vezes podemos percebê-lo? Estudos afirmam que nosso olhar é repleto de filtros que desenvolvemos ao longo de nossa existência através das experiências que vivemos. Esse filtro denota não haver um olhar neutro e objetivo. Nossas emoções e vivências estão sempre permeando a interpretação daquilo que vemos. A cor azul ou rosa que enxergamos não tem a mesma tonalidade de cor azul ou rosa vista pelo nosso vizinho, nosso amigo, nosso filho, nosso companheiro, etc.
Ou seja, as experiências que vivemos ao longo de nosso desenvolvimento, sejam elas agradáveis ou não, permeiam todos os momentos de nossa vida. Em cada contato visual que estabelecemos está presente o acúmulo do que vivemos, resultando em uma lente que permeia a forma como interpretamos a realidade na qual estamos inseridos e que se apresenta a nós em determinado momento.
Entretanto, somos escravos dessa lente? Até que ponto podemos mudar a imagem que essa lente nos mostra? O filósofo Jean-Paul Sartre afirma que nós somos condenados à liberdade, isto é, somos livres para escolher, porém, condenados às consequências dessas escolhas.
Sendo assim, podemos escolher mudar nosso olhar ou a lente que o cobre, mas é sensato ter a consciência que isso não consiste em uma tarefa fácil, mas possível. E o importante é a lembrança do – possível.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail:  marciabcavalieri@hotmail.com

17 outubro 2014

MORTE

Sempre ao ouvir-se a palavra morte, experimentamos algumas sensações. Afinal é difícil ser indiferente a ela. Podemos sentir medo, tristeza, desespero, satisfação ou alívio. Mas que tipo de morte é essa? O que é a morte? Morre-se somente quando uma vida finda ou há outros tipos de morte a se pensar?
Ao concluirmos algo o qual havíamos nos comprometido. E compararmos esse concluir com a morte, poderemos amenizar os efeitos que tal palavra tem sobre nós. E mais, teremos a oportunidade de dar início a um olhar diferente para tudo o que iniciamos e terminamos. Será permitido compreendermos de um modo diferente os diversos ciclos nos quais nos envolvemos.
No processo de se lidar com a perda de algo querido experimentamos muitos sentimentos. Porém, se exercitarmos a compreensão dessa perda como parte de um ciclo do qual estamos imersos, poderemos ser capazes de avaliar mais claramente o que está realmente ocorrendo.
Temos fases bem definidas em nosso processo de crescimento: infância, puberdade, juventude, vida adulta e velhice. Ao início de cada nova fase a antiga precisa ser “enterrada”. A criança precisa deixar de existir de maneira plena para o adolescente tomar forma. O adolescente precisa ocultar-se para o jovem assumir seu papel e fazer suas escolhas. O jovem tem necessidade de abandonar o palco para o adulto assumir suas responsabilidades e organizar sua vida de modo a ser capaz de desfrutar suas conquistas.
Da mesma forma nosso crescimento tem fases. Se procurarmos fazer uma analogia encontraremos em tudo o que fazemos o mesmo processo. Ao engendrarmos uma nova empreitada temos o momento de quando iniciamos contato com informações novas. Depois amadurecemos tais informações para então elas tomarem forma e poderem assumir seu papel pleno diante daquilo que decidimos. Entretanto, ao deliberar por algo sempre deixamos para traz outra opção que então “morre”. Pois ao fazermos uma escolha algo precisou ser renunciado.
Temos contato com a morte em diversos momentos em nosso dia-a-dia. Precisamos, então, exercitar maneiras mais amenas para nesse processo, quando os sentimentos se apresentarem, serem aceitos. E, desse modo, poderem ser compreendidos e utilizados em prol de nossa aprendizagem para lidar com temas, a princípio, causadores de algum desconforto.
Ao buscar tal exercício nos muniremos de um verdadeiro arsenal para nos envolvermos com as mais diversas situações e nos sentirmos aptos a enfrentar os mais variados tipos de desafios.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

13 outubro 2014

MEL

Dor, saudade, amor... muitas pessoas se perguntam como é possível alguém desenvolver um sentimento tão grande em relação a um pequeno “animal” com o qual se convive alguns “poucos” anos.
Há onze anos trouxemos essa pequena bolinha de pelos branca, tão meiga que não caberia outro nome que não fosse doce como ela – Mel. Ela chegou assustada, insegura e totalmente sem saber onde estava. Se saíssemos de perto dela muito depressa ela ficava parada, pois não sabia onde tínhamos ido. Ela não conhecia sua nova casa ainda.
Fomos orientados a sermos firmes com ela para que aprendesse as “regras” da casa, dentre elas a de dormir sozinha em seu espaço.  Obviamente nosso docinho de mel chorou a noite toda até que cedemos e permitimos que ela dormisse no quarto da mamãe e do papai. As outras regras aprendeu como ninguém.  Sempre respeitou nosso espaço, desde que ela estivesse junto, de preferência no colo e recebendo seu carinho. Seu corpinho quente era mais que aconchegante, era a pura sensação do amor incorruptível.
Um dia começou a ficar doentinha, ainda novinha iniciou suas convulsões.  Após alguns anos e poucos médicos interessados verdadeiramente em seu bem estar de vida, encontramos a Dra. Bianca que mais que tudo preocupava-se com a sua vida e não somente com sua doença. Junto com o nosso grande amigo Dr. Celso Carvalho, minimizamos os efeitos do fenobarbital (gardenal) com a homeopatia e ela vivia como um bebê de 11 anos.  Difícil fazer alguém acreditar em sua idade já que era sempre tão jovial.
No entanto, a maior característica da Mel era sua capacidade de despertar o melhor de qualquer um que se aproximasse dela. Meiga, dengosa, carinhosa, gentil mesmo quando nos mordia, a não ser quando brincava com a Bia, afinal eram “iguais” em todos os sentidos.  Ao ponto de sentir-se livre para estar em seu quarto mesmo quando ela não estava lá, o que não acontecia nem com o quarto da Camila nem com o do papai e da mamãe.
Adorava brincar com a Camila, especialmente quando já era bem tarde da noite e ela estivesse cansada para jogar o “tigrão” para ela. Mas isso nunca a impediu de atender seu pedido e brincar com ela alegremente até que se cansasse e ficasse com o bichinho somente para ela como quem diz: ok Camila, já brinquei, agora pode me deixar em "paz”.
O papai diz que depois da Mel é comum tomar a atitude de conter o trânsito com seu carro na estrada para impedir que qualquer veículo machuque algum cachorrinho mais confuso no meio da rua. O amor por ela não permitiria que deixássemos um dos seus se ferir sem fazer algo para tentar impedir.
Enfim, por alguma razão o universo entendeu que seu tempo tinha sido o suficiente conosco. Claro que não concordamos, queríamos ela por perto mais uns... 100 anos. Porém, compreendemos, ou não, mas o importante é que jamais será esquecida. O amor que nos ensinou é indescritível.
Então, se alguém se pergunta como se pode amar um ser tanto assim, não sei explicar. Infelizmente ou felizmente a Mel somente nos ensinou a sentir. E pôde, desse modo, partir em sua posição preferida, no colo da mamãe e cheia de carinho e amor. Um dia nos reencontraremos Mel.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

10 outubro 2014

PROFISSÃO


Em toda sociedade o indivíduo é valorizado pelo sucesso profissional que obtém. Portanto, a escolha da profissão adequada torna-se um objetivo primoroso. E no nosso país isso é exigido do jovem em idade em torno de dezesseis anos.
Nesse período o jovem ainda encontra-se em transição física e emocional, buscando seu lugar na família e no círculo de amigos. Então, a escolha da profissão emerge como algo mais importante que qualquer outra questão que esse jovem possa ter.  E ele se depara diante de uma decisão que pode significar tudo do melhor para ele... Ou não.
Como ajudar um jovem nessas condições? O que se pode fazer para permitir que ele possa refletir sobre si próprio, isto é, sobre quem ele é e o que quer fazer? O teste vocacional é o auxílio mais procurado e com certeza tem seus méritos, mas será suficiente? Será que todos os jovens que fazem seu teste vocacional ficam totalmente satisfeitos com o resultado?
Quando uma decisão está para ser feita é importante uma reflexão que analise prós e contras e, principalmente, as conseqüências que a decisão pode trazer, como por exemplo, a mudança de cidade em que se vive e a distância do conforto do lar e do cuidado dos pais quando ainda se é tão jovem.
Somos totalmente livres para escolher, porém condenados às suas conseqüências, como afirma o filósofo francês Jean-Paul Sartre. Então, algumas perguntas são fundamentais para a reflexão sobre qual profissão exercer quando inserido na vida adulta e, com a mesma importância, onde preparar-se para o aprendizado da profissão escolhida.
Algo nem sempre levado em conta é o que se tem prazer em fazer. Não estamos acostumados a pensar nisso, afinal somos educados para produzir o máximo possível e ter sucesso, o prazer poucas vezes tem lugar de destaque quando pensamos em trabalho. Mas se uma atividade que poderá ocupar mais de um terço do tempo de nosso dia-a-dia não nos proporcionar prazer, seremos capazes de exercê-la de maneira satisfatória? E se conseguirmos, por quanto tempo isso será possível até nos cansarmos, experimentarmos frustrações ou ainda, adoecermos e nos tornarmos, desse modo, pessoas entristecidas sem compreender muito bem o por quê?
Talvez, o mais importante para um jovem que se encontre num momento de decisão tão delicada, seja ao menos contar com a compreensão de quem o cerca. Para permitir que ele tenha em mente que alguns caminhos são passíveis de mudança ou até mesmo de retorno. E que o mais importante ao se decidir por qual profissão optar é, acima de tudo, sentir-se satisfeito em exercê-la. Ou seja, que a atividade profissional possa proporcionar satisfação não somente no âmbito monetário, mas também, e principalmente, no âmbito pessoal. E um dos modos mais importantes para descobrir o que nos dá prazer é nos conhecermos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com

03 outubro 2014

O NOVO


O novo sempre nos assustou. Historicamente temos diversas referências, especialmente entre os filósofos como Giordano Bruno, Galileu Galilei e Sócrates. Seus discursos assustavam porque inovavam. Sugeriam pensamentos e comportamentos diferentes aos do costume da época.
Se procurarmos podemos encontrar muitos outros nomes, mas o importante neste momento é refletirmos sobre a angústia que acompanha o que representa algo novo em nossa existência. Sempre que alguma idéia nova surge temos um primeiro impulso de repudiá-la, pois nos convida a mudanças e essas ocasionam desconforto.
Ao atentarmos para o novo nos colocamos em uma situação de fragilidade porque o que é conhecido conforta, proporciona segurança e confiança. Então é comum presenciarmos situações de medo quando uma criança é levada pela primeira vez a uma escola onde, mesmo na companhia de outras crianças, sente-se desamparada e assustada. Além das questões emocionais envolvidas, que não é nosso objetivo no momento, a situação do novo sempre desequilibra de algum modo.
Alguém afirmou nos desequilibramos o tempo todo se intentamos nos movimentar. Ao trocar um passo experimentamos a perda do equilíbrio momentaneamente, para retomá-lo rapidamente e assim por diante se desejarmos um simples caminhar, apesar de termos a opção de permanecermos no mesmo lugar, estanques. Da mesma forma agimos em todos os sentidos. Para experimentar algo novo precisamos sair do equilíbrio no qual nos encontramos e então conhecermos o movimento que o novo convida.
Movimento, a princípio, indica algo o qual todos desejamos, mas nem sempre estamos dispostos a alcançá-lo. Se tomarmos como exemplo algo bem simples, como um exercício físico que protelamos ou deixamos para outra oportunidade, poderemos perceber o quanto damos preferência ao conforto no qual nos encontramos, em oposição ao movimento que afirmamos ser nosso propósito.
Porém, em alguns momentos de nossa existência precisamos tomar decisões que envolvem algo novo. E se nos prepararmos para lidar com o novo que se apresenta, teremos maiores chances de escolhas que nos ofereçam alternativas inesperadas para situações que podemos, inclusive, estar familiarizados, mas que sob outro ponto de vista torna-se surpreendente.
Angústia diante do novo é algo que permeia o nosso existir. No entanto, buscar maneiras de suavizar esse sentimento, de modo a sermos capazes de nos arriscarmos em situações que possam nos surpreender é uma decisão que pode auxiliar em nosso movimento em busca de novas conquistas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marciabcavalieri@hotmail.com


26 setembro 2014

ROTINA

Uma informação, em certa ocasião, chamou a atenção: ao trafegar por uma estrada movimentada, percebeu-se que muitos motoristas enganavam-se com o guichê o qual deveriam comparecer com seu veículo para o pagamento da tarifa necessária para aquela região. Assim, aumentava-se o risco de acidentes substancialmente, ocasionado por paradas bruscas causadas pela desatenção do condutor com um veículo em alta velocidade. Uma questão então desponta: o que leva alguém a tal “distração” ao ponto de colocar a si próprio bem como a vida de outros em risco com tal comportamento?
O filosofo Heidegger afirma necessitarmos da rotina. Assim não nos atentamos para a certeza do fim. O fim de uma fase escolar, de um trabalho, de um relacionamento ou mesmo de uma vida. Porém, se o fim, assim como a rotina fazem parte de nosso existir, como conciliar ambos para não cairmos nos “automatismos” de comportamentos que nos podem ser prejudiciais e não nos darmos conta?
As solicitações diárias nos leva a agirmos de modo semelhante todos os dias. Fazemos, praticamente, as mesmas coisas nos mesmos horários com pequenas variações. Essa rotina nos proporciona segurança, como destaca o filósofo Heidegger, pois nos precavemos de surpresas. E mais, não necessitamos pensar no que estamos fazendo. Preservamos, desse modo, nossa energia a qual pode ser disponibilizada para outros interesses. Entretanto, com a rotina, incorremos no risco de agirmos de modo impensado.
Podemos justificar nossos comportamentos “automatizados” com as necessidades que temos. Porém, ao permitirmos o não olhar para questões que, por exemplo, nos emocionam; iniciamos uma trajetória rumo ao distanciamento do sentir. E podemos, então, adquirir modos de ser e agir que não são mais elaborados, mas apenas praticados.
Então, encontrar meios de nos “conectarmos” ao nosso sentir pode permitir um modo de proteção contra o automatismo que o dia-a-dia nos impulsiona, leva-nos a uma existência mais plena envolvendo a satisfação nos contatos que estabelecemos com quem nos cerca.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

19 setembro 2014

POBREZA

Há diversas teorizações a respeito de pobreza e do que consiste o ser pobre. Pode-se, sob um ponto de vista, afirmar ser pobre quem não possui bens materiais, ou ainda aquele que não possui qualidades “nobres”.  Tal avaliação dependerá do parâmetro de avaliação utilizado.
Podemos, contudo, voltar nossa atenção para o existir e buscarmos maneiras para compreender qual o “valor” de nossa existência.  Ou seja, vivemos de maneira “pobre ou afortunada”?
Ao focalizarmos nossa atenção em um único propósito incorremos no risco de reduzirmos a satisfação com nosso existir. Pois, voltamos nossa energia no intuito de alcançarmos o objetivo exclusivo traçado por nós.  Porém, ao agirmos dessa maneira, diminuímos nossas possibilidades de satisfação, pois ao depositarmos nossa atenção em um único foco, minimizamos nossas chances de experimentarmos a plenitude. Assim, poder-se-ia considerar tal existir como sendo “pobre”.
Ao nos permitirmos relacionamentos diversos, nos colocamos em uma posição na qual as oportunidades de decepção ficam dirimidas no volume. Isto é, se nos relacionarmos com diversas situações e pessoas, ao perdermos uma delas, no montante total a sensação de perda será minimizada pelas outras relações as quais temos. E, igualmente, aumentamos nossa chance de superarmos a dor da perda.
Se nosso círculo existencial é reduzido a uma única atividade com um número reduzido de pessoas, ao experimentarmos algum tipo de frustração em relação a alguém de nosso círculo ou à atividade exercida, será mais penoso superarmos a dor da frustração. No entanto, se nosso dia-a-dia é permeado de diversas atividades, a perda de uma delas irá, apenas, representar uma a menos.
Então, se desejarmos “enriquecer” nossa existência para focalizarmos na plenitude de nosso existir, é necessário ampliarmos nosso universo pessoal, de modo a elevarmos o número de oportunidades nas quais podemos alcançar o sucesso de nossos desejos, transformando, desse modo, a “pobreza” em “riqueza”.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

12 setembro 2014

ANGÚSTIA

Diante de alguma dificuldade é comum reagirmos no intuito de nos protegermos. Num primeiro momento somos capazes de relacionar uma imensa lista de motivos, dos quais culminaram nos fatos da maneira que foram dispostos e que nos causam algum tipo de sofrimento. Ou seja, encontramos razões variadas para nossas atitudes, as quais compreendemos não denotar nossa responsabilidade nas situações dolorosas que se apresentam para nós.
Contudo, há a necessidade de assumirmos as consequências por nossas escolhas, de modo a nos apoderarmos da possibilidade de solução de qualquer dificuldade que possamos experimentar. Quando nos posicionamos como vítimas as quais não tiveram participação nos fatos que culminaram em nossa dor, geramos, assim, um obstáculo deveras resistente para a solução do problema em questão.
É preciso compreender, porém, que em nosso primeiro impulso no intuito de salvaguardarmos nosso bem estar, podemos ser levados a comportamentos e reações das quais não se obtém o resultado desejado. Isto é, ao agirmos de acordo com nosso impulso de proteção e defesa, sem maiores considerações a respeito do assunto, podemos agir de modo insatisfatório ou, ao menos, infrutífero em relação ao resultado que esperávamos. O que pode ocasionar, na contramão de nosso desejo, uma piora da situação na qual estamos envolvidos.
Então, pode ser essencial buscarmos maneiras de amenizarmos nossa angústia quando no momento de dor. Pois, ao agirmos dessa maneira, permitimos a oportunidade de reflexão em relação a situação vivenciada e desse modo, nos aproximamos da possibilidade de alcançarmos o real motivo de nossa dor, bem como nosso percentual de responsabilidade no processo, o qual culminou na dificuldade atual.
O filósofo Jean-Paul Sartre salienta oscilarmos entre nossas escolhas e suas consequências.  Assim, se faz necessário considerarmos nossa parcela de responsabilidade relacionada à nossa história pessoal, para nos abastecermos da possibilidade de ampliar o número de possibilidades  que  nos cercam.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

05 setembro 2014

PERFEIÇÃO

Desde Platão convivemos com a ideia de um ideal perfeito: o mundo ideal. Isto é, um modelo o qual se almeja atingir. Este modelo oferece um molde ao qual seria necessário ajustar-se, para  privilegiar a possibilidade de alcançar a perfeição. Contudo, um pensamento como esse pode conduzir a atitudes extremas e decepções variadas.
Herdeiros de pensamento como esse, incorremos no risco de considerarmos de suma importância a busca da perfeição a qualquer custo. Não se pode esquecer que é possível termos sonhos, os quais necessitem de um grande esforço de nossa parte para que possam vir a tornar-se realidade. Porém, é preciso exercitar um olhar cuidadoso para o que é possível, minimizando, assim, as oportunidades de frustrações.
Nem sempre nos damos conta de que podemos desejar algo o qual não se encontre em concordância com a nossa realidade. Ou seja, obnubilados pelo desejo, podemos desconsiderar detalhes importantes no que concerne quem somos e o que nos é “ideal” e possível.
O mundo ideal de Platão pode transformar-se em “nosso” mundo ideal, tendo em vista que ao levarmos em conta nossos limites e capacidades, aproximamos a perfeição de nossa realidade, fazendo com que ela constitua um ideal possível para nós, de modo individual e não geral, o qual desconsidera nossas capacidades particulares.
Ao procedermos de maneira a nos conhecermos e assumirmos quem somos, podemos, munidos desse conhecimento, nos engajar em qualquer empreitada, pois, a consciência do que somos capazes, permite analisarmos o que desejamos e como agir para alcançar nossos  objetivos.
No entanto, é necessário um cuidado constante no que se refere a como somos e como estamos, pois nos desenvolvemos a todo o momento, e com isso, também mudamos quem somos e do que somos capazes.
Por isso, pode ser relevante exercitarmos o olhar para quem somos e como estamos, para, desse modo, ampliar nossas possibilidades, de maneira a habilitarmos nossa liberdade como sugere o filósofo Heidegger.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

29 agosto 2014

CERTO OU ERRADO?

Em muitas ocasiões buscamos um limiar claro e definitivo para o que podemos considerar adequado ou não para nós. Comumente, usamos como parâmetro algumas generalizações, isto é, tomamos por base o que, aparentemente, funciona para a maioria e, desse modo, assumimos a ideia de que constitui algo adequado para nós também.
Não se pode negar que em muitos casos esse procedimento possui certo grau de assertividade. No entanto, não é raro nos depararmos com situações às quais parece não nos satisfazer a escolha do que a maioria considera adequado. Nesse caso, precisamos nos lembrar de que somos indivíduos singulares e assim, pode ocorrer de algo geral não representar o ideal para a singularidade de nosso existir.
Algo não muito fácil consiste em procedermos, embasados em nossas particularidades, de tal modo a nos habilitarmos a considerar as escolhas com maior probabilidade de acerto.  Para isso, é necessário nos conhecermos, bem como nossos medos e desejos.
Contudo, a sociedade atual na qual estamos inseridos nos convoca a buscarmos, de alguma maneira, a semelhança em comportamentos, pensamentos e escolhas. O que pode minimizar angústias e inseguranças relacionadas às diferenças e suas consequências.
De algum modo, o significado da diferença tem assumido um valor, muitas vezes, pejorativo. Porém, se nos recordarmos da singularidade que somos, tal descrédito para com o diferente se esvai.
Sendo assim, pode ser preciso um exercício constante de nossa parte na busca do conhecimento acerca de nós mesmos. Para, desse modo, nos tornarmos capazes de respeitarmos nossos limites em relação ao que somos capazes de suportar. Sejam esses limites correspondentes a alegria ou tristeza.
É preciso, no entanto, estar constantemente presente a consciência de que tal proceder já constitui uma singularidade e, assim, algo diferente. Mas, se nos possibilitarmos tal atitude, poderemos nos habituar ao diferente e, por conseguinte, assumirmos de forma mais integrada a nossa singularidade. Transformando, dessa forma, nossa existência em algo o qual nos proporcione um maior número de satisfações em contrapartida dos desalentos.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

22 agosto 2014

DECEPÇÃO

Desenvolvermos algum tipo de expectativa em relação a algo ou alguém é um tanto comum. Pode ser a conquista de um emprego, o futuro de um filho, um encontro com alguém, etc. Da mesma forma, não constitui algo raro experimentarmos a decepção quando nossas expectativas não são atingidas. Desse modo, podemos nos encontrar diante da necessidade de nos refazermos, com maior frequência do que gostaríamos, tendo em vista a decepção estar relacionada a um sentimento que pode nos conduzir ao desânimo.
Portanto, no momento em que nos encontrarmos desanimados, isto é, com a sensação de que não possuímos energia suficiente para nos refazermos e iniciarmos uma nova empreitada, pode ser a ocasião em que seja necessário nos voltarmos para nossos sentimentos mais íntimos. Com tal atitude nos habilitamos a buscar, em nosso foro íntimo, formas diversas de proceder. Isso pode significar a oportunidade de vislumbrarmos possibilidades não observadas anteriormente à dor concernente à decepção.
Há quem seja capaz de se refazer de algo dessa magnitude com considerável agilidade e rapidez. Contudo, pode ocorrer de não nos encontrarmos nesse rol de pessoas com tal habilidade. Assim sendo, talvez seja algo sumamente importante assumirmos nossa inabilidade nesse aspecto e nos permitirmos alguma assistência.
A sociedade atual é em sua maioria individualista, ou seja, na qual precisamos ser capazes de resolver “todos” os nossos problemas e dificuldades sozinhos, tendo em vista sermos os únicos responsáveis por eles. Desse modo, o pensar que para nos refazermos de algo íntimo possamos necessitar de algo “distante” de nós, como um amparo externo, pode repercutir como divergente do modo natural de se proceder.
Mas, ao nos permitirmos experimentar tal atitude, podemos iniciar um modo de agir o qual nos permita exercitar um comportamento, ao menos surpreendente, para alguém habituado a assumir que o valor repousa em sermos totalmente “independentes”.
Fritjof Capra, físico e autor, em seu livro “O ponto de mutação” discorre sobre a interligação à qual estamos todos submetidos. Assim, necessário se faz assumirmos uma posição diferenciada diante desse fato, para que nossas atitudes possam ser consideradas de modo mais cuidadoso, tendo em vista poderem “tocar” o outro de alguma forma.
Então, sendo interligados e nosso “destino” estando vinculado ao dos outros com os quais convivemos, permitir auxílio em um momento de dor diante da decepção com alguma situação, pode constituir a possibilidade de amenizarmos o impacto de nossas atitudes em uma dimensão mais ampla, além da melhoria de nossa condição particular e individual.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

15 agosto 2014

VALOR

Muitas vezes não dispensamos muito de nossa atenção aos detalhes os quais envolvem nosso dia-a-dia, bem como as escolhas que fazemos quando envolvidos em nossa rotina diária. Entretanto, como afirma o filósofo Jean-Paul Sartre, somos condenados a escolher, pois mesmo quando optamos por não escolher, já realizamos nossa escolha.
Sendo assim, se estamos envolvidos em algo comum a todos, isto é, o ato de escolher, inevitável seria o fato de ao fazermos isso, nem sempre atentamos para o que estamos, de fato, selecionando como de maior importância para nós. Ou seja, qual o real valor daquilo para o qual nossa atenção encontra-se voltada.
Em nossos afazeres diários, especialmente com as solicitações de velocidade acelerada em tudo o que executamos, não é fora do comum passar desapercebido de nós detalhes os quais nos levaram a determinada decisão. Desse modo, podemos nos encontrar um pouco desorientados em relação ao que tem ou não importância para nós.
Portanto, algumas questões podem surgir a partir dessa reflexão: como mudar esse padrão de comportamento? De que maneira podemos nos conduzir de modo a nos colocarmos na “contramão” do que representa um modo mais fácil de agir?
Somos bombardeados a todo o momento com sugestões diversas. Elas podem manifestar-se, em um anúncio publicitário ou mesmo no comentário de um colega, entre outras. Ou seja, em uma sociedade na qual o consumo adquiriu uma representação elevada, não constitui algo incomum a emergência de algo que nos leve a considerar importante o que, na realidade, não possui esse valor para nós.
Então, se nos proporcionarmos momentos nos quais possibilitamos a nós mesmos o ouvir nossa resposta à questão: o que tem valor para mim? Pode ocorrer de iniciarmos uma nova trajetória no que diz respeito à nossa capacidade de proporcionarmos um maior número de ocasiões nas quais experimentemos  satisfação, prazer e realização.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


08 agosto 2014

DESAFIOS

O sociólogo Zygmunt Bauman afirma que a felicidade reside na superação e na conquista de desafios e não na ausência ou na fuga. Isto é, quando nos propormos a vivenciar nossas experiências de modo pleno, nos colocamos em uma posição mais próximo de experimentar a desejada felicidade.
Atualmente muitos desafios são considerados insalubres. Ou seja, que podem ocasionar algum tipo de adoecimento, tendo em vista a possibilidade de prejuízo subsequente a um esforço, talvez, demasiado.
Assiste-se a um crescente aumento de situações nas quais transtornos diversos emergem: pânico, obsessão, depressão entre outros. Estes, em sua maioria, podem ser diagnosticados como originados em nosso sistema emocional. Assim, pode ocorrer de nos assustarmos diante do fato de algo tão “palpável”, com sintomas e sensações demasiado perturbadoras, ter origem na forma como sentimos o mundo que nos atinge.
Ao considerarmos a afirmação do sociólogo de que ao superarmos desafios alcançamos a felicidade, podemos, do mesmo modo, afirmar que ao ampliarmos nossos limites em relação ao nosso modo de agir com o mundo nos aproximamos da plenitude de nosso existir.
Nos permitindo a expansão do que nos restringe de algum modo, também possibilitamos a oportunidade de nos depararmos com situações inéditas.  Estas podem assumir um significado assustador e inibitório. Porém, ao examinarmos a nós mesmos e nossas capacidades para lidar com o fato com a qual nos deparamos, podemos nos surpreender com a constatação de que nossa fragilidade para algo considerado insuperável, pode não constituir a nossa total realidade.
Então, ao nos “autorizarmos” a fazermos uso de um exercício no sentido de nos conhecermos, bem como ao que nos restringe, poderemos colocar em prática a sugestão de Bauman em prol da conquista da felicidade. E, desse modo, ao nos propormos a vivenciar nossas experiências de modo a superá-las, também possibilitamos nossa chance de satisfação conosco.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

01 agosto 2014

QUEM SOMOS?

Muitas vezes buscamos explicações definitivas e estáveis para essa questão. Entretanto, ao agirmos desse modo limitamos um campo extremamente amplo de possibilidades, tendo em vista podermos mudar o tempo todo.
É notável que algo em nós parece ser estável, permanente e imutável. Mas, se atentarmos com acuidade pode ser que sejamos capazes de perceber que mesmo essa parte em nosso modo de ser, possui a alternativa de ser modificada. Desde que nosso desejo esteja voltado para esse objetivo.
Em nossas diversas relações assumimos um papel relativamente “fixo”. O qual nos proporciona conforto diante do fato de o contato oferecer algo de previsível. Assim, procuramos nos manter os “mesmos” para que essa relação não apresente mudanças, especialmente quando esta nos parece estar a contento. E, desse modo, “garantimos” a felicidade a qual experimentamos.
Porém, não podemos nos esquecer que a cada momento que existimos, mudamos. Isso ocorre devido ao fato de todo e qualquer contato que estabelecemos, seja com algo ou alguém, aprimoramos quem somos e, desse modo, mudamos. Ou seja, as experiências as quais vivenciamos, nos possibilita o exercício de um modo diferente de pensar e agir. Sendo assim, seria contraditório afirmar que somos os mesmos desde sempre, em vista de o ápice de nosso desenvolvimento, constituir a possibilidade de mudança todo o tempo.
Então, pode constituir algo sumamente importante admitirmos que somos capazes de mudar. E, da mesma maneira, aqueles os quais convivem conosco também possuem essa alternativa. Por isso, ao nos conscientizarmos dessa condição a qual estamos “submetidos”, podemos nos abalar e buscar formas de nos mantermos os mesmos e, estagnados.
Ou, podemos aliar essa oportunidade junto ao nosso desejo e nos proporcionarmos o desenvolvimento, que pode nos proporcionar mudanças as quais pode ocorrer de não ser absolutamente o que desejávamos, mas, ao menos, representa nossa disposição em nos movimentarmos, em contrapartida à estagnação que pode culminar em adoecimentos em formas as mais variadas e, na maioria dos casos, indesejadas.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com

25 julho 2014

SONHAR

Quando tem início nossa percepção de que sonhamos iniciamos um processo no qual sonhar, planejar e realizar tornam-se possibilidades tangíveis. Contudo, junto a isso pode também nos ser apresentada, pelo mundo, a frustração.
A dinâmica de nossa vida atual nem sempre nos permite reflexões a respeito de nós mesmos. Como estamos, o que desejamos e o que já realizamos. Enfim nos colocamos seguindo em frente sem muita atenção ou cuidado conosco. No entanto, esse continuar pode intensificar os sentimentos de frustração os quais podemos, sem perceber, não nos darmos conta.
Diversas razões podem ocorrer para termos nossos sonhos e planos realizados, porém nem sempre do modo como desejávamos. Nesse momento, sentimentos de dor e o desejo de, em muitas ocasiões, desistir, podem se tornar quase irresistível. Entretanto, o próprio mundo que, em nossa compreensão nos frustrou, nos conclama a não desistir.
Assim, somos “obrigados” a continuar. Nesse ínterim é comum deixar de lado o pensar sobre nós mesmos. Quem somos, o que desejamos, quais nossas capacidades e como modificá-las, ou mesmo, como ampliarmos nossas habilidades.
 Se nos permitirmos aprofundar nosso pensamento a nosso respeito, de uma maneira inteiramente pessoal sobre o sentido de nosso existir, poderemos experimentar a compreensão sobre o que representa nossa própria vida. Ao nos disponibilizarmos a esse movimento reflexivo, nos aproximamos da possibilidade de realização, em oposição à possibilidade de frustração.
Em muitas ocasiões pode ser necessário rever planos e sonhos e, inclusive, remodelá-los. Mas, se não atentarmos para nossos pormenores e a respeito do significado de nossos desejos, poderemos estabelecer uma relação delicada conosco e com nossa capacidade de proporcionarmos, a nós mesmos, um maior número de sonhos realizados.
Desse modo, sempre que nos movemos no sentido de compreendermos de modo mais apurado quem somos, nos posicionamos como alguém que possibilita, em maior intensidade, oportunidades de nos realizarmos. E, ao encontro disso, minimizamos as possibilidades de frustrações as quais podem nos conduzir à estagnação.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail – marciabcavalieri@hotmail.com