03 julho 2015

LIBERDADE

Algumas vezes imagino estarmos em uma roda, a roda da vida. E esta roda gira numa velocidade que não nos permite enxergar tudo que está ao nosso redor. De repente algo acontece e nos vemos em uma situação difícil, desagradável, beirando o insuportável. Somos, assim, obrigados a parar e olhar com atenção. Neste momento costumo pensar que fomos obrigados a deixar a roda e a olhar para tudo que está ao nosso redor, desse modo vemos as opções que temos e podemos, então, decidir por qual caminho seguir.
Talvez se olhássemos os pequenos detalhes em nosso dia-a-dia não precisaríamos de situações difíceis para nos tirar da roda. Entretanto, tal prática ainda não constitui uma rotina para nós. Sendo assim, “precisamos” de situações as quais nos proporcionem a parada, às vezes, brusca para observarmos o que acontece e os pormenores envolvidos nas ocorrências ordinárias em nossa existência.
O filósofo Sartre afirma sermos condenados a liberdade, pois somos impelidos a optarmos por uma ou outra alternativa a todo o momento. Contudo, somos obrigados a lidar com as consequências de tais escolhas. Outro filósofo, Heidegger, diz que nossa liberdade consiste em aumentarmos o número de alternativas disponíveis para, então, fazermos nossa opção.
O inconveniente ocorre quando cremos na irrealidade dessa liberdade.  Nessa ocasião somos levados a nos portarmos como vítimas das situações e nos sentirmos “obrigados” a ter atitudes as quais não desejamos.  É nesse momento em que os adoecimentos diversos podem se manifestar, tanto os físicos, que são mais aparentes, como os psicológicos e emocionais, que podem aparecer disfarçados em palavras ações.
Ao permanecermos enraizados nesse pensamento podemos cristalizar comportamentos os quais nos parecem rotineiros e insignificantes. Mas que podem tornar-se escandalosamente nítidos para quem se encontra próximo de nós.
Então, o importante é não perder de vista a realidade de nossa liberdade, para que não iniciemos um processo no qual nossas ações e palavras tornem-se tão cristalinas para os outros que possam ocasionar consequências mais avassaladoras do que poderíamos considerar possível, levando-nos a perdas, muitas vezes, irreparáveis.
Por isso, a consciência de nossa liberdade em ampliarmos nossas possibilidades e a responsabilidade pelas consequências advindas dessas escolhas podem, em um primeiro momento, nos assustar. Mas, a prática rotineira de atentarmos para nossa liberdade pode nos proporcionar um desenvolvimento pessoal surpreendente.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga – CRP 06/95124

E-mail: marciabcavalieri@hotmail.com

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