22 janeiro 2016

AMOR – JUSTIFICATIVA PARA QUASE TUDO

Talvez, o amor seja uma forma nobre de justificarmos nossos atos, mas serão nobres esses atos?


Em nome do amor, algumas vezes, cometemos atos insensatos ou mesmo sem avaliar a dimensão de suas consequências. Uma conhecida contou sobre sua experiência em tentar, de todos os modos, amenizar as dores de quem era próximo a ela. Disse ter sido repreendida por alguém que lhe destacou sobre os malefícios dessa atitude. Porque assim não permitia à essas pessoas viverem experiências que lhes permitissem algum aprendizado e desenvolvimento.
No entanto, não é fácil a atitude de ajudar o desenvolvimento de alguém querido sem tentar impedir uma possibilidade de dor. Em muitas ocasiões torna-se quase impossível assistir a essa pessoa sofrer as consequências daqueles atos que lhe proporcionaram sofrimento. Especialmente quando se tem alternativas para auxiliar a mitigar esse processo.
Atualmente, com as solicitações diárias as quais estamos submetidos, encontramos justificativas diversas para tal comportamento. Na pressa dos muitos afazeres sanamos nossa necessidade de encontrar uma causa para nosso modo de ser o qual “lesa” aquele a quem amamos. Em muitas ocasiões fechamos nossos olhos para tal realidade protelando também o lidar com suas consequências.
Muitas vezes não nos atentamos para o fato de esse modo de agir se relacionar com sentimentos dos quais nos pertencem, e que nos causam desconforto. Sentimentos relacionados às frustrações as quais somos expostos a todo o momento, principalmente devido ao fato de acreditarmos ser possível muito mais do que a nossa realidade permite.
Diante disso, a tentativa de impedir quem amamos de experimentarem frustrações torna-se uma tentação quase irresistível. Assim, buscamos formas de sanar nossas dores com nossas próprias decepções nos atos que, em nossa ilusão, são salvadores das dores alheias.
Talvez, o amor seja uma forma nobre de justificarmos nossos atos. Porém, uma análise mais detalhada de como amamos pode permitir que sejamos um pouco mais “úteis” àqueles que direcionamos tal sentimento.
Nesse caso, ao nos conhecermos e abrandarmos nossas dores nos tornamos mais plenos. E, então, em consequência, também mais aptos a “acompanhar” quem nos cerca e é depositário de nossos sentimentos de carinho e amor. Essa companhia se torna mais segura e capaz de ser provedora de experiências importantes para seu desenvolvimento pessoal.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124


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