07 janeiro 2011

ANO NOVO


Acabamos de passar pelas festas de Natal e Réveillon. Nesta época costumamos fazer uma revisão do que se passou ao longo do ano anterior, mas nem sempre nos sentimos satisfeitos com os resultados dessa revisão. Fica uma pergunta, o que podemos fazer pra mudar essa sensação? Rever nossa “lista” de afazeres para o novo ano? Isso é o suficiente?
Pensando a respeito do sentido das coisas de modo geral, qual o significado de tudo que acontece ao nosso redor, os relacionamentos, os ganhos e as perdas? Hoje há uma corrida em direção ao ter e acabamos deixando para segundo plano o ser. E é no “ser” que reside o sentido, os significados. Vivemos dias em que um presente não possui mais o valor de um “presente”, porque nem sempre nos disponibilizamos a olhar para alguém e investir um pouco do nosso tempo analisando o que aquela pessoa gostaria de ganhar. O caminho mais fácil é perguntar o que ela quer ou dar um vale presente de forma que ela mesma possa fazer a compra. Com isso ganhamos tempo e a garantia da satisfação do presenteado. Mas será isso mesmo? Escolher o nosso “presente” é o que queremos? Ou será que estamos todos esperando ser surpreendidos?
As datas especiais são comemoradas no dia mais oportuno sem necessariamente ser a data específica. Um exemplo, as festas juninas são muitas vezes estendidas até o mês de julho. Então onde está o sentido da festa junina acontecer em julho? E isso tem ocorrido com diversas situações. Há uma busca desesperada por algo que não se sabe o que é. Talvez falte o sentido o qual pode ser encontrado nas pequenas coisas.
Muitas pessoas falam da falta de romantismo e/ ou nostalgia dos dias atuais. Algumas chegam a afirmar que a vida era melhor antigamente. Uma maneira de pensar é que a vida era diferente, que passamos hoje por um processo de melhoria que poderia ser comparado a uma reforma. Quando iniciamos a reforma em uma casa tudo a princípio transforma-se numa total desordem. Mas ao final nos sentimos recompensados pela melhoria que ocorreu. Algo semelhante acontece hoje. Pode-se dizer que estamos numa grande reforma aonde muitos conhecimentos nos chegam de um modo muito rápido. Tudo é muito ágil a começar pela comunicação. Deste modo também somos cobrados em nossa agilidade. Mas todo esse ganho tem um preço, afinal tudo envolveu uma escolha, e uma escolha envolve deixar de lado ao menos uma das alternativas possíveis. Nesse processo parece estarmos deixando de lado os significados importantes para nós.
O que fazer então para reencontrarmos esse significado? Nosso olhar está sempre revestido por uma lente às vezes imperceptível, e somos livres para escolher qual lente usar. O importante é que precisamos nos conhecer para identificarmos o que realmente queremos sentir. E sermos capazes de escolher a lente que queremos usar.
Zigmund Bauman, sociólogo e escritor, fala sobre a liquidez das relações que são desfeitas com a mesma rapidez com que estabelecemos novos contatos. O momento hoje solicita de nós agilidade, então a “prisão” de um compromisso pode dificultar isso. Mas somos seres que se relacionam e nos tornamos nós mesmos quando nos relacionamos. Sendo assim, essa falta de compromisso pode prejudicar esse processo de nos conhecermos porque não nos permite o envolver-se, o sentir. Envolver-se nos relacionamentos olhando mais atentamente para quem nos cerca permite encontrarmos mais sentido nas coisas. E isso pode se tornar uma “surpresa” agradável.
Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124
Email: marcia@maximizandoresultados.com.br
07/01/2011

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