07 março 2017

AUTOFLAGELO


“Se entendermos ser, de algum modo, a ausência de nosso esforço em prol do objetivo desejado a razão pelo fracasso dele, podemos experimentar a culpa. ”


Em algumas ocasiões podemos sentir falta de disponibilidade de toda a nossa energia para alcançar um objetivo específico. Podemos não entender o porquê de desejarmos algo e, experimentamos a sensação de não termos investido tudo na busca da realização desse desejo. Ou, podemos, em oposição, acreditar que dispensamos tudo ao nosso alcance e não ter sido o suficiente.
Então, a frustração como consequência disso é quase inevitável. Porém, é necessário tentar entender o ocorrido para alcançarmos uma compreensão do evento como um todo. Assim, poderemos conceber formas mais efetivas para a realização do desejado ou, quiçá, mudarmos nosso “desejo”.
No entanto alguns fatores podem interferir nesse processo de modo a nos “paralisar”. Se entendermos ser, de algum modo, a ausência de nosso esforço em prol do objetivo desejado a razão pelo fracasso dele, podemos experimentar a culpa.
Nesse caso, pode parecer importante perdermos algo para nos sentirmos “em equilíbrio” com o universo. Isto é, sentimos necessidade de uma “punição” do mundo, para assim experimentarmos a sensação de estarmos quites com o universo que disponibilizou para nós uma oportunidade “desperdiçada”.
Num exemplo, pode ocorrer de sabotarmos um prazer disponível como forma dessa punição ou, dispensarmos pequenos gestos dolorosos para com nós mesmos ao visar nos sentirmos “em paz”. Tais gestos podem ser de ordem física ou psíquica. O importante é nos mantermos atentos para nossas particularidades, especialmente nossas dores, para não incorrermos no risco de desencadearmos um processo de “autoflagelo”.
Elisabeth Kübler-Ross em seu livro - A Roda da Vida - afirma não podermos confiar no futuro, pois a vida é sobre o presente. Então, importante é buscarmos, no presente, maneiras de nos aproximarmos cada vez mais de nós, especialmente através do autoconhecimento. Assim estaremos mais aptos a identificarmos nossas mazelas e suas causas para, então, não necessitarmos estratégias “sutis”, como o punir-se consciente ou inconscientemente.

Márcia A. Ballaminut Cavalieri
Psicóloga CRP 06/95124



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