18 agosto 2017

PARADOXO DO NOVO

Movimento, a princípio, indica algo que todos desejamos, mas nem sempre estamos dispostos a alcançá-lo.
  
É comum nos assustarmos com o novo. Historicamente temos diversas referências, especialmente entre os filósofos como Giordano Bruno, Galileu Galilei e Sócrates. Seus discursos assustaram porque inovaram. Sugeriram pensamentos e comportamentos diferentes aos do costume da época.
Se procurarmos poderemos encontrar muitos outros nomes, mas o importante neste momento é refletirmos sobre a angústia que acompanha o que representa algo novo em nossa existência. Sempre que alguma idéia nova surge temos um primeiro impulso de repudiá-la, pois nos convida a mudanças e essas ocasionam desconforto.
Ao atentarmos para o novo nos colocamos em uma situação de fragilidade devido ao fato de o conhecido confortar, proporcionar segurança e confiança. Então, é comum presenciarmos situações de medo quando uma criança é levada pela primeira vez a uma escola onde, mesmo na companhia de outras crianças, sente-se desamparada e assustada. Além das questões emocionais envolvidas, que não é nosso objetivo no momento, a situação do novo sempre desequilibra de algum modo.
Nos desequilibramos o tempo todo se intentamos nos movimentar. Ao trocar um passo experimentamos a perda do equilíbrio momentaneamente, para retomá-lo rapidamente e assim por diante. Mesmo, se desejarmos um simples caminhar, apesar de termos a opção de permanecermos no mesmo lugar, estanques. Da mesma forma agimos em outros âmbitos. Para experimentarmos algo novo necessitamos sair do equilíbrio no qual nos encontramos e então, conhecermos o movimento que o novo convida.
Movimento, a princípio, indica algo que todos desejamos, mas nem sempre estamos dispostos a alcançá-lo. Se tomarmos como exemplo algo bem simples, como um exercício físico que protelamos ou deixamos para outra oportunidade, poderemos perceber o quanto damos preferência ao conforto no qual nos encontramos, em oposição ao movimento que afirmamos ser nosso propósito.
Porém, em alguns momentos de nossa existência precisamos tomar decisões que envolvem algo novo. E se nos prepararmos para lidar com esse novo que se apresenta, teremos maiores chances de escolhas que nos ofereçam alternativas inesperadas para situações que podemos, inclusive, estar familiarizados, mas que sob outro ponto de vista torna-se surpreendente.
Angústia diante do novo é algo que permeia o nosso existir. No entanto, buscar maneiras de suavizar esse sentimento, de modo a sermos capazes de nos arriscarmos em situações que possam nos surpreender é uma decisão que pode auxiliar em nosso movimento em prol de novas conquistas.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124

Email: marciabcavalieri@hotmail.com

01 agosto 2017

VIVENDO A LIBERDADE!!

É de suma importância a satisfação consigo mesmo. Contudo, se faz ainda mais essencial a ciência de quem somos e do que tem real valor para nós.

Atualmente há uma movimentação quase generalizada em prol da aparência com demasiadas regras e padrões. O despertar de preocupações com peso, constituição de pele, cabelo, vestimentas, entre outros.  Contudo, em meio a esse rol de aspectos pode ser deixado de lado um importante fator referente a aparência: o olhar.
O olhar é permeado de significados. Ou seja, algo assume determinada qualidade, mais ou menos agradável, de acordo com sua representação para nós. Isso ocorre até mesmo com as tonalidades das cores que não constituem as mesmas para todos. Sendo assim, não se pode abandonar a ideia de que na busca de uma aparência a qual harmonize com nossas expectativas, é necessário atentarmos para a representatividade dela para nós ou para outrem.
Não é raro alguém insatisfeito com sua própria aparência buscar amparo na opinião alheia. Contudo, em muitas ocasiões, ocorre de predominar uma insatisfação pessoal um pouco além do próprio aspecto. Na busca de uma aparência “perfeita” nos esquecemos de cuidar de nossa essência e de buscarmos distinguir o que queremos.
Em muitas ocasiões somos envolvidos no “fluxo” no qual estamos imersos. E, diante de nossa rotina atribulada e de nossas necessidades pessoais, relegamos a um segundo plano o cuidado com quem somos e quem desejamos ser. Nos tornamos nossos piores algozes, avaliando, julgando e condenando a nós mesmos à parte de um critério mais “justo”. Proporcionamos, desse modo, um sofrimento, muitas vezes, dependente de nós para ser mitigado.
É de suma importância a satisfação consigo mesmo. Contudo, se faz ainda mais essencial a ciência de quem somos e do que tem real valor para nós. O que nos traz satisfação e até que ponto se faz necessário mudarmos ou não.
Toda mudança demanda iniciativa e empenho. Porém, envolve também a capacidade em suportar o abalo que ela traz consigo. No momento em que optamos por mudar algo em nós é necessário estarmos cientes de que ocorrerá um grande movimento ao nosso redor. Isto é, nosso deslocamento acarretará, no mínimo, estranhamento àqueles partícipes do nosso convívio.
Sendo assim, se faz essencial o cuidado com quem desejamos ser. Para, munidos do conhecimento de nossos desejos em relação a nós, possamos acionar os mecanismos necessários para a obtenção de nossa busca.
Por isso, se torna indispensável um olhar cuidadoso e atento para nossas particularidades e para quem somos. E, assim, nos habilitaremos a escolher a direção a qual desejamos seguir em prol do que designamos como importante para nós.
A noção de que quem somos e como somos está diretamente relacionada com quem desejamos ser e como expressamos quem somos. Dessa forma, quando nos dispomos a fazer uso de mecanismos os quais nos permitam nos conhecermos, nos tornamos, por conseguinte, um pouco mais libertos das amarras que as demandas as quais envolvem regras e padrões nos aprisionam.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124